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LEITURA NOS ANOS INICIAIS: POSSIBILIDADES PEDAGÓGICAS E PLURALIDADE CULTURAL

Ana Pedrosa Ferreira da Cruz

Luciméia Brito Batista

Mônica Cristina da Silva Borges

Rosenil Moreira Magalhaes

Wélissa Alcântara da Costa Chaves

 

RESUMO

Este artigo tem como objetivo comprovar o uso da leitura como ferramenta pedagógica eficaz no trabalho com o tema Transversal Pluralidade Cultural. O intuito de abordar este tema, por consideramos tais conteúdos primordiais a serem trabalhados dentro e fora da sala de aula, visando promover o respeito mútuo e a compreensão de nossas diferenças, sendo essas existentes na sociedade. Sendo assim, inspiramos nos Parâmetros Curriculares Nacionais no que se refere aos conteúdos sobre Pluralidade Cultural, objetivando o conhecimento e enriquecimento sobre as diversas culturas existentes no mundo, pois visamos a construção da cidadania e de uma sociedade mais justa e igualitária. Dessa maneira ao conhecer e valorizar o patrimônio sociocultural brasileiro, com suas variações humanas de povos e nações, buscamos discutir a não aceitação de qualquer tipo de discriminação, compreendemos que o nosso país possui ampla diversidade cultural, racial e religiosa, a qual perpassa o ambiente escolar e uma escola que pretende ser transformadora da realidade social deve ser mediadora entre a formação do indivíduo e a sociedade, possui o intuito de transformar a realidade e contribuir para a emancipação humana. O referencial escolhido para o suporte teórico baseou-se em vários autores como: ABRAMOVICH (1997), BAKHTIN (1981), BETTELHEIM (2004), FREIRE (200), KLEIN (2002), KLEIMAN (1999), MACHADO (1999), MARCOZZI (1976), PIMENTA (2003), RIBEIRO (2001), BARREIROS (2002), entre outros. Desse modo afirmamos que a educação necessária as novas gerações são aquelas que proporciona ao educando a construção do seu próprio conhecimento, que respeite a pluralidade cultural existente no contexto escolar, uma educação mutável que estará sempre em processo, que é sempre meio, nunca fim, que aprimora o homem e não o rotula como um produto do destino ou de sua origem cultural.

 

Palavras-chave: Pluralidade Cultural - Leitura - Anos Iniciais.

 

 

I - INTRODUÇÃO

 

Tendo em vista a necessidade de aprofundamento de estudos na perspectiva da pluralidade cultural o diagnóstico de pesquisa realizada nos anos iniciais da educação básica, a leitura traz novas possibilidade como ferramenta de trabalho e propõe uma educação comprometida com a diversidade cultural trabalhando no sentido de evitar discriminações e preconceitos ligados às questões de gênero, raça, religião, padrões culturais e outros. Desta forma, apesar do grande esforço que uma minoria (mídia e governo) tem feito para demonstrar que não há preconceito e discriminação social no Brasil, mesmo sendo crime previsto na Constituição Federa de 1988, na realidade o desrespeito pelas diversas culturas e etnias acontece.  

Para viver democraticamente em comunidade é necessário que o ser humano exerça de forma racional o diálogo, tornando possível a solução de seus impasses. A escola deve ser um ambiente que promova o diálogo visando o exercício de uma convivência saudável.

Os PCNs (1997) informam que é de responsabilidade da sociedade, da família e da escola a formação moral dos alunos. O processo educativo é uma ferramenta de resgate da autoestima e da autonomia, porque a escola apresenta muitas possibilidades para as crianças nos seus relacionamentos.

 

Pela educação pode-se combater no plano das atitudes a discriminação manifestada em gestos, comportamento e palavras, que afasta e estigmatiza grupos sociais. (PCNs.1997 p.52)

 

Discutir a pluralidade cultural no contexto escolar através da leitura é para muitos uma tarefa árdua, pois é necessário que se trabalhe o texto enquanto linguagem geradora de sentido e de experiências novas.  O aluno precisa sentir a leitura como uma atividade prazerosa, interessante. Quando nos referimos a leitura não estamos entendendo-a como uma mera decodificação de símbolos mais, uma leitura de mundo.

Desta forma este artigo se justifica pela necessidade de maior aprofundamento relacionado às questões nos anos iniciais da Educação Básica que detectou a presença da diversidade étnica e cultural com objetivo trabalhar a pluralidade cultural pela leitura de contos, fábulas e histórias, possibilitando com que os alunos percebam-se em meio ao múltiplo, bem como as influências das diferentes culturas no seu cotidiano, desenvolver em si mesmo atitudes de diálogo e respeito às diferenças através da leitura.

 Sendo assim a Obra de RIBEIRO (2001), BARREIRO et al (2002), os PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS, (1997), abordam a importância de trabalhar temas transversais, buscando formar cidadãos críticos, justos e solidários, entre outros que abordam a temática em questão.

Os PCNs (1997) auxiliam o trabalho do professor norteando o estudo do tema, oportunizando a aprendizagem nas múltiplas interações e contribuindo para a formação do aluno em todos os seus aspectos.

Este artigo mostra o uso da leitura como ferramenta pedagógica eficaz no trabalho com o tema Transversal Pluralidade Cultura. Com as orientações de Lakatos, (1991), procedemos a um levantamento e seleção de bibliografia sobre o assunto pesquisado, em livros, revistos, jornais, boletins, monografias, teses e dissertações. O referencial escolhido para o suporte teórico baseou-se em vários autores como: ABRAMOVICH (1997), BAKHTIN (1981), BETTELHEIM (2004), FREIRE (200), KLEIN (2002), KLEIMAN (1999), MACHADO (1999), MARCOZZI (1976), PIMENTA (2003), RIBEIRO (2001), BARREIROS (2002), entre outros. 

 

II - PLURALIDADE CULTURAL E LEITURA

 

A formação da sociedade brasileira é o resultado de um processo histórico que colocou no mesmo cenário, três grupos distintos: portugueses, índios e negros originários da África. Esse contato favoreceu o desenvolvimento de uma pluralidade étnica, produto do processo histórico de colonização do Brasil, levando a construção de um país miscigenado.

Essa miscigenação desencadeou alguns desencontros. As diferenças foram se acentuando, o que gerou a formação de uma hierarquia de classes que evidenciava a distância e o prestígio social entre colonizadores e colonos. Os índios e de uma forma marcante os negros, permaneceram na marginalidade e exclusão social nas esferas econômicas, política e cultural. Os órgãos responsáveis não forneceram a assistência necessária a essa camada da população, tornando-os alheios ao exercício da cidadania.

O aprofundamento na fundamentação teórica para este estudo se deu inicialmente através da busca pela própria definição do tema em questão.

Assim, optamos pelas definições contidas no DICIONÁRIO UNIVERSAL DA LÍNGUA PORTUGUESA (2000) que apresenta Cultura como sendo o conjunto das manifestações artísticas, religiosas, literárias, mitológicas, de vestiário e de linguagem além dos valores morais e éticos que caracterizam os usos e costumes de um determinado povo, ou seja, seu modo de viver e de se organizar coletivamente, para a palavra Pluralidade definiu-se como diversidade, variedade e multiplicidade.

Desta forma, podemos definir a palavra composta Pluralidade Cultural como variedade, diversidade ou multiplicidade de ideias, conceitos, costumes, e que elas são resultado dos diferentes ambientes vivenciais, experiências e culturas dos indivíduos.  Pluralidade Cultural é também um dos temas transversais propostos nos Parâmetros Curriculares Nacionais.

 

A temática da Pluralidade Cultural diz respeito ao conhecimento e à valorização de características étnicas e culturais dos diferentes grupos sociais que convivem no território nacional, às desigualdades socioeconômicas e à crítica às relações sociais discriminatórias e excludentes que permeiam a sociedade brasileira, oferecendo ao aluno a possibilidade de conhecer o Brasil como um país complexo, multifacetado e algumas vezes paradoxal.  (BRASIL, 1997, p. 19)

 

Assim, a pluralidade Cultural se refere à existência de várias religiões, varias etnias, onde cada uma apresenta sua cultura distinta, podendo influenciar as demais culturas. O Brasil é um país miscigenado, seja através da culinária, da música e da linguagem possui na sua cultura influência de outros povos, como os indígenas, europeus e africanos que para cá vieram desde o período da colonização.  

Entretanto, como já mencionado, o principal objetivo deste artigo é trabalhar a pluralidade cultural através da leitura de contos, fábulas e histórias, possibilitando com que os alunos se percebam em meio ao múltiplo, bem como as influências das diferentes culturas no seu cotidiano.

Em relação ao ensino da leitura propriamente dita, sabemos que ler é uma prática de natureza social, ou seja, é um processo de interação verbal entre pessoas que estão ligadas pela sua estrutura social, suas relações com o mundo e com os outros.

Desse modo, é importante que a criança seja levada a conhecer variedades de textos e principalmente desde cedo posicionar-se criticamente diante deles, ou seja, que aprenda a perceber a intenção do autor e suas ideias.

Em relação às questões propostas pelos PCNs, buscamos nessa pesquisa através da relação teoria/prática, realizar o trabalho com o Tema Transversal “Pluralidade Cultural” lançando mão da leitura como ferramenta metodológica.

Na escolha da leitura como uma ferramenta pedagógica para o trabalho com o Tema Transversal Pluralidade Cultural é fundamental que as crianças leiam na escola, textos que são próprios do universo infantil, (Klein, 2002), segundo a tradição cultural tais como cantigas de roda, as parlendas, os trava-línguas, as poesias, as narrativas como as lendas, as fábulas, os contos, as crônicas e as histórias da literatura infantil.  

A leitura propicia ao aluno um espaço em que ele possa ser sujeito ativo e engajado no processo de construção de conhecimento de forma significativa (KLEIMAN; MORAES, 1999); como também no acesso e na compreensão da diversidade cultural que pode ser proporcionada através da leitura. Para tanto, nós apoiamos na atual concepção de Pluralidade cultural, em pressupostos teórico metodológicos de base sócios interacionista e a na visão de linguagem como fenômeno dialógico (BAKHTIN, 1981) com relação ao exercício da leitura como prática de produção de significados.

Os PCNs (1997), da área de linguagens e códigos dão prioridade ao trabalho de compreensão da leitura, pois a leitura exerce um papel fundamental para o desenvolvimento do letramento e formação do cidadão, por meio da auto-reflexão sobre a aprendizagem, como modos de interagir e atuar discursivamente com o(s) seu(s) parceiro(s) na sociedade; de promover a capacidade de questionamentos e posicionamentos críticos; de saber argumentar e expressar as suas ideias; de saber buscar fontes de pesquisas para a construção de conhecimentos e da autonomia; de ser um agente de transformação do seu entorno; de preservar o meio ambiente; de proporcionar o conhecimento e encontro com povos e culturas diferentes fomentando a concepção que parte do pressuposto básico de que todo o homem social interage e interdepende do outro. (alteridade)

Assim, este artigo mostra que a prática de ensino de leitura nas séries iniciais de escolarização está muito presente conceitos estruturais. Conceitos esses que ainda norteiam o que é certo dentro do padrão linguístico e o que é errado, o que não segue o padrão mesmo o aluno tendo expressando baseado no que já é de seu conhecimento. Todos esses fatores estruturais contribuem para formação de alunos desmotivados a ler.

 

III – LEITURA NOS ANOS INICIAIS

        

A leitura está geralmente restrita à decodificação da escrita. A atividade de leitura não corresponde a uma simples decodificação de símbolos, mas significa, de fato, interpretar e compreender o que se lê. Assim, um indivíduo pode ser considerado leitor quando passa a compreender o que lê. Ler é antes de tudo compreender, por isso não basta decodificar sinais e signos, é necessário transformar e ser transformado.

Para Bamberger (1987, p. 92) o desenvolvimento de interesses e hábitos permanentes de leitura é um processo constante, que começa no lar, aperfeiçoa-se sistematicamente na escola e continua pela vida afora, através das influências da atmosfera cultural geral e dos esforços conscientes da educação e das escolas.

Sendo assim a leitura é um ato complexo, que abrange processos perceptuais, cognitivos, linguísticos, comunicativos, sociais e emocionais. É muito importante considerar as condições afetivas, interesse e motivação em relação ao ato de ler, para que se possa garantir prazer e gosto pela leitura no dia a dia da vida. Qualquer alteração em um destes aspectos pode causar prejuízos no processo de desenvolvimento e aprendizagem." (p.336)

Diante desse contexto nas séries iniciais de escolarização, ou seja, no Ensino Fundamental, começa um processo de conhecimento, por parte do aluno, do texto. Neste momento, ele já não é sempre um ouvinte de contos, fábulas e outros textos. Quem construirá os sentidos agora é o próprio aluno. Quem conduzirá essa fase de descobrimento será o professor. Assim, suas concepções sobre o que é a língua, qual a função de um texto e o que avaliar em uma produção escolar é que nortearão a sua prática e, além disso, o docente pode tornar a leitura uma atividade agradável ou algo imposto, com objetivos estruturais.

Os PCN’s (1997, p. 36), registram que: “Não se formam bons leitores oferecendo materiais empobrecidos, justamente quando as crianças são iniciadas no mundo da escrita”. As pessoas aprendem a gostar de ler quando, de alguma forma a qualidade de suas vidas melhora com a leitura.

A escolha correta do material a ser utilizado nas salas de aula será de suma importância e decisivas para atrair a atenção das crianças, principalmente, nas séries iniciais. No entanto, vale ressaltar também que é de fundamental importância que o docente tenha domínio do recurso utilizado em seu trabalho para possibilitar a construção e o desenvolvimento de habilidades nos educandos.

Sendo assim, a reflexão sobre o ensino e incentivo da leitura na escola é de extrema importância nos dias de hoje. O presente trabalho busca analisar os fatores que impedem a formação de sujeitos leitores, refletir sobre questões relacionadas à leitura e demonstrar a sua importância para que se possam apresentar caminhos diferentes na prática pedagógica em relação à leitura.

A Escola estimula o gosto pelo conhecimento e o entusiasmo pelo trabalho através de um currículo o mais coerente possível com a realidade das crianças, que aborda as várias disciplinas em separado e em perspectiva interdisciplinar, contemplando temas e projetos. A partir daí visamos formar pessoas independentes, preparadas para lidar com a diversidade e para a participação social competente, digna e responsável.

A avaliação é um processo dinâmico e contínuo enquanto julgamento de valores no que se refere ao processo ensino-aprendizagem. A sua metodologia é: Diagnóstica: aquela realizada no início do ano letivo, com a intenção de constatar se os alunos apresentam ou não os conhecimentos e habilidades imprescindíveis para as novas aprendizagens; Formativa: desenvolvida no decorrer do processo, não necessariamente envolve hora, utiliza-se dos registros de assiduidade, trabalhos em equipe e individuais, exercícios orais, escritos, seminários, elaboração do relatório final, situando o progresso e as dificuldades do aluno; Somativa: utilizada de forma contínua dentro do processo durante o período letivo, é a acumulação de todo o apontamento e trabalho em relação ao conhecimento, traduzido em notas.

O Conselho Escolar tem atuação significativa na escola, pois seus componentes atribuem e distribuem funções, discutem problemas, sugerem atividades, conferem as prestações de contas, enfim, se organizam constantemente para a melhoria e evolução do ambiente escolar.

Do 1º ao 9º ano a grade curricular é estruturada interdisciplinarmente, com funcionamento nos dois períodos; matutino e vespertino, no matutino, objeto da observação, se iniciou com acolhida, logo após recolhimento dos lanches que devem ser guardados na geladeira, atividade, recreio, atividade novamente e saída.

Os conteúdos são selecionados de acordo com o plano de aula da educadora que procura sempre relacioná-los com os conteúdos já explorados, desta forma, há uma sequência, porém quando necessário pode-se fazer mudanças, o educador deve ter em sua prática docente a flexibilidade nos conteúdos.

É fato que somos membros de uma sociedade pluralista, formada por pessoas de diferentes origens étnicas, culturas e valores ideológicos. A realização do projeto se justifica a partir do desafio de abrir espaço, através da leitura, de história, que despertem sentimentos de respeito mútuo, dignidade, solidariedade e diálogo no cotidiano escolar.

A importância de trabalhar a pluralidade cultural é a necessidade de formar alunos críticos, solidários e com espírito de justiça, capazes de transformar a realidade de um país onde ainda existem tantos casos de discriminação. Assim, propusemos o Projeto de Intervenção com o título: Trabalhando a Pluralidade Cultural através da leitura. Em meio a tanta desigualdade não é fácil lidar com as diferenças, ela está em toda parte, a mistura de raças deu origem a construção da etnia brasileira que espalhou culturas, criou novas culturas e construíram nossa identidade com a diversidade.

Considerando o sofrimento, dos índios, dos negros pode-se entender porque a cultura é marcada por tanta discriminação, preconceito e falta de solidariedade. Segundo as palavras de Darcy Ribeiro:

 

Nenhum povo que passasse por isso como rotina de vida, através de séculos sairia dela sem ficar marca do indelevelmente. Todos nós brasileiros somos carne da carne daqueles negros e índios suplicados (RIBEIRO, 1995, p. 120).

 

A escola tem a responsabilidade em tratar esse tema tão delicado, porque temos um compromisso com a história do nosso país. Cabe à escola criar iniciativas, como projetos de leitura desde a educação infantil, quando a criança dá os primeiros passos na vida escolar e entra em contato com um universo desconhecido dando início a novas relações.

A criança precisa se ver como negra e aprender a respeitar e valorizar sua imagem. As diferentes formas de abordar o assunto com os alunos em sala de aula incluem: rodas de conversa, onde as crianças tem oportunidade de se conhecerem melhor; leitura de histórias, pois através da leitura as crianças entram em contato com o universo de lendas e mitos e conhecem a diversidade cultural existente.

As imagens e os textos, manifestações culturais e a arte, valorizam o respeito às diferenças, através deles as crianças se reconhecem. Esses conteúdos devem ser selecionados levando em consideração a realidade dos alunos e suas potencialidades e são escolhidos de acordo com:

 

A relevância sociocultural e poética considerando a necessidade e a importância da atuação da escola em fornecer informações básicas que permitam conhecer a ampla diversidade sociocultural brasileira, divulgar contribuições dessas diferentes culturas presentes em território nacional e eliminar conceitos errados, culturalmente disseminados; acerca de povos e grupos humanos que constituem o Brasil; a possibilidade de desenvolvimento de valores básicos para o exercício da cidadania, voltados para o respeito ao outro e a si mesmo, aos Direitos Universais da Pessoa Humana e aos direitos estabelecidos na Constituição Federal; a possibilidade de capacitar o aluno a compreender, respeitar e valorizar a sociedade sociocultural e a convivência solidária em sua sociedade democrática. (PCNs, 2001, p. 63)

 

A contribuição da escola para disseminar a discriminação é fundamental, pois a criança aprenderá atitudes em relação ao seu grupo e aos seus professores formando assim a sua identidade. Lutar contra o preconceito é uma decisão que precisa ser abraçada pela coletividade e pela comunidade escolar, pois o preconceito é uma responsabilidade de todos, de quem pratica e de quem é discriminado e se cala, por não conhecer os seus direitos. O processo educativo é uma ferramenta de resgate da autoestima e da autonomia, porque a escola apresenta muitas possibilidades para as crianças nos seus relacionamentos.

Pode se começar usando exemplos da diversidade existente na sala de aula, observando os conceitos positivos e os negativos que os alunos possuem com relação ao assunto e aos poucos envolver todo o conjunto escolar, as famílias e a sociedade, pois diante da diversidade ética, cultural brasileira se faz necessário o trabalho de conscientização entre as crianças, visando estabelecer relações sociais harmoniosas bem como a valorização da identidade, desenvolvendo assim as competências que são: Conceituais: Conhecer diferentes etnias; Ampliar a habilidade de escrever frases a partir de gravuras; Estabelecer o gosto pela leitura de histórias narradas; Identificar fatos da história a partir de perguntas sugeridas. Procedimentais: Descrever oral ou por escrito a história “menina bonita do laço de fita”; Constatar as diferenças, valorizando a diversidade a partir da raça negra; Construir o respeito pelas várias etnias e Atitudinais: Respeitar as diferentes etnias; Ter uma imagem positiva de si mesmo; Adotar hábitos de leitura de diferentes gêneros; Mostrar atenção, valorização e respeito ao próximo.

Nesta reflexão consideramos de grande valor salientar que o conto, a fábula e a história, têm um grande poder de proporcionar momentos lúdicos às crianças, bem como desenvolver a imaginação, a criatividade e momentos de reflexão.

 

Enquanto diverte a criança, o conto de fadas a esclarece sobre si mesma, e favorece o desenvolvimento de sua personalidade. Oferece significado em tantos níveis diferentes, e enriquece a existência da criança de tantos modos que nenhum livro pode fazer justiça à multidão e diversidade de contribuições que esses contos dão à vida da criança. (BETTELHEIM, 2004, p. 20)

 

Ao relacionarmos as histórias com a vida cotidiana observa-se que elas desempenham um papel importante na vida pessoal de nossas crianças, podendo ser trabalhado questões psicológicas e também atos reflexivos presentes nas ações dos personagens.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Este artigo por sua vez mostra a importância em adquirir uma reflexão sobre as questões relacionadas à leitura entre os alunos dos anos iniciais do Ensino Fundamental, visto que ainda há uma grande defasagem de leitores comprometidos e estimulados nas salas de aula Sendo assim o processo de aprendizagem do ser humano a leitura se faz essencial, uma vez que contribui, efetivamente, para o enriquecimento do vocabulário, ampliação do conhecimento, agilizar o raciocínio e aprimorar a interpretação. Ela promove no homem o desenvolvimento de sua intelectualidade, proporcionando-lhe um equilíbrio moral e psicológico, assim como uma maior integração com a realidade que o cerca. A leitura e a escrita fazem parte do cotidiano das crianças, pois elas estão sempre envolvidas com desenhos, livros, cartazes, folhetos, histórias, enfim, uma infinidade de situações que envolvem essas habilidades.

Diante da diversidade de saberes, avanço científico e tecnológico, da velocidade das mudanças no conhecimento, a escola como instituição de formação de indivíduos deve priorizar o trabalho pedagógico através da interiorização de uma leitura de sua realidade em primeira instância e concomitantemente a sua problematização.

Neste sentido, a própria educação se fará por meio de conhecimento válido ou significativo. Por conhecimento significativo entendem-se aqueles conhecimentos que dão embasamento ao aluno, ao professor e pares para contextualizar sua realidade sem, no entanto, se esquecer das contribuições historicamente produzidas nos diversos campos do conhecimento e mais ainda ampliando a sua visão como sujeito histórico que faz a história e por ela também é responsável.  

Do ponto de vista do docente, esta leitura deve seguir todo o seu itinerário profissional como espaço permanente de formação. Isto requer assumir a responsabilidade de aprimorar-se no conhecimento do homem e do mundo, no posicionamento frente às políticas internacionais que se auto intitulam preservacionistas de direitos universais e da correlação diária entre o seu aluno, o conhecimento, a formação do cidadão com seus direitos e deveres e acima de tudo da pessoa humana.

Desta forma, sem a intenção de concluir, mas sim com a intenção de possibilitar novas reflexões a respeito da temática podemos afirmar que esta é a educação que defendemos, a educação que proporciona ao educando a construção do seu próprio conhecimento, que respeite a pluralidade cultural existente no contexto escolar, uma educação mutável que estará sempre em processo, que é sempre meio, nunca fim, que aprimora o homem e não o rotula como um produto do destino ou de sua origem cultural.

 

 

REFERÊNCIAS

 

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BENJAMIN, Walter. Reflexões: A criança, O brinquedo, A educação. São Paulo: Summus, 1998

 

BETTELHEIM, Bruno. A Psicanálise dos Contos de Fadas. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2004.

 

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