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A CONTAÇÃO DE HISTÓRIA NOS ANOS INICIAIS

Rosana Rosa dos Santos

Treicy Daiane R. Carneiro

 

RESUMO

Esse trabalho tem por finalidade abordar a temática: A contação de histórias nos anos iniciais, aonde vem desenvolver uma problemática: A contação de história pode ser vista como uma ferramenta de ensino e aprendizagem nos anos iniciais?  Com objetivo de refletir sobre a importância da contação de histórias como recurso no processo de ensino-aprendizagem nos anos iniciais. Visto que nessa fase escolar a contação de história é um pouco esquecida, pois é uma fase de alfabetizar, surgi então o interesse de construir o artigo. Esse trabalho foi realizado com pesquisas bibliográficas, apoiado em autores como: Abramovich (1997) e Zilmerman (2007)

 

Palavras-chaves:Contação de Histórias. Anos Iniciais. Ensino e aprendizagem.

 

THE ACCOUNTING OF HISTORY IN THE INITIAL YEARS.

 

ABSTRACT

This work aims to address the theme: The storytelling in the early years, where it develops a problematic: Can storytelling be seen as a teaching and learning tool in the early years? With the purpose of Reflecting on the importance of storytelling as a resource in the teaching-learning process in the early years. Since in this school phase the storytelling is a little forgotten, because it is a phase of Literacy, then came the interest to build the article. This work was carried out with bibliographical research, supported by authors such as: Abramovich (1997) and Zilmerman (2007)

 

Keywords: Storytelling. Early Years. Teaching and learning.

 

INTRODUÇÃO

 

O presente trabalho é resultado de uma pesquisa bibliográfica que se apoia em autores como Abramovich (1997) e Zilmerman (2007). Esse artigo abrange uma problemática de: A contação de história pode ser vista como uma ferramenta de ensino aprendizagem nos anos iniciais? Com objetivo de refletir sobre a importância da contação de histórias como recurso no processo de ensino-aprendizagem nos anos iniciais

A contação de histórias é uma das artes mais antigas de que se tem informação, é uma atividade essencial que possibilita a construção de conhecimentos e valores, sua atuação é decisiva na formação e no desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem, desde a alfabetização até a sua formação moral e ética.

Ao contar histórias o professor traz também a possibilidade de contextualizar o conteúdo escolar de forma interdisciplinar, lúdica e prazerosa, pois contar histórias envolve a improvisação, a interação com a turma nos anos iniciais e a possibilidade de agregar outros elementos ao enredo.

A contação de história nos anos iniciais tem como objetivo: Refletir sobre a importância da contação de histórias como recurso no processo de ensino-aprendizagem. Com isso, o professor/narrador/contador de histórias deverá procurar sempre diversos artigos/textos/histórias para ajudar na sua prática em sala de aula, economizando tempo e energia, além de cativar a atenção de seus alunos, e sua vontade inata de aprender.

Visto que nos anos iniciais a contação de história é um pouco esquecida, pois é uma fase de Alfabetizar, surgiu então o interesse de construir o artigo, pois muitos professores “esquecem” que podem usar a contação de história como um processo de ensino aprendizagem na fase de alfabetização. Assim como Abramovich afirma esses costumes ainda acontecem em algumas escolas/instituições.

 

Com 7 anos, no Mackenzie, minha professora – Dona Nicota – nos iniciou nos mistérios da Cartilha do povo... Tenho viva, gravada, a primeira página até hoje: uma imensa mão, onde cada dedo apontava pruma vogal: a,e,i,o,u.... (ABRAMOVICH, 1997, P.11)

 

Durante muito tempo o ato de contar histórias nas escolas era tido como uma forma de entreter, distrair e relaxar as crianças, e ainda em algumas instituições continua a ser assim. Mas neste século XXI tem ressurgido a figura do Contador de Histórias, ou o Professor/Contador de histórias, e a sua importância no âmbito educacional e emocional das crianças, com presença certa em bibliotecas, feiras de livros, livrarias e escolas.

Esse antigo costume popular pertencente à tradição oral e vem sendo resgatado pela educação como estratégia para o desenvolvimento da linguagem oral e escrita – a formação do leitor passa pela atividade inicial do escutar e do recontar.

Devo destacar que algumas palavras da língua portuguesa confundem e as vezes e esquecida ou colocada na frase errada, como exemplo as palavras história e estória. Pois bem, as duas grafias existem e antigamente havia uma diferença significativa entre elas. “A palavra estória é considerada um tipo de arcaísmo, isto é, aquelas palavras que, por serem muito antigas, quase não usamos mais” (Zilberman, 2003, p. 85).

A palavra estória é muito antiga na língua portuguesa, acredita-se que tenha surgido no século XIII. Empregava-se a forma estória quando a intenção era se referir às narrativas populares ou tradicionais não verdadeiras, ou seja, ficcionais. Já a palavra história era utilizada em outro contexto, quando a intenção era se referir à História como ciência, ou seja, a história factual, baseada em acontecimentos reais.

 

1 COMPREENDENDO A CONTAÇÃO DE HISTÓRIA

 

“Os primeiros livros para crianças foram produzidos ao final do século XVII e durante o século XVIII. Antes disso, não se escrevia para elas, porque não existia a “infância””. (ZILMERMAN, 2003, p.03). As crianças eram reconhecidas como pequenos adultos, possuidores de tarefas e cuidados semelhantes aos de um adulto, o que pode explicar a alta taxa de mortalidade infantil naquela época. Compartilhando todas as atividades com as pessoas mais velhas, as crianças também possuíam a mesma cultura literária que os demais.

A contação de histórias desenvolve a linguagem, desperta o senso crítico e libera a imaginação e faz a criança sonhar, ou seja, é uma ferramenta importante no estimulo à leitura.

 

Ah, como é importante para formação de qualquer criança ouvir muitas, muitas histórias... Escutá-las é o início da aprendizagem para ser um leitor, e ser leitor é ter caminho absolutamente infinito de descobertas e de compreensão do mundo. (ABRAMOVICH, 1997 p.16)

 

O professor/narrador/contador de histórias cria e recria maneiras de chegar ao universo infantil, trazendo ao aluno o mundo da leitura consolidando a fantasia que é na verdade uma maneira de ver a realidade do contexto escolar. “É também suscitar o imaginário, é ter a curiosidade, respondida em relação a tantas perguntas, é encontrar outras ideias para solucionar questões.” (ABRAMOVICH, 1997 p.16)

De acordo com Abramovich (1997), por meio da história podemos sentir emoções admiráveis e o sentido de escutar histórias é muito amplo, a narrativa permite por meio do imaginário, entender melhor alguns sentimentos.

 

É ouvindo histórias que se pode sentir (também) emoções importantes, como a tristeza, a raiva, a irritação, o bem-estar, o medo, a alegria, o pavor, a insegurança, a tranquilidade, e tantas outras mais, e viver profundamente tudo o que as narrativas provocam em quem as ouve - com toda a amplitude, significância e verdade que cada uma delas fez (ou não) brotar... Pois é ouvir, sentir, e enxergar com os olhos do imaginário! (ABRAMOVICH, 1997, p.17).

 

Os professores/narradores devem aproveitar a sala de aula para incentivar o gosto pela leitura, lembrando que deve fazer da sala um ambiente feliz, amplo e agradável para as contação de histórias nos anos inicia.

 

A sala de aula é um espaço privilegiado para o desenvolvimento do gosto pela leitura, assim como um campo importante para o intercâmbio da cultura literária, não podendo ser ignorada, muito menos desmentida sua utilidade. Revela-se imprescindível e vital um redimensionamento de tais relações, de modo que eventualmente transforme a literatura infantil no ponto de partida, para um novo e saudável diálogo entre livro e seu destinatário mirim. (ZILMERMAN, 2003, p.12).

 

Faz-se importante saber como contar uma boa história, para Abramovich (1997 p. 19/20) contar história é:

 

Para contar história – seja qual for- é bom saber como se faz. Afinal, nela se descobrem palavras novas, se entra em contato com a música e com a sonoridade das frases, dos nomes [...] contar história é uma arte [...] Claro que se pode contar qualquer história à criança: comprida, curta, de muito antigamente ou dos dias de hoje, contos de fada, de fantasma, realista, lendas, histórias em forma de poesia ou de prosa... Qualquer uma, desde que ela seja bem conhecida pelo contador.

 

Então é muito importante que antes de ser lida uma história para as crianças dos anos iniciais, o livro precisa ter sido lido pelo professor/narrador para não gaguejar ruborizado porque não esperava encontrar uns palavrões, palavras desconhecidas ou não ter aquelas emoções em certas falas. Criar todo um clima encantador na aula, para que haja um envolvimento maior entre o professor, aluno e a história contada.

Não devemos contar histórias somente para quem sabe ler e sim para todos “narração de contos é o de ensinar a criança a escutar, a pensar e a ver com os olhos da imaginação” (ZILBERMAN, 2003, P.22). Então refletindo sobre esse entendimento da autora a contação de história nos anos iniciais é uma importante ferramenta de ensino e aprendizagem.

 A contação de história sem escrita também tem sua suma importância em sala de aula. É através dessas contações que o professor trabalha a oralidade do aluno. “Oralizando essas histórias, colocando um texto verbal. Desenvolvendo algumas das situações apenas sugeridas” (Abramovich, 1997, p.33).

 

2 A LITERATURA INFANTIL

 

A literatura infantil teve início na Europa, em meados do século XVIII, quando, devido às transformações sociais da época, a criança começou a ser vista como tal, deixando para trás a concepção de mini adulto. “Os primeiros livros para criança foram produzidos ao final do século XVII e durante século XVIII. Antes disso, não se escrevia para elas, porque não existia a “infância” “(ZILBERMAN, 2003, P.11).

A palavra literatura vem do latim “litteris” que significa “letra”, que também quer dizer “escritos, cartas” e parece referir-se, primordialmente, à palavra escrita ou impressa. Em latim, literatura significa uma instrução ou um conjunto de saberes ou habilidades de escrever e ler bem e se relaciona com as artes da gramática, da retórica e da poética. 

O aparecimento e a expansão da literatura infantil deveram-se antes de tudo à sua associação com a pedagogia “A psicologia infantil responsabiliza-se pela formação da criança; sua aplicação no campo didático relaciona-se à pedagogia” (ZILBERMAN, 2003, p.34).

 

O que chamamos de literatura infantil “especificas”, isto é, o texto escrito exclusivamente para crianças tem sua origem primariamente não em motivos literário, mas pedagógicos. Em decorrência disto [...] “a literatura infantil” primeiramente um problema pedagógico, e não literário”. (ZILBERMAN, 2003, p.34).

 

A literatura infantil também informa a criança, pois várias literaturas tem uma lição de valores que ao finalizar um conto o professor/narrador coloca como exemplo na vida real. Por exemplo, a literatura infantil “chapeuzinho Vermelho” conta a história de uma menina que leva doces para vovozinha, mas ela desobedeceu a sua mãe e vai pela floresta. O professor/ narrador aproveita a contação dessa história para lembrar os alunos na importância de obedecer.

 

Estão envolvidos no maravilhoso, um universo que detona a fantasia, partindo sempre duma situação real, concreta, lidando com emoções que qualquer criança já viveu... Porque se passam num lugar que é apenas esboçado, fora dos limites do tempo e do espaço, mas onde qualquer um pode caminhar [...] O desenvolvimento é uma busca de soluções, no plano de fantasia, com a introdução de elemento mágico [..] quando há uma volta ao real. (ABRAMOVICH, 1997, P.120)

 

Abramovich, com intuito de incentivar a literatura infantil nas escolas, nos anos iniciais, através da voz que narra, torne-se um ouvinte pensante, revela:

 

É através duma história que se podem descobrir outros lugares, outros tempos, outros jeitos de agir e de ser, outra ética, outra ótica... É ficar sabendo histórias, Geografia, Filosofia, Política, Sociologia, sem precisar saber o nome disso tudo e muito menos achar que tem cara de aula... Porque, se tiver, deixa de ser literatura. (1997, p. 17)

 

A escola/instituição tem que ter ciência que literatura traz para seus alunos, pois a leitura tem que ter consistência para formação social deles.

 

Preservar a relação entre a literatura e escola, ou o uso do livro em sala de aula, decorre de ambas compartilharem um aspecto em comum: a natureza formativa. De fato, tanto a obra de ficção como a instituição de ensino estão voltadas formação de indivíduos ao qual se dirigem. (Zilberman, 2003, p.20)

 

Ah, como é bom saber começar o momento da contação, talvez do melhor jeito que as histórias sempre começaram, através da senha mágica “Era Uma Vez” ou com música ou de qualquer forma que agrade os ouvintes.

 

3 RESULTADOS DE PESQUISA BIBLIOGRÁFICA

 

Meu objetivo ao desenvolver esta pesquisa não foi e não será o de trazer respostas definitivas às questões levantadas, mas sim fazer uma reflexão sobre a temática. Esse estudo contribui muito para complementar minha formação, vivi uma experiência maravilhosa, assustadora e única, que irei levar para toda vida.

Após nossa pesquisa bibliográfica abordada sobre o artigo “A CONTAÇÃO DE HISTÓRIA NOS ANOS INICIAIS”, se faz importante para um ótimo desenvolvimento social do aluno que escuta uma boa contação de história.

Na verdade, o educador, durante sua prática de ensino, ao propor uma atividade, seja ela qual for, precisa certificar-se se essa está de acordo com os interesses e desejos do aluno, pois só assim ocorrerá aprendizagem. Esta é, sem dúvida, uma questão que precisa ser valorizada por aquele que vai contar uma história, pois para que aconteça aprendizagem por parte dos alunos, é fundamental que a história esteja de acordo com o interesse deles.

É importante registrar que, nas concepções do professor/narrador, ler livros para crianças é uma possibilidade de conduzi-las para o hábito da leitura, pois quando se conta para elas histórias que as interessam, é certo que, após a escuta, devido ao prazer e ao encantamento que sentiram, não só desejarão lê-las, como também sentirão vontade de irem à busca de outras semelhantes. Abramovich observa que, ao ouvirem histórias:

 

É poder sorrir, rir, gargalhar com a situação vividas pelos personagens, com a ideia do conto ou com o jeito de escrever dum autor e, então, poder ser um pouco cúmplice desse momento de humor, de brincadeira, de divertimento [...] É também suscitar o imaginário, é ter a curiosidade, respondida em relação a tantas perguntas. (1997, p. 17)

 

Com a problemática de: A contação de história pode ser vista como uma ferramenta de ensino aprendizagem nos anos iniciais? Ficou bem claro que com as abordagens de Abramovich e Zilberman, notei que a contação de história pode ser sim uma ferramenta no ensino e aprendizagem para os alunos dos anos iniciais. Pois a contação de histórias, quando trabalhada de forma adequada, contribui para que as crianças desenvolvam e ampliem habilidades essenciais para sua vida pessoal e estudantil, pensa-se que esta é indiscutivelmente uma prática digna de ser utilizada pelos professores dos anos iniciais.

Com objetivo de refletir sobre a importância da contação de histórias como recurso no processo de ensino-aprendizagem nos anos iniciais, observei que a importância da contação de história é um norteamento para formação de bons ouvintes e bons leitores críticos futuramente.

Com tal análise, foi possível ver, através das teorias dos autores estudados, que o ato de contar histórias é, sem dúvida, uma atividade que oportuniza ao aluno a realização das tarefas de leitura e escrita com mais qualidade. Educar não significa apenas informar ao aluno conteúdos com que não tenha nenhuma ligação.

Após término desse trabalho percebi como se faz importante buscar mais conhecimento sobre a contação de história nos anos iniciais, está cada vez sendo substituída em parte pelo hábito de se ligar a televisão, de deixar as crianças assistindo intermináveis horas de desenho animado ou filmes. Não podemos impedir que as crianças assistam à televisão, aos desenhos animados e a filmes, mas podemos e devemos delimitar o tempo e reservar algumas boas horas para o convívio pessoal e o cultivo da narração e da tradição oral.

 

REFENRÊNCIAS

 

ABRAMOVICH, F. Literatura infantil: gostosuras e bobices.  São Paulo: Scipione, 1997.

ZILMERMAN, Regina. A literatura infantil na escola. 11, ed. rev. São Paulo: Global, 2003.

ENVOLVERDE, Jornalismo e Sustentabilidade. A importância da literatura infantil no desenvolvimento da criança. Disponível em: http://envolverde.cartacapital.com.br/a-importancia-da-literatura-infantil-no-desenvolvimento-da-crianca/