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EDUCAÇÃO INFANTIL X PANDEMIA

Angélica Patrícia Lopes de Barros¹

Adenilze Lara Araújo Carlos²

Kátia Rosana de Oliveira³

Nirce Maria Fernandes4

 

 

RESUMO

Em tempos de pandemia do Covid 19, onde o distanciamento social foi umas das estratégias adotadas mundialmente para a não propagação do contágio, a forma encontrada pelas unidades de ensino foram as atividades remotas. As crianças da educação infantil de 0 a 3 anos de 11 meses que são as crianças matriculadas em Creches, CEICs e CMEIs, foram as mais prejudicadas, pois além de alguns pais não terem acessos a internet, muitos não tinham tempo necessário para realizar as atividades com seus filhos, devido ao trabalho ou pelo fato da criança ficar aos cuidados de outras pessoas. Um percentual de 70% das crianças nesses tempo de pandemia não participaram das atividades remotas, dificultando a relação entre elas e os educadores e a perda do seu desenvolvimento e habilidades sociais, pois ficaram em casa e sem contado com o mundo, sem poderem brincar e interagir com outras crianças que não sejam do seu convívio familiar, antes o parquinho agora uma tela de celular.

 

Palavras-chaves: Educação Infantil. Pandemia. Desenvolvimento. Direitos de aprendizagem. Crianças.

 

 

Introdução

 

A Educação Infantil é o primeiro contato da criança com o mundo fora do seu ambiente familiar e as unidades que atendem essa fase etária como Creches, CEICs, e CMEIs são a porta de entrada para o mundo escolar dessas crianças, onde neste ambiente ela passa a interagir e descobrir um novo mundo a sua volta.

Essa fase da criança de 0 a 3 anos e 11 meses é de suma importância pois a criança começa a desenvolver as suas habilidades sociais, expressiva, onde farão amigos, aprenderão a interagir, conviver e respeitar o outro.

A Educação Infantil tem o papel importante de despertar nessas crianças suas percepções, suas potencialidades, apresentando a elas conhecimentos e saberes diversificados através das interações e brincadeiras, criando nelas sensações e descobertas que serão essenciais para seu processo de ensino/aprendizagem, desenvolvendo também sua autonomia, sua identidade e seus saberes.

E durante a pandemia do Covid 19, as crianças não puderam participar dessas descobertas, nem interagir com o outro, seja com outras crianças e adultos num mesmo espaço físico. Devido ao vírus e sua propagação, tivemos que adotar novas estratégias para que as atividades não parassem, iniciamos o processo de atividades remotas, mas com grande perda, pois antes a criança realizava suas atividades com seus colegas, e agora através de uma tela fria onde o professor passa as atividades através de vídeos curtos com a explanação de como será a execução da atividade, de forma lúdica, por mais estímulo que a atividade apresentasse muitos não participavam, por não terem acesso a internet ou por estar aos cuidados de pessoas estranhas e que não tinham acesso as atividades postadas nos grupos de Watshapp e com esse distanciamento houve um retrocesso no desenvolvimento dessas crianças, pois antes aconteciam atividades coletivas e no período pandêmico, as atividades eram realizadas de maneira individual, junto e com auxilio da família e esta por sua vez nem sempre conseguia acompanhar por vários motivos, entre eles, a ausência dos mesmos por conta de que saíam para trabalhar e só retornavam para seus lares no findar da tarde e início da noite. Mediante essa situação, a aprendizagem das crianças acabou sendo prejudicada.

Importante salientar que, cabe ao educador observar essa criança, ajudando-a em suas dificuldades, estimulá-las na autonomia, interação com seus pares, construção de criatividade e raciocínio e saber lidar com suas emoções.

Nesse retorno as atividades presenciais, o distanciamento social, o uso de máscaras, as brincadeiras e atividades individuais, ainda são dificuldades encontradas em sala e nos planejamentos, pois em respeito às orientações sanitárias, ainda há dificuldade de uma interação maior nessa etapa da educação infantil, pois eles são pequenos e ainda não tem o entendimento de não poder sentar próximo do seu coleguinha, abraçar o coleguinha, a professora, dividir o mesmo brinquedo.

O excesso de exposição às telas, o confinamento geraram alguns impactos negativos no desenvolvimento e na socialização da vida dessas crianças e diante destes obstáculos os educadores estão se reinventando e repensando formas e maneiras nas quais todas as crianças participem das brincadeiras, buscando desenvolver a capacidade de todos e proporcionar nesses momentos a interação, a alegria e o divertimento, buscando trabalhar o emocional, proporcionando o bem-estar nos aspectos físicos, motores, cognitivos, devolvendo a elas, o direito de ser criança.

O que temos observado nessas crianças é que estão com o emocional abalado e sentimentos como, medo, ansiedade, tristeza, tédio, acabam potencializando a agressividade e o profissional que está mediando toda essa situação de ensino-aprendizagem através dos campos de experiências, das vivências, deve primeiro ter a sensibilidade de proporcionar o acolhimento a essas crianças, apresentar o melhor ambiente através dos arranjos espaciais ou cantinhos, de modo que, toadas as crianças sejam contempladas, respeitando o seu direito de ser criança e de estar num espaço pensado só para ela, pois a criança é sujeito de direitos.

 

 

Educadores e o desafio contínuo na pandemia

 

Continuar garantindo os direitos de aprendizagem e desenvolvimento através do cuidar e educar, que para a educação infantil são indissociáveis para essa faixa etária foi um grande desafio aos educadores. Ter a participação dos pais na realização das atividades remotas, antes de forma presencial já era difícil, pois na concepção dos pais, as crianças ficam na creche somente para brincar, não entendem que são através das brincadeiras e interações que as crianças aprendem a contar, a reconhecer cores e as formas geométricas, a ter contato com o ambiente alfabetizador, contação de histórias, a interagir, a socializar, entre tantas outras ações que podem ser realizadas com as crianças.

E como realizar atividades que contemplem as aprendizagens de forma não presencial, tendo a família como protagonistas nas práticas pedagógicas?

Uma das formas encontradas foi ajudar os pais a entenderem que todas as vivências cotidianas da criança são objetos de conhecimento e através dos vídeos gravados e enviados, os educadores orientam a família como realizar as brincadeiras, as atividades e como estimular a criança a participar, e no momento oportuno, socializar com os pais, através de vídeos ou fotos durante a realização da atividade. Ressaltando que as famílias foram incentivadas a participar da realização das atividades pedagógicas de forma complementar junto a seus filhos para que pudessem manter a rotina escolar e a continuidade do aprendizado dentro da normalidade possível para o momento vivido, mas sem ,muito exigir, tendo em vista a dinâmica da rotina familiar.

Assim, mantivemos uma parceria com os pais, para que se sentissem estimuladas em realizar as atividades com seus filhos, levando-os a desenvolverem de modo integral seus saberes e conhecimentos, conforme preconiza a BNCC (Base Nacional Comum Curricular).

 

 

Considerações Finais

 

Durante o período de afastamento em decorrência da pandemia de Covid 19, nos deparamos com muitos desafios para a continuidade das atividades realizadas essencialmente até então dentro do ambiente escolar.
Tivemos que nos reinventar e transformar nosso modo de fazer e agir, superando e nos adaptando aos novos caminhos do ensino, que se tornou possível com os meios digitais.

O retorno as atividades presenciais e ao ambiente escolar, nos mostra que inegavelmente, o modelo de ensino até então conhecido e pensado como possível na educação infantil, mudou. A tecnologia tornou-se uma grande aliada e certamente permanecerá e deverá ser vista como uma nova ferramenta que possa favorecer as práticas pedagógicas, unindo família e escola, criando possibilidades de vivência.

 

 

Referências

 

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDBEN. Lei nº 9.394/96, Brasília, 1996.

______. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2017.

RASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, LDBEN. Lei nº 9.394/96. Brasília, 1996.

______. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2017.

______. Ministério da Educação. Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil. Volume 1: Introdução. Brasília, 1998.

 

 

¹ Graduada em Pedagogia (FAIARA ), Especialista em Educação infantil (Faculdade Invest), Técnica em Desenvolvimento Infantil na Rede Municipal de Ensino de Cuiabá, atualmente Gestora no CEIC Lucila Ferreira Fortes. E-mail: O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.

 

² Graduada em Pedagogia (UFMT ), Especialista em Docência na Educação infantil (UFMT), Técnica em Desenvolvimento na Rede Municipal de Ensino de Cuiabá, atualmente Coordenadora Pedagógica no CEIC Lucila Ferreira Fortes. E-mail: O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.

 

³ Graduada em Pedagogia (UFMT), Especialista em Docência na Educação Infantil (UFMT). Técnica em Desenvolvimento na Rede Municipal de Ensino de Cuiabá, no CEIC Lucila Ferreira Fortes. E-mail: O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.

 

4 Graduada em Pedagogia (UFMT), Especialista em Docência na Educação Infantil (UFMT). Professora na Rede Municipal de Cuiabá, atualmente Assessora Pedagógica na Secretaria Municipal de Cuiabá. E-mail: O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.