Buscar artigo ou registro:

 

 

A VISÃO E A INTERVENÇÃO DOS PROFESSORES DE ACORDO COM A TEORIA DA APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA

Maria Cristina Ferreira Lima

 

RESUMO

O trabalho tem por objetivo a necessidade de compreensão, por parte do futuro educador, sobre a diferença entre aprendizagem significativa e aprendizagem mecânica, e dentro disso, a relevância do professor em reorganizar as táticas e condições de ensino com o intuito de promover a aprendizagem significativa. Esta é apreendida, de forma geral, como uma aprendizagem que se estabelece na estrutura cognitiva do sujeito, por meio de relações coerentes e não arbitrárias com conhecimentos adquiridos anteriormente. Existe várias qualidades e condições para que a aprendizagem seja significativa, e não mecânica. Por seguinte, temos a aprendizagem mecânica, que acontece quando a criança ou aluno incorpora o conhecimento de forma a não estabelecer nenhum tipo de relação com conhecimentos prévios e, portanto, este tipo de aprendizagem leva ao armazenamento de conhecimento de forma temporária, a qual pode ser logo esquecida.

 

Palavras chave: A aprendizado. Educador. Conhecimento e futuro.

 

  1. INTRODUÇÃO

 

O objetivo desse trabalho é compreender melhor sobre o tema aprendizagem significativa, qual sua contribuição e conceitos e qual papel do professor nessa aprendizagem.

Todos nós passamos pelo processo de aprendizagem onde adquirimos conhecimento através de habilidades, comportamentos, competências e valores   o professor tem um papel fundamental na aprendizagem do aluno, precisa ser levado em consideração o que o aluno já sabe e a partir daí será desenvolvido e assimilado novos conteúdo adquirido.

O conhecimento é algo fundamental para a aprendizagem significativa e através do artigo “APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA: UM DESAFIO” vamos entender melhor seu objetivo, conceitos e características.

 

  1. DESENVOLVIMENTO

 

APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA: UM DESAFIO

O artigo foi desenvolvido a partir de uma pesquisa bibliográfica que reflete o desafio de um educador promover a aprendizagem significativa de acordo com alguns dos filósofos de educação, protagonista da teoria aprendizagem significativa, como Ausubel, Libâneo, Rogers, Alves, entre outros, os educadores devem estar atentos as dificuldades dos alunos e entender que  a aprendizagem é muito mais significativa, pois o novo conteúdo é incorporado para projetar o conhecimento prévio e que sua pratica pedagógica não pode dificultar os fatos.

A aprendizagem significativa ocorre através de processos: exploração, falência, tentativa de corrigir, obter dados, processamento de conjecturas, testes, construindo explicações, que são resultados de inferências, comparando, fazendo analogias, refletindo, uma nova experiência é comparada com outras hipóteses Verificado, endereçado, explicado, outras expectativas são criadas e assim por diante.

Segundo Ausubel (1982), em sua teoria da aprendizagem apoiar a recuperação das ações de estudantes anteriores que permitem estruturas mentais através da demanda de mapas conceituais que abrem uma série de possibilidades para a descoberta de outros conhecimentos, permitindo ao aprendizado daqueles que aprendem tenha eficácia.

É importante enfatizar que é dessa maneira que preparamos a criança para a cidadania e formando-a em conhecimento, habilidades, valores, atitudes, maneiras de pensar e atuar na sociedade.

Precisa haver uma parceria entre a escola e a família para que aja um aprendizado mais eficiente por parte do aluno, essa ação conjunta facilita a adaptação do educador em sala de aula, produzindo assim uma educação satisfatória.

Rogers (2001, p. 01) conceitua a aprendizagem significativa da seguinte maneira

 

Por aprendizagem significativa entendo uma aprendizagem que é mais do que uma acumulação de fatos. É uma aprendizagem que provoca uma modificação, quer seja no comportamento do indivíduo, na orientação futura que escolhe ou nas suas atitudes e personalidade. É uma aprendizagem penetrante, que não se limita a um aumento de conhecimento, mas que penetra profundamente todas as parcelas da sua existência.

 

Aqui está claro, para que a aprendizagem significativa ocorra precisa haver uma compreensão de significados relacionando- se experiências pessoais da criança permitindo a formulação de problemas que incentive a querer aprender mais.

Para Paulo freire, ensino não é apenas adestramento de habilidades precisa haver uma participação consciente da criança como sujeito do processo.  Um instrumento importante na aprendizagem é a avaliação, mas que precisa ser repensado a maneira de ser aplicada a prova por exemplo avalia apenas alguns aspectos de desenvolvimento da criança e não leva em conta outras dimensões que devem ser avaliadas no desenvolvimento da criança.

Somente através do auto avaliação, a criança terá consciência de que ela é o seu principal agente avaliador em qualquer caso, devemos entender que nada é mais motivador do que se sentir capaz. Quando a aprendizagem é significativa e a avaliação é a atividade de treinamento será sempre uma avaliação de sucesso.

A escola é abordada como um espaço para alcançar os objetivos do sistema de ensino e da aprendizagem, a escola tem uma grande tarefa que é a transmissão e construção da cultura, ciência, arte e preparar os estudantes para a cidadania, para vida cultural, para o trabalho e para a vida moral, nesse sentido o papel da educação escolar é promover mudanças qualitativas no desenvolvimento e aprendizagem.

O papel do professor na aprendizagem significativa, é sempre está em desenvolvimento de suas atitudes, habilidades e conhecimento a respeito das mudanças que se faz necessárias, assim o processo ensino- aprendizagem se tornara eficaz tanto para o professor quanto para o aluno.

Para Alves:

 

O educador tem que ser político e inovador, integrado consciente e ativamente no social, onde sua escola está inserida [...] Um educador [...] é um fundador de mundos, mediador de esperanças, pastor de projetos [...]” (1982, p. 28).

 

O segundo artigo: “A importância da aprendizagem significativa nos anos iniciais, as autoras fizeram uma pesquisa bibliográfica embasada em Ausubel, Moreira e Postmam e Weinggartner para desenvolverem seu artigo.”

O artigo mostra que a evolução da humanidade depende diretamente do desenvolvimento, do movimento e da compreensão do mundo, essa é uma visão determinada pela maneira da qual aprendemos a aprender nesse mundo, e assim o conceito de aprendizagem teve que se tornar mais dinâmico a sobrevivência no mundo atual dependera das habilidades de aprender e desaprender com um certo desenvolvimento.

Na aprendizagem significativa, o professor precisa sempre trabalhar a auto estima do aluno mostrando sua capacidade de aprender, procurando conhecer e respeitar a cultura do aluno, para que ocorra a aprendizagem significativa, três fatores devem ser abordados: a presença de material na estrutura cognitiva do sujeito, a propensão a aprender e o esforço decisivo para aprender no sentido cognitivo e afetivo.

O material de apoio dever ser atrativo e relevante que desperte o interesse por parte dos alunos.

A predisposição para aprender é um fator determinante na aprendizagem significativa, mas que não depende só do aluno o professor precisa criar um ambiente atrativo e que desperte a curiosidade do aluno de querer aprender.

O esforço decidido para aprender, é a disponibilidade relevantes em sua estrutura cognitiva, que está relacionada a um material potencialmente considerável, uma vez que o aluno não tem conhecimento prévio é esse material que vai fornecer conhecimento necessário para interagir entre novos conhecimentos e anteriores.

Moreira (2003, p.13), afirma que:

 

... uma das condições para que ocorra a aprendizagem significativa é a predisposição para aprender e há entre a condição e a predisposição uma relação circular, pois a aprendizagem já ocorrida e internalizada, produz um interesse em aprender, ou uma predisposição que é transformada em atitudes e sentimentos positivos que facilitam a aprendizagem.

 

A facilitação de aprendizagem depende muito mais de uma mudança de postura e filosofia do que de novas metodologias, sem dúvida é bastante difícil avaliar o aprendizado significativo isso porque envolve uma nova postura para a avaliação. Avaliar o certo e o errado se torna muito mais simples, mas o resultado da aprendizagem acaba se tronando mecânico.

 

O terceiro artigo, O QUE É AFINAL APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA?

A teoria de aprendizagem significativa baseada na leitura e releitura do autor David Ausubel, a teoria não é apresentada como nova, mas sim como atual, algumas pessoas dizem que isso é uma apropriação superficial, conceito de aprendizagem polissêmica e significativo, portanto qualquer estratégia de ensino começa com a aprendizagem significativa como meta, mas a maioria dessas estratégias, ou toda escola continua a promover o aprendizado mecânico, puramente memorística do que significativa por isso o artigo procura esclarecer o que aprendizagem significativa.

A aprendizagem significativa é um tipo de aprendizagem em que os pensamentos são expressos simbolicamente, o professor interage com o que o aluno já sabe de forma substantiva e não arbitraria. Substancial refere –se a não liberal, não liberal refere se a interação, não tem nenhuma ideia anterior, mas tem algum conhecimento particularmente relevante que já existe na estrutura cognitiva do sujeito de aprendizagem.

Para David Ausubel (1918 -2008), era chamado de subsunçor ou ideia-âncora, para esse conhecimento, que é especialmente relevante para o nosso aprendizado, que pode ser um símbolo, um conceito, uma proposta, um modelo mental ou uma imagem. 

Até agora falamos muito de aprendizagem significativa, mas a aprendizagem que mais ocorre na escola é outra, a aprendizagem mecânica puramente memorística que serve somente na hora da prova, na linguagem coloquial a aprendizagem mecânica é a famosa decoreba, mas o que é aprendizagem mecânica e aprendizagem significativa.

Aprendizagem mecânica: ”Armazenamento literal, arbitrário, sem significado; não requer compreensão, resulta em aplicação mecânica a situações conhecidas”.

Aprendizagem significativa: “Incorporação substantiva, não arbitrária, com significado; implica compreensão, transferência, capacidade de explicar, descrever, enfrentar situações novas”.

De acordo com a teoria de Ausubel (1976), quando a aprendizagem significativa não se efetiva, o aluno utiliza a aprendizagem mecânica, isto é, “decora‟ o conteúdo, que não sendo significativo para ele, é armazenado de maneira isolada, podendo inclusive esquecê-lo em seguida.

No cenário educacional temos outras formas de aprendizagem, tais como, Aprendizagem receptiva e aprendizagem por descoberta, aprendizagem receptiva é aquela em que o aprendiz “recebe” a informação, o conhecimento, a aprendizagem em sua forma final, aprendizagem por descoberta significa quo o aprendiz primeiro descobre o que está preste a aprender

No entanto é dever do educador e da escola, estratégias e instrumento que facilitem a aprendizagem do aluno, levando em consideração o que já sabe e também o que pode vir adquirir, precisa haver uma organização previa de material e do que vai ser passado para o aluno levando em consideração que cada indivíduo é único e que a forma de cada um aprender será diferente.

 

  1. CONCLUSÃO

 

Através das leituras realizadas pude entender a importância de levar para os alunos uma aprendizagem de qualidade e significativa, nosso principal papel como professor na promoção do aprendizado significativo é desafiar os conceitos já aprendidos que eles constroem e reconstroem, consistentemente incluir novos conceitos.

O papel do ensino deve ser claramente melhorado e uma forma de ser melhorar começa pelo planejamento da nossa aula que precisa levar em consideração a necessidade do aluno buscando formas criativas e estimadoras que desperte o interesse do aluno em aprender.

 

REFERÊNCIAS

 

MOREIRA, M. A. O que é afinal aprendizagem significativa?

Disponível em: <HTTP://moreira.if.ufrgs.br

Aprendizagem significativa,: um desafio. Disponível em: <https://educere.bruc.com.br/arquivo/pdf2017/25702_12706.pdf

 

A importância da aprendizagem significativa nas series iniciais. Disponível em:  <https://semanaacademica.org.br/system/files/artigos/artigo_laine_reenvio.pdf

 

FERREIRA, M. G. R. Neuropsicológica e aprendizagem [livro eletrônico]. Curitiba: Intersaberes, 2014.

 

BARRERA, S. D. TEORIAS COGNITIVAS DA MOTIVAÇÃO E SUA RELAÇÃO COM O DESEMPENHO ESCOLAR. Poíesis pedagógica - v.8, n.2 ago/dez.2010; pp.159-175.

 

 

A DISLEXIA E A DIFICULDADE NA APRENDIZAGEM

Marcia Rodrigues[1]
Silvania Rodrigues Salomão
kerlis Barbiero
Antônia Maria Custódio

 

RESUMO

A presente pesquisa irá abordar um tema de grande relevância para a formação de professores e pedagogos, e essencial no desenvolvimento de alunos, a dislexia e seu impacto no aprendizado. Para tal, uma conceituação dessa condição, bem como a apresentação de suas características mais intrínsecas serão trazidas, destacando seu impacto na aprendizagem do aluno, tais quais a interferência em seu raciocínio e compreensão dos temas abordados em sala de aula. De igual maneira, com o intuito de ilustrar melhor o tema, será realizada também uma análise dos estudos de Howard Gardner a respeito do aprendizado, principalmente no que se refere ao desenvolvimento da inteligência do indivíduo. Ao final do estudo, será descrita uma proposta de intervenção pedagógica para o auxílio no desenvolvimento intelectual para indivíduos disléxicos, em especial para os que se encontrar nas séries iniciais do aprendizado.

 

PALAVRAS-CHAVE: Dislexia. Dificuldade na aprendizagem. Intervenção. Desenvolvimento.

 

INTRODUÇÃO

 

Tanto na rede pública de ensino, quanto na rede privada, o que se tem observado é um grande número de alunos que apresentam algum tipo de transtorno que afeta a aprendizagem e o desenvolvimento intelectual. Por esse motivo, alguns estudos já foram realizados com o intuito de identificar tais transtornos, por meio de um diagnóstico, além de proporem métodos e intervenções que auxiliem alunos que necessitam e de cuidados especiais.

Sendo assim, tornou-se usual identificar, dentro de uma sala de aula, alunos com algum tipo de necessidade específica, seja ela de caráter auditivo, mental, visual ou física. Deste panorama, em meio aos tantos distúrbios e transtornos que interferem no aprendizado, a dislexia destaca-se por afetar diretamente no desenvolvimento intelectual do indivíduo, dificultando a evolução e habilidades como a leitura e a escrita.

Dessa forma, cabe destacar, inicialmente, o conceito e entendimento sobre o que, de fato, é a dislexia. Instituições e especialistas classificam-na como um transtorno específico, o qual está diretamente relacionado com a aprendizagem, possuindo uma origem neurobiológica.

Além disso, justamente por se tratar de uma condição precipuamente neurobiológica, existe ainda um consenso de que, por esse motivo, a dislexia afeta a habilidade que um indivíduo em reter e armazenar informações, impactando ainda na leitura e na escrita.

Desse modo, é possível dizer que a dislexia está, de certa maneira, relacionada com a origem genética, afetando, principalmente, alunos que estão iniciando em seu período escolar, o que destaca a sua percepção logo nos primeiros anos do aluno em sala de aula.

Outro fato importante é que essa condição neurobiológica traz ao indivíduo uma dificuldade maior na retenção de informações e afeta seu desenvolvimento intelectual, resultante de um déficit tanto no componente fonológico, ligado a escrita e a linguagem, quanto nas demais habilidades de cognição, o que torna a condição ainda mais complexa.

Nessa perspectiva, faz-se importante destacar a relevância em se estabelecer uma aproximação maior entre os educadores, a escola responsável pelo desenvolvimento intelectual do aluno e sua família. Com isso, é possível superar, mais facilmente, algumas dificuldades que o aluno venha a apresentar em seu desempenho escolar, o que, além disso, possibilitada que a identificação do distúrbio seja realizada de uma maneira mais eficiente.

Sendo assim, a realização deste estudo justifica-se em razão das consequências que a falta de uma intervenção eficiente no tratamento com alunos que apresentem transtorno de dislexia pode trazer para sua formação educacional, possuindo como objetivo difundir uma compreensão maior a respeito do distúrbio, com um entendimento completo sobre o mesmo, bem como suas características e formas de diagnósticos, além de potenciar formas de auxílio na intervenção junto ao aluno que apresente tal transtorno.

 

METODOLOGIA

 

Tendo em vista o fato de que o problema aqui exposto surgiu da necessidade em se destacar os impactos da dislexia no aprendizado, a metodologia aplicada baseia-se em uma análise bibliográfica, em especial a pesquisa de artigos e livros que trabalhem a questão do ensino e a dificuldade no aprendizado, e que tratem de assuntos ligados à psicopedagogia.

Neste sentido, destaca-se autores como Paulo Freire, e sua abordagem a respeito dos saberes ligados à uma prática educativa de qualidade; Howard Gardner, com sua teoria das inteligências múltiplas; Anne van Hout e Françoise Estienne, as quais trazem uma visão a respeito da dislexia como transtorno de aprendizagem; além de Nancy Capretz Batista da Silva, e seu olhar a respeito dos problemas e distúrbios de aprendizagem.

 

CONSIDERAÇÕES INICIAIS SOBRE A DISLEXIA

 

Uma das ponderações a respeito da dislexia é que o transtorno se trata de um problema que pode ser detectado principalmente nas séries iniciais em crianças que apresentem alguma dificuldade relacionada a escrita, leitura ou raciocínio lógico. Essa dificuldade é características em fundamentos como o aprendizado da linguagem, em especial na soletração, na leitura em si e no cálculo matemático, podendo ainda apresentar-se na escrita em linguagem expressiva.

Segundo a conceituação apresentada pela Associação Brasileira de Dislexia:

 

A Dislexia do desenvolvimento é considerada um transtorno específico de aprendizagem de origem neurobiológica, caracterizada por dificuldade no reconhecimento preciso e/ou fluente da palavra, na habilidade de decodificação e em soletração. Essas dificuldades normalmente resultam de um déficit no componente fonológico da linguagem e são inesperadas em relação à idade e outras habilidades cognitivas. (Associação Brasileira de Dislexia, 2016, n.p.)

 

No mesmo norte, para a Instituição ABCD:

 

A dislexia é uma condição neurobiológica ligada à habilidade de aprendizagem – leitura e escrita – que, apesar de se tornar mais evidente quando a criança inicia o período escolar, ocorre desde os primeiros anos de vida, pois é causada por alterações na formação neurológica, que podem ser relacionadas à origem genética.

Como trata-se de uma condição cerebral especial que dificulta a aprendizagem de quem nasce com ela (mas não a impede), a comunidade científica define a dislexia como um transtorno específico de aprendizagem (TEAp), assim como a disortografia e a discalculia. (Instituição ABCD, 2017, n.p.):

 

Dessa forma, temos que a dislexia, a princípio, pode ser conceituada como um distúrbio que afeta a leitura, linguagem e a escrita, além do raciocínio do aluno, caracterizando-se ainda por uma dificuldade apresentada na decodificação de termos simples. De tal maneira, é demonstrada pelo indivíduo que apresenta o transtorno disléxico uma insuficiência no processo fonológico que, por sua vez, destaca-se nos anos iniciais do período escolar.

Cabe ainda ponderar que, erroneamente, o transtorno comumente é relacionado ao termo doença, algo que a muito já está superado. A dislexia, diferente do entendimento comum, deve ser tratada como um distúrbio, uma dificuldade propriamente dita, que possui uma origem genética hereditária, sendo, de tal forma, possível a realização de um acompanhamento profissional qualificado para auxiliar no tratamento com o aluno disléxico e em seu desenvolvimento intelectual.

Contudo, há diferentes níveis e formas de dislexia, as quais possuem características, necessitando, desse modo, de cuidados e tratamentos distintos para cada caso, em vista do fato de afetaram cada indivíduo de uma forma diferenciada.

 

PRINCIPAIS FORMAS DE DISLEXIA E SUAS CARACTERÍSTICAS

 

Uma das principais características do transtorno disléxico é a dificuldade apresentada pelo indivíduo com a linguística, seja em relação a escrita, leitura, soletração ou qualquer outro meio de expressão. Tal dificuldade recebe o nome de disgrafia, sendo uma das formas mais conhecidas de dislexia, contudo, o distúrbio também está relacionado com outros obstáculos no aprendizado, sobre os quais falaremos a seguir.

 

DISGRAFIA

 

Como citado anteriormente, é a forma de dislexia que mais se apresenta em alunos, consistindo na dificuldade no aprendizado relacionada a linguagem, o que afeta diretamente a leitura e, consequentemente, a comunicação. Um fator que comumente se apresenta em os disgráficos é confusão na escrita das palavras, afetando na ordem da disposição de letras e silabas ou mesmo em sua escrita de forma ilegível ou quase ilegível.

Outro aspecto que se apresenta em indivíduos disgráficos é a dificuldade com a lateralidade, ou seja, a noção e diferenciação entre esquerda e direita, o que pode ainda estar aliado com a psicomotricidade, afetando funções básicas como o reconhecimento do lado dominante na escrita.

 

HIPERATIVIDADE

 

A hiperatividade destaca-se entre aqueles que possuem certa dificuldade em manter o foco em determinada atividade, apresentando uma falta de concentração acentuada e agitação. Tais sintomas fazem com que o transtorno seja confundido com quadros de ansiedade, desleixo ou mesmo descaso em relação aos problemas. Contudo, assim como as demais formas de dislexia, a hiperatividade deve ser tratada como um distúrbio com base neurológica.

Ademais, a hiperatividade apresenta-se em duas formas distintas. A primeira é a hiperatividade que torna o indivíduo mais ativo e agitado, onde, de modo impulsivo, não releva as consequências de suas ações. A segunda forma faz com que o hiperativo não tenha foco em apenas uma atividade, dividindo-o entre vária delas, o que impede o desenvolvimento completo de todas.

 

DÉFICIT DE ATENÇÃO

 

Outra forma bastante conhecida da dislexia é o déficit de atenção, que consiste na falta de atenção do indivíduo em relação às suas atividades de maneira completa, onde o mesmo não consegue manter seu foco e atenção devido ao fato de que os estímulos exteriores atraírem sua atenção.

Justamente pela dificuldade em receber estímulos exteriores, eles não são capazes de manter-se sua atenção, o que prejudica todo o processo de aprendizagem. Comumente os indivíduos que apresentam o distúrbio de déficit de atenção acabam sendo rotulados de forma pejorativa, o que não auxilia de modo algum em sua integração em sala de aula.

 

DISCALCULIA

 

Inicialmente, a discalculia pode ser confundida com a disgrafia, mas a diferenciação está na dificuldade com a linguagem em cada transtorno, na discalculia, prejudica no aprendizado da linguagem matemática, juntamente com seus símbolos e sinais.

Com a discalculia, o indivíduo apresenta uma dificuldade no aprendizado de problemas matemáticos e de raciocínio lógico, apresentando ainda um comprometimento em sua memória e na classificação de fatores como altura e distância. Contudo, uma singularidade pode ser destacada em alunos que apresentar a discalculia, a capacidade de resolução de questões matemáticas de um grau mais completo, o que, por outro lado, pode ser ignorado devido à falta de um direcionamento correto e a dificuldade em memorizar alguns termos.

 

DISLEXIA E AS MÚLTIPLAS INTELIGÊNCIAS

 

Há muito tempo se defende o fato de que diferentes tipos de inteligência podem se manifestar em cada pessoa de um modo e em proporções distintas. Tudo isso destaca a impossibilidade que todos possuem em ser extremamente competentes em todas as áreas do conhecimento, relevando as dificuldades que cada um pode experimentar.

Com isso em mente, é possível dizer que a dislexia, por ser um transtorno que afeta diretamente o desenvolvimento intelectual, está intrinsecamente ligada as diversas formas de inteligência, seja em relação ao diagnóstico do transtorno ou mesmo eu seu tratamento.

Nessa perspectiva, cabe destacar os estudos do psicólogo Howard Garner, que enfatiza em seus estudos ligados ao desenvolvimento intelectual, sendo o autor da teoria das múltiplas inteligências. Gardner (1994) defende que não há apenas uma inteligência inata, que possibilite o desenvolvimento igual em cada área de atuação, indicando ainda que estas inteligências trabalham em harmonia, descartando uma visão unitária sobre elas. Neste sentido, o autor destaca:

 

[...] existem evidências persuasivas para a existência de diversas competências intelectuais humana relativamente autônomas abreviadas daqui em diante como 'inteligências humanas'. Estas são as 'estruturas da mente' do meu título. A exata natureza e extensão de cada 'estrutura' individual não é até o momento satisfatoriamente determinada, nem o número preciso de inteligências foi estabelecido. Parece-me, porém, estar cada vez mais difícil negar a convicção de que há pelo menos algumas inteligências, que estas são relativamente independentes umas das outras e que podem ser modeladas e combinadas numa multiplicidade de maneiras adaptativas por indivíduos e culturas (GARDNER, 1994, p. 7)

 

Desse modo, pode-se dizer que o psicólogo americano, por meio de seus estudos, não apenas identificou, como conseguiu destacar os diferentes tipos de inteligências inerentes a cada indivíduo, o que, de certo modo, indica para qual aptidão especifica o indivíduo está mais propenso.

 

INTELIGÊNCIA LINGUÍSTICA

 

Como o próprio nome já indica, está relacionada como as palavras, destacando uma facilidade com a compreensão e aprendizado de idiomas e a fonética em si, além das demais funções da linguagem e a percepção de sons.

 

INTELIGÊNCIA MUSICAL

 

Diretamente ligada com a inteligência linguísticas, a habilidade musical destaca-se entre indivíduos que possuem uma maior facilidade em compreender e distinguir sons, facilitando o aprendizado teórico e prático da música e tudo aquilo que esteja relacionado a ela.

 

INTELIGÊNCIA CINESTÉSICA

 

Consiste na inteligência ligada a coordenação motora, onde o indivíduo tem uma maior propensão para desenvolver habilidades ligadas a alguma destreza física, tais quais as artes cênicas, atividades esportivas ou mesmo musical, relacionada aos instrumentos.

 

INTELIGÊNCIA LÓGICO-MATEMÁTICA

 

É a espécie de inteligência que confere ao indivíduo uma aptidão maior para um raciocínio dotado de um sistema concreto, de forma padronizada. Dessa forma, é perceptível uma facilidade com a lógica em si, a simbologia matemática e toda a ciência ligada a ela. Segundo assevera Gardner (2001, p.56), “a inteligência logico- matemática envolve a capacidade de analisar problemas com lógica, de realizar operações matemáticas e investigar questões cientificamente”.

 

INTELIGÊNCIA ESPACIAL

 

Característica entre artistas plásticos e profissionais como engenheiros e arquitetos, a habilidade/inteligência espacial consiste no domínio em relação as formas, bem como aquilo que elas representam ou podem representar, de acordo com o modo que cada indivíduo as utiliza.

 

INTELIGÊNCIA INTERPESSOAL

 

Inteligência que se destacam no indivíduo que possui uma capacidade maior de entender ou mesmo reagia a emoções e sentimentos, bem como a habilidade de se relacionar com facilidade com outras pessoas, ou seja, nas relações sociais.

 

INTELIGÊNCIA INTRAPESSOA

 

É a inteligência em que o indivíduo possui a capacidade de realizar, com maior facilidade, uma autoanálise, mais voltados a resolução de problemas de caráter pessoal. Aqui o indivíduo está em sintonia com seus próprios sentimentos, lidando de uma melhor forma com suas próprias habilidades.

Dessa maneira, ao compreender melhor sobre cada uma das inteligências inerente aos seres humanos, é possível entender melhor sobre como a dislexia afeta cada indivíduo de um modo diferente, o que permite um diagnóstico mais preciso, auxiliando em um compromisso com os disléxicos de um modo mais eficaz, colaborando com o processo de aprendizagem.

Levando em consideração a teoria desenvolvida por Howard Gardner, é possível dizer que o disléxico, mesmo apresentando obstáculos no desenvolvimento de uma determinada inteligência, tem aptidão para desempenhar outras habilidades, tudo isso por meio de uma intervenção pedagógica aplicada da maneira correta.

 

O PROCESSO DE APRENDIZAGEM E A IMPORTÂNCIA DA PARTICIPAÇÃO FAMÍLIA

 

Para que um tratamento correto com o aluno que apresente dificuldades no processo de aprendizagem devido à dislexia, é essencial estabelecer uma verdadeira parceria entre a família, a escola e os demais profissionais envolvidos no processo de aprendizagem do aluno, auxiliando-o em suas dificuldades, conforme assevera Silva (2015, p. 28) “para o tratamento das dificuldades de aprendizagem, uma equipe multidisciplinar e interdisciplinar é mais é mais indicada, a qual deve integrar-se à escola, e, principalmente, à família”.

Com a orientação correta, a família pode atuar como um potencializador para a superação das dificuldades e problemas relacionados ao desenvolvimento intelectual do indivíduo, envolvendo-se mais em todo o processo, fornecendo a escola e aos profissionais envolvidos informações essenciais para o apoio do aluno.

Como destaca Freire (1996, p. 26) “não é possível à escola, se, na verdade, engajada na formação dos educandos educadores, alhear-se das condições sociais culturais, econômicas de seus alunos, de suas famílias, de seus vizinhos”.

De tal forma, o processo de ensino pode sofrer interferências de inúmeros fatores, e dentre eles, a dislexia não pode ser deixada de lado. O tratamento com essa disfunção neurológica deve ser colocado em prática a partir das séries iniciais, observando-se as causas do distúrbio e suas implicações no aprendizado do aluno.

Tal fato ganha maior relevância já que os sintomas da dislexia, em geral, tornam-se percetíveis durante a idade escolar do aluno, o qual, com maior frequência, apresenta certa persistência em erros relacionados a leitura e a escrita.

 

A INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA

 

Como forma de auxiliar no desenvolvimento intelectual do aluno que apresenta quadros de transtorno disléxico, uma intervenção pedagógica deve ser aplicada, mas não sem antes ser planejada, juntamente como cada metodologia a ser aplicada, não deixando de lado um diagnóstico completo do distúrbio.

É importante salientar que para cada caso é necessário estabelecer estratégicas específicas, cabendo ao psicopedagogo colocar em prática os meios pelo qual irá colocar em prática o processo de aprendizagem do aluno. Como salienta o Instituto ABDC (2017, n.p.), não há uma prescrição de medicamentos para a dislexia, sendo necessário estabelecer adaptações pedagógicas, o que deve ser feito juntamente com um atendimento especializado por um profissional psicopedagogo ou fonoaudiólogo.

Nesse sentido, pondera-se que o tratamento pode variar, levando em consideração o grau de dificuldade apresentado pelo aluno e a sua necessidade de acompanhamento. Em todo caso, uma das melhores formas de promover o desenvolvimento intelectual do disléxico é por meio do lúdico, ou seja, com uma interação além do canal visual, permitindo um contato com outras fontes de informação.

Outro ponto que deve ser destacado, como apontamos anteriormente, é a necessidade de que a escola participe do desenvolvimento intelectual do aluno com dislexia, cabendo a coordenação da escola fornecer aos professores todas as informações necessárias sobre o aluno disléxico para que sejam empregadas as estratégias mais eficientes.

Além disso, para que o processo de aprendizado possa ser destacado, é essencial valorizar-se aquilo que o aluno produziu, independentemente de suas habilidades com a leitura e a escrita, explorando estratégias para melhor compreensão daquilo que o aluno procurou transmitir.

Outrossim, o foco do psicopedagogo deve ser sempre o processo de aprendizagem e o desenvolvimento intelectual do aluno, não devendo, dessa forma, ater-se aos erros ou focar o trabalho desempenhado no problema do aluno, mas sim buscar recompensa-lo por seus acertos, incentivando que o mesmo tenha uma liberdade para criar seus próprios meios de executar aquilo que foi solicitado.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

É certo que a dificuldade apresentada em relação ao processo de aprendizagem, principalmente àquele ligado a linguagem, pode ser estar atrelado a diversos fatores. Contudo, não se pode deixar de lado que a dislexia é um distúrbio que afeta um grande número de alunos e, quando não tratada da forma correta, pode comprometer o desenvolvimento intelectual deste.

Desse modo, é possível concluir que é essencial buscar, inicialmente, por um diagnóstico, analisando os sintomas do transtorno, tomando conhecimento das necessidades do aluno, buscando ainda compreender qual a melhor forma de auxiliá-lo por meio de práticas pedagógicas.

É essencial que sejam desenvolvidas estratégias para que o aluno disléxico consiga, em sua totalidade, compreender do conteúdo por meio de práticas que estimulem o seu interesse e, consequentemente, levem ao desenvolvimento educacional, intelectual e pessoal.

Neste sentido, cabe salientar que a atuação do psicopedagogo nas instituições de ensino é de vital importância, seja na prevenção de eventuais problemas ocasionados pelo distúrbio ou no processo de aprendizagem, tendo em vista o fato de que é o psicopedagogo quem irá auxiliar, de forma direta, o aluno disléxico.

Ademais, outro fator que não deve ser ignorado é que a dislexia não deve ser tratada como uma doença, mas sim como um distúrbio, passível de uma intervenção feita através de uma contribuição entre a escola, os profissionais ligados ao aprendizado do aluno e sua família.

Por fim, podemos realçar que a pratica psicopedagógica desenvolvida junto ao aluno que apresenta o transtorno disléxico deve, acima de tudo, ser feita com dedicação, amor e afeto, não deixando de lado a paciência e a criatividade, tudo para que se alcance um processo de aprendizado não apenas eficiente, como também humanizado.

 

REFERÊNCIAS

 

AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5 – 5. ed – Porto Alegre: Artmed, 2014.

 

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE DISLEXIA. O que é dislexia? 2016, n.p.Disponível em: <http://www.dislexia.org.br/o-que-e-dislexia/> Acesso em 10 de janeiro de 2019.

 

BENCZIK, EdyleineBeliniPeroni. Transtorno de déficit de Atenção Hiperatividade: Atualização Diagnostica e Terapêutica. São Paulo, Casa do Psicólogo – 5ª Ed – 2014.

 

FREIRE. Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa.            São            Paulo: Paz     e          Terra,  1996,  p.         26.       Disponível    em: <http://forumeja.org.br/files/Autonomia.pdf> Acesso em 10 de janeiro de 2019.

 

GARDNER, Howard. Estruturas da Mente: a teoria das inteligências múltiplas. Porto Alegra: Artmed, 1994, p. 07.

 

            , Howard. Inteligência: Um Conceito Reformado. Rio de Janeiro. Objetiva, 2001

 

HOUT, Anne Van e ESTIENNE, Françoise. Dislexias: descrição, avaliação, explicação e tratamento. Porto Alegre: Artmed, 2001.

 

INSTITUTO   ABCD.           O         que     é          Dislexia?       2017,  n.p.Disponível          em: <https://www.institutoabcd.org.br/o-que-e-dislexia/> Acesso em 10 de janeiro de 2019.

 

SILVA, Nancy Capretz Batista da. Problemas e Distúrbios de Aprendizagem. Valinhos,   2015,            p.         28.       Disponível    em:

<https://docgo.net/viewdoc.html?utm_source=problemas-e-disturbios-da- aprendizagem-unopar> Acesso em 10 de janeiro de 2019.

 

[1] Pós-graduada pela Rede Futura de Ensino, na área de Psicopedagogia Institucional. O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.

 

 

O PROTAGONISMO E AS METODOLOGIAS ATIVAS: QUESTÕES PROPEDÊUTICAS

Helânia Vasconcelos [1]

 

RESUMO

Este artigo tem como objetivo refletir criticamente sobre dois conceitos que nos últimos anos veem tomando espaço na discussão sobre a educação especialmente a do ensino médio: O protagonismo e as metodologias ativas, através de levantamento bibliográfico, consulta a obra de autores como Fajardo (2017),  Kuenzer (1997), Poletti (1988), Rodrigues, (2016), Serrão (2016), Soares, (2004), que discorrem sobre tais conceitos, documentos legais que tratam especificamente do tema: MEC, LDB, BNCC, diretrizes curriculares, este letramento busca entender tais conceitos em seu devir histórico, em outras palavras, até que ponto metodologias ativas e o protagonismo como ações pedagógicas são tão novidades assim e como estes conceitos se contextualizam dentro de uma cenário maior socioeconômico da cultura, então, vigente. Conclui que tais termos em sua operacionalidade não são tão novos assim e que para que se tenha uma operacionalização realmente efetiva destas metodologias é preciso que se estabeleça um diálogo respeitoso e frutífero entre os personagens educacionais tendo, agora, como protagonista o aprendente.

 

Palavras-chave: Educação. Novo ensino médio. Protagonismo. Metodologias ativas.

 

INTRODUÇÃO

 

O ano de 2022 é um ano chave para a educação brasileira, especificamente para o Ensino Médio, a implantação deste Novo Ensino Médio vem sendo gestada já há algum tempo e não deveria pegar ninguém de surpresa, a LDB e a própria BNCC preparavam o caminho para as mudanças pretendidas; mudanças estas que eram necessárias tanto no seu aspecto filosófico quando no funcional; filosófico aqui tomado no sentido de se definir com clareza qual é a missão desta fase do ensino fundamental e como decorrência como ela deveria responder para cumprir esta missão.

Se o projeto irá dar certo ou não ainda é uma tarefa de futurólogos, somente daqui a três anos quando os primeiros alunos que trabalharem nestas novas condições de ensino aprendizagem se confrontarem com os testes para acesso à universidades (ENEM) ou para a inclusão no mercado de trabalho técnico. A operacionalização desta proposta passa por dois caminhos que a caracterizam: o protagonismo e as metodologias ativas é importante esclarecer que o novo ensino médio não se resume a estes dois conceitos mas são aqueles que falam mais de perto as vivencias pedagógicas desta pesquisadora.

Para que estes conceitos sejam devidamente elucidados recorreu-se a uma análise crítica bibliográfica das obras dos autores: Fajardo (2017),  Kuenzer (1997), Poletti (1988), Rodrigues, (2016), Serrão (2016), Soares, (2004), assim como documentos legais que tratam especificamente do tema: MEC, LDB, BNCC. Seu intuito maior é propiciar ao leitor alguns temas de reflexão sobre o assunto no intuito de acrescentar mais dados à questão e ao mesmo tempo propiciar ao leitor uma gama de informações que possibilitem uma ação pedagógica mais consciente e menos radical sobre o tema.

 

O VELHO NOVO ENSINO MÉDIO

 

Entre o momento do domínio do alfa e do Beta, da decodificação e codificação dos signos alfabéticos, o treinamento de sua significação primária e o treinamento especializado existe uma zona penumbrosa denominada “Ensino Médio”. A frase anterior é intencionalmente provocativa, o ensino fundamental constituído de nove anos tem como objetivo como o seu nome sugere e a LDB e a BNCC propõem estabelecer os fundamentos básicos para que este cidadão seja capaz de interagir minimamente com uma sociedade que tem como códigos comunicacionais o ler e escrever (alfabetizado) e entender o que se lê o que se quer comunicar (o letramento).

Vejamos o que a LDB dispõe sobre a formação básica do cidadão, segundo o seu artigo 32º é necessário:

 

I - o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo; II - a compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade. (BRASIL, 1996, Art. 32)

 

A BNCC por sua vez prevê que

 

Ao longo do Ensino Fundamental – Anos Iniciais, a progressão do conhecimento ocorre pela consolidação das aprendizagens anteriores e pela ampliação das práticas de linguagem e da experiência estética e intercultural das crianças, considerando tanto seus interesses e suas expectativas quanto o que ainda precisam aprender. (....) Tal articulação precisa prever tanto a progressiva sistematização dessas experiências quanto o desenvolvimento, pelos alunos, de novas formas de relação com o mundo, novas possibilidades de ler e formular hipóteses sobre os fenômenos, de testá-las, de refutá-las, de elaborar conclusões, em uma atitude ativa na construção de conhecimentos. (BNCC, 2018, p. 58)

 

As palavras chaves em ambos os documentos para os mesmos objetivos são o aprofundamento e consolidação do conhecimento e preparar este individuo para a sociedade e embora nenhum dos documentos fale explicitamente em alfabetização e letramentos são estes os dois conceitos em pauta, espera-se que ao final destes nove anos de treinamento e formação que este individuo se transforme em um cidadão. Ou seja, tenha competência para transitar com um mínimo de proficiência que possibilite, se quiser, estabelecer seu protagonismo como membro efetivo de uma comunidade e para isto, como estabelecem as citações acima, deve dominar as normas cultas da língua (o português) e as relações numéricas básicas, os outros conteúdos programáticos (geografia, história, artes, educação física, etc...), para os efeitos desta reflexão, são elementos necessários para que se possa estabelecer um letramento mínimo da mensagem recebida ou emitida.

Cabe esclarecer que, retomando as ideias de Soares (2004), que a alfabetização é um conceito técnico (decodificar ou não o grafema) e o letramento é um conceito sociocultural, dar significado ao que se descodifica ou codifica, pressupõe uma capacidade de encontrar mais significados signo, em outras palavras, quanto mais dados o decodificador/codificador possuir mais rica será sua significação, assim todas as outras áreas do conhecimento irão enriquecer este processo.

O ensino especializado pode ser entendido, neste momento da reflexão como o ensino universitário, aquele período acadêmico que determinados cidadãos entram em contato com formas de conhecimento específico, uma tal concentração irá permitir a este profissional criar soluções especificas problemas concretos. Entre estes dois momentos educacionais está um meio termo, uma zona penumbrosa que pouco mereceu a atenção das políticas públicas educacionais, até agora, e por que disto?

Para responder a esta pergunta se faz necessário, ainda que brevemente, recorrer a história da educação brasileira e como esta educação está diretamente relacionada à sociedade onde se instaura, em outras palavras se faz necessário perceber o desenvolvimento sócio econômico brasileiro.

E como Prado (2008) e Furtado (2003) afirmam existe uma linha comum à toda a história econômica social do Brasil, desde a exploração do pau-brasil até as grandes exportações do agronegócio: a produção das commodities. Uma economia calcada na exploração de commodities é uma economia que produz matéria prima básica para que outros países possam manufaturá-la e ao fazer isto agregar valor ao seu produto final.

Um exemplo paradigmático pode ser percebido no plantio de algodão no Nordeste. O algodão era produzido nos campos nordestinos, os fardos embarcados para Portugal que os enviava para os teares ingleses que agregando valor ao algodão em forma de tecidos e camisas eram enviados para todo mundo inclusive para Portugal e de lá novamente para o Brasil, onde roupas e tecidos fabricados pelas mãos de trabalhadores nordestinos eram comprados pela classe alta o sudoeste.

Gomes (2012)  que até 1808 com a chegada da vinda da família real portuguesa, não era permitido abrir no Brasil nenhuma fábrica de transformação, todos os produtos manufaturados eram importados via Portugal que se não os produzia os revendia ficando com uma parte do preço como remuneração sem risco, não é por acaso que uma das primeiras ações administrativas de D. João VI foi abrir os portos brasileiros para as nações amigas, isto é, os produtos manufaturados da Inglaterra, que a partir daquele momento podia vender diretamente para o mercado brasileiro, tirando de cena o intermediário português, mas não a corte portuguesa que instaurada no Rio de Janeiro, cobrava uma pequena taxa de importação, naturalmente. A volta de Portugal como intermediário comercial entre o Brasil e o mundo, inclusive foi uma das pautas da corte portuguesa em Portugal que livre do jugo de Napoleão exigia a volta de D. João VI e a recondução do Brasil ao status de colônia.

Gilberto Freire (2012) em “Casa Grande e Senzala” oferece uma formação típica da família abastada brasileira: o primogênito era o herdeiro para ele era necessário o domínio da produção dos bens da família, o segundo filho seria advogado formado em Lisboa para a carreira política, o terceiro militar e se tiver um quarto padre (ou aquele mais obediente ou com saúde mais frágil), o patriarca procurava garantir o futuro da família colocando seus rebentos nas diversas áreas de influência social, para a imensa maioria da população não havia sentido continuar estudando já que suas realizações profissionais esbarravam sempre no cenário já previamente montado, obedecendo a uma lógica (perversa) do mercado.

Algumas tentativas para reverter este quadro, no período da ditadura militar, foram realizadas, com um macro programa de industrialização do país foi intencionado a implementação de um ensino técnico, com resultados pífios, pela simples razão de não haver uma estrutura educacional respondente, já o sistema 3S (SENAC, SESI, SESC) também é uma tentativa de oferecer uma resposta à uma carência que, principalmente, após a redemocratização do país se tornava cada vez mais urgente.

Pode-se contra argumentar que no séc. XXI não é assim, ao contrário, o agronegócio sustentáculo da moderna economia brasileira é uma indústria de alta competência produtiva de commodities, que cada vez mais necessita de mão de obra especializada, especializada não mais no sentido de parágrafos acima mas uma mão de obra que fizesse a ponte entre o conhecimento fundamental e o superior (teórico). Uma formação culta o bastante para produzir cidadãos que fossem capazes de ir além do conhecimento fundamental, mas que não precisassem apresentar o domínio de um quadro teórico característico da formação universitária.  

Foi neste contexto socioeconômico que proliferaram os cursos técnicos e tecnólogos, porem esta iniciativa potencializada pelo governo Lula não teve a resposta necessária para atender a demanda, um dos motivos deste fracasso, existem outros: má gestão, incapacidade administrativa de implantação, descontextualização curricular (criação de cursos técnicos onde não havia demanda para tal) são alguns deles, porém queremos nos ater ao leitmotiv deste tópico: a existência de uma rede de ensino médio, que mesmo apresentado todas as mazelas já mencionadas continuava a existir, foi necessária uma profunda análise e reformulação estrutural e ideária para que o novo ensino médio tivesse o perfil necessário para produzir este novo cidadão que precisa viver e produzir em uma cultura cada vez mais digital, globalizada e que privilegia o técnico (técnico em grego: fazer com as mãos) em detrimento do saber teórico (aqui representado pelo saber universitário) é sob esta perspectiva que serão analisados os dois conceitos tema deste artigo.

 

METODOLOGIAS ATIVAS E O PROTAGONISMO

 

O novo ensino Médio traz como novidade pedagógica uma mudança de foco em sua ação, era dito que no ensino Médio tradicional a ação partia do professor e os alunos eram uma “plateia” e que suas metodologias de transmissão de dados, por consequência, eram de mão única: professor – aluno, a tão mal falada aula expositiva, os ideólogos do novo Ensino Médio colocaram esta falta de conexão com a vida cultural deste aluno, imerso desde o seu nascimento em uma mídia interativa como nunca aconteceu na história das comunicações, como o grande gargalo de todo o projeto, segundo estes autores.

Tal situação leva ao desestímulo e a elevada evasão nesta etapa de formação, esta pesquisadora se permite perguntar se é possível que mesmo com metodologias defasadas no sentido midiático, mas com um conteúdo que fizesse sentido para um mercado de trabalho cada vez mais exigente e carente de um tipo muito especifico de trabalhador, este jovem aprendiz não teria a disciplina de terminar sua formação? A pergunta ocorre na observação de cursos de treinamento empresárias dos quais participamos e que em termos midiáticos são muito pouco ativos, o que se trabalha nestes momentos são os procedimentos e formas de se atuar em uma determinada empresa, e adolescentes que pela manhã se mostravam entediados e dispersos com as aulas do professor, à tarde, na busca do primeiro emprego, se encontram atentos, estimulados e com raras evasões.

Este trabalhador atual passa muito longe da caricatura do apertador de botões eternizada por Charles Chaplin em “Tempos Modernos”, o perfil procurado pelos selecionadores (RH) dos grandes empregadores é de indivíduos com bom domínio técnico (saber fazer o que se propõe), ter capacidade de trabalhar em equipe, e com iniciativa e criatividade para solucionar os problemas e desafios de sua ação profissional.

Os pontos a seguir encontram-se em vários sites (vide relação in bibliografia) especializados nesta temática que aqui são destacados apenas os tópicos: 1. Interesse genuíno na oportunidade; “Os recrutadores buscam por candidatos que realmente se empenham e se mostram animados com a empresa e com o trabalho”. 2. Preocupação com a carreira, “Os recrutadores desejam contratar pessoas que possam fazer contribuições contínuas para sua empresa”. 3. Aprendizado constante “No mercado de trabalho de hoje, as empresas estão em constante mudança e os funcionários devem ser capazes de se adaptar”. 4. Paixão pelo que faz. “Lembre-se: habilidades sempre podem ser aprendidas, mas a paixão não. Ela deve estar dentro de você”.

E aqui abre-se espaço para o quinto item; embora todos os outros falem de perto do perfil deste novo aluno trabalhado a partir da parte flexível do currículo o quinto item é o projeto de vida em linguagem empresarial, senão, vejamos: Perfil de liderança. “Atualmente, para tornar a rotina de trabalho mais dinâmica, é imprescindível o domínio de algumas habilidades sociais. Algumas são: Comunicação; Trabalho em equipe; Proatividade; Capacidade de resolução de problemas. O sexto item: Valores alinhados com os da empresa. “...a adequação cultural é um fator extremamente importante quando se trata de contratação” encerra a descrição de como o mercado de trabalho quer receber seu futuro funcionário o que parece coincidir com o perfil descrito pelos ideólogos do Novo Ensino Médio. Nas palavras de Paulo Renato Souza, Ministro da Educação, na apresentação do programa de implantação do projeto: “É o novo ensino médio, que vai tornar o estudo mais próximo da vida real e preparar melhor nossos alunos para enfrentar as dificuldades da vida prática e ajudá-los a se tornarem cidadãos conscientes e participativos”.

Como em termos práticos este Novo Ensino Médio responde a este novo paradigma? Um quadro de medidas será implementado e todas elas deverão, pelo menos na teoria, funcionar como as engrenagens de uma máquina, cada uma delas desempenhando o seu papel sem uma hierarquia ou precedência, assim sem esta preocupação de mais ou menos importante tem-se o aumento da carga horária de 800 horas letivas anuais para 1000 horas,  perfazendo um total de três mil horas, das quais o máximo de 1800 horas é destinado a formação comum (BNCC), ou seja, daquele conteúdo curricular necessário para uma uniformização de conteúdos para todos os estudantes. 

Este máximo de 1800 horas comum a todos os estudantes brasileiros será complementado de forma articulada com no mínimo 1200 de conteúdo flexível onde este aluno, espera-se, vai criar sua trilha de capacitação, através do exercício do protagonismo, no exercício de assumir as diretrizes de sua ação pedagógica tendo como base sua capacidade de análise do contexto e criatividade para resolver problemas que antes simplesmente não existiam, o antigo ensino médio apresentava uma única e especifica trilha formativa, vale notar a confluência entre esta proposta e as solicitações do perfil de contratação profissional já expostos.

O protagonismo do aluno é um conceito tão específico que merece um tópico à parte deste artigo, basta saber que tendo em mente que agora o pêndulo da ação pedagógica se inclina para ele, como se estabelecem as metodologias ativas? A característica específica para tal proposta é de que este ato comunicacional seja de mão dupla, professor-aluno; aluno-professor em anteposição ao processo anterior que era de mão única professor-aluno, porém será que em sua essência “as metodologias ativas” são, realmente, uma novidade na história da educação?

Tomemos alguns momentos históricos onde o contexto social estabelece o treinamento de mentes críticas e criativas, da Grécia Clássica, berço da democracia e da Paidéia ocidental, temos três pedagogos que parecem que já utilizavam tais metodologias. Sócrates com sua técnica de interrogatório dirigido, apelidada por ele de Maiêutica, parto de ideias, fazia que através dos seus diálogos (os diálogos menores de Platão e de Xenofonte) que o aluno descobrisse em primeiro lugar sua ignorância, testando sua argumentação nas mais variadas condições.

Um dos exemplos mais esclarecedores desta metodologia ativa é quando Sócrates pergunta a um seu aluno se a mentira é uma coisa má, sendo afirmativa a resposta, Sócrates contrapõe com a situação de um filho doente que o pai mente para o filho dizendo que o remédio é um doce para administra-lo, desconstruindo o primeiro conceito abre-se o espaço para uma dialética formativa, no mesmo caminho sua pergunta quanto a coragem, quando seu aluno lhe apresenta como modelo um soldado que vai para a guerra, o que Sócrates lhe pergunta se uma mãe que dá a luz (naquele tempo não havia cesariana) não tinha demonstrado também coragem, com esta metodologia ativa não foi por acaso que ele foi condenado a beber cicuta, como pode ser visto, metodologias ativas podem oferecer alguns riscos, principalmente em ambientes avessos a pensamentos críticos e inovadores.

Seu mais ilustre discípulo, Platão, tinha no frontispício de sua academia a seguinte inscrição “Não entre quem não souber geometria”, ao mesmo tempo um rigoroso critério diagnóstico, um belo exemplo de aula invertida já que pressupõe um conhecimento estabelecido pelo professor e adquirido pelo aluno, que posteriormente (através do protagonismo do aluno) será debatido, em um processo dialógico de retro alimentação. Já Aristóteles, discípulo de Platão, tinha como metodologia o processo peripatético, ou seja, ensinar caminhando, com seus quatro ou cinco alunos, durante muitos anos Alexandre, o Grande, e outros jovens príncipes da Macedônia, foram alunos do inventor da lógica formal, caminhavam e o mestre aproveitava as mudanças de cenário para de forma ativa interacionar os elementos do passeio com os conteúdos discutidos.

Já os monges medievais eram treinados para, em uma sociedade de iletrados serem os olhos e os ouvidos dos papas, bem formados em uma ideologia católica de obediência irrestrita aos superiores eram enviados para as mais diversas cortes europeias onde prestavam seus serviços de confessores e escribas de uma classe dominante analfabeta, assim, devidamente condicionados por uma metodologia de submissão ao poder papal, todas as informações obtidas através das confissões ou das comunicações oficiais entre os nobres eram compartilhadas com o Papa que ficava sabendo o que se falava e o que se pensava com o seu rebanho, o domínio papal não tinha o menor interesse em abrir deste conhecimento (conhecimento é poder) não por acaso o domínio da igreja católica se estendeu por milênios e só foi quebrado com a reforma protestante.

Uma das primeiras atitudes de Lutero foi traduzir a bíblia latina, só os padres que sabiam latim podiam lê-la para o alemão, sua língua local. Esta relação entre metodologias ativas versus ambientes ditatoriais tem na biografia de Freinet uma ótima ilustração, este educador francês pouco antes da ascensão do nazismo desenvolvia muitas metodologias ativas preconizadas até hoje: o diário de viagem, o passeio pedagógico, o jornal entre classes, são propostas freinetianas que foram devidamente expurgadas e seu inventor exilado pela ditadura nazista que se tornava hegemônico na época. No Brasil a proposta de Paulo Freire para o ensino de adultos usando metodologias ativas (palavra geradora, aula dialógica, interação professor aluno) treinamento para um diálogo crítico e criativo, foi substituído no regime de ditadura (golpe de 64) pelo MOBRAL um Paulo Freire sem Paulo Freire.

O advento do computador, o mundo WWW redimensionou os processos comunicacionais; até sua hegemonia nos meios comunicacionais (salvo o telefone) eram de mão única, com a internet e os terminais individuais a interatividade (fonte recepção) ascendeu ao nível do diálogo, com o receptor interagindo em tempo real, no universo pedagógico este desafio não foi devidamente entendido, muitos teóricos postulavam que a chave para a recuperação da educação brasileira, especialmente, no ensino médio  seria o uso das mídias interativas que reproduzindo as mídias do mundo WWW com sua fluidez de dados estabeleceria um novo patamar de excelência.

Tal linha de pensamento deixa de lado que no universo pedagógico estas características têm que ficar atreladas ao conteúdo de qualidade e que a informação, às vezes, se torna desinformação, se não acontecer a figura do mediador, ou seja, por mais que a mídia seja ativa e interativa vai depender da mediação de um professor competente e da absorção correta do conteúdo proposto.

A mesma confusão entre fins e meios acontece no uso do jogo, enquanto alguns advogam que se aprende brincando, o correto, parece, ser que se aprende através do jogo, uma professora que apresenta amarelinha para sua turma, faz com que seus alunos aprendam as regras da amarelinha, já uma professora que usa os jogos de amarelinha para apresentar os números pares e impares, usa do jogo, da mesma forma um jogo WWW de construção de uma sociedade por si só, não faz acontecer a aprendizagem sobre a cultura medieval ou viking que se está montando, porém necessita de um professor para explorar a primeira e a mais básica e importante metodologia ativa: a aula dialógica.

 

O PROTAGONISMO – O CONDUTOR DA AÇÃO – DO TEATRO GREGO À SALA DE AULA

 

O conceito de aula dialógica, aula que se estabelece um diálogo, nos leva ao amago do protagonismo. O conceito de protagonismo como muitos outros conceitos modernos é uma invenção grega, surgiu no teatro clássico, a figura daquele que “conduzia a ação”, sua invenção se deve a Téspis considerado o inventor do teatro, a ele é creditado esta inovação: fazer a narrativa se desenvolver a partir de um determinado personagem, logo a seguir, por uma necessidade narrativa, surge o antagonista, ou, aquele que se antepõe ao protagonista, o vilão, e não deixa de ser curioso que, pelo menos nos palcos, quanto mais terrível o vilão melhor é o protagonista, para completar o cenário temos os coadjuvantes, aqueles que explicam ou sofrem a ação, mas que definitivamente não possuem seu primado.

Na proposta educacional do Novo Ensino Médio este primado da ação, antes do professor, passa a ser do aluno, e o professor passa a ter o papel antagonista, aqui tomado como aquele que faz com que o protagonista cresça e exercite suas melhores capacidades, ao contrário do que acontece no teatro este antagonista não é um vilão, o antagonista pedagógico exerce sim a função de se contrapor mas no sentido de fazer crescer: um mentor, outro conceito grego, que não tem o objetivo de humilhar, destruir, mas de fazer crescer, testar e orientar, levando este jovem a empreender uma trajetória heroica (afinal somos todos heróis de nossa trajetória pessoal) em prol de sua realização.

Estimular este desenvolvimento esta reflexão ao ponto crucial de ser professor diante de todas estas mudanças. Nos parágrafos anteriores foi colocado que o professor abre mão do protagonismo do ato de educar em prol do aluno, ao fazer disto sua tarefa não fica menos árdua e importante, ao contrário, sua missão ao estimular o crescimento, orientar a trajetória e preparar o estudante para os inevitáveis desafios, parece ser ainda mais complexa, quando era o protagonista “dizia” sua fala, agora no cenário da sala de aula, cabendo-lhe o papel de antagonista/mentor seu texto precisa ser construído no espaço do diálogo que sem ele qualquer “metodologia ativa” é “desativada”, a única diferença é o diálogo, uma pequena diferença mas que faz toda a diferença, e para exemplificar este momento nada mais simbólico que lembrar a primeira cena da Odisseia, poema creditado a Homero, que narra a luta de Odisseu (Ulisses em grego) para voltar para casa.

A cena em tela é quando o adolescente Telêmaco, filho de Odisseu é visitado por Mentor (o nome do seu professor) que de substantivo próprio passa a ser substantivo comum e neste caso especifico adjetivo, existem professores que não são mentores, mas não existem mentores que não sejam professores e são estes que fazem toda a diferença e para marcar esta diferença a história nos conta que não foi o Mentor real que deu instruções a Telêmaco para sair a procura do seu pai mas a própria deusa da inteligência: Palas Ateneia travestida que apresenta o desafio de sair de sua zona  de conforto abrir mão do seu comodismo e embarcar em uma jornada de crescimento pessoal que todo o jovem precisa empreender e é melhor que o faça com bons mentores.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

A cena anteriormente descrita parece ilustrar com perfeição os desafios do novo Ensino Médio, tanto de sua mudança do eixo quanto de sua metodologia. O jovem Telêmaco precisa sair de sua zona de conforto (de sua aula onde é apenas um coadjuvante) para enfrentar os desafios de construir sua história, para isto se faz necessário a figura da inteligência operacionalizada – Palas Ateneia (seu pai Zeus a criou de suas meninges) travestida de mentor, assim, parece ser o papel do professor, não diminuído, ao contrário, assumindo matizes muito mais profundas e instigantes; exercendo o seu papel de orientador, lançando mão de todas as metodologias possíveis para que através do diálogo se tornem realmente metodologias ativas.

Aspectos geopolíticos, sociais e econômicos sempre determinam as estruturas da escola que como um organismo vivo age e reage conforme seus estímulos, as demandas de um novo tempo exigem do cidadão competências e habilidades que a proposta o antigo modelo de ensino Médio já não conseguia responder e como na mais básica das leis de adaptação este dinossauro acadêmico não soube se adaptar as mudanças pedagógicos impostas pela queda no meteoro da globalização, 2022 é de algumas formas o marco zero para uma nova ecologia educacional, inevitavelmente erros serão cometidos, caminhos serão truncados, ideias que pareceram boas no papel irão se apresentar inócuas na sala de aula, mas é um caminho sem volta e cabe a cada um dos atores da educação se envolverem nestes novos processos quer queira, quer não, sob pena de se extinguirem irremediavelmente.

 

REFERENCIAS

 

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular.  Brasília: MEC/SEB, 2017. Disponível em: <http://basenacionalcomum.mec.gov.br Acesso em 12.02.2021

BRASIL. Ministério de Educação e Cultura. LDB - Lei nº 9394/96, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília: MEC, 1996.

FAJARDO, Vanessa. Entenda a reforma do ensino médio. G1. Rio de Janeiro, 15 mar. 2017.

FREIRE, Gilberto. Casa Grande & Senzala. 2º ed. S.P. Ed. Global, 20212

FURTADO, Celso. Formação econômica do Brasil – 32º ed – São Paulo. Companhia Editora Nacional, 2003 (Biblioteca Universitária)

GOMES, Laurentino. 1808. Editora Planeta 2012

KITTO, H.D.F. Tragédia Grega – estudo literário (vol I,II,III). 3º ed. Coimbra. Armênio Amado.1972

KUENZER, Acacia. Ensino médio e profissional: as políticas do Estado neoliberal. São Paulo: Cortez, 1997.

NOVO Ensino Médio – Dúvidas. MEC, [S.l.], 2017.

PILETTI, Nelson. Ensino de 2. grau: educação geral ou profissionalização?. São Paulo: EPU, 1988.

PRADO Jr. Caio. História Econômica do Brasil. São Paulo: Brasiliense, 2008.

RODRIGUES, Mateus. Governo lança reforma do ensino médio. veja destaques. G1. Rio de Janeiro, 25 out. 2016.

SANCIONADA Lei da Reforma no Ensino Médio. Senado. [S.l.], 17 fev. 2017.

SERRÃO, Patrícia. Entenda o que diz a proposta de Reforma do Ensino Médio. EBC. Brasil. [S.l.], 19 out. 2016.

SOARES, Magda. Alfabetização e Letramento: caminhos e descaminhos - Artigo publicado pela revista Pátio – Revista Pedagógica de 29 de fevereiro de 2004, pela Artmed Editora. Disponível em https://acervodigital.unesp.br/bitstream/123456789/40142/1/01d16t07.pdf Acessado em 12.02.2022.

 

[1] Pós graduada em Língua Portuguesa – UniCEUB – Brasília – DF -  (61)3340-1600

 

 

A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA APRENDIZAGEM

Guiomar Caetana Martins 1

Luciana dos Santos Silva 2

Marcia Aparecida Martins 3

 

RESUMO

O presente trabalho apresenta conceitos e procedimentos relacionados a ensinar através de brincadeiras, visando o interesse das crianças em aprender através do lúdico. A ludicidade sendo uma ferramenta importantíssima, podendo ser trabalhada nas series iniciais do ensino fundamental ou na educação infantil, por meios de jogos, brincadeiras. Ficando muito evidente a importância de o professor perceber, incluir e levar o lúdico para o ambiente escolar através de brincadeiras, músicas e jogos. Sendo que esta pratica pedagógica e essencial para o aluno se desenvolver a criatividade enriquecer o bom relacionamento entre os pares, aceitar regras e lidar com frustrações superando suas expectativas e dificuldades. Portanto e dever do professor mudar os padrões de conduta em relação aos alunos, deixar de lado métodos tradicionais e trabalhar com o lúdico para alcançar de forma significativa seus objetivos em relação ao ensino e aprendizagem. Propõe um conceito de mudanças para as práticas cotidianas, na escola com as crianças, fazendo com que os profissionais que atuam nessa área repensam a sua práxis. Procurando sempre as didáticas, que influenciam e envolvam a autoestima das crianças, compreendendo os fundamentos teóricos da ludicidade e sua importância na prática educativa, na formação do professor. Dessa forma, consideram-se oficinas pedagógicas como um instrumento que promove a cultura a sociabilidade e o desenvolvimento da aprendizagem dos indivíduos, sendo este processo dentro do espaço formal ou informal do contexto escolar.

 

Palavras-chave: Lúdico. Praticas Educativa. Desenvolvimento.

 

1 INTRODUÇÃO

 

Diante do reconhecimento da importância de se trabalhar a ludicidade nas series iniciais, elaboramos este trabalho com pesquisas em sites e referências bibliografias, e autores especialistas no assunto.

Por meio das atividades lúdicas, a criança reproduz muitas situações vividas em seu cotidiano, as quais, pela imaginação e pelo faz de conta, são reelaboradas. Num ambiente de aprendizagem, professor e aluno envolvem-se intelectualmente na atividade, e todos ensinam e aprendem.

No decorrer deste trabalho, será descrito como o ambiente lúdico, que o mundo globalizado exige e como o processo de ensino/aprendizagem deve ser reinventado pelo educador, como buscar interação com o meio aonde a criança vive, trabalhar formas geométricas, cores, as letras, fazer uso do computador em sala para resolver situações do interesse do aluno. Proporcionar momentos de descontração de fazer e refazer, é o momento onde o certo e o errado deve ser substituído pela discussão.

Portanto os tópicos a seguir mostrara como o professor deve aproveitar esse momento mágico, para fazer com que o aluno compreenda. Como o professor deve se comporta diante do erro do aluno, e compreender de que forma chegara aos resultados satisfatórios.

 

  1. OS BENEFICIOS DO LUDICO

 

A ludicidade tem o objetivo de refletir na prática pedagógica em contexto escolar, uma dimensão educativa do lúdico, fornecendo experiências estimulantes, despertando na criança autonomia, criticidade e criatividade, sendo muito essencial sua utilização nas séries iniciais do Ensino Fundamental.

O uso do lúdico e das brincadeiras é de suma importância para o desenvolvimento da criança.

Para VYGOSTSKY (apud NEWMAN; HOLZMAN, 2002, p.99-116)

 

Numa brincadeira, a criança faz uso espontâneo de sua habilidade de separar significado de um objeto sem saber que está fazendo isso, exatamente como não sabe estar falando em prosa, mas fala sem prestar atenção nas palavras. [...] Assim de conceitos ou objetos, as palavras se tornam partes de uma coisa. Em certo sentido uma criança brincando está livre para determinar suas próprias ações, mas em outro, esta é uma liberdade ilusória, pois suas ações estão de fato subordinadas aos significados das coisas, e ela age de acordo com eles.

 

Portanto a educação lúdica nos faz analisar a importância do desenvolvimento da ação lúdica da aprendizagem e do social das crianças. Propõe um conceito de mudanças para as práticas cotidianas, na escola com as crianças, fazendo com que os profissionais que atuam nessa área repensam a sua práxis. Procurando sempre as didáticas, que influenciam e envolvam a autoestima das crianças, compreendendo os fundamentos teóricos da ludicidade e sua importância na prática educativa, na formação do professor.

Portanto os jogos, as brincadeiras, os brinquedos tradicionais e contemporâneos, como a importância social, política e epistemológica do lúdico busca a valorização da ludicidade como eixo da formação de crianças e instrumento de escrita e leitura para o mundo e com a natureza. Fazendo analises, as atividades lúdicas como estratégias de ensino e capaz de possibilitar á criança resinificar o mundo externo a partir de conteúdos simbólicos.

Portanto o brincar é uma necessidade básica, como alimentação, habitação e a educação, seria o elo que mantém o equilíbrio desses brincar com o mundo, a criança necessita brincar, jogar, criar e inventar, estas atividades lúdicas tornam-se mais significativa à medida que se desenvolve, inventando, reinventando e construindo, conforme Santos (1999), do ponto de vista pedagógico, o brincar tem-se revelado como uma estratégia poderosa para a criança aprender.

IMAGEM: I Atividades Lúdicas.

FONTE: Disponível em:<https://apogeuead.com.br.files. > Acesso: 12/03/2022

 

Segundo Vygotsky (1989) o lúdico é considerado educativo quando desperta o interesse do aluno pela disciplina. Por tanto o professor pode aproveitar, os jogos e brincadeiras como facilitador da aprendizagem.

Quando se trabalha o lúdico na educação, abrem-se espaços para que a criança expresse seus sentimentos oferecendo a ela a oportunidade de desenhar novos conhecimentos. Podemos afirmar que é função do professor proporcionar aos seus alunos um aprendizado de forma interessante, de maneira que o aluno tenha prazer em aprender. É dever de o professor mudar os padrões de conduta em relação aos alunos, deixar de lado os métodos tradicionais e trabalhar com o lúdico em desenvolvimento na sala de aula.

 

IMAGEM: II Momentos Lúdicos

FONTE: Disponível <: http://www.recreio.notredame.org.br > Acesso em: 13/03/2022

 

2.1 ENSINO E APRENDIZAGEM.

 

Atualmente o ensino brasileiro nas series iniciais, precisa de novas abordagens, para serem mais bem assimiladas e mais afetivas as crianças, o professor precisa estar buscando a forma correta de usar o lúdico para favorecer o desenvolvimento e aprendizado do aluno. As atividades lúdicas promovem na criança um elo integrando aspectos motores, afetivos, cognitivos e sociais.

Desenvolvimento motor envolvendo o cognitivo nas series iniciais, já é possível assimilar o conteúdo aprendido e assim coloca-lo em pratica, desenvolvendo autonomia, pensamento critico, desafios, fazendo com que a criança crie alternativas para facilitar seu aprendizado, diante de cada dificuldade. Nas series iniciais do ensino fundamental o professor pode usar como lúdico, esporte, dança, jogos, ginasticas, favorável a percepção do corpo, espaço, esquema corporal, flexibilidade, capacidade rítmica entre outros.

No entanto as atividades lúdicas requerem muitos conteúdos para planejar aulas mais lúdicas e o professor precisa de um tempo maior de planejamento para fazerem a devida conexão com os conteúdos escolares.

Porem fica bem esclarecido a importância de o professor perceber que incluir brinquedos, jogos e brincadeiras na prática pedagógica é essencial para a criança se desenvolver e aprender, conseguindo superar suas dificuldades. Pois a ludicidade esta presente na educação infantil para o ensino fundamental, com profundas significações em todas as fases do desenvolvimento.

O conteúdo ministrado de certa forma sempre tem outro significado e fazem mais sentido de ser uma atividade livre e leva a imaginar a ludicidade sutilmente, que aparece suavemente no que está sendo realizado, dando prazer, emocionais e agradáveis a criança.

Para (Oliveira, 2002: p.160)

 

Ao brincar, afeto, motricidade, linguagem, percepção, representação, memória e outras funções cognitivas estão profundamente interligadas. A brincadeira favorece o equilíbrio afetivo da criança e contribui para o processo de apropriação de signos sociais. Cria condições para uma transformação significativa da consciência infantil, por exigir das crianças formas mais complexa de relacionamento com o mundo. Isso ocorre em virtude das características da brincadeira: a comunicação interpessoal que ela envolve não pode ser considerada ao pé da letra, sua indução a uma constante negociação de regras e á transformação dos papéis assumidos pelos participantes faz com que seu enredo seja sempre imprevisível.

 

É necessário que as crianças sejam sempre estimuladas a se envolver em atividades diversas, que sempre estão ligadas a ludicidade. Sendo assim quanto mais desafiadoras, mais aumentam novas experiências, a capacidade de inventar saídas consigo mesma e com o meio a sua volta.

 

2.2.  A IMPORTÂNCIA DE TRABALHAR O LÚDICO

 

O principal objetivo deste trabalho é como vemos Gilda Rizzo (2001) diz o seguinte sobre o lúdico. A atividade lúdica pode ser, portanto um eficiente recurso aliado do educador, interessado no desenvolvimento da inteligência de seus alunos, quando mobiliza sua ação intelectual. (p.40).

Trabalhar com os jogos, é proporcionar ao indivíduo que está jogando vários conhecimentos espontâneos e criativos. Desde que todos sejam estudados e analisados rigorosamente para ser eficientes e estimulador das inteligências. Portanto é brincando que a criança aprende a conviver com os demais e esperar por sua vez, aceitar regras, independente das diferentes formas.

Brincar é um direito garantido por lei: Capítulo IV- do direito á educação, á cultura e ao lazer- Artigo 59, do Estatuto da criança e do Adolescente.

As atividades lúdicas, as brincadeiras os jogos fazem a criança crescer em todas as ocasiões, com soluções alternativas para se desenvolverem. Ao brincar a criança tem oportunidade de aprender com prazer, acredito que o ensinar brincando vem ao encontro das necessidades da aprendizagem e no desenvolvimento da criança, alegria, desenvolvimento e concentração, o raciocínio, a curiosidade tornando o lúdico interessante e prazeroso. 

De acordo com Luise Weiss

 

O brinquedo, enquanto objeto real, manipulável, tem acompanhado a evolução do homem, interagindo em seu espaço físico, em suas funções e em seus próprios aspectos. As atividades das crianças são essencialmente lúdicas (e não competitivas) e tem como função primordial a descoberta do mundo que as rodeia: a criança se desenvolve brincando. Luise Weiss (1997, p.20)

 

Os jogos e brincadeiras podem ser vistos como partes integrantes da aprendizagem, esses recursos da continuidade a construção da subjetividade e autonomia da criança, já que esse processo pode ser desenvolvido também na família.

 

2.3 LÚDICOS E JOGOS

 

No que tange a ludicidade, foram pontuados diversos objetivos para trabalhar com os jogos na sala de aula.

-Proporcionar a autoconfiança e a concentração

-Lidar com frustrações de forma sensata

-Aumentar a interação e integração entre todos

-Aceitar regras

-Respeitar regras

-Adquirir habilidades

-Reforçar os conteúdos já aprendidos

-Enriquecer o relacionamento entre os alunos

-Desenvolver e enriquecer suas personalidades perante os colegas

-Desenvolver inteligências múltiplas a criatividade e sociabilidade

Pode-se afirmar com Celso Antunes que, a ludicidade no jogo proporciona momentos mágicos ao raciocínio da criança.

            

2.4 OS BENEFICIOS COMPROVADOS.

 

Diversos estudos e pesquisas tem comprovado a importância das atividades lúdicas no desenvolvimento das potencialidades das crianças. Sua proposta é que o educador ajude a criança a desenvolver suas capacidades intelectuais, criativas, estéticas, expressivas e emocionais por meio de atividades praticas que estimulem a ação a descoberta e a participação ativa no seu ambiente físico e social.

A criança por si só já tem uma relação natural com o brinquedo, essa ferramenta em sala de aula, irá enriquecer as atividades, propiciando a aprendizagem de forma divertida e prazerosa

De acordo com Vygotsky (1998) é no brinquedo que a criança aprende a agir numa esfera cognitiva. Porque ela transfere para a mesmo sua imaginação, e além disso, cria seu imaginário do mundo de faz de conta.

Devemos sempre ressaltar que podemos fazer o ser pedagógico, não como uma ação neutra, sem intencionalidade, mas uma ação definida pelo educador que conscientemente ou não, ao elaborar seu plano de trabalho faz opções teóricas, filosófica e politicas. A professora e escritora Ângela Cristina fala que as atividades lúdicas desenvolvem nas crianças suas capacidades intelectuais, criativas, estéticas e expressivas e emocionais. Podemos comprovar a influencia das atividades lúdicas em um ambiente aconchegante, desafiador, rico em oportunidades e experiências para o crescimento de todos. O educador devera propiciar a exploração da curiosidade da criança incentivando das diferentes formas de linguagem, do senso critico, do desenvolvimento da criatividade e sua autonomia.

As atividades lúdicas são as que propiciam a experiência completa do momento, associando o ato, o pensamento e o sentimento. O lúdico pode ser uma brincadeira, um jogo, ou qualquer outra atividade que proporciona interação, de forma como ela é dirigida e vivenciada. Toda criança que participa de atividades lúdicas adquire novos conhecimentos e desenvolve suas habilidades de forma natural e agradável, dando um interesse maior em aprender com prazer, toda atividade lúdica poderá ser aplicada em diversas faixas etárias. Pois não só as crianças são beneficiadas pelas atividades, mas também os professores.

O prazer está presente nas atividades lúdicas, fazendo com que aluno e professor espelham as suas experiências, modificando a realidade de acordo com seus gostos e interesses. São vários os benefícios das atividades lúdicas, entre eles estão:

-Socialização

-Assimilação de valores

-Desenvolvimento de diversas áreas de conhecimento

-Aquisição de comportamento

-Aprimoramento de habilidades.

 

Quanto aos tipos de atividades lúdicas existentes são:

-Construir coletivamente

-Jogar

-Desenhar

-Brincar

-Dançar

-Ler

-Passeios

-Cantar

-Usar softwares educativos

-Dramatizar

-Pesquisar e fazer teatros de fantoches.

 

As atividades lúdicas devem ser usadas no cotidiano das crianças, são instrumentos pedagógicos altamente importantes, é um auxilio indispensável para o processo de ensino-aprendizagem, sendo insubstituível no conhecimento e no progresso de diferentes habilidades.

Por tanto o educador deve ser capaz de refletir sobre seus conhecimentos didáticos elucidados pelas avaliações das suas próprias praticas, a formação do educador é um processo que nunca tem fim, cabe a ele saber usar a ludicidades não como passa tempo para manter as crianças ocupadas com as brincadeiras, mas usa-las no desenvolvimento e aprendizado de cada um.

 

  1. CONCLUSÃO

 

Acreditamos que o lúdico é fundamental para o aprendizado, tanto em jogos, esportes, teatros, musicas e outros, podendo ser usados em qualquer faixa etária, favorável a formação do aluno. O lúdico desperta a criatividade, improviso, curiosidade, critica e reflexiva sobre cada situação enfrentada.

A escola deve proporcionar para que a criança possa explorar o brincar, mas dentro dos planos pedagógicos da escola, o professor deve estimular os alunos para que possam ter um aprendizado afetivo e prazeroso, brincando ela aprende espontaneamente sem medo de errar, mas feliz pelo conhecimento adquirido no ato de aprender com o brincar. Segundo especialistas o lúdico pode ser usado como função terapêutica, através do brincar ela libera suas angustias, medos, stress, favorecendo o convívio social como grupo em experiências partilhadas.

Oferecer para as crianças situações de jogo que apresentem oportunidades de novas descobertas e incentivem a criatividade pessoal, ainda que apoiadas pelo professor, colabora para que se tornem mais independentes em seus pensamentos e ações.

Além disso, são excelentes oportunidades de interação com outras crianças e adultos, contribuindo para a aprendizagem de habilidades, princípios e valores sociais.

Na escola é fundamental que o professor invista tempo e espaço para que as crianças possam brincar livremente e valorize o seu próprio brincar e aprender com ele.

É papel do professor ampliar a brincadeira, algumas características podem ser observadas na brincadeira de faz-de-conta e ajudam a compreender melhor essa atividade tão importante para o desenvolvimento da criança.

 O professor deve ser consciente da importante função, preparar bem as atividades com amor, dedicação e carinho. Novas propostas de ensino através do lúdico podem alcançar grande sucesso se for bem planejada, fazer com que a criança expõe seus sentimentos, ideias, criatividades, avulsando o lado curioso e criativo de cada um e usando isso a favor de seu desenvolvimento e aprendizado.

 

REFERÊNCIAS

 

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6022: artigo em publicação periódica científica impressa: apresentação. Rio de Janeiro, 2003.

Disponível em:<Ângela Cristina Munhoz Maluf. >acesso em 10/03/2022

Disponível em:<Brinquedoteca. net.br/?p=1818> acesso em:12/03/2022

Disponível em:<A-importância-do-lúdico-para-o-desenvolvimento-da-criança.aspx. >acesso em: 12/03/2022

Disponível em:<http://sbem.web1471.kinghost.net/anais/XIENEM/pdf/1262_289_ID.pdf >acesso em 12/03/2022

Metodologia cientifica/André Bazanella: Elizabete Penzlin Tafner; Everaldo da Silva; Antônio José Muller (org.). Indaial: Uniasselvi, 2003.206p.ll Morais, 1979.

NBR 6024: numeração progressiva das seções de um documento. Rio de janeiro, 2003.

Revista Eletrônica de Educação. Ano V. nº 09, jul./dez2011. Sirlene Carvalho Rocha França Clube de Autores. Tede.ufam.edu.br/handle/tede/3216.

 

 

[1] Graduada em Pedagogia pela Faculdade UNIASSELVI, INDAIAL Santa Catarina

 

[2] . Graduada em Pedagogia pela Faculdade UNIASSELVI, INDAIAL Santa Catarina

 

[3] Graduada em Pedagogia pela Faculdade UNIASSELVI, INDAIAL Santa Catarina

 

 

 

A RECUPERAÇÃO DAS BRINCADEIRAS ANTIGAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Joana Sousa Vilela

Joelma Ribeiro Lobo dos Santos

Malvina Santos da Soledade

 

RESUMO:

A intenção desse artigo é discutir a necessidade de resgatar as brincadeiras antigas, buscando a reflexão sobre as brincadeiras antigas, que fazem parte do universo infantil, e que agora em sua maioria estão sendo substituídas por jogos eletrônicos. Para a realização deste artigo, fiz pesquisa a partir de fontes bibliográficas e digitais. O foco é de teor qualitativo, com a finalidade de adotar aspectos ligados ao desenvolvimento intelectual, emocional, social e físico das crianças, aumentado por meio da utilização das brincadeiras populares no contexto escolar. Percebe-se que o papel do profissional em educação é de fundamental importância para a transmissão e aplicação de recursos lúdicos. A professora ao ter consciência das vantagens do trabalho lúdico, o adaptará a determinadas situações de ensino, usando-as de acordo com as necessidades das crianças. Assim, como pesquisadora de sua respectiva prática, deve buscar ações educativas dinâmicas e efetivas.

 

Palavras-chave: Brincadeiras. Educação infantil. Resgate.

 

INTRODUÇÃO

 

As brincadeiras sempre estiveram e estarão presentes na vida do ser humano em qualquer parte. Ao brincarmos obtemos vários objetivos: a assimilação da cultura, descrições regionais, costumes, desenvolvimento de diferentes manifestações expressivas.

Esse artigo consiste em averiguar a importância do trabalho com brincadeiras tradicionais na escola, assim como o reconhecimento dos valores culturais neste espaço, ressaltando a vivência da cultura infantil. Os educadores devem sempre buscar dentro de si maneiras para recuperar este brincar clássico, o que cooperará para um crescimento saudável e harmonioso das crianças de nossa sociedade.

A intenção deste artigo é tratar a necessidade de desempenhar as brincadeiras antigas, aprofundando a reflexão sobre as brincadeiras antigas, que fazem parte do universo infantil, e que agora estão sendo substituídas por jogos eletrônicos.

As dificuldades sempre vão estar presentes diante do avanço tecnológico do mundo atual. Mas, cabe ao professor utilizar o brinquedo e a brincadeira na sala de aula, entre tantos recursos, além de reconhecer e compreender estes instrumentos como forma de contribuição não só para o desenvolvimento e formação da personalidade da criança, como também para o respeito e valorização da nossa cultura, por meio das brincadeiras populares.

A iniciativa para a elaboração deste artigo surgiu da grande contribuição que o tema O resgate das brincadeiras populares na educação infantil tem para a atuação e formação na área pedagógica. Visto que, com as novas tecnologias, as brincadeiras populares vêm perdendo espaço no processo de ensino-aprendizagem. Escolhemos este tema, pois observamos que ele vem sendo desprezado por muitos professores. Muitos profissionais da área desenvolvem brincadeiras modernas e desconsideram a grande contribuição que as brincadeiras tradicionais podem trazer para a vida do aluno.

A constituição deste trabalho é proveniente de nossa experiência acadêmica, que nos proporcionou a descoberta de possibilidades de utilizar as brincadeiras de nossa cultura sergipana no âmbito escolar. Esta discussão contribui, ainda, para valorizar a produção cultural de nosso povo, em certo período histórico, pois as brincadeiras populares foram transmitidas de geração em geração, por meio de conhecimentos que permanecem na memória infantil.

As instituições de ensino, em todos os níveis, precisam ser entendidas como espaço de interlocução de saberes que se constituem a partir das relações sociais. Portanto, enquanto educadores podemos, com o uso das brincadeiras populares, desenvolver princípios e formação de valores que fortalecem a possibilidade de construção de uma sociedade mais justa.

Por isso, objetivamos com nosso artigo refletir sobre a importância do brincar para o desenvolvimento da criança; identificar meios de trabalhar conteúdos por meio do brincar; assim como analisar aspectos que podem ser desenvolvidos através das brincadeiras populares.

Para a elaboração deste artigo, foi realizada pesquisa a partir de fontes bibliográficas e digitais. A abordagem foi de teor qualitativo, a fim de reconhecer aspectos ligados ao desenvolvimento emocional, intelectual, social e físico das crianças, potencializados por meio da utilização das brincadeiras populares no contexto escolar. A investigação assumiu cunho exploratório, com base em fichamentos elaborados a partir das obras estudadas, a fim de subsidiar a compreensão da temática em questão.

 

BRINCADEIRA, SOCIEDADE E EDUCAÇÃO

 

A história da brincadeira nos leva a perceber que ainda há muito que fazer pela educação, a fim de que os professores e a escola em geral possam entender que ela é bem mais que meio de se compreender o desenvolvimento da criança: representa uma forma de construir sua identidade e situar-se no mundo.

A tecnologia avançou bastante nas duas últimas décadas. Muitas coisas mudaram e quase não se brinca mais como há 30 anos. Isso por que os jogos eletrônicos vêm substituindo brincadeiras tradicionais em espaços urbanos cada vez mais restritos, acarretando uma série de prejuízos para a formação e o desenvolvimento da criança.

Diante das facilidades e dos atrativos dos jogos eletrônicos, as brincadeiras populares foram sendo esquecidas pelas crianças. Enquanto antigamente os pequenos se divertiam em espaços públicos e em convivência com várias crianças, hoje com a modificação da sociedade esses espaços desapareceram.

Assim, vem aumentando nos últimos tempos, a inclusão de atividades lúdicas nos currículos escolares infantis, no sentido de favorecer a preservação da cultura em nossa sociedade. Além do prazer, estas favorecem o desenvolvimento integral da criança, controlam a agressividade, proporcionam a realização de desejos, a adaptação ao grupo social de convívio, o desenvolvimento da afetividade entre os companheiros, a vivência de sentimentos diferentes, entre outros aspectos.

A escola pode ser um espaço perfeito para o resgate, a redescoberta por meio do brincar, pois, é brincando que a criança descobre o mundo. È algo espontâneo, que se realiza naturalmente, sem cobranças. Enquanto a criança está simplesmente brincando esta incorpora naturalmente, valores, conceitos e conteúdos.

Com o avanço da nossa sociedade, cada vez mais nos deparamos com as exigências da racionalidade e da produtividade, e nos distanciamos da criatividade. Muitos educadores desconhecem que a criatividade da criança deve ser desenvolvida por meio das brincadeiras, por isso não compreendem o significado do trabalho lúdico e o excluem das suas atividades alegando que este se contradiz com a seriedade do ato de estudar.

Através da brincadeira, como forma de atividade social infantil, as crianças podem experimentar situações novas em seu cotidiano, isentas das pressões da família e da escola.

Ligadas a costumes populares e ainda à socialização, as brincadeiras tradicionais ajudam a desenvolver a coordenação motora, exploram o movimento, o equilíbrio, o respeito às regras e o lado intelectual das crianças.

Percebemos que com o brincar as crianças amplia seu desenvolvimento emocional, cognitivo, sua coordenação motora, seu relacionamento com os demais colegas o que o ajudarão em sua autonomia como pessoa notável.

 

SOCIABILIDADE DA CRIANÇA POR MEIO DO BRINCAR

 

É através da atividade lúdica que as crianças experimentam diferentes situações, constroem normas para si e para os outros, portanto, as brincadeiras são importantes fontes de estímulos ao desenvolvimento cognitivo, linguístico, motor, psicológico, social e afetivo.

O ato de brincar é sem dúvida uma forma de aprender, experimentar, compreender, relacionar-se, enfim, se transformar.

Portanto, brincar é uma das atividades mais importantes da infância, e, é claro, os pais devem participar dela sempre que puderem. Muitas dificuldades enfrentadas na relação dos pais de hoje com as crianças, está diante da modernidade que trouxe consigo novas maneiras de brincar provocando individualismo e prejudicando o crescimento social.

A brincadeira deve ser vista como uma forma de atividade social infantil. Brincar é um direito fundamental de todas as crianças do mundo inteiro. Cabe à escola oferecer oportunidades para a construção do conhecimento através das possibilidades de descoberta e invenção que a brincadeira favorece. É dever do professor promover brincadeiras para entrosar as crianças, aproveitando a rotina escolar com possibilidade de conhecê-las e promover a sua socialização.

 

UTILIZAÇÃO DA BRINCADEIRA COMO RECURSO PEDAGÓGICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

 

O educador infantil deve considerar que brincar é uma realidade cotidiana na vida das crianças e é preciso que estas não sejam impedidas de exercitar sua imaginação.

Contudo, a utilização do brincar hoje nas escolas está distante de uma proposta pedagógica que incorpore o lúdico como eixo do trabalho infantil. São raras as unidades educacionais que investem neste aprendizado com foco, a maioria não dá a devida importância a brincadeira: em sala de aula ou ela é utilizada exclusivamente com um papel didático, ou é considerada como distração/perda de tempo.

Pode-se dizer que o brincar precisa ocupar um lugar continuo na prática pedagógica, tendo como espaço, a sala de aula. Muito se pode trabalhar a partir do jogo e da brincadeira. Contar, ouvir histórias, dramatizar, jogar, desenhar entre outras coisas, constituem meios prazerosos de aprendizagem.

Mas, o emprego das atividades lúdicas no contexto educacional exige a compreensão, o domínio das atividades aplicadas, a fim de que o educador possa interferir positivamente no desenvolvimento da criança por meio da brincadeira, uma vez que a educação exerce uma grande influência neste desenvolvimento, pois garante os primeiros contatos dela com o mundo externo e com a diversidade social que a circunda, como afirmamos anteriormente.

Portanto, as relações de ensino-aprendizagem devem garantir, por meio da utilização dos jogos e das brincadeiras, o pleno desenvolvimento da criança. Para tanto, é necessário escolher atividades adequadas e oferecer recursos físicos, espaciais e 8 temporais, enriquecendo a proposta de ensino. Afinal, é função da escola propiciar o desenvolvimento de ações físicas e intelectuais, disponibilizando o acesso às mais diversas formas de construção do pensamento.

Nesse contexto, é necessário que toda ação lúdica tenha um embasamento pedagógico, pois liberdade de ação é muito importante para o ser humano, e a criança precisa aprender por si mesma.

Portanto, cabe ao professor mediar a construção do conhecimento propondo atividades lúdicas, criativas e significativas. Este é o momento de fazermos a diferença para que os alunos possam sentir, acreditar e se tornar sujeitos participantes, alegres e críticos com relação ao contexto em que estão inseridos.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Conclui-se que o papel do profissional em educação é de fundamental importância para a difusão e aplicação de recursos lúdicos. A professora ao se conscientizar das vantagens do trabalho lúdico, o adequará a determinadas situações de ensino, utilizando-as de acordo as das crianças necessidades. Afinal, como pesquisadora de sua própria prática deve buscar ações educativas eficazes.

Para as crianças, tradição e modernidade andam lado a lado, pois, o brincar com brinquedos atuais, eletrônicos ou não, lhes oferece tanto prazer quanto o brincar das mesmas brincadeiras que estão presentes há muitas gerações, que seus pais, avós e bisavós brincavam. Os espaços e tempos podem diferir, mas o espírito infantil brincante permanece vivo e acreditamos que continuará transpondo tempos e espaços, proporcionando alegrias, desenvolvimento e relações sociais das mais distintas formas.

Nós como educadores devemos ter a consciência de trabalhar para despertar na criança o senso de responsabilidade, os sentimentos sociais, os 9 aspectos afetivos, cognitivos e psicomotores, promovendo desta maneira o desenvolvimento da ludicidade. O êxito do processo de ensino-aprendizagem depende, em grande parte, da inter-relação professor aluno, em que a atividade mediadora do professor é fundamental. Então, é importante que este vivencie experiências lúdicas e não fique preso à teoria. Somente a partir da própria vivência lúdica é que estes profissionais terão condições de propor às crianças experiências igualmente enriquecedoras e significativas para seu desenvolvimento e aprendizagem.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

BRANDÃO, Heliana e FROESELER, Maria das Graças Varzea Grande. O Livro dos Jogos e das Brincadeiras. Belo Horizonte: Leitura, 1997.

FRIEDMANN, Adriana. Brincar: Crescer e aprender o resgate do jogo infantil. São Paulo, 1996.

KISHIMOTO, Tizuko Morchida Froebel e a concepção de jogo infantil. In: ________. (org.). O brincar e suas teorias. São Paulo: Pioneira, 2002.

____________. Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. São Paulo: Cortez, 1997. MOURA, Selma Assis. O resgate de brinquedos tradicionais da infância. São Paulo, 2008.