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O FAZ DE CONTA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Ana Regina de Almeida Sampaio

Francielle dos Santos

Francielly Martins de Souza Costa

Lais Tuliana Martins da Hungria

Telma Negris Araujo

 

RESUMO

A brincadeira não é só um ato de brincar, por meio dela a criança desenvolve suas habilidades, autonomia, interação, atenção e desperta sua criatividade e imaginação. Enquanto espaço de educação, a escola deve propiciar momentos de brincadeiras livres e lúdicas onde a as crianças possam ter a oportunidade de brincarem de forma criativa e com autonomia, estimulando o desenvolvimento da criança, no entanto, trata-se de uma brincadeira   onde esse momento deve ser planejado visando o aprendizado da criança, tendo o professor como mediador no decorrer das brincadeiras. O presente artigo tem por objetivo discorrer sobre a importância das brincadeiras de faz de conta na educação infantil, e a sua influência no desenvolvimento da criança.

 

Palavras-chave: Brincadeiras. Faz de Conta. Educação Infantil.

 

  1. INTRODUÇÃO

 

Este trabalho visa elucidar a brincadeira Faz de conta na Educação Infantil, no qual é uma ferramenta lúdica muito importante no desenvolvimento da criança, pois, proporciona momentos onde a criança tem a oportunidade de exercitar sua imaginação, a capacidade de desenvolver o raciocínio, desenvolver habilidades motoras, capacidade de comunicação, interação social, autonomia, como também outros aspectos.

Nesse sentido, a Educação Infantil tem o papel primordial em garantir espaço e momentos de brincadeiras e de ludicidade com o objetivo de proporcionar o desenvolvimento da criança, no qual, o faz de conta permite que a criança comece a interagir com o mundo a sua volta, possibilitando um fortalecimento emocional, intelectual, físico e social.

São um dos momentos quando ela está brincando de Faz de conta, que a criança tem a oportunidade de exercer os seus direitos, conforme a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) que garante os direitos fundamentais que são eles: Conviver; brincar; participar; explorar; expressar e conhecer-se.

Assim, elencamos alguns tópicos que iremos discorrer a seguir, nos quais acreditamos serem pontos primordiais acerca do Faz de conta, onde iremos abordar a importância da brincadeira na vida e no desenvolvimento da criança, o que elas podem aprender com essa brincadeira, de que forma a escola e o ambiente familiar pode promover esse momento à criança, como também em que fase se inicia ou pode-se promover esse momento.

Desse modo, para o desenvolvimento e conclusão desse artigo, desenvolvemos uma análise e pesquisas bibliográficas em artigos, livros, revistas e em experiências vivenciadas na educação infantil. 

 

1.1 O FAZ DE CONTA

 

Quando falamos em Faz de conta, a primeira lembrança que vem a mente são as brincadeiras ou historinhas inventadas, brincar de escolinha, comidinha, motorista, tantas outras. Mas na educação infantil a brincadeira Faz de conta vai além desse contexto, pois ela abrange o desenvolvimento da criança em sua totalidade tanto física como cognitiva.

O Faz de conta na educação infantil são as brincadeiras livres onde o professor enquanto mediador do ensino aprendizagem organiza um ambiente, espaço, cantinho, dentro da unidade escolar com brinquedos, pecinhas de montar, quebra-cabeça, bonecas, carrinhos, panelinhas, bichinhos de brinquedos, fantasias, é um ambiente propicio para o processo autoeducativo da criança no brincar livre através de recursos onde ela mesma vai criar, vai dar sentido aos aprendizados, compreender a si e ao próximo, reinventar, entender o mundo a sua volta, reproduzir brincadeiras e personagens, expressar opiniões, vai explorar sua imaginação e criatividade, vai expressar seus sentimentos, se enxergar enquanto pessoa mesmo sendo criança pequena.  Kishimoto assevera:

 

A brincadeira de faz de conta, também conhecida como simbólica, de representação de papéis ou sociodramática, é a que deixa mais evidente a presença da situação imaginária. Ela surge com o aparecimento da representação e da linguagem, em torno 2/3 anos, quando a criança começa a alterar o significado dos objetos, dos eventos, a expressar seus sonhos e fantasias e a assumir papéis presentes no contexto social. (KISHIMOTO, 2003:39)

 

Assim sendo, no faz de conta a criança tem a oportunidade desenvolver sua criatividade e imaginação, explorar o mundo através das brincadeiras, reproduzir seu conhecimento, expor suas dúvidas, pensamentos e suas ideias.

 

1.2 A IMPORTÂNCIA DO FAZ DE CONTA NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA.

 

Na brincadeira de faz de conta, no imaginário infantil, ainda sem consciência acontece ali uma rica aquisição do aprendizado infantil, moldando o seu desenvolvimento e fortalecendo seu conhecimento. Através do mundo anímico. Nessa brincadeira do imaginário, podemos perceber o despertar do desenvolvimento sócio afetivo, cognitivo e linguístico. A criança usa da imitação, repetindo aos estímulos vindos do ambiente exterior, revive situações ligadas aos sentimentos em seu interior.

Para Kishimoto (2003) na poderosa brincadeira do mundo imaginário a criança fantasia possibilidades para enfrentar seus medos, sai do papel passivo se despertando para o papel ativo, conduzindo o seu próprio destino. A fantástica magia dessa experiência permite que a criança use a expressão desse cenário lúdico como possibilidade de reinvenção e reconstrução na tomada de decisões das suas necessidades emocionais, fortalecendo a sua autonomia.

Durante a infância as fantasias estão em íntima ingenuidade com o mundo. Ainda incerta a criança decorre de um mundo em que se torna dependente apenas de si.

No cenário infantil, o brincar deve ser compreendido como desenvolvimento pleno e integral da criança. Sobre esse princípio é de suma importância incluir a brincadeira de faz de conta no cenário escolar, elaborar planos de aula para mediar o processo de aprendizagem da criança, respeitando a individualidade de cada um.

Ainda de acordo com esse conceito, é preciso visar práticas pedagógicas que norteiam as interações e as brincadeiras, possibilitando a construção de experiências na educação infantil, nas quais as crianças podem apropriar-se de conhecimentos, o que possibilita aprendizagens, desenvolvimento e socialização.

Assim a partir de uma prática pedagógica dinâmica que se faz presente a brincadeira de faz de conta, é possível conduzir harmonicamente essa fase   única e bela da criança, rica em produção de aprendizagem.

 

1.3 PROMOVENDO O FAZ DE CONTA NA ROTINA DA CRIANÇA

 

Na rotina escolar da educação infantil a criança tem muitas oportunidades de participar de atividades de Faz de Conta, tendo em vista a BNCC, Currículo, planejamento, no qual são desenvolvidas atividades que garantem o brincar e toda forma de desenvolvimento da criança.

Esses momentos são aqueles onde o professor é o mediador em proporcionar e organizar esse ambiente das brincadeiras com pecinhas de montar, bonecas, carrinhos, massinhas de modelar, fantoches, onde as crianças por demanda própria e autonomia criam objetos, personagens, situações vivenciadas, etc.

No momento do parque também é uma ótima oportunidade de desenvolver o faz de conta, lá eles brincam de Super-heróis, de profissões, recriam momentos de historinhas, nos momentos de desenhos livres, etc. De acordo com o que descreve Kishimoto (2003), “ao proporcionar um momento imaginativo por meio de atividade espontânea, a criança desenvolve iniciativa, expressa seus desejos, e internaliza as regras sociais”.

Em casa, junto à família, o Faz de conta também pode ser proporcionado, oportunizando a família a participar desse momento importante para o desenvolvimento da criança e a conhecê-la ainda mais, fortalecendo o vínculo familiar. Desse modo, a família poderá instruir na construção de sua personalidade, modo de pensar, agir, e a criar estratégias ao lidar com a criança em situações de conflitos.

Quando está em casa, a criança tem autonomia para criar esses momentos, que são aqueles onde ela pega as panelas para brincar de fazer comidinhas, ou entrar dentro de bacias para fazer de barco, pega as conchas para bater e fazer bateria, microfone, vestem as roupas dos pais, calça os sapatos para fazer de conta que é adulto, para imitar o pai ou mãe, faz a cama de pula-pula, vassoura de cavalinho, esconde-esconde, brincar de médico, cabeleireiro, entre outras.  A família também pode oportunizar esses momentos através da contação de histórias e deixando de fácil acesso livros infantis com imagens.

 

1.4 EM QUE FASE OU FAIXA ETÁRIA SE INICIA O FAZ DE CONTA?

 

De modo geral, as crianças gostam muito de brincar, mas é por volta dos 2 aos 7, 8 anos, que elas se envolvem mais nas brincadeiras de Faz de conta, pois é nessa fase que ela começa a interagir com o mundo a sua volta, trazendo para si um amadurecimento emocional, social, físico e intelectual, pois ela está iniciando seu processo de conhecimento do Eu, do Outro, do nós, esta conhecendo o mundo a sua volta e suas possibilidades, capacidade de imaginar, raciocinar e interagir. De acordo com a descrição de Bomtempo (2003), “a ênfase dada ao Faz de conta, onde sua importância é ressaltada por pesquisas, que mostram sua eficácia na promoção do desenvolvimento cognitivo, e afetivo social da criança”.

Sabemos que cada criança tem seu tempo, modo e particularidades em sua fase de desenvolvimento, e o interesse pelas brincadeiras vão surgindo à medida que elas vão crescendo e se desenvolvendo, de acordo com sua faixa etária, e conhecer  essas fases nos possibilita  criar momentos de brincadeiras nas quais trabalhem o desenvolvimento de suas habilidades e capacidades de aprendizagem de acordo com sua real necessidade naquele momento, então respeitar e entender isso é muito importante também no momento do Faz de conta visando o desenvolvimento da criança em todos os aspectos.

À medida que vão crescendo, por volta dos 2 anos elas brincam com brinquedos, objetos, manipulam massinhas, desenhos, baseados em sua imaginação;  por volta do 3 a 5 anos elas já demonstram a capacidade de criar e concretizar sua imaginação na construção do real, fazer comidinha, macarrão com massinha, castelo com peças de montar, microfone com concha, espada com pedaço de madeira, etc. Por volta dos 6 a 7,8 anos já demonstram interesse por jogos e brincadeiras mais elaboradas, jogar dama, dominó, vôlei, etc. Vale ressaltar, que esses momentos dependem muito de fatores culturais também, e a fase de desenvolvimento e particularidade de cada criança o qual devemos respeitar.

 

1.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Nos espaços de Educação Infantil, a criança está em sua fase de desenvolvimento e aprendizagem, dessa forma, nos momentos das interações e brincadeiras, que são os eixos norteadores da prática educacional de aprendizagem na educação infantil, deve ser garantido tempo e espaço para que as brincadeiras aconteçam de forma significativa no desenvolvimento da criança.

O professor da Educação Infantil ao realizar seu planejamento de aula deve promover atividades visando o brincar de modo criativo, dando a oportunidade de autonomia, iniciativa, criação, o desenvolvimento de suas habilidades, do seu cognitivo, imaginário, e do Faz de conta.

Para isso, o professor enquanto mediador do acesso a aprendizagem precisa organizar o espaço com cantinhos e materiais que estimulem a imaginação, como pecinhas de montar, brinquedos, kit de brinquedos de profissões, massinhas de modelar, tendas, cabanas, etc.

Quanto ao tempo e duração das brincadeiras Faz de conta, deve ser medido pelo professor de acordo com o planejamento escolar, porém, no decorrer das brincadeiras, permitir que a criança se sinta livre para explorar sua imaginação e criatividade.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

BOMTEMPO, Edda. A brincadeira de Faz-de-conta: lugar de simbolismo, da representação, do imaginário. In: KISHIMOTO, T. M. (org.). Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. São Paulo: Cortez, 2003.

 

BRASIL. Ministério da Educação. Secretária de Educação Básica. Diretoria de Currículos e Educação Integral. Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da Educação Básica. Brasília: MEC, SEB, DICEI, 2013.

 

KISHIMOTO, Tizuko Morchida. O jogo e a educação infantil. São Paulo: Pioneira,2003.

 

KISHIMOTO, Tizuko Morchida (org.). Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. 7. ed. São Paulo: Cortez, 2003. p. 57-71.

 

OLIVEIRA, Y. D. A docência na educação infantil e o espaço para brincar. Práxis educacional UESB, Vitória da Conquista, v.8, n. 12, 2012. Disponível em< http://periodicos.uesb.br/index. php/praxis/article/viewFile/744/716>. Acesso em 22 de Dezembro de 2021.