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FORMAÇÃO DE PROFESSORES NO ENSINO FUNDAMENTAL NA REALIDADE DO MUNDO ATUAL

Noraneuza Rodrigues Lima1

Luzilene Ramos

Miriam de Paula

Rosana dos Santos

 

RESUMO

A Construção complexa na realidade do mundo atual, tem exigido do cidadão comum um maior contato com fenômenos relacionados à educação. Assim, as decisões tomadas pelos indivíduos, no cotidiano, dependem cada vez mais de informações disponíveis na sociedade, as quais requerem uma constante atualização de conhecimentos. Entretanto, ainda que uma grande parcela esteja sendo educada, os objetivos de qualidade e de democratização do saber nessa área estão muito longe de serem atingidos. Naturalmente, o papel do sistema escolar nessa crise do ensino é fundamental e, dentro desse sistema, a questão da prática docente assume um relevo especial. O objetivo do referido trabalho é fazer uma reflexão sobre a questão, reconceitualizar o que é formação de professores e, até mesmo, o que é ser professor. É importante ressaltar que os profissionais já têm a responsabilidade social definida por sua profissão que é ensinar, todavia, é de suma importância que estes tenham respaldo e a garantia de formação permanente prevista pela LDB.

 

PALAVRAS–CHAVE: Formação de professores. Ensino básico.


  1. INTRODUÇÃO

 

Este artigo tem a finalidade de propor uma reflexão acerca dos aspectos de formação dos professores dos anos iniciais, no que lhe compete o fazer didático–pedagógico que preside a atuação docente. Mais do que palavras, são necessárias ações significativas no que diz respeito ao processo da sua formação. Assim, esta proposta busca levantar questionamentos e discussões referentes a essa formação e a fatores a ela intrinsecamente ligados.

Nos últimos anos, a educação brasileira passou por grandes transformações. Sabe – se, no entanto, que ocorreu um desmonte da base do sistema escolar de qualidade, dependente de professores com boa formação. Ante aos anseios que circulam nessa temática, foi escolhido o tema para o projeto de Pesquisa: a Formação dos Professores nos anos iniciais.

Em 1971,pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBEN, a escola Normal passou a se chamar Magistério e os profissionais por ela formados tinham o direito de lecionar de 1° a 5° ano e do 6°ao 9; ano do ensino fundamental. Em 1986, o Conselho Federal de educação cria uma resolução que permite aos cursos de pedagogia formar técnicos em Educação e ofertarem habilitação para que o profissional pudesse lecionar de 1ª a 4ª série. Nesse momento, abre-se a nova porta para a formação inicial do professor das séries iniciais, que sai apenas das 459 responsabilidades do Ensino do 2º grau (nomenclatura utilizada a partir da lei nº 5692/71) para ser também responsabilidade do Ensino Superior.

Passaram – se dez anos, até que, em 1996, a nova LDBEN institui a obrigatoriedade do professor de educação básica ter nível superior. Estabelece, assim, no Art. 62: a formação de docentes para atuar na educação básica far–se-á em nível superior, em curso de licenciatura, e graduação plena, em universidades e institutos superiores de educação, admitida, como formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nas quatro primeiras séries do ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade normal (BRASIL, 1996).

A preocupação com a formação continuada dos profissionais da educação não é nova. Ela tem estado presente em todos os esforços de renovação pedagógica promovidos pelos sistemas de ensino ao longo dos tempos e adquire, no momento atual, especial relevância. A busca da construção da qualidade de ensino e de uma escola comprometida com a formação para a cidadania exige necessariamente repensar a formação dos professores.

Nesse contexto, a formação de professores passou a ser considerada uma questão de fundo nas reformas educacionais implementadas, ou seja, é tida como elemento fundamental para atender a essa demanda de qualidade da educação básica, num momento em que a promoção do desenvolvimento econômico está fortemente atrelada à formação de recursos humanos qualificados e onde a educação passa a estar em conexão com o novo paradigma produtivo (Aguiar, 2000; Torres, 2000). Associado a essas questões foi reintroduzida nos círculos acadêmicos a questão da necessidade de formação em nível superior dos professores dos anos iniciais.

No entanto, para a implantação de qualquer proposta que se queira uma renovação das escolas e das praticas pedagógicas, a formação continuada dos professores passa a ser um aspecto especialmente critico e importante. Qualquer possibilidade de êxito do processo que se pretenda mobilizar tem no professor em exercício seu principal agente. Nesse sentido, a formação de professores constitui sem dúvida um tema de particular atualidade, de natureza complexa e que pode ser abordado e analisado a partir de diferentes enfoques e dimensões.


  1. DESENVOLVIMENTO:

 

A formação continuada, segundo estudiosos da área, como Nóvoa (1991) e Freire (1991), é a saída possível para a melhoria da qualidade de ensino, dentro do contexto educacional contemporâneo. Nova o bastante, por não dispor ainda de mais teorias nutrientes, provavelmente, ainda em gestação, é uma tentativa de resgatar a figura do mestre, tão carente de respeito devido a sua profissão, tão desgastada em nossos dias. Freire afirma que “ninguém nasce educador ou marcado para ser educador. A gente se faz educador à medida que a gente se forma, como educador, permanentemente, na prática e na reflexão da prática”. (FREIRE,1991, p.58).

A modernidade exige mudanças, adaptações, atualização e aperfeiçoamento. Quem não se atualiza, fica pra trás. A parceria, a globalização, a informática, toda tecnologia moderna é um desafio a quem se formou há vinte ou trinta anos. A concepção moderna de educação exige uma sólida formação científica, técnica e política, viabilizadora de uma prática pedagógica crítica e consciente da necessidade de mudança na sociedade brasileira.

Nesta concepção, a formação continuada de professores, deve incentivar a apropriação dos saberes pelos professores, rumo á autonomia, e levar a uma prática critico- reflexiva, abrangendo a vida cotidiana da escola e os saberes derivados da experiência docente. Assim, o conceito de formação continuada de professores deve Assim, o conceito de formação continuada de professores deve contemplar de forma interligada.

Segundo Freire (2002), o homem é um ser inconclusão e deve ser consciente de sua inconclusão, atreves do movimento permanente de ser mais:

 

A educação é permanente não por que certa linha ideológica ou certa posição política ou certo interesse econômico o exijam. A educação é permanente na razão, de um lado, da finitude do ser humano, de outro, da consciência que ele tem de finitude. Mas ainda, pelo falto de, ao longo da história, ter incorporado à sua natureza não apenas saber que vivia mas saber que sabia e, assim, saber que podia saber mais. A educação e a formação permanente se fundam aí. (FREIRE, 1997 p. 20).

 

Formação de professores é um termo amplo, que pode se referir tanto à formação básica quanto à formação complementar ou continuada. Podemos definir a formação básica de professores como o processo obrigatório para que esse profissional esteja habilitado a dar aulas.

No Brasil, esse processo corresponde à aprovação no curso de Pedagogia para lecionar em classes do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental; e licenciatura para lecionar a partir do 6º ano do Ensino Fundamental e no Ensino Médio. A licenciatura deve corresponder à área em que o professor pretende atuar, como História, Matemática, Letras, Geografia e Ciências.

Em geral, os cursos envolvem aulas teóricas, práticas e estágio, que deve ser supervisionado por professores experientes, coordenadores e diretores das escolas. Já a formação complementar pode incluir seminários, workshops e cursos livres na área de interesse do profissional, além de pós-graduação. Junto a treinamentos para reciclagem, especialização, mestrado, doutorado e MBA também podem fazer parte da formação continuada.

A formação continuada, é como o nome sugere, descreve a busca constante por aprimoramento profissional. Recentemente, a formação continuada ganhou destaque por marcar presença na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) – um dos principais documentos normativos que definem o conjunto de aprendizagens essenciais aos alunos brasileiros.

A BNCC aborda desde as disciplinas obrigatórias até os temas, carga horária e condições mínimas para aprovação nas diferentes etapas e modalidades da Educação Básica, sendo composta por:

  • Textos introdutórios (geral, por etapa e por área)

  • Competências gerais que os alunos devem desenvolver ao longo de todas as etapas da Educação Básica

  • Competências específicas de cada área do conhecimento e dos componentes curriculares

  • Direitos de aprendizagem ou habilidades relativas a diversos objetos de conhecimento que os alunos devem desenvolver em cada etapa da Educação Básica.

Além de nortear o currículo e o ensino dos estudantes, o documento tornou obrigatória a formação continuada para os professores. A ideia é que esses profissionais aprimorem não apenas seu conhecimento formal, mas também as competências que facilitam o aprendizado e inspiram os alunos, como didática, empatia e colaboração.

 

Lei de Diretrizes e Base Nacional para a Formação de Professores

O processo de habilidades desenvolvidas pelos professores no Brasil poderá sofrer transformações em breve, caso a proposta para a Base Nacional Comum da Formação de Professores da Educação Básica seja aprovada.

Finalizado em dezembro de 2018, o documento pretende alinhar a capacitação desses profissionais à BNCC, estabelecendo uma linguagem comum a respeito do que é esperado e revisando as diretrizes dos cursos de Pedagogia e das licenciaturas.

 

  1. FORMADOR PARA O CONTEXTO DA MODERNIDADE

 

Como formar o formador para a modernidade? Através de uma formação continuada, que, além de reforçar ou proporcionar os fundamentos e conhecimentos de sua disciplina, o mantenha constantemente a par dos processos, inovações e exigências dos tempos modernos.

Almeja–se que a formação seja um instrumento de valorização da categoria profissional dos professores e que tenha a intencionalidade clara de superar problemas didáticos identificados como imprescindíveis para a melhoria da aprendizagem das crianças. Além disso, que os professores se profissionalizem para que, exercendo uma educação de qualidade, possam reivindicar direitos e melhores condições de trabalho. Então, acredita–se que a formação de professores nas séries iniciais têm papel fundamental para o sucesso da sua profissão além de ajudar a redefinir a função docente.

Mesmo entendendo que as exigências de formação colocadas para as propostas de cursos de formação de professores são as mesmas dos cursos presenciais, não podemos desconsiderar as especificidades que envolvem a educação à distância e, consequentemente, a formação realizada por meio dessa modalidade. O fenômeno da formação de professores à distância no interior das universidades é algo relativamente recente no cenário educacional brasileiro demandando, portanto, análises que busquem investigá-lo.

A complexa realidade do mundo atual tem exigido do cidadão comum um maior contato com fenômenos relacionados à educação. Assim, as decisões tomadas pelos indivíduos, no cotidiano, dependem cada vez mais de informações disponíveis na sociedade, as quais requerem uma constante atualização de conhecimentos. Entretanto, ainda que uma grande parcela esteja sendo educada, os objetivos de qualidade e de democratização do saber nessa área estão muito longe de serem atingidos. Naturalmente, o papel do sistema escolar nessa crise do ensino é fundamental e, dentro desse sistema, a questão da prática docente assume um relevo especial.

Surge a deficiência da formação do professor, expressa tanto pela ausência de domínio sobre os conteúdos científicos, causada, em grande parte pelas limitações das universidades e das faculdades de formação de professores, como também, pela acentuada dicotomia entre formação científica e a formação pedagógica. Finalmente, a formação regular do professor ressente–se de uma falta de reflexão sobre os problemas da prática profissional, deixando ao docente a tarefa de resolver sozinhos esses problemas, sem apoio de um referencial teórico.

Ainda que a formação regular do professor do ensino básico não apresentasse os problemas esboçados acima, seria imprescindível que esses profissionais tivessem oportunidade de continuar sua formação, após concluir o curso superior, em face da evolução rápida dos conhecimentos em todos os campos, bem como das mudanças por que vem passando o próprio sistema educacional, atualmente às voltas com reformas curriculares que implicam a adoção de novos padrões. De acordo Freire (2002 p.68) afirma:

 

  1. CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Os investimentos em programas de formação continuada tem – se acentuado na última década como forma de capacitar os professores para o exercício das atividades docentes visando à melhoria da qualidade de ensino. Várias são as propostas de formação às quais os professores vêm sendo submetidos, tendo em vista a melhoria de ação pedagógica por meio da aquisição de conteúdos e técnicas mais eficientes da visão do ensinar e do aprender. Mas saber onde investimentos tem se adequado às reais expectativas e necessidades docentes e se os objetivos dos programas tem se concretizado em um ensinar e um aprender mais eficazes, mais condizentes com a realidade educacional brasileira, são as questões ainda pouco exploradas. As dificuldades da prática docente nas escolas do ensino básico estão associadas a diversos problemas, de natureza epistemológica, científica e pedagógica.

A educação básica é composta pela Educação inicial é a mais importante, o professor inicial é o mais estratégico, e fundamental para que toda esta organização possa funcionar na prática. Assim, podemos identificar alguns problemas na formação de professores no Brasil que são relacionados à questão mais geral da empregabilidade e da flexibilização que é uma característica das relações de trabalho moderno. Toda população que sabe pensar tem por trás de si professores que sabem pensar. Neste sentido, perfazem um dos indicadores mais visíveis da dignidade social histórica: a sociedade que maltrata seus professores básicos ainda vive da ignorância popular. Com efeito, o sistema não teme um pobre com fome. Teme um pobre que sabe pensar.


  1. REFERÊNCIAS


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