A ARTE NA EDUCAÇÃO INFANTIL: DO LÚDICO AO APRENDIZADO

Rosana Rosa dos Santos

Treicy Daiane R. Carneiro

 

RESUMO

O presente trabalho aborda a importância das atividades lúdicas no desenvolvimento do ensino aprendizagem na Educação Infantil na disciplina de artes. Sabe-se que a ludicidade é uma das maneiras que a criança encontra para expressar seus desejos e necessidades, enriquecer seu vocabulário, aumenta o raciocínio lógico e avançar em suas hipóteses. Dessa forma, ela desenvolve o processo de ensino aprendizagem, de forma divertida e dinâmica. As atividades lúdicas são fundamentais para uma aprendizagem significativa. O lúdico no ensino de Arte assim como em todas as áreas é uma ferramenta pedagógica fundamental para que ocorra o desenvolvimento da criança, favorecendo a compreensão dos conteúdos curriculares de forma lúdica e prazerosa, desenvolvendo sua imaginação e criatividade. Tendo como objetivo planejar e organizar atividades do ensino de artes utilizando metodologias lúdicas para a aprendizagem das crianças da educação infantil visando o desenvolvimento psicomotor, assim, favorecer a coordenação motora, afetividade e intelectual. Os estudos comprovam que a brincadeira favorece a autoestima e auxilia na aquisição de conhecimentos de forma criativa e prazerosa.

 

Palavras-chave: Lúdico, Ensino, Aprendizagem, Artes e Educação Infantil.

 

 

ART IN CHILDHOOD EDUCATION FROM PLAYING TO LEARNING

 

 

ABSTRACT

The present work addresses the importance of playful activities in the development of teaching and learning in Early Childhood Education in the discipline of arts. It is known that playfulness is one of the ways children find to express their desires and needs, enrich their vocabulary, increase their logical reasoning and advance their hypotheses. In this way, she develops the teaching-learning process in a fun and dynamic way. Playful activities are essential for meaningful learning. The playful in the teaching of Art as well as in all areas is a fundamental pedagogical tool for the development of the child, favoring the understanding of the curricular contents in a playful and pleasant way, developing their imagination and creativity. Aiming to plan and organize art teaching activities using playful methodologies for the learning of children in early childhood education aiming at psychomotor development, thus favoring motor coordination, affectivity and intellectual. Studies prove that play promotes self-esteem and helps in the acquisition of knowledge in a creative and pleasurable way.

 

Keywords: Playful, Teaching, Learning, Arts and Early Childhood Education.

 

 

 

1. INTRODUÇÃO

 

Para obter um resultado eficiente no ensino, o educador desenvolve novas técnicas didáticas dentro de uma prática inovadora e prazerosa. Dentre essas técnicas se destaca o lúdico, como um dos recursos didáticos dinâmicos garantindo resultados eficazes na educação no desenvolvimento da coordenação motora, intelectual e afetiva das crianças.

Na Educação Infantil as crianças são estimuladas por meio de atividades lúdicas a exercitar suas capacidades motoras, fazer descobertas e iniciar o processo de letramento. O presente trabalho está embasado no Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil (1997) que estabelece o direito das crianças a brincar, como forma particular de expressão, pensamento, interação e comunicação infantil.

Buscando identificar, descrever e analisar a utilização do lúdico no desenvolvimento no ensino de artes na educação infantil os métodos utilizados para realização deste projeto foram leituras de livros, artigos, revistas, de maneira bibliográfica.

O presente trabalho buscar discutir os aspectos lúdicos enquanto manifestações prazerosas no contato com as atividades artísticas escolares, na Educação Infantil, uma metodologia de trabalho eficaz, que contemple a criança como um ser em desenvolvimento e que tenha o lúdico como ferramenta mediadora durante o processo do seu desenvolvimento.

Tendo como meta estimular e proporcionar o entender da arte a partir das atividades lúdicas e permitir ao aluno um melhor aproveitamento dos conteúdos aplicados e tem o objetivo de desenvolver criatividade, imaginação e autonomia nas crianças da educação infantil.

 

2. DESENVOLVIMENTO

 

1. LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

 

O Lúdico é a forma de desenvolver a criatividade, os conhecimentos, raciocínio de uma criança por meio de jogos, brincadeiras, música, dança mímica etc. Tem como principal objetivo educar, ensinar, divertir e interagir, como diz Santos (2000, p.57).

 

A palavra lúdico significa brincar. Neste brincar estão incluídos jogos, brinquedos e brincadeiras, e é relativo também a conduta daquele que joga, que brinca, que se diverte. As atividades lúdicas fazem parte da vida do ser humano e, em especial, da vida da criança, desde o início da humanidade. Entretanto, essas atividades, pôr muitos séculos, foram vistas como sendo sem importância e tendo conotação pejorativa. Culturalmente somos programados para não sermos lúdicos. Somente a partir dos anos 50 de nosso século é que o brinquedo e o jogo começaram a ser valorizados. Tal mudança de enfoque se deu principalmente pelo avanço dos estudos da psicologia sobre a criança pequena, que colocou as atividades lúdicas em destaque, por ser o brinquedo a essência da infância. (SANTOS, 2000, p.57)

 

É importante ressaltar que a ludicidade está presente em todo desenvolvimento da criança, nas diferentes formas de modificação em seu comportamento até mesmo na formação da personalidade, das motivações, das emoções, dos valores, das interações e relações entre a criança e a família, entre a criança e a sociedade estão associados aos efeitos do brincar.

É de fundamental importância desenvolver um trabalho lúdico na educação infantil. Os jogos, brinquedos e brincadeiras se constituem em meios eficazes para o desenvolvimento global das crianças. O brinquedo é a oportunidade de desenvolvimento psicomotor. Brincando a criança experimenta, descobre, inventa, exercita e confere suas habilidades. A brincadeira e o jogo são situações em que a criança reflete, ordena, desorganiza, destrói e reconstrói o mundo a sua maneira. Também é um espaço onde a criança pode expressar, de modo simbólico, suas fantasias, seus desejos, medos, sentimentos agressivos e os conhecimentos que vai construindo a partir das experiências que vivem.

Portanto, o jogo possibilita a percepção total da criança, em seus aspectos motores, afetivos, sociais ou morais, revelando também muito das estruturas mentais sucessivas da criança.

 

É enorme a influência do brinquedo no desenvolvimento de uma criança. É no brinquedo que a criança aprende a agir numa esfera cognitiva, ao invés de, numa esfera visual externa, dependendo das motivações e tendências internas, e não por incentivos fornecidos por objetos externos. (VYGOTSKY, 1989 p. 109)

 

Com os jogos as crianças aprendem a seguir determinadas condutas e também passam a aceitar uma série de normas que permitem que o jogo possa acontecer. Com isso, a criança ganha consciência do valor das regras e entendem que há necessidade de normas para se viver em sociedade. Com o auxílio das atividades lúdicas desenvolvem atitudes de colaboração e aprendem a importância do trabalho em grupo, além favorece o desenvolvimento motor, afetivo e intelectual e social.

 

 

2. ARTE NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO INFANTIL

 

Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), de nº. 9394/96, que altera o artigo 26, § 2º, assegura a obrigatoriedade do ensino de Arte ao definir que:

 

“O ensino da arte, especialmente em suas expressões regionais, constituirá componente curricular obrigatório da educação básica.” (BRASIL, 2000)

 

Nesse sentido, a presença do ensino de arte na Educação Infantil, primeira etapa da educação básica, pode favorecer o conhecimento da criança de maneira valiosa e singular de se expressar, dentro dos aspectos cognitivos, emocionais, culturais e criativos. A esse respeito, Quadros; Santos (2012) afirmam que:

 

A Arte é linguagem; sendo, dessa maneira uma forma de expressão e comunicação humana, ela tem papel fundamental, envolvendo os aspectos cognitivos, sensíveis e culturais e, isso já é suficiente para que se justifique sua presença na vida escolar, principalmente, na Educação Infantil. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação 9.394/96 veio garantir esse espaço, bem como o da Arte nesse contexto. (QUADROS; SANTOS, 2012, p. 02)

 

O ensino da arte, garantido pela LDB, passa a ser evidenciado e tratado como componente curricular em documentos oficiais, a saber: o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI, 1998), as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (DCNEI, 1999/2009) e, mais recentemente, a Base Nacional Curricular Comum (BNCC, 2016). Nessa perspectiva, a escola, como uma base social, tem a obrigação de oferecer a seus alunos o acesso ao conhecimento artístico ao mesmo tempo proporcionar conhecimento, levando-os a usufruir dos bens culturais produzidos pela humanidade de modo lúdico e prazeroso.

Esses documentos vêm para considerar a etapa da escolarização crucial na vida da criança, ou seja, ver a criança na sua subjetividade, no meio do trabalho pedagógico. Entender que a criança aprende através da comunicação com o próximo, com suas experiências vividas e imaginarias, durante esse desenvolvimento a criança constrói sua própria identidade, autonomia e criatividade. É papel das instituições o Cuidar e educar na Educação Infantil é de fundamental importância um olhar atento significativamente para a construção de conhecimentos e desenvolvimento das suas habilidades e capacidades da criança, pois é notório que a criança é um ser que está em constante avanço, mas que deve ser estimulada a fim de adquirir seu pleno desenvolvimento, pois cada área de conhecimento tem sua importância e objetivos definidos no processo de aprendizagem da criança. E a arte, como uma linguagem infantil, não foge à regra.

O ensino de arte corresponde a um conjunto diverso de saberes e linguagens de aprendizagem que merece atenção no âmbito da educação infantil. E, neste sentido, cabe à escola propor atividades artística que leve às crianças a experimentar diversas experiências de aprendizagem de criação, associar percepção, imaginação, sensibilidade e conhecimento, seja no individual, seja no coletivo. Para tal capacitação as crianças precisam ser incentivadas a construírem conhecimento e não serem apenas reconstruir o conhecimento.

 

 

3. O EDUCADOR NO PROCESSO ENSINO APRENDIZAGEM

 

"Quando a criança chega à escola, traz consigo toda uma pré-história, construída a partir de suas vivências, grande parte delas através da atividade lúdica". (NEGRINE,1994 p.20).

 

Segundo o autor é fundamental que os educadores tenham conhecimento do saber que a criança construiu na interação com o ambiente familiar e sociocultural, para formular sua proposta pedagógica.

Para que ocorra uma aprendizagem significativa é importante que o professor tome para si a responsabilidade do trabalho e que os educadores descubram e trabalhem as dimensões lúdicas e artísticas que existam em sua essência, no seu trajeto cultural, de forma que venha aperfeiçoar a sua prática pedagógica.

Cunha (2002, p. 12) enfatiza que, “[…] para que as crianças tenham possibilidade de se desenvolverem na área expressiva, que o professor consiga realizar intervenções pedagógicas no sentido de trazer à tona o universo expressivo infantil”.

 

“A ludicidade poderia ser a ponte facilitadora da aprendizagem se o professor pudesse pensar e questionar-se sobre sua forma de ensinar, relacionando a utilização do lúdico como fator motivante de qualquer tipo de aula". (CAMPOS, 1986 p.111)

 

Portanto, é por meio do jogo, da brincadeira ou do brinquedo, é possível observar o comportamento das crianças, frente a situações e problemas, no que diz respeito às atividades físicas e mentais, e também é possível observar a sociabilidade da criança que o jogo propicia, percebendo as relações de troca, de amizade, de comportamento entre as crianças. Dessa forma o jogo implica para a criança, muito mais do que o simples ato de brincar. E, para nós adultos, o jogo constitui uma fonte de dados para compreender melhor como se dá o desenvolvimento infantil.

Por conseguinte, se o educando fizer uso da criatividade pode estabelecer uma pedagogia do afeto na escola. Quando há a vivência, se estabelecem vínculos de afetividade entre educador e educando, e a criança precisa de estabilidade emocional para poder se relacionar e as atividades lúdicas proporcionam momentos de interações e de afetividades.

As atividades lúdicas no desenvolvimento proporcionam esse convívio já que a criança se desenvolve tanto no pessoal, social e cultural, e essa formação contribuirá tanto para o educando como para o educador que possibilita o autoconhecimento tendo uma visão sobre a importância do lúdico no ensino e aprendizagem. Entretanto se o educador puder fazer em sala de aula a conciliação entre o brincar, que é o desejo do educando, seus objetivos pedagógicos serão alcançados que é a formação e construção de um indivíduo critico, criativo e ético. Mediante a esse processo de aprendizagem a escola juntamente com os educadores possibilitarão aos educados que novas oportunidades aconteçam proporcionando, assim, seu desenvolvimento cognitivo, motor e afetivo.

As atividades artísticas podem ser abordadas de diversas formas no processo educativo, dentre elas podemos utilizar as artes plásticas, os jogos, as dramatizações, contar e ouvir histórias, músicas, danças, teatro e entre outras atividades que podem ser trabalhadas, garantindo uma aprendizagem de forma descontraída e contagiante.

Deixando de lado o fazer artístico pronto e acabado, atividades xerocadas, para pintar e desenhar que por muito tempo foi usada para aprendizado. A arte precisa de criação, imaginação, autonomia, só assim vai saber se expressar no meio cultural que vivemos.

As atividades artísticas e o aspecto lúdico são mutuamente dependentes e podem ser compreendidos como possibilidades para a construção dos valores culturais, sociais e éticos levando a criança a exercitar aspectos da sensível, flexível, estético e poético, aprendendo assim, que o homem pode transformar sua vida e auxiliar na transformação do outro. Entendemos o lúdico aqui como sendo algo inerente ao fazer das atividades artísticas. Outro objetivo que pode caracterizá-lo é o desenvolvimento do senso crítico dos alunos, aguçando sua capacidade criativa e imaginativa. Como aponta Larrosa (2009): “Ensinar a pensar é ensinar a bailar” (p.36).

Para a construção do saber, principalmente na educação infantil é interessante que se considere as múltiplas facetas da aprendizagem, deixando de lado um ensino tradicionalista, que está posto de forma cristalizada na história de nossas instituições de ensino, para abrir espaço a novas possibilidades de ensinar, onde a ação e a criatividade do adulto e da criança predominem e faça do espaço de aprendizagem um ambiente vivo e dinâmico.

Nenhuma pessoa nasce com capacidades idênticas à outra, seja para construir Conhecimento seja para apreciar e fazer arte. Cada pessoa nasce com habilidades específicas ou as desenvolve por meio de outras pessoas que já possuem tais habilidades.

Para um melhor aproveitamento deste trabalho artístico realizado nas escolas, mesma deve fazer uma parceria com as famílias, onde as atividades propostas no âmbito escolar sejam estendidas aos grupos familiares, possibilitando a criança uma liberdade de suas ações através do brincar e estímulos necessários para um melhor desenvolvimento de suas habilidades.

 

 

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Por meio do trabalho apresentado, percebemos que a as atividades lúdicas possibilitam o desenvolvimento psicomotor contribuindo para a formação da personalidade, do corpo e da mente humana, tendo como principais características a espontaneidade, funcionalidade e satisfação. E que são atividades saudáveis, envolvendo por inteiro de quem participa, proporcionando momentos de interação, possibilitando o convívio com o próximo e consigo.

Uma aula lúdica não é apenas jogos e brincadeiras, mas atitude do educador e do educando. é necessário antes de tudo, o envolvimento e mudança interna e externa. O educador tem como suporte as teorias que serve como um suporte para poder entender e direcionar o seu trabalho.

Uma sala de aula realmente lúdica é aquela que educador e educando tenham interação, e ambos são importantes no processo de aprendizagem. O que tem que reinar nesse processo são os estímulos, espontaneidade e criatividade. As atividades lúdicas podem ser jogos ou brincadeiras desde que proporcionem a vivência interagindo quem participa nos movimentos físicos, afeto, intelecto e dando ênfase aos métodos que facilitem o aprendizado às brincadeiras que envolvem situações imaginárias e desenvolvendo a inteligência e a criatividade.

Assim, por meio do envolvimento com os jogos e brincadeiras a criança compartilhar com o outro e estabelece relações, desenvolvendo assim suas capacidades indispensáveis à sua formação.

 

 

BIBLIOGRAFIA

 

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CAMPOS, D. M. S. Psicologia da Aprendizagem. Petrópolis, RJ. Ed. Vozes, 1986.

 

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LARROSA, Jorge. Nietzsche & a Educação. Tradução de Semiramis Gorini da Veiga. Belo Horizonte: Autêntica: 2009.

 

NEGRINE, Airton, Recreação na hotelaria: o pensar e o lúdico, Caxias do Sul: Edusc,1994.

 

SANTOS, Santa Marli Pires. Espaços Lúdicos – brinquedoteca.In: SANTOS, Santa Marli Pires. Brinquedoteca – a criança, o adulto e o lúdico. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000.

 

VYGOTSKY,Lev. A Formação Social da Mente. São Paulo: Martins Fontes, 1989.

 

SANTOS,Maria Alice Amaral dos, A ARTE NA EDUCAÇÃO INFANTIL: sua contribuição para o desenvolvimento,feevale, https://www.feevale.br/Comum/midias/325d6200 ,acesso 27/09/