O LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Jaime Martins da Silva1
RESUMO
A ludicidade é um termo utilizado para designar momentos em que haja brincadeiras livres e descontraídas possibilitando momentos de alegria e prazer ao ser humano. O presente trabalho tem como objetivo averiguar se a utilização do lúdico, pelos docentes, como recurso pedagógico contribui para o desenvolvimento cognitivo da criança em sala de aula na fase de Educação Infantil. Quanto aos objetivos, a pesquisa é explicativa, utilizando-se dos procedimentos técnicos com bibliografias já publicadas usando o método hipotético dedutivo onde podemos levantar hipóteses sobre um determinado tema. A abordagem da pesquisa é qualitativa devido à importância do tema “ludicidade” para a sociedade dispensando o uso de técnicas estatísticas para mensurar resultados. Ao desenvolver atividades lúdicas na sala de aula o professor possibilita que a criança aprenda se desenvolva por meio da imaginação, construção e reconstrução dos sentidos.
Palavras-chave: Ludicidade. Criança. Educação Desenvolvimento.
ABSTRACT
Ludicity is a term used to designate moments in which there are free and relaxed games allowing moments of joy and pleasure to the human being. The objective of this study is to investigate whether the use of play by teachers as a pedagogical resource contributes to the cognitive development of the child in the classroom in the Child Education phase. Regarding the objectives, the research is explanatory, using the technical procedures with bibliographies already published using the hypothetical deductive method where we can raise hypotheses about a certain theme. The approach of the research is qualitative due to the importance of the theme "ludicidade" for the society dispensing the use of statistical techniques to measure results. By developing playful activities in the classroom the teacher enables the child to learn to develop through the imagination, construction and reconstruction of the senses.
Key words: Ludicidade. Child. Education. Development.
1 . INTRODUÇÃO
Esta pesquisa abordará tanto a importância da Ludicidade no desenvolvimento da Educação Infantil, quanto à importância do brincar da criança que está relacionado ao desenvolvimento cognitivo e que através das brincadeiras a criança aprende e interage com outras crianças.
Essa interação desempenha um papel fundamental muito mais que uma brincadeira e diversão permitindo o desenvolvimento dos aspectos físicos, motor emociona, cognitivo e sociocultural.
Na concepção de Godoy (2007), “o lúdico é entendido como alegria e a espontaneidade, com referência, não aos parâmetros da racionalidade, mas uma lógica diferente: a lógica de ser feliz agora na construção do futuro”.
Na visão de Andrade (2013), “é brincando que a criança constrói conhecimentos da sua cultura e também aprende a desenvolver papéis diferentes, pois brincar é construir e reconstruir à realidade do aluno, partindo do seu imaginário”.
A criança, através das atividades Lúdicas demonstrará sua capacidade de brincar com outra criança, ela vai construir e reconstruir brincadeiras, como a da sua cultura e assim colaborar com outras crianças. Ela também reconhece a sua realidade partindo da sua vivência familiar.
Analisando os pressupostos que as atividades lúdicas têm grande relevância ao desempenho de cada aluno questiona-se: A utilização do Lúdico pelos docentes, como recurso pedagógico, contribui para o desenvolvimento cognitivo da criança em sala de aula?
Para responder tal questionamento, destacam-se os seguintes objetivos: a) identificar as concepções do lúdico na educação infantil; b) conhecer a importância da ludicidade para o desenvolvimento da criança; c) analisar o lúdico como recursos pedagógicos e sua interação com a prática docente.
Abordando a importância da Ludicidade no desenvolvimento integral da criança na Educação Infantil, o presente trabalho ajudará os professores e os pais a compreenderem as atividades de brincadeiras como facilitadoras de aprendizagem. Ao brincar a criança desenvolve muitas habilidades que ajudarão no desenvolvimento cognitivo e motor. Neste sentido, a sociedade também se beneficia, pois a criança desenvolverá a autonomia necessária para o seu futuro escolar.
A escolha do tema partiu ao longo do curso, porque entrelaçou-se com as atividades desenvolvidas nas escolas como integrantes do estágio supervisionado e práticas pedagógicas, no decorrer dos quatro anos de estudo do curso de graduação, onde pude perceber que, através da brincadeira o ser humano aprende com alegria e satisfação.
A relevância do tema está alicerçada na prática docente e na utilização da Ludicidade como recurso didático metodológico para se trabalhar com os alunos. Ao propor uma aula lúdica, o aluno compreenderá melhor o conteúdo e o professor trabalha de forma a propiciar um conhecimento significativo de maneira prazerosa.
Quanto aos objetivos da pesquisa, ela é do tipo Explicativa, pois, como nos fala Gil (2008), “são aquelas que contribuem para que possamos identificar a presença de fatores que contribuem para a ocorrência de fenômenos”, no caso o desenvolvimento infantil através da Ludicidade.
Quanto ao método far-se-á uso do método hipotético dedutivo onde serão levantadas algumas hipóteses sobre o tema. A abordagem será qualitativa, pois, devido à importância do tema para a sociedade, enfatiza-se também que não se fará uso de medidas e nem de categorias, e será da natureza aplicada.
Quanto ao procedimento técnico será uma pesquisa bibliográfica. “A pesquisa bibliográfica é aquela desenvolvida a partir de material já elaborado, principalmente em livros e artigos científicos”, (GIL, 2008).
2 . O significado do Lúdico e sua História
A Ludicidade passou a ser reconhecido como um comportamento essencial da psicofisiologia. Como diz Zambelli (2014), “a Ludicidade infantil faz parte da história da humanidade desde o tempo da antiguidade, apontando épocas segundo a concepção, que a corporação tem de criança, de educação e de brincadeiras”.
E assim, o mesmo comenta:
Que o lúdico passou a ser reconhecido como traço essencial de psicofisiologia do comportamento humano. De modo que a definição deixou de ser o simples sinônimo de jogo. As implicações da necessidade lúdica extrapolaram as demarcações do brincar espontâneo. (ZAMBELLI apud ALMEIDA 2006 p.16),
Godoy, (2007), compreende que muitos entendedores da Ludicidade estão analisando como estudar a importância e a definição do lúdico na educação infantil no âmbito das escolas e no meio social, em geral.
Passamos a compreender que o lúdico é um fim em si mesmo, ou seja, o lúdico não é um meio pelo qual alcançamos outro objetivo, seu objetivo é a vivencia prazerosa de sua atividade. É o gosto porque gosto que as crianças falam para expressar sua preferências. (GODOY, 2007 p.146.)
A ludicidade sempre esteve e está presente na vida de uma criança, pois a todos os instantes elas estão expressando-se sua vontades por meio de brincadeiras espontâneas e na escola não deve ser diferente. Os professores se engajam nas atividades lúdicas para proporcionar momentos de prazer e alegria com seus alunos. Na definição de Silva (2013),
O termo lúdico, etimologicamente, deriva-se do Latim ludus que significa jogo, divertir-se e se refere à função de brincar de forma livre e individual. Entretanto, o conceito de ludicidade é polissêmico e em grande parte associado a expressões de uma mesma concepção, confundindo-se, respectivamente, o fenômeno – que pode ser observado subjetivamente, a partir da realidade interna do indivíduo – e o ato social. (SILVA, 2013 p. 54).
A Ludicidade tem significado amplo que se deriva do latim, que podemos considerar jogos e brincadeiras, que se entrelaça entre as crianças, e devemo-nos sempre buscar mais conhecimento sobre a sua história e sua realidade, haja vista que o jogo na educação infantil é um dos conteúdos e atividades que devemos associar uma a outra. Segundo Santos (2010, p. 11),
As atividades lúdicas representadas pelos jogos, brinquedos e dinâmicas são manifestações presentes no cotidiano das pessoas e, portanto, na sociedade desde o inicio da humanidade. Todo o ser humano sabe o que é brincar, como se brinca, por que se brinca, mas a grande dificuldade surge no momento em que se pretende formular um conceito claro sobre o lúdico.
(SANTOS, 2010 p. 11).
Santos (2010), faz uma reflexão importante no que diz respeito à compreensão do significado do termo lúdico por meio de indagações:
Nesse momento, as palavras são insuficientes, pois há necessidade de abandonar a emoção e mergulhar nas trilhas da razão. Será que, para ter credibilidade, o lúdico tem que ser racionalizado? Por que cada pessoa não pode conceituar o lúdico pelo que sente e não pelo que as palavras possam dizer? Assim, o lúdico teria um conceito sentido pela emoção e não descrito pela razão, mais vivido e menos teorizado. Talvez seja por isso que há consenso quando se define o brincar. (SANTOS, 2010 p. 11).
Diante de tais afirmações, podemos considerar o lúdico como atividades livres que dão prazer a quem está praticando. Sejam brincadeiras, jogos, dinâmicas ou qualquer outra atitude que se expresse com alegria. A humanidade pratica atividades lúdicas desde o início das civilizações, cada uma a seu modo. O termo ludicidade passou a ser utilizado no ambiente escolar para trazer compreensão, por parte dos professores e especialistas, das práticas que podem e devem acontecer com as crianças, no sentido de serem adaptadas com objetivos distintos para cada tipo de atividade proposta. No entanto, Zambelli (2014), assinala abaixo:
Entende-se então, que ao longo da história a Ludicidade está presente na vida da criança de maneira diferente, conforme a época: restrita à vida intrafamiliar; estendendo-se à vida cultural de toda uma sociedade; ou integrando a vida escolar como elemento de aprendizagem e desenvolvimento infantil. (ZAMBELLI, 2014, p. 17).
Compreendendo o percurso histórico da humanidade, tais acontecimentos passaram por profundas mudanças para se consolidarem no que é hoje. É possível estabelecer a compreensão também dos fatos atuais como as formas de organização da sociedade, de produção de bens e consumo, de prática cultural e desenvolvimento tecnológico. Mas é importante também sabermos que somos seres sociais de cultura múltipla. Essa compreensão passa necessariamente pela questão da identidade individual, coletiva e nacional, que não se restringe somente ao estudo da história, mas que dela façamos parte de modo imprescindível.
Para Michaleiszyn (2008, p. 79), “a escola é o único espaço de aprendizagem com o qual convivemos. Além dos muros da escola aprendemos com as experiências da vida, com a convivência e as relações de troca que estabelecemos com os outros”.
Diante do pluralismo cultural no qual estão inseridas as escolas, o planejamento de ensino deve conter explicitações de cunho intercultural para dar conta dos resultados primordiais para o ensino. Os professores devem optar pela discussão teórica das questões educativas, a fim de cruzar uma linha de raciocínio que seja capaz de promover a aprendizagem.
Isso requer do corpo docente uma revisão de conceitos adquiridos com o passar dos tempos, ao mesmo tempo em que seja necessária a desconstrução de concepções antagônicas para construir ideias de relevância coletiva, unindo, respeitando e aceitando opiniões que podem surgir desconfortos pessoais que comprometem a aceitação de mitos e crenças individuais.
Rau (2007), afirma que:
A reflexão do educador que irá atuar na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental deve passar pela ideia de que o trabalho pedagógico nesses níveis de ensino atualmente enfrenta um grande desafio, que é o resgate das diferentes linguagens relacionadas ao conhecimento estético sensorial expressivo, verbal e não verbal, para se contrapuser aos processos de escolarização que priorizam unicamente a aprendizagem das letras e dos números. (RAU 2007, p. 77)
A escola deve ser pensada como espaço de disseminação de culturas, onde alunos e professores aprendem uns com os outros, gerando um círculo de comunicação da diversidade cultural, assim a prática pedagógica enriquece o currículo dos pares envolvidos no processo de construção do conhecimento.
No cotidiano da escola devem ser abordadas questões científicas que dialogam com a realidade da instituição e regional dos alunos. Desta forma, é conveniente que alunos e professores absorverão ideias, que sendo aprofundadas, geram novas descobertas admitindo-se novos compromissos com a intervenção humana em diferentes situações sociais.
O compromisso da escola é o de contribuir com o entendimento de que as ações do passado contribuem com certas ações do presente, seja local ou regional. Rau (2007, p. 36), afirma que “a educação é um processo historicamente construído, e o educador possui um papel importante nesse processo, devendo estimular o educando a buscar sua identidade e a atuar de forma crítica e reflexiva na sociedade”.
O espaço escolar é pedagógico porque contribui com o aprendizado sistematizado e real. A compreensão das diversas atividades lúdicas que viabiliza a construção do conhecimento e de respeito mútuo pode ser adquirida com ações progressistas que devem ser efetivadas neste ambiente. Ou seja, o trabalho feito com alegria estabelece a comunicação que se refere aos diversos recursos educativos presentes nas instituições escolares.
As propostas de atividades lúdicas, em qualquer lugar que seja, estimulam a participação ativa de cada indivíduo, seja na individualidade ou na coletividade. A participação de um indivíduo, em atividade de brincadeiras, apresenta as considerações sobre seu modo de vida e sua educação.
Segundo Fortuna (2009, p. 4),
O brincar não é naturalmente progressista, pois contém tanto a possibilidade da tradição quanto da inovação. É possível brincar de qualquer coisa, inclusive e especialmente com aquilo que faz parte do cotidiano. A preocupação com a mediação e o contexto da ludicidade é, por esta razão, fundamental. (FORTUNA 2009, p. 4)
O desenvolver de atividades que respeitem o próximo em sua individualidade na sala de aula, mostra a capacidade que professor e aluno têm de se expressar comunicativamente por meio da linguagem verbal e corporal.
A metodologia de ensino, utilizada por um professor, apresenta-se como criativa quando traz o novo para os olhares de todos. Algo que parece simples, mas que com muita capacidade de expressar torna-se capaz de impressionar o coletivo.
Assim, a prática de ensino criativo vem contribuir para que os professores reflitam sobre a prática cotidiana que pode envolver não somente a disciplina de artes em si, mas um grande conjunto de disciplinas direcionadas ao ensino da criança. Desta forma acredita-se que seja possível estabelecer discussões sobre o ensino artístico em diversas disciplinas do currículo escolar como: artes, história, geografia e outras, ambas relacionadas de forma educacional.
Na opinião de Rau (2007):
O desenvolvimento de conteúdos que abordem o lúdico como uma proposta metodológica e sua relação com as possibilidades de intervenção pedagógica poderia vir a ser uma proposta inovadora no processo de transformação dos saberes profissionais que os professores trazem de seus modelos. (RAU 2007. p. 47).
As aulas brincadas proporcionam, aos alunos, competências e conhecimentos que lhes permitem chegar a ser autônomos e aprender de modo independentemente. Aliada as práticas de escrever e ler o lúdico oferece a cada criança à oportunidade de escolher, de formar valores e aptidões que favorecem a aprendizagem de forma espontânea, desenvolvendo a autodisciplina.
O ensino prazeroso na escola está voltado principalmente, para os movimentos básicos, suas regras e todo comportamento, mas não podemos deixar de considerar outros aspectos que também são importantes para os encaminhamentos pedagógicos do professor, como a contextualização, a análise crítica, a cooperação e a motivação.
2.1 A importância do Lúdico para o desenvolvimento infantil
Acreditar que o desenvolvimento infantil pode acontecer através do brincar, que através das brincadeiras a criança aprende e compreende muitos conceitos faz com que o professor trabalhe de forma Lúdica transformando alunos apáticos em alunos focados em sua aula. E assim, trabalhando de forma diferenciada, contextualizando o lúdico com vida de cada um.
Como diz (Santos, 2010, p.7),
Ensinar através do lúdico é ver como o brincar na escola pode ser diferenciado dependendo dos contextos e situações; é buscar novas formas de trabalhar as informações; é ter novos paradigmas para a educação; é deixar de lado o modismo; é atribuir sentido e significado ás ações educacionais; é contextualizar as brincadeiras com a vida e com o espaço no qual o educador pode lançar mão para oferecer o desenvolvimento e a aprendizagem dos alunos, proporcionando um ambiente escolar planejado e enriquecido, que possibilite a vivência das emoções, os processos de descoberta, a curiosidade e o encantamento, os quais favorecem as bases para a construção do conhecimento. (SANTOS, 2010, p.7).
É considerar que a experiência Lúdica da criança permite a progressão de capacidades importantes como à fala, a percepção, a atenção, a imitação e a imaginação, além de lhe proporcionar o desenvolvimento dos aspectos físico, cognitivo, afetivo, social e cultural.
O Lúdico nas suas mais variedades formas é incorporado pelas crianças, não da maneira como lhes é repassado ou ensinado, mas é reestruturado, passando pelos processos de ressignificação e contextualização de maneira que as dimensões sociais, políticas, econômicas e culturais estejam ai contempladas. O brincar, portanto, vai mudando segundo os interesses das crianças. (SIMEI, 2013 p.17).
Com o Lúdico a criança desenvolve a aprendizagem, ela pode ter aprendido de forma diferente ou ensinado de outra maneira, mas as brincadeiras vão mudando conforme o interesse de cada criança e cada educador deverá compreender como acontece o aprendizado de cada aluno.
Portanto acreditar na ludicidade como ferramenta de intervenção psicopedagógica e escrever sobre as experiências vividas ao longo de uma trajetória profissional são muito gratificante. Equivale a relatar sobre toda uma gama de experiências nessa área. É o resultado do confronto entre teoria e pratica, levando em conta a analise das teorias e a aplicação em sala de aula com educadores, acadêmicos e alunos de educação básica. É gratificante também a consciência de que nessa trajetória houve passagens por equívocos, erros e acertos ao colocar o lúdico a serviço da educação [...] (SANTOS, 2010 p. 8).
E assim acrescenta SIMEI (2013), que a criança por sua própria natureza, corre, salta, brinca, grita e ri, adentrando sua Ludicidade de forma simples. Desta maneira a criança vai se desenvolvendo e se expondo cada vez mais. Isto é significante para os professores estarem notando que seus alunos se desenvolvem através da Ludicidade. Brincar é, portanto experiência da vida. É se divertir em todas as etapas que compõem este processo, seja no ato de acertar ou no ato de errar, pois a possibilidade de errar é uma das melhores partes do ato de brincar. No Simei (2013), encontrei a seguinte afirmação:
O lúdico é vivido numa concepção de construção continua e acontece a todo instante nos mais variados espaços. Percebemos que qualquer objeto pode ser transformado em um brinquedo; na comunidade pesquisadora a vassoura da açaí, por exemplo, vira uma bela boneca; um pedaço de pau vira um carrinho; uma caixa de papelão se transforma em uma casinha; até mesmo santinhos de candidatos no período eleitoral viram dinheiro no jogo faz de conta. Esses exemplos mostram como a ludicidade está presente na vida do homem; mesmo nas situações mais adversas ela não deixa de acontecer. (SIMEI 2013, p. 36.)
A Ludicidade exerce um papel fundamental na formação da criança, não se trata apenas de diversão, mas do riquíssimo processo de internalização de significados da realidade que pode se alongar até a vida adulta.
2.2 O lúdico como recurso pedagógico na educação infantil e sua interação
Os professores que utilizam atividades Lúdicas como recurso pedagógico para trabalhar na Educação Infantil, farão com que suas atividades serão de forma mais prazerosa para seus alunos, com isto os alunos ficarão mais cautelosos na sala de aula tornando-os aptos a concluir suas atividades. Rau (2007), afirma que:
O Lúdico como recurso pedagógico contribui com ás áreas de desenvolvimento e aprendizagem do aluno e pode ser muito significativo no sentido de encorajar as crianças a tomar consciência dos conhecimentos sociais que são desenvolvidos durante o jogo, os quais podem ser usados para ajudá-las no desenvolvimento de uma compreensão positiva da sociedade e na aquisição de habilidades. (RAU 2007, p. 85)
Ainda sobre isso o autor comenta que ao falarmos em recursos pedagógicos do professor através da Ludicidade, precisamos averiguar o quanto é importante confeccionar materiais para brincar e jogar com os alunos em sala de aula, já que o Lúdico é um recurso riquíssimo e relevante para a construção do saber com criatividade. Neste sentido, Rau (2007), comenta,
O entendimento do jogo como recurso pedagógico passa pela concepção de que, se a escola tem objetivos a atingir e o aluno busca a construção de seu conhecimento, qualquer atividade dirigida e orientada visa a um resultado possui finalidades pedagógicas. Utilizando em sala de aula, o jogo torna-se então um meio para a realização dos objetos educacionais, e o aluno, ao praticá-los nesse contexto, perderia sua ação livre, iniciada e mantida unicamente pelo prazer de jogar. Tais questões têm trazido à tona discussões em torno da apropriação do jogo pela escola, especialmente do jogo educativo. (RAU, 2007 p.32).
A interação com o outro possui um papel importante para o relacionamento no grupo. Portanto o contato com os sujeitos concretos com diferentes formas de expressar sentimentos, emoções e afetividade na escola traz contribuições para sua convivência no meio social. Essa convivência permite ao educando aprender a respeitar o outro. Como por exemplo, a partir de atividades dirigidas pelo professor ele começa a entender que tem que esperar a sua vez e respeitar a vez do outro. E assim acrescenta SIMEI (2013), que “utilizar o jogo de regras como recurso metodológico no processo ensino aprendizagem significa novas possibilidades de intervenção na pratica pedagógica” e que através de um jogo a criança vai saber o que é ganhar e o que é perder, dessa maneira buscamos analisar as relações que se estabelecem no jogo, que estão presentes no cotidiano de quem vivenciam este ato. Rau (2007, p. 43), contribui dizendo que:
A imitação também é um elemento que garante à criança experimentar atitudes que, se fossem realizados de forma verdadeira, muitas vezes poderiam colocá-los em situação de risco, como nas brincadeiras de cozinhar, dirigir, consertar moveis e aparelho eletrônicos. Quando brinca de faz de conta, a criança age e enfrenta desafios, organiza o pensamento e elabora suas regras, o que facilita a transposição do mundo adulto para seu universo. (RAU, 2007, pag.43).
Na brincadeira de faz de conta a criança imita as pessoas mais velhas, por exemplo, fazendo com que outra pessoa perceba que isso é importante porque através das imitações elas vão desenvolvendo as experiências no seu dia a dia através da sua cultura vivida.
O professor, trabalhando com a ludicidade em sala de aula leva os alunos a ter mais interação com outras crianças. Isto é significante para que os alunos tenham conhecimento sobre as culturais diferentes e faz com que seja conhecida a diversidade de cada região.
Almeida (2014), afirma que:
A idéia de integrar essas atividades lúdicas como parte da educação atual deve-se ao fato de que fazem parte do patrimônio histórico e cultural de nossa sociedade, introduzem valores, ideologias, costumes, formas de pensamento, estimulação das múltiplas capacidades e trazem marcas significativas de ensinamentos pedagógicos. Seu valor é inestimável e constitui para cada pessoa, cada grupo, cada geração parte fundamental de sua historia. Além de tudo, torna-se nos dias de hoje, meios para a reconstrução de uma vida repleta de alegria e felicidades. (ALMEIDA 2014, p. 12).
Na fase de desenvolvimento infantil é fundamental e necessário que a criança brinque, pois é nesse período da vida que as vivências dessas atividades poderão contribuir para a sedimentação de valores referentes á importância e os benefícios que o individuo poderá adquirir com a prática de atividades coletivas de forma regular, tanto para a manutenção como para a melhoria do seu dia a dia.
A tematização do lúdico nas aulas de Educação Infantil deve buscar o desenvolvimento de objetivos educacionais e seu encaminhamento metodológico deverá incluir estratégias que priorizem vivências de ensino-aprendizagem que possibilitem aos alunos o desenvolvimento da autonomia e da convivência, atendendo princípios da inclusão, da diversidade e da participação.
A tematização do lúdico também tem por finalidade promover a construção de uma prática educacional que tenha a competência de desenvolver no educando a compreensão dos múltiplos conhecimentos que se inter-relacionam com fenômenos científicos, culturais, históricos, econômicos e sociais, assegurando-lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecendo-lhe meios para progredir em estudos posteriores.
Sabe-se que o ato de educar é um processo que ocorre de forma lenta e contínua. E para que o processo ensino – aprendizagem concretize faz necessário o emprego de uma metodologia que se coadune às praticas pedagógicas em sala de aula. Antunes (2012, p. 18), destaca:
O brincar é o ato mais saudável caminho para canalizar a energia, construindo-se processos de sublimação saudáveis e identificadores. A tarefa de uma boa educação infantil seria a de propiciar, através de brincadeiras, o afeto e a sociabilidade, dando voz aos sonhos infantis. (ANTUNES 2012, p. 18)
O procedimento que o educador utiliza para levar o conhecimento até o educando e a manutenção da interatividade do sujeito com o objeto são mecanismos de aprendizado que devem ser consolidados numa metodologia empregada na sala de aula.
A aula lúdica é uma modalidade em que o educando estuda brincando, observando e manipulando algum material ou se movimentando. Esta tem como objetivo despertar o interesse dos alunos em compreender conceitos básicos e desenvolver habilidades. Este tipo de aula permite que os mesmos tenham contato direto com o objeto ou fenômenos e estimulam o raciocínio.
Para Marcelino (1999, p. 22),
O lúdico privilegia a criatividade, a inventabilidade e a imaginação, por sua própria ligação com os fundamentos do prazer. Não comporta regras preeestabelecidas, nem velhos caminhos já trilhados; abre novos caminhos, vislumbra outros possíveis.
(MARCELO, 1999, p. 22),
Para Freire (1986, p. 25), ensinar não é “transferir conhecimentos, mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua construção de conhecimentos”.
Dessa forma, o educador deve adquirir, antes de tudo, conhecimentos e habilidades para torná-lo um profissional competente para realizar seu trabalho e ao mesmo tempo desenvolver a capacidade de raciocínio das crianças. No entanto, a metodologia única e exclusiva da transmissão e reprodução do conhecimento não desenvolve o senso critico do educando.
Freire (1986, p.38), faz uma critica em que “o educando recebe passivamente os conhecimentos, tornando-se um depósito do educador que perde assim, o seu poder de criar. O destino do homem deve-se criar e transformar o mundo, sendo o sujeito de sua ação”. Como formar um cidadão crítico numa escola que visa somente o repasse e a reprodução do “status quo” de um mundo carregado de conceitos e representações inquestionáveis?
A Educação Infantil requer metodologias que envolvam os estudantes para que os mesmos construam suas aprendizagens, possibilitando a aquisição de habilidades e competências em cada componente curricular nas fases/ciclo específicas para que todos possam avançar cada vez mais, com mais significado em seus estudos. Rau (2007), faz a seguinte explicação:
Os conteúdos da proposta pedagógica, por sua vez, não são conhecimentos abstratos, desvinculados de situações de vida e não são elaborados pela criança unicamente a partir de sua transmissão oral no contexto do ensino formal. São interiorizados pela criança num processo interativo, no qual entram em jogo a iniciativa, a ação e a reação, a pergunta e a dúvida, a busca de entendimento. (RAUL 2007, p. 50)
Os educadores da realidade, dentro dos princípios metodológicos, devem buscar alternativas na qual acreditam, esforçando-se ao máximo para que alcancem resultados positivos.
A aprendizagem, para ser realmente eficiente e proveitosa faz-se necessário considerar princípios que norteie essa aprendizagem, como por exemplo: aprendizado com significação, relacionamento de assuntos em estudo com o cotidiano da criança e sua experiência, possibilitar acesso a materiais em que se possa trabalhar sozinho ou em grupo, construir conhecimentos, onde o educando é o sujeito que conhece e se relaciona com o objeto do seu conhecimento, desenvolver um trabalho coletivo e integrado com toda Comunidade Escolar, mediar o diálogo do educando com o conhecimento e utilizar materiais educativos, como livros, jornais, revistas, cartazes, textos, vídeos, retroprojetores, fantoches, etc;
Para Antunes (2012, p. 19),
A criança que brinca está desenvolvendo sua linguagem oral, seu pensamento associativo, suas habilidades auditivas e sociais, construindo conceitos de relações espaciais e se apropriando de relações de conservação, classificação, seriação, aptidões visuespaciais e muitas outras.
Enquanto a criança brinca ela aprende. Aprende a respeitar regras, interagir socialmente, desenvolver a auto estima, e assim, sendo estimulado o seu desenvolvimento físico e cognitivo. É preciso aprender a conviver e na educação infantil é possível trabalhar com planejamentos que prepararem as crianças para uma sociedade mais justa e fraterna. Precisamos educar preparando a criança para esse contexto que ela está inserida.
Nas brincadeiras, as crianças desenvolvem capacidades importantes, tais como, atenção, imitação, memória, imaginação. Amadurecem também algumas capacidades de socialização, por meio da interação e da utilização e experimentação de regras. Neste caso, acredito no seguinte posicionamento de Rau (2007):
Considerando o desenvolvimento psicomotor um aspecto fundamental no processo ensino-aprendizagem, a prática pedagógica do lúdico tem nos jogos a possibilidade de estimular, além das potencialidades cognitivas e linguísticas do educando, as afetivas, motoras e sociais, constituindo, assim, uma ampla possibilidade de promover a formação do sujeito. (RAU 2007, p. 96).
A brincadeira bem conduzida estimula a memória, exalta sensações emocionais, desenvolve a linguagem interior e exterior, exercitando a atenção e explorando diferentes estados de motivação. Brincar favorece a interação com os colegas, propiciando situações de aprendizagens em grupo, valorizando a comunicação, o companheirismo, a vida em sociedade, evitando o egoísmo e o isolamento.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao realizar este trabalho pude refletir sobre o dia-a-dia de uma instituição escolar que juntamente com seus professores são responsáveis por planejar e aplicar atividades pedagógicas no trabalho de sala de aula. Esta tarefa contribuiu com minha formação no sentido de possibilitar a aproximação com o espaço educativo e também com o currículo de uma entidade de educação infantil que era desconhecido por mim. A pesquisa também me auxiliou na questão de compreender como se dá a aproximação com alunos da educação infantil e verificar de perto suas expectativas de crescimento durante e depois das aulas.
A proposta de investigação bibliográfica foi concluída com êxito mediante ao apoio de vários autores que discorrem sobre o tema abordado no sentido de compreender a realidade de um escola onde u,m grupo de pessoas envolvidas com educação se sobrepõe com suas ideias favorecendo a compreensão sobre à complexidade e a demanda de uma etapa de formação importante para a vida toda.
Os temas abordados durante o trabalho de investigação me fez perceber que é muito importante conhecer mais sobre o ensino por meio de brincadeiras onde as crianças aprendem brincando na educação infantil. A medida que estão brincando estão se desenvolvendo emocionalmente.
Com tais reflexões acerca do desenvolvimento integral da criança na Educação Infantil através da ludicidade espero contribuir com novas descobertas no âmbito da educação que muitos profissionais desta área precisam para aprimorar seus conhecimentos.
REFERÊNCIAS
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ANTUNES, Celso. O jogo e a Educação Infantil: falar e dizer / olhar e ver / escutar e ouvir – fascículo 15 / 8 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2012.
DORNELES, Cristina Trois. A ludicidade na Educação: uma atitude Pedagógica. Editora IBPEX , Curitiba, 2007.
FORTUNA, T. R. Sala de aula é lugar de brincar? In: XAVIER, M. L. M. e DALLA ZEN, M. I. H. (org.) Planejamento em destaque: análises menos convencionais. Porto Alegre: Mediação, 2000. (Cadernos de Educação Básica, 6) p. 147-164
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa – São Paulo, Paz e Terra, 1996 (Coleção Leitura).
GIL, Antonio Carlos. Métodos e Técnicos de Pesquisa Social. Editora Atlas, São Paulo, 2008.
GODOY, Leci Gonçalves. Metodologia do Ensino da Educação Física, Editora IBPEX, Curitiba, 2007.
MARCELO, Nelson Carvalho. Lúdico, educação física/org. Ijuí, 1999.
MICHALISZYN, Mario Sérgio. Educação e diversidade – Curitiba: Ibpex, 2008.
SILVA, Neidi Liziane Copetti. Efeito de sentido da ludicidade na prática do professor de infância.– Campo Grande, MS: UFMS, Campus de Campo Grande, 2013. https://sistemas.ufms.br/sigpos/portal/trabalhos/download/1057/cursoId:60
Acessado em novembro de 2016.
ZAMBELLI, Cesar Orlando. O Lúdico na educação: A Ruptura da Ludicidade nos primeiros Anos do Ensino Fundamental. São Bernado dos campos. São Paulo.
biblioteca.sites.ufms.br/2015/07/.../biblioteca-digital-brasileira-de-teses-e-dissertacoes/ acessado em dezembro 2016.
1 Licenciado em Pedagogia e Psicologia. Professor da rede pública municipal de Nova Mutum – MT e Unemat – Campus Universitário de Nova Mutum. Mestrando em Ciências da Educação. Especialista em Docência no Ensino Superior e Neuropsicologia.