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A DISLEXIA E A DIFICULDADE NA APRENDIZAGEM

Marcia Rodrigues[1]
Silvania Rodrigues Salomão
kerlis Barbiero
Antônia Maria Custódio

 

RESUMO

A presente pesquisa irá abordar um tema de grande relevância para a formação de professores e pedagogos, e essencial no desenvolvimento de alunos, a dislexia e seu impacto no aprendizado. Para tal, uma conceituação dessa condição, bem como a apresentação de suas características mais intrínsecas serão trazidas, destacando seu impacto na aprendizagem do aluno, tais quais a interferência em seu raciocínio e compreensão dos temas abordados em sala de aula. De igual maneira, com o intuito de ilustrar melhor o tema, será realizada também uma análise dos estudos de Howard Gardner a respeito do aprendizado, principalmente no que se refere ao desenvolvimento da inteligência do indivíduo. Ao final do estudo, será descrita uma proposta de intervenção pedagógica para o auxílio no desenvolvimento intelectual para indivíduos disléxicos, em especial para os que se encontrar nas séries iniciais do aprendizado.

 

PALAVRAS-CHAVE: Dislexia. Dificuldade na aprendizagem. Intervenção. Desenvolvimento.

 

INTRODUÇÃO

 

Tanto na rede pública de ensino, quanto na rede privada, o que se tem observado é um grande número de alunos que apresentam algum tipo de transtorno que afeta a aprendizagem e o desenvolvimento intelectual. Por esse motivo, alguns estudos já foram realizados com o intuito de identificar tais transtornos, por meio de um diagnóstico, além de proporem métodos e intervenções que auxiliem alunos que necessitam e de cuidados especiais.

Sendo assim, tornou-se usual identificar, dentro de uma sala de aula, alunos com algum tipo de necessidade específica, seja ela de caráter auditivo, mental, visual ou física. Deste panorama, em meio aos tantos distúrbios e transtornos que interferem no aprendizado, a dislexia destaca-se por afetar diretamente no desenvolvimento intelectual do indivíduo, dificultando a evolução e habilidades como a leitura e a escrita.

Dessa forma, cabe destacar, inicialmente, o conceito e entendimento sobre o que, de fato, é a dislexia. Instituições e especialistas classificam-na como um transtorno específico, o qual está diretamente relacionado com a aprendizagem, possuindo uma origem neurobiológica.

Além disso, justamente por se tratar de uma condição precipuamente neurobiológica, existe ainda um consenso de que, por esse motivo, a dislexia afeta a habilidade que um indivíduo em reter e armazenar informações, impactando ainda na leitura e na escrita.

Desse modo, é possível dizer que a dislexia está, de certa maneira, relacionada com a origem genética, afetando, principalmente, alunos que estão iniciando em seu período escolar, o que destaca a sua percepção logo nos primeiros anos do aluno em sala de aula.

Outro fato importante é que essa condição neurobiológica traz ao indivíduo uma dificuldade maior na retenção de informações e afeta seu desenvolvimento intelectual, resultante de um déficit tanto no componente fonológico, ligado a escrita e a linguagem, quanto nas demais habilidades de cognição, o que torna a condição ainda mais complexa.

Nessa perspectiva, faz-se importante destacar a relevância em se estabelecer uma aproximação maior entre os educadores, a escola responsável pelo desenvolvimento intelectual do aluno e sua família. Com isso, é possível superar, mais facilmente, algumas dificuldades que o aluno venha a apresentar em seu desempenho escolar, o que, além disso, possibilitada que a identificação do distúrbio seja realizada de uma maneira mais eficiente.

Sendo assim, a realização deste estudo justifica-se em razão das consequências que a falta de uma intervenção eficiente no tratamento com alunos que apresentem transtorno de dislexia pode trazer para sua formação educacional, possuindo como objetivo difundir uma compreensão maior a respeito do distúrbio, com um entendimento completo sobre o mesmo, bem como suas características e formas de diagnósticos, além de potenciar formas de auxílio na intervenção junto ao aluno que apresente tal transtorno.

 

METODOLOGIA

 

Tendo em vista o fato de que o problema aqui exposto surgiu da necessidade em se destacar os impactos da dislexia no aprendizado, a metodologia aplicada baseia-se em uma análise bibliográfica, em especial a pesquisa de artigos e livros que trabalhem a questão do ensino e a dificuldade no aprendizado, e que tratem de assuntos ligados à psicopedagogia.

Neste sentido, destaca-se autores como Paulo Freire, e sua abordagem a respeito dos saberes ligados à uma prática educativa de qualidade; Howard Gardner, com sua teoria das inteligências múltiplas; Anne van Hout e Françoise Estienne, as quais trazem uma visão a respeito da dislexia como transtorno de aprendizagem; além de Nancy Capretz Batista da Silva, e seu olhar a respeito dos problemas e distúrbios de aprendizagem.

 

CONSIDERAÇÕES INICIAIS SOBRE A DISLEXIA

 

Uma das ponderações a respeito da dislexia é que o transtorno se trata de um problema que pode ser detectado principalmente nas séries iniciais em crianças que apresentem alguma dificuldade relacionada a escrita, leitura ou raciocínio lógico. Essa dificuldade é características em fundamentos como o aprendizado da linguagem, em especial na soletração, na leitura em si e no cálculo matemático, podendo ainda apresentar-se na escrita em linguagem expressiva.

Segundo a conceituação apresentada pela Associação Brasileira de Dislexia:

 

A Dislexia do desenvolvimento é considerada um transtorno específico de aprendizagem de origem neurobiológica, caracterizada por dificuldade no reconhecimento preciso e/ou fluente da palavra, na habilidade de decodificação e em soletração. Essas dificuldades normalmente resultam de um déficit no componente fonológico da linguagem e são inesperadas em relação à idade e outras habilidades cognitivas. (Associação Brasileira de Dislexia, 2016, n.p.)

 

No mesmo norte, para a Instituição ABCD:

 

A dislexia é uma condição neurobiológica ligada à habilidade de aprendizagem – leitura e escrita – que, apesar de se tornar mais evidente quando a criança inicia o período escolar, ocorre desde os primeiros anos de vida, pois é causada por alterações na formação neurológica, que podem ser relacionadas à origem genética.

Como trata-se de uma condição cerebral especial que dificulta a aprendizagem de quem nasce com ela (mas não a impede), a comunidade científica define a dislexia como um transtorno específico de aprendizagem (TEAp), assim como a disortografia e a discalculia. (Instituição ABCD, 2017, n.p.):

 

Dessa forma, temos que a dislexia, a princípio, pode ser conceituada como um distúrbio que afeta a leitura, linguagem e a escrita, além do raciocínio do aluno, caracterizando-se ainda por uma dificuldade apresentada na decodificação de termos simples. De tal maneira, é demonstrada pelo indivíduo que apresenta o transtorno disléxico uma insuficiência no processo fonológico que, por sua vez, destaca-se nos anos iniciais do período escolar.

Cabe ainda ponderar que, erroneamente, o transtorno comumente é relacionado ao termo doença, algo que a muito já está superado. A dislexia, diferente do entendimento comum, deve ser tratada como um distúrbio, uma dificuldade propriamente dita, que possui uma origem genética hereditária, sendo, de tal forma, possível a realização de um acompanhamento profissional qualificado para auxiliar no tratamento com o aluno disléxico e em seu desenvolvimento intelectual.

Contudo, há diferentes níveis e formas de dislexia, as quais possuem características, necessitando, desse modo, de cuidados e tratamentos distintos para cada caso, em vista do fato de afetaram cada indivíduo de uma forma diferenciada.

 

PRINCIPAIS FORMAS DE DISLEXIA E SUAS CARACTERÍSTICAS

 

Uma das principais características do transtorno disléxico é a dificuldade apresentada pelo indivíduo com a linguística, seja em relação a escrita, leitura, soletração ou qualquer outro meio de expressão. Tal dificuldade recebe o nome de disgrafia, sendo uma das formas mais conhecidas de dislexia, contudo, o distúrbio também está relacionado com outros obstáculos no aprendizado, sobre os quais falaremos a seguir.

 

DISGRAFIA

 

Como citado anteriormente, é a forma de dislexia que mais se apresenta em alunos, consistindo na dificuldade no aprendizado relacionada a linguagem, o que afeta diretamente a leitura e, consequentemente, a comunicação. Um fator que comumente se apresenta em os disgráficos é confusão na escrita das palavras, afetando na ordem da disposição de letras e silabas ou mesmo em sua escrita de forma ilegível ou quase ilegível.

Outro aspecto que se apresenta em indivíduos disgráficos é a dificuldade com a lateralidade, ou seja, a noção e diferenciação entre esquerda e direita, o que pode ainda estar aliado com a psicomotricidade, afetando funções básicas como o reconhecimento do lado dominante na escrita.

 

HIPERATIVIDADE

 

A hiperatividade destaca-se entre aqueles que possuem certa dificuldade em manter o foco em determinada atividade, apresentando uma falta de concentração acentuada e agitação. Tais sintomas fazem com que o transtorno seja confundido com quadros de ansiedade, desleixo ou mesmo descaso em relação aos problemas. Contudo, assim como as demais formas de dislexia, a hiperatividade deve ser tratada como um distúrbio com base neurológica.

Ademais, a hiperatividade apresenta-se em duas formas distintas. A primeira é a hiperatividade que torna o indivíduo mais ativo e agitado, onde, de modo impulsivo, não releva as consequências de suas ações. A segunda forma faz com que o hiperativo não tenha foco em apenas uma atividade, dividindo-o entre vária delas, o que impede o desenvolvimento completo de todas.

 

DÉFICIT DE ATENÇÃO

 

Outra forma bastante conhecida da dislexia é o déficit de atenção, que consiste na falta de atenção do indivíduo em relação às suas atividades de maneira completa, onde o mesmo não consegue manter seu foco e atenção devido ao fato de que os estímulos exteriores atraírem sua atenção.

Justamente pela dificuldade em receber estímulos exteriores, eles não são capazes de manter-se sua atenção, o que prejudica todo o processo de aprendizagem. Comumente os indivíduos que apresentam o distúrbio de déficit de atenção acabam sendo rotulados de forma pejorativa, o que não auxilia de modo algum em sua integração em sala de aula.

 

DISCALCULIA

 

Inicialmente, a discalculia pode ser confundida com a disgrafia, mas a diferenciação está na dificuldade com a linguagem em cada transtorno, na discalculia, prejudica no aprendizado da linguagem matemática, juntamente com seus símbolos e sinais.

Com a discalculia, o indivíduo apresenta uma dificuldade no aprendizado de problemas matemáticos e de raciocínio lógico, apresentando ainda um comprometimento em sua memória e na classificação de fatores como altura e distância. Contudo, uma singularidade pode ser destacada em alunos que apresentar a discalculia, a capacidade de resolução de questões matemáticas de um grau mais completo, o que, por outro lado, pode ser ignorado devido à falta de um direcionamento correto e a dificuldade em memorizar alguns termos.

 

DISLEXIA E AS MÚLTIPLAS INTELIGÊNCIAS

 

Há muito tempo se defende o fato de que diferentes tipos de inteligência podem se manifestar em cada pessoa de um modo e em proporções distintas. Tudo isso destaca a impossibilidade que todos possuem em ser extremamente competentes em todas as áreas do conhecimento, relevando as dificuldades que cada um pode experimentar.

Com isso em mente, é possível dizer que a dislexia, por ser um transtorno que afeta diretamente o desenvolvimento intelectual, está intrinsecamente ligada as diversas formas de inteligência, seja em relação ao diagnóstico do transtorno ou mesmo eu seu tratamento.

Nessa perspectiva, cabe destacar os estudos do psicólogo Howard Garner, que enfatiza em seus estudos ligados ao desenvolvimento intelectual, sendo o autor da teoria das múltiplas inteligências. Gardner (1994) defende que não há apenas uma inteligência inata, que possibilite o desenvolvimento igual em cada área de atuação, indicando ainda que estas inteligências trabalham em harmonia, descartando uma visão unitária sobre elas. Neste sentido, o autor destaca:

 

[...] existem evidências persuasivas para a existência de diversas competências intelectuais humana relativamente autônomas abreviadas daqui em diante como 'inteligências humanas'. Estas são as 'estruturas da mente' do meu título. A exata natureza e extensão de cada 'estrutura' individual não é até o momento satisfatoriamente determinada, nem o número preciso de inteligências foi estabelecido. Parece-me, porém, estar cada vez mais difícil negar a convicção de que há pelo menos algumas inteligências, que estas são relativamente independentes umas das outras e que podem ser modeladas e combinadas numa multiplicidade de maneiras adaptativas por indivíduos e culturas (GARDNER, 1994, p. 7)

 

Desse modo, pode-se dizer que o psicólogo americano, por meio de seus estudos, não apenas identificou, como conseguiu destacar os diferentes tipos de inteligências inerentes a cada indivíduo, o que, de certo modo, indica para qual aptidão especifica o indivíduo está mais propenso.

 

INTELIGÊNCIA LINGUÍSTICA

 

Como o próprio nome já indica, está relacionada como as palavras, destacando uma facilidade com a compreensão e aprendizado de idiomas e a fonética em si, além das demais funções da linguagem e a percepção de sons.

 

INTELIGÊNCIA MUSICAL

 

Diretamente ligada com a inteligência linguísticas, a habilidade musical destaca-se entre indivíduos que possuem uma maior facilidade em compreender e distinguir sons, facilitando o aprendizado teórico e prático da música e tudo aquilo que esteja relacionado a ela.

 

INTELIGÊNCIA CINESTÉSICA

 

Consiste na inteligência ligada a coordenação motora, onde o indivíduo tem uma maior propensão para desenvolver habilidades ligadas a alguma destreza física, tais quais as artes cênicas, atividades esportivas ou mesmo musical, relacionada aos instrumentos.

 

INTELIGÊNCIA LÓGICO-MATEMÁTICA

 

É a espécie de inteligência que confere ao indivíduo uma aptidão maior para um raciocínio dotado de um sistema concreto, de forma padronizada. Dessa forma, é perceptível uma facilidade com a lógica em si, a simbologia matemática e toda a ciência ligada a ela. Segundo assevera Gardner (2001, p.56), “a inteligência logico- matemática envolve a capacidade de analisar problemas com lógica, de realizar operações matemáticas e investigar questões cientificamente”.

 

INTELIGÊNCIA ESPACIAL

 

Característica entre artistas plásticos e profissionais como engenheiros e arquitetos, a habilidade/inteligência espacial consiste no domínio em relação as formas, bem como aquilo que elas representam ou podem representar, de acordo com o modo que cada indivíduo as utiliza.

 

INTELIGÊNCIA INTERPESSOAL

 

Inteligência que se destacam no indivíduo que possui uma capacidade maior de entender ou mesmo reagia a emoções e sentimentos, bem como a habilidade de se relacionar com facilidade com outras pessoas, ou seja, nas relações sociais.

 

INTELIGÊNCIA INTRAPESSOA

 

É a inteligência em que o indivíduo possui a capacidade de realizar, com maior facilidade, uma autoanálise, mais voltados a resolução de problemas de caráter pessoal. Aqui o indivíduo está em sintonia com seus próprios sentimentos, lidando de uma melhor forma com suas próprias habilidades.

Dessa maneira, ao compreender melhor sobre cada uma das inteligências inerente aos seres humanos, é possível entender melhor sobre como a dislexia afeta cada indivíduo de um modo diferente, o que permite um diagnóstico mais preciso, auxiliando em um compromisso com os disléxicos de um modo mais eficaz, colaborando com o processo de aprendizagem.

Levando em consideração a teoria desenvolvida por Howard Gardner, é possível dizer que o disléxico, mesmo apresentando obstáculos no desenvolvimento de uma determinada inteligência, tem aptidão para desempenhar outras habilidades, tudo isso por meio de uma intervenção pedagógica aplicada da maneira correta.

 

O PROCESSO DE APRENDIZAGEM E A IMPORTÂNCIA DA PARTICIPAÇÃO FAMÍLIA

 

Para que um tratamento correto com o aluno que apresente dificuldades no processo de aprendizagem devido à dislexia, é essencial estabelecer uma verdadeira parceria entre a família, a escola e os demais profissionais envolvidos no processo de aprendizagem do aluno, auxiliando-o em suas dificuldades, conforme assevera Silva (2015, p. 28) “para o tratamento das dificuldades de aprendizagem, uma equipe multidisciplinar e interdisciplinar é mais é mais indicada, a qual deve integrar-se à escola, e, principalmente, à família”.

Com a orientação correta, a família pode atuar como um potencializador para a superação das dificuldades e problemas relacionados ao desenvolvimento intelectual do indivíduo, envolvendo-se mais em todo o processo, fornecendo a escola e aos profissionais envolvidos informações essenciais para o apoio do aluno.

Como destaca Freire (1996, p. 26) “não é possível à escola, se, na verdade, engajada na formação dos educandos educadores, alhear-se das condições sociais culturais, econômicas de seus alunos, de suas famílias, de seus vizinhos”.

De tal forma, o processo de ensino pode sofrer interferências de inúmeros fatores, e dentre eles, a dislexia não pode ser deixada de lado. O tratamento com essa disfunção neurológica deve ser colocado em prática a partir das séries iniciais, observando-se as causas do distúrbio e suas implicações no aprendizado do aluno.

Tal fato ganha maior relevância já que os sintomas da dislexia, em geral, tornam-se percetíveis durante a idade escolar do aluno, o qual, com maior frequência, apresenta certa persistência em erros relacionados a leitura e a escrita.

 

A INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA

 

Como forma de auxiliar no desenvolvimento intelectual do aluno que apresenta quadros de transtorno disléxico, uma intervenção pedagógica deve ser aplicada, mas não sem antes ser planejada, juntamente como cada metodologia a ser aplicada, não deixando de lado um diagnóstico completo do distúrbio.

É importante salientar que para cada caso é necessário estabelecer estratégicas específicas, cabendo ao psicopedagogo colocar em prática os meios pelo qual irá colocar em prática o processo de aprendizagem do aluno. Como salienta o Instituto ABDC (2017, n.p.), não há uma prescrição de medicamentos para a dislexia, sendo necessário estabelecer adaptações pedagógicas, o que deve ser feito juntamente com um atendimento especializado por um profissional psicopedagogo ou fonoaudiólogo.

Nesse sentido, pondera-se que o tratamento pode variar, levando em consideração o grau de dificuldade apresentado pelo aluno e a sua necessidade de acompanhamento. Em todo caso, uma das melhores formas de promover o desenvolvimento intelectual do disléxico é por meio do lúdico, ou seja, com uma interação além do canal visual, permitindo um contato com outras fontes de informação.

Outro ponto que deve ser destacado, como apontamos anteriormente, é a necessidade de que a escola participe do desenvolvimento intelectual do aluno com dislexia, cabendo a coordenação da escola fornecer aos professores todas as informações necessárias sobre o aluno disléxico para que sejam empregadas as estratégias mais eficientes.

Além disso, para que o processo de aprendizado possa ser destacado, é essencial valorizar-se aquilo que o aluno produziu, independentemente de suas habilidades com a leitura e a escrita, explorando estratégias para melhor compreensão daquilo que o aluno procurou transmitir.

Outrossim, o foco do psicopedagogo deve ser sempre o processo de aprendizagem e o desenvolvimento intelectual do aluno, não devendo, dessa forma, ater-se aos erros ou focar o trabalho desempenhado no problema do aluno, mas sim buscar recompensa-lo por seus acertos, incentivando que o mesmo tenha uma liberdade para criar seus próprios meios de executar aquilo que foi solicitado.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

É certo que a dificuldade apresentada em relação ao processo de aprendizagem, principalmente àquele ligado a linguagem, pode ser estar atrelado a diversos fatores. Contudo, não se pode deixar de lado que a dislexia é um distúrbio que afeta um grande número de alunos e, quando não tratada da forma correta, pode comprometer o desenvolvimento intelectual deste.

Desse modo, é possível concluir que é essencial buscar, inicialmente, por um diagnóstico, analisando os sintomas do transtorno, tomando conhecimento das necessidades do aluno, buscando ainda compreender qual a melhor forma de auxiliá-lo por meio de práticas pedagógicas.

É essencial que sejam desenvolvidas estratégias para que o aluno disléxico consiga, em sua totalidade, compreender do conteúdo por meio de práticas que estimulem o seu interesse e, consequentemente, levem ao desenvolvimento educacional, intelectual e pessoal.

Neste sentido, cabe salientar que a atuação do psicopedagogo nas instituições de ensino é de vital importância, seja na prevenção de eventuais problemas ocasionados pelo distúrbio ou no processo de aprendizagem, tendo em vista o fato de que é o psicopedagogo quem irá auxiliar, de forma direta, o aluno disléxico.

Ademais, outro fator que não deve ser ignorado é que a dislexia não deve ser tratada como uma doença, mas sim como um distúrbio, passível de uma intervenção feita através de uma contribuição entre a escola, os profissionais ligados ao aprendizado do aluno e sua família.

Por fim, podemos realçar que a pratica psicopedagógica desenvolvida junto ao aluno que apresenta o transtorno disléxico deve, acima de tudo, ser feita com dedicação, amor e afeto, não deixando de lado a paciência e a criatividade, tudo para que se alcance um processo de aprendizado não apenas eficiente, como também humanizado.

 

REFERÊNCIAS

 

AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5 – 5. ed – Porto Alegre: Artmed, 2014.

 

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE DISLEXIA. O que é dislexia? 2016, n.p.Disponível em: <http://www.dislexia.org.br/o-que-e-dislexia/> Acesso em 10 de janeiro de 2019.

 

BENCZIK, EdyleineBeliniPeroni. Transtorno de déficit de Atenção Hiperatividade: Atualização Diagnostica e Terapêutica. São Paulo, Casa do Psicólogo – 5ª Ed – 2014.

 

FREIRE. Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa.            São            Paulo: Paz     e          Terra,  1996,  p.         26.       Disponível    em: <http://forumeja.org.br/files/Autonomia.pdf> Acesso em 10 de janeiro de 2019.

 

GARDNER, Howard. Estruturas da Mente: a teoria das inteligências múltiplas. Porto Alegra: Artmed, 1994, p. 07.

 

            , Howard. Inteligência: Um Conceito Reformado. Rio de Janeiro. Objetiva, 2001

 

HOUT, Anne Van e ESTIENNE, Françoise. Dislexias: descrição, avaliação, explicação e tratamento. Porto Alegre: Artmed, 2001.

 

INSTITUTO   ABCD.           O         que     é          Dislexia?       2017,  n.p.Disponível          em: <https://www.institutoabcd.org.br/o-que-e-dislexia/> Acesso em 10 de janeiro de 2019.

 

SILVA, Nancy Capretz Batista da. Problemas e Distúrbios de Aprendizagem. Valinhos,   2015,            p.         28.       Disponível    em:

<https://docgo.net/viewdoc.html?utm_source=problemas-e-disturbios-da- aprendizagem-unopar> Acesso em 10 de janeiro de 2019.

 

[1] Pós-graduada pela Rede Futura de Ensino, na área de Psicopedagogia Institucional. O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.