CONTRIBUIÇÕES DA EDUCAÇÃO FÍSICA INFANTIL
Gilberto da Silva1
Artigo científico apresentado à Universidade Cândido Mendes, como requisito parcial para obtenção do título de especialista em Educação Física Escolar.
RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo principal discutir sobre as contribuições da educação física na educação infantil. Para estruturação do presente artigo buscou-se sustentação bibliográfica voltada à reflexão da temática quanto à realidade estudada. Para embasamento das discussões e compreensão da realidade estudada, valeu-se do método de revisão bibliográfica, neste intento foram consultadas obras de autores renomados como João Batista Freire (1997), Wallon (1981), Vygotsky (2001), além da legislação existente e políticas educacionais MEC-Brasil. Os resultados revelaram que a Educação Física na Educação Infantil deve ser prioridade, para isso são necessárias mais ações capazes de incluir a disciplina que é tão importante na Educação Infantil. Dessa forma, o educador físico viria a somar, qualificando ainda mais a Educação Infantil, considerando o fato de este profissional possuir maior bagagem prática e embasamento científico na área.
Palavras-chave: Benefícios. Educação infantil. Educação Física.
ABSTRACT
O The main objective of this study is to discuss the contributions of physical education in early childhood education. For the structuring of the present article we sought bibliographical support focused on the reflection of the thematic about the reality studied. In order to base the discussions and to understand the studied reality, we used the method of bibliographical revision, in this attempt we consulted works by renowned authors such as João Batista Freire (1997), Wallon (1981) and Vygotsky (2001). MEC-Brazil educational policies. The results revealed that Physical Education in Early Childhood Education should be a priority, so more actions are necessary to include the discipline that is so important in Early Childhood Education. In this way, the physical educator would add up, qualifying even more the Early Childhood Education, considering the fact that this professional has more practical baggage and scientific base in the area.
Keywords: Benefits. Child education. PE.
Introdução
Apresentaremos o conceito histórico da educação infantil e da educação física como complementação na formação do indivíduo. Bem como uma breve comparação de como é atualmente direcionada esta disciplina para com essas crianças. Conforme Parâmetros Curriculares Nacional da Educação Infantil, Brasil (1998, p. 21):
A criança é um ser social que nasce com capacidades afetivas, emocionais e cognitivas. Tem desejo de estar próxima às pessoas e é capaz de interagir e aprender com elas de forma que possa compreender e influenciar seu ambiente. Ampliando suas relações sociais, interações e formas de comunicação, as crianças sentem-se cada vez mais seguras para se expressar, podendo aprender, nas trocas sociais, com diferentes crianças e adultos cujas percepções e compreensões da realidade também são diversas. Para se desenvolver, portanto, as crianças precisam aprender com os outros, por meio dos vínculos que estabelece. Se as aprendizagens acontecem na interação com as outras pessoas, sejam elas adultos ou crianças, elas também dependem dos recursos de cada criança. Dentre os recursos que as crianças utilizam, destacam-se a imitação, o faz-de-conta, aoposição, a linguagem e a apropriação da imagem corporal. (BRASIL, 1998, p. 21).
Nos dias atuais quando se pensa em educação infantil a maioria das pessoas não conhece a história de luta e busca por uma educação reconhecida, com instituições adequadas para receber as crianças com o suporte necessário. Quando falamos sobre educação física, o tema fica ainda mais complexo, pois até alguns anos atrás as pessoas consideravam a educação física como a parte livre, divertida e fácil do contexto escolar, mas com o passar dos tempos começou a mudar esses conceitos, onde se percebe o quanto as crianças podem se desenvolver melhor através do movimento corporal durante as atividades físicas, tanto fisicamente, quanto a questões relacionadas à saúde também e que vem se debatendo muito nos tempos atuais.
Desenvolvimento
Conforme Ariés (1981) até por volta do século XII a infância era algo não representado ou talvez, desconhecido. Tanto que naquela época a criança era considerada um adulto em miniatua, sem considerar suas vontades ou personalidade. Com o passar do tempo essa realidade foi se modificando. Foi por volta do século XV que surgiram as primeiras preocupações com a educação das ‘crianças pequenas’. Ariés, ainda afirma que no mundo das fórmulas românicas, e até o fim do século XIII, não exisitem crianças caracterizadas por uma expressão particular, e sim homens de tamanho reduzido.
Nos últimos anos a educação infantil sofreu grandes transformações, adquirindo uma nova identidade. A educação infantil de ação assistencialista transforma-se em proposta pedagógica aliada ao cuidar. Portanto atendendo criança de forma integral. Tanto é que de acordo com a Lei de Diretrizes e Bases é um direito da criança o acesso a educação infantil.
A Educação Física infantil acontecia normalmente em casa até o século XVII, e junto com os adultos onde essas crianças aprendiam com eles brincadeiras e atividades físicas, e eles brincavam todos juntos, tanto crianças com crianças e crianças com adultos. As brincadeiras e jogos infantis aconteciam até por volta dos quatro anos de idade, e após isso as brincadeiras eram esquecidas, pois as crianças e adultos podiam brincar juntos, devido não haver separação de brincadeira para adultos e crianças por idade, e as crianças eram vistas como “mini adultos”. Conforme cita Arrie (2005, apud, GALLARDO, 2005, p.27): Até o século XVII, a educação infantil acontecia no âmbito familiar, e a criança era vista como um “adulto em miniatura”, já que não havia uma separação tão rigorosa como hoje entre as brincadeiras e jogos reservados às crianças e as brincadeiras e jogos dos adultos. Os mesmos eram comuns a ambos.
Com o processo de industrialização e urbanização a partir do século XVIII muitas famílias migraram para as grandes cidades onde surgiam muitas indústrias e fabricas que necessitavam de mão de obra, foi onde começou então as mulheres a participar do campo de trabalho, onde precisavam ajudar no sustento da família, e por não ter onde deixar seus filhos surgiu então a necessidade de lugares para deixar seus filhos enquanto trabalhavam.
No século XVIII, devido ao processo de urbanização e industrialização da Europa, há o aumento da demanda para força de trabalho, as mulheres são convocadas a trabalhar nas fabricas, havendo, então, a necessidade de locais seguros para “guardar” suas crianças. Surgem as primeiras Pré-Escolas, com caráter essencialmente assistencialista e com função de guardiães dessas crianças. (GALLARDO; MORAES, 2005, p.27)
O surgimento de instituições, de pré-escola, cada vez mais preocupados com as crianças, quanto a sua educação, veio para ajudar a suprir as necessidades de ensinar essas crianças sobre suas culturas, higiene e alimentação, pois agora não tinham mais o auxilio da família estendida para ajudar como acontecia antes de ir para os grandes centros, então alguém teria que ensiná-los, educa-los e prepara-los para a vida, enquanto seus pais trabalhavam para o sustento da família.
No século XX, após a 2º Guerra Mundial, a Pré-Escola incorpora a função compensatória, sendo vista como capaz de suprir as carências e deficiências culturais, linguísticas, nutricionais, de higiene e efetivas das crianças provenientes das classes populares. (GALLARDO; MORAES, 2005, p.28)
A educação física se faz presente na educação infantil, mesmo que muitas vezes quem trabalha com essas crianças não são profissionais da área, e sim pedagogos responsáveis por essas turmas de alunos, ai então os questionamentos que são levantados a respeito do trabalho que esses fazem, devido não ter o preparo preciso para ministrar essas aulas com os mesmos, devido a não ter os mesmos conhecimentos necessários para trabalhar conteúdos específicos a respeito de cultura corporal e movimentos que se fazem necessário para um bom desenvolvimento motor e cognitivo dessas crianças nessa fase que é muito importante para a vida delas.
As instituições de Educação Infantil representam um dos meios sociais mais participativos na vida da criança, sendo um dos agentes motivadores do desenvolvimento da estrutura infantil. Neste sentido o ambiente escolar deve assegurar uma formação integral e essencial, com objetivos voltados a favorecer o desenvolvimento de todas as atividades mentais do indivíduo mentais do indivíduo, de forma a colocar em prática os conceitos adquiridos e ampliar os conhecimentos individuais. De acordo com o Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil (1998) a criança precisa brincar ter prazer e alegria para crescer, precisa do jogo como forma de equilíbrio entre ela e o mundo e através do lúdico a criança desenvolve. Assim, afirma Bolsanello (2006, p.21):
O desenvolvimento é um processo dinâmico e contínuo que se constrói na interação do sujeito com o seu meio ambiente. Trata-se de um processo de integração e organização de eventos e experiências, no qual componentes físicos, emocionais, intelectuais e sociais acham-se intimamente relacionados. (BOLSANELLO, 2006, p. 21).
As crianças aprendem de varias formas e maneiras, pode ser no meio onde vivem, com os familiares, parentes próximos e amiguinhos da vizinhança dela, sendo através de imitações, onde repetem o que as outras pessoas fazem, observando gestos, movimentos dos adultos e dos demais ao seu redor, em seu convívio social.
A relação entre professor e aluno se faz muito importante durante a educação infantil, pois quanto mais desafiados e estimulados a aprender eles forem, melhor será seu desenvolvimento motor. Mediar os conflitos existentes entre eles, mostrando a importância do respeito mutuo, aprendendo a brincar juntos durante as atividades propostas, isso vai ajudar no seu convívio social tanto dentro quanto fora da escola.
O professor precisa se preparar bem, e estar sempre buscando mais conhecimentos para que possa ministrar suas aulas da melhor forma possível, colaborando com o aprendizado dos alunos, levando propostas pedagógicas adequadas para o ensino, pensando sempre no aprendizado dos alunos que é o mais importante. De acordo com Moreira; Pereira (2011, p.39)
A qualidade das relações esta diretamente vinculada aos desafios propostos pelo professor, às exigências operativas e motoras dos mesmos, às mediações realizadas pelo professor para a intermediação dos problemas e conflitos, à vinculação das situações de aprendizagem com o contexto social, à adequação dos conhecimentos trabalhados com as características da idade (estagio de desenvolvimento infantil), entre outros vínculos. Ao pensarmos sobre a educação física na educação infantil, se faz importante registrar a necessidade do professor aprofundar seus estudos em questões básicas que interferem no processo de elaboração e implementação de propostas pedagógicas na área da educação física no contexto escolar. (MOREIRA; PEREIRA, 2011, p. 39)
Segundo Moreira; Pereira (2011, p.39): A Educação Física sempre se fez presente na educação infantil, a diferença é que quem trabalha com os alunos atividades físicas e brincadeiras, são os professores formados em pedagogia e não professores da área da Educação Física os quais poderiam fazer um trabalho mais direcionado, quanto as atividades que podem ajudar nessa fase em que eles estão vivendo, ajudando assim num melhor desenvolvimento dessas crianças. Segundo Moreira; Pereira (2011, p.39):
No contexto escolar, a educação física se faz presente na educação de crianças de zero a seis, porem oque se questiona é o protagonismo dos profissionais responsáveis pela sua organização, efetivação e analise dos trabalhos pedagógicos por eles desenvolvidas e elaboradas, sendo eles ou não especialistas. Tal fator é relevante quando pensamos na qualidade e na garantia do contato dos pequenos com os conteúdos relacionados a cultura corporal que se efetiva por meio do movimento. (MOREIRA; PEREIRA, 2011, p.43)
Nessa fase da vida das crianças destaca Moreira; Pereira (2011, p.43) não importante trabalhar com atividades ligadas a cultura corporal, para que essas já possam ir assimilando essa temática, usando atividades que venham a colaborar com seu desenvolvimento motor e cognitivo, pois o que se vê é que isso pouco acontece nessa fase, muitas vezes por não ter espaços adequados com condições de trabalhar com esses alunos, sem poder dar uma continuidade nesse trabalho o qual poderia fornecer aos alunos experiências social e de cultura de corpo.
Para Moreira; Pereira (2011, p.43) A falta de um trabalho didático adequado com os alunos nessa fase traz consequências quanto à aprendizagem e conhecimento dos mesmos, devido a falta de vivencia e aprendizado que deveriam acontecer e acaba não acontecendo. Segundo Moreira; Pereira (2011, p.44):
É exatamente nessa fase que sistematicamente devemos iniciar o processo de assimilação dos alunos em relação as temáticas da cultura corporal (de forma geral), à socialização dos aspectos estruturantes dessa cultura, aos diferentes papeis que os alunos assumem e adaptam face à demandas experenciadas, o que se observa, no entanto é que nesse inicio de jornada as crianças são poucas vezes disponibilizadas espaços, tempos pedagógicos, condições para que deem continuidade às experiências sociais que trazem do contexto em que vivem e que remetem a cultura do corpo, principalmente as que dizem respeito às atividades lúdicas que caracterizam o universo da cultura infantil. A inadequação da transposição didática (quando esta ocorre) para o contexto escolar traz consequências nefastas para o processo de aprendizagem e aquisição de conhecimento dos alunos, fato que se manifesta pela pobreza das vivencias de aprendizagens. (MOREIRA; PEREIRA, 2011, p. 44)
Há muito se vem discutindo metodologias capazes de interferir na tentativa de melhoria da educação. Esta pesquisa não traz uma nova metodologia realizada, mas sim um olhar diante das metodologias discutidas e amparadas nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), Referenciais Curriculares Nacionais (RCNs), Projetos Políticos Pedagógicos (PPPs), ou seja, todo amparo pedagógico que defende estratégias de ensino.
Para Freire (1997) A utilização de práticas corporais dentro de sala de aula não é uma discussão nova. Porém é preciso entender sua metodologia e como está sendo aplicada.
Ao discutir sobre o papel da Educação Física dentro das instituições de educação infantil, como algo que deve ser prioridade, tendo em vista o olhar epistêmico do professor de educação física quanto o desenvolvimento corporal da criança, nesse sentido é possível perceber os benefícios e influências nesta fase que é a fase onde é o momento de maior exploração do corpo.
É necessário perceber que a criança através de seu corpo, amplia, fortalece e estabelece uma identificação com seu desenvolvimento corporal, uma vez que a criança é estimulada com finalidade pedagógica, o educador físico deve favorecer propondo ambientes que facilite para a criança a ampliação do conhecimento do seu próprio corpo.
As retratações dessa identidade corporal durante a infância são conjuntos de características de vida, a qual clama por ser concreta, atendendo as necessidades de sua realidade e vice-versa. Essa questão por sua vez deve provocar o trabalho pedagógico do professor de Educação Física, elevando sua prática para uma ação educadora.
Se o trabalho for direcionado a partir de uma prática sem finalidades, seguido de caráter recreativo, não atenderá a todas as exigências que a criança necessita para se desenvolver, sendo que, essa criança precisa de regras para seguir determinadas brincadeiras até a sua vida adulta. Assim, o professor de Educação Física deve conduzir tais brincadeiras para atingir alguns objetivos. Porém Freire (1997, p.30) ressalva que:
Se olharmos a nossa volta, veremos que as pessoas cada vez se parecem mais com o mundo e que o mundo se parece cada vez mais com as pessoas. Ou seja, não apenas sofremos, mas também provocamos transformações no meio ambiente. (FREIRE, 1997, p.30)
A Educação Física beneficia diretamente a construção da identidade autônoma de cada criança durante suas interações escolares, principalmente na educação infantil, onde a faixa etária das crianças é menor, sendo estes mais curiosos e abertos à aprendizagem. Para Barbanti (2003, P.337):
Período de crescimento, no qual um ser humano se encontra quase inteiramente na dependência dos cuidados dos pais. Vai desde o nascimento até a adolescência (10-13 anos). Este período é extremamente dinâmico e rico, no qual o crescimento se faz, concomitantemente, em todos os domínios, e que, segundo os caracteres anatômicos, fisiológicos e psíquicos, se divide em três estágios: primeira infância, de zero a três anos; segunda infância, de três a sete; e a terceira infância, de sete anos até a puberdade. (BARBANTI, 2003, p.337)
O educador físico influencia não somente para jogos e brincadeiras, mas também para a estimulação da construção da identidade na infância. Em compensação ainda é correto lembrar-se das possibilidades de traumas e padrões negativos que esse mesmo facilitador pode cometer.
Esse processo acontece assim que a criança, ao experimentar diferentes papéis, apropria-se de algumas características desses papéis. Para Vygotsky (2001), a situação imaginária criada pela criança define o brincar, ou seja, como os pequenos não conseguem satisfazer alguns desejos criam um mundo imaginário para que possam realizar os mesmos.
Durante a brincadeira a criança faz relação com o mundo e assume diferentes papéis, para Leontiev (2001), a brincadeira da criança não é instintiva, mas precisamente humana, atividade objetiva, que, por constituir a base da percepção que a criança tem do mundo dos objetos humanos, determina o conteúdo de suas brincadeiras.
Neste sentido a Educação Física como componente articulador de ações na Educação Infantil, possibilita ocasiões atraentes para as crianças, contribuições que instruem o professor a metodologias dinâmicas. Cunha (2000) discute como no dia a dia da sala de aula o professor constitui-se na medida em que desenvolve o seu trabalho de ensinar. Para a autora o processo de constituição de um professor é histórico e cultural, ou seja, engendra-se num movimento que sintetiza aspectos sociais e individuais.
Na educação infantil, são planejadas formas e estratégias de provocar a criança para influenciar positivamente, a Educação Física beneficia diretamente estimulando a criança a reconhecer-se dentro do ambiente educacional para que as crianças ampliem esses conhecimentos.
De acordo com Le Boulch (1988), a Educação Física é tão importante quanto às demais áreas educativas, pois procura desabrochar no indivíduo suas aptidões e aquisições de habilidades e capacidades. Esta sempre recebeu um papel secundário dentro da Educação, mas as pesquisas científicas apontaram que é impossível educar integralmente sem levar em conta o ato motor. Entretanto quando a criança é inserida na educação infantil mesmo havendo mudança no currículo, a visão social é que tudo gira em torno da alfabetização.
Para Le Boulch (1988), a necessidade de proporcionar estímulos para o desenvolvimento durante a infância, bem como medir e intervir nesse processo, logo induz uma ideia de espaço pedagógico. Quando falamos na educação infantil esse aspecto merece ser ressaltado, uma vez que partimos da compreensão de que esse nível de ensino deve ser um espaço socioeducativo.
Além disso, esses estímulos constituem um importante beneficio, sendo fundamental permitir que a criança tenha acesso a elementos da cultura universal e da natureza, a trocas de experiências com outras crianças e à mediação do professor, para que dessa maneira possa construir e elaborar hipóteses para a compreensão e intervenção no mundo, desfrutando, assim, de um processo de desenvolvimento e aprendizagem mais rico e significativo.
No entanto, esse processo de mediação e de intervenção não é nada simples, especialmente se nos referirmos à educação infantil, pois temos que identificar as construções simbólicas que as crianças têm nesse momento e que irão dar suporte para o desenvolvimento das funções psicológicas superiores.
A sociedade brasileira segue um conceito formal empregado culturalmente, com interesses capitalistas, através desses interesses é possível que a criança seja influenciada muitas vezes por movimentos corporais estereotipados. Assim, o professor dentro da sala de aula deve questionar-se diversas vezes pela metodologia adotada.
É comum, observar professores na educação infantil, com crianças ligeiramente enfileiradas seguindo a ordens para não correr, e quando sentar não sair do lugar ou até mesmo quando for cantar seguir todo padrão comportamental e organizacional adotado pela sociedade.
Cunha (2000) ressalta sobre a importância do planejamento dentro de sala, portanto devemos questionar sobre o modelo de educação atual e sobre os métodos adotados, sendo que a criança necessita de limites e regras para viver e também precisa conhecer seu corpo e fazer uso dele para o seu desenvolvimento.
Dessa forma a prioridade da Educação Física é dar atenção primordial em relação ao desenvolvimento pleno da criança, pois ela necessita carece adaptar-se ao mundo. É necessária que desde a infância a Educação Física estabeleça o fator da brincadeira, como construção do conhecimento da criança, dando significado a realidade do mundo.
Ao discutir sobre o papel da Educação Física dentro das instituições de educação infantil, como algo que deve ser prioridade, tendo em vista o olhar epistêmico do professor de educação física quanto o desenvolvimento corporal da criança, nesse sentido é possível perceber os benefícios e influências nesta fase que é a fase onde é o momento de maior exploração do corpo.
A Educação Física beneficia diretamente na construção da identidade autônoma de cada criança durante suas interações escolares, principalmente na educação infantil, onde a faixa etária das crianças é menor, sendo estes mais curiosos e abertos à aprendizagem. Para Barbanti (2003, p.337):
Período de crescimento, no qual um ser humano se encontra quase inteiramente na dependência dos cuidados dos pais. Vai desde o nascimento até a adolescência (10-13 anos). Este período é extremamente dinâmico e rico, no qual o crescimento se faz, concomitantemente, em todos os domínios, e que, segundo os caracteres anatômicos, fisiológicos e psíquicos, se divide em três estágios: primeira infância, de zero a três anos; segunda infância, de três a sete; e a terceira infância, de sete anos até a puberdade. (BARBANTI, 2003, p.337)
Para Barbanti (2003, p.337) O educador físico influencia não somente para jogos e brincadeiras, mas também para a estimulação da construção da identidade na infância. Em compensação ainda é correto lembrar-se das possibilidades de traumas e padrões negativos que esse mesmo facilitador pode cometer.
Sendo assim, o trabalho com as crianças na Educação Infantil é permeado por várias ações que fazem parte da ação de construção dos sujeitos. Nesta fase da vida, as crianças deparam com o universo e fazem determinadas escolhas no que se refere às relações pessoais. Isso implica diretamente na construção da personalidade da criança.
Conclusão
Observa-se com a presente pesquisa que a parceria pedagogo + professor de educação física na educação infantil vem pra revolucionar a educação infantil, a exploração de todo esse mundo, desde o berçário (bebês). Aliando o planejamento do pedagogo com o educador físico onde um iria complementar o outro, construindo um trabalho integral.
Neste sentido, ficou evidente que os objetivos da atividade física infantil devem focar-se em: domínio do controle corporal; diferenciar cada parte do corpo através do movimento; a noção de espaço e tempo; melhorar o desempenho em atividades de força, resistência, flexibilidade e velocidade; e cooperar em atividades de grupo.
Contudo, a Educação Física escolar busca ampliar a pedagogia da área, transforma uma visão pedagógica para dimensões que envolva o cognitivo, afetivo e sociocultural dos educandos.
Portanto, é necessária uma reflexão mais séria dos representantes dos órgãos governamentais responsáveis, bem como dos profissionais envolvidos neste processo como diretores, coordenadores e representantes das Secretarias. Buscando, de fato cumprir com seus papéis e funções que não se justificam senão por estabelecer atitudes de comprometimento com a infância e garantir a esta um desenvolvimento mais digno, justo, humano e igual.
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1 Educador Físico, concluindo Especialização em Educação Física Escolar.