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A IMPORTÂNCIA DA MÚSICA NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO

Anieli Barbosa

Trabalho apresentado à Faculdade EFICAZ.

 

RESUMO:

A pesquisa traz como tema a importância da música no processo de alfabetização. Esta trata do uso da música no processo de alfabetização que tem início na Educação Infantil e nas séries iniciais do Ensino Fundamental se consolida. A mesma partiu de revisão bibliografia com a finalidade de analisar as contribuições da música no citado processo. Objetiva compreender as teorias e práticas ligadas à musicalidade, bem como despertar a sensibilidade e criatividade das crianças. A análise apresenta o pensamento e reflexões de autores como Ferreira, Bréscia, Pillet, Jeandot, Loureiro, Willems além de contar com o embasamento do Referencial Curricular Nacional.

 

PALAVRAS-CHAVE: Música. Interações. Ensino. Aprendizagem. Alfabetização.

 

ABSTRACT:

The research focuses on the importance of music in the literacy process. This deals with the use of music in the process of literacy that begins in Early Childhood Education and in the initial grades of Elementary Education is consolidated. The same bibliographical review started with the purpose of analyzing the contributions of music in the cited process. It aims to understand the theories and practices linked to musicality as well as awakening the sensitivity and creativity of children. The analysis presents the thoughts and reflections of authors such as Ferreira, Brescia, Pillet, Jeandot, Loureiro and Willems, besides having the basis of the National Curricular Reference.

 

KEYWORDS: Music. Interactions. Teaching. Learning. Literacy.

 

INTRODUÇÃO

 

Consistindo numa das formas mais completas de manifestar às diversidades culturais de um povo a música é uma linguagem universal. Assim, a alfabetização se constitui um valioso aporte de ideias e possibilidades para o trabalho com música. As atividades musicais oferecem grandes oportunidades de aprendizagens por permitir o aprimoramento de habilidades motoras, desenvolver acuidade auditiva, atenção entre tantos outros. Desde muito cedo a criança já entra em contato com a música, e esse contato necessita de uma mediação consciente, para fazer com que as crianças conheçam melhor a si mesmas, permitindo o desenvolvimento de noções corporais e comunicação com seus pares. Ao incluir atividades com música no cotidiano escolar os educadores estarão lançando mão de mais um recurso para que seus alunos se sintam motivados a desenvolverem conteúdos de forma lúdica e prazerosa.

Atualmente, muitos educadores tem trabalhado a música apenas como forma de imitação, reprodução de um produto que já entregam pronto aos alunos, fazendo uso desses ultrapassados modelos de ensino. Infelizmente tais práticas não exploram a diversidade de recursos presente na música. É preciso que as instituições através dos profissionais de educação foquem na totalidade de riquezas presentes na musicalização.

A pesquisa tem por finalidade compreender teorias relacionadas a musicalização no processo ensino-aprendizagem e sua atuação colaboradora na formação integral do indivíduo. Procura-se também apresentar a mesma como um instrumento facilitador no referido processo, onde por meio de atividades direcionadas favoreça o desenvolvimento do potencial criativo, a sensibilidade, concentração, e alfabetização das crianças.

Foi utilizado o método de pesquisa bibliográfica com a finalidade de analisar as contribuições da música no processo de alfabetização, partindo de uma revisão bibliográfica composta pelos principais autores da área. O levantamento foi feito a partir de fontes como artigos e documentos monográficos. Depois de selecionado, o material foi lido, analisado e interpretado.

A pesquisa será baseada em estudos de autores como Ferreira, Bréscia, Pillet, Jeandot, Loureiro, Willems além de contar com o embasamento do Referencial Curricular Nacional.

 

  1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

 

2.1      CONCEITOS DE MÚSICA

Existem muitas definições para conceituar o significado de música. De uma maneira geral a definem como ciência e arte ou arte e técnica de combinar sons e tonalidades de maneira a ser agradável aos ouvidos. Ferreira (2007) diz que:

 

Nunca devemos esquecer que a música é, além da arte de combinar os sons, uma maneira de exprimir-se e interagir com o outro, e assim devemos compreendê-la. Do mesmo modo que uma série de células deve ser adequadamente combinada para que o resultado seja um tecido ou organismo, e este é mais do que um simples agrupamento, pois existem ligações entre as células, também a música consiste em combinação de sons e as consequentes ligações entre eles, as quais os músicos costumam chamar de “intervalos sonoros”.

 

Cada cultura tem sua própria maneira de conceituar música, e com o passar do tempo, ela tornou-se um elemento característico do ser humano considerando que se faz presente em várias atividades da vida do mesmo. A música tornou-se uma linguagem universal por se fazer presente em todas as culturas e nas mais diversas situações. Jeandot (1997, p. 12) a define como sendo: “Uma linguagem universal, mas com muitos dialetos, que variam de cultura para cultura, envolvendo a maneira de tocar, de cantar, de organizar os sons e de definir as notas básicas e seus intervalos”. Bréscia (2003, p. 25) conceitua a música como “[...] combinação harmoniosa e expressiva de sons e como a arte de se exprimir por meio de sons, seguindo regras variáveis conforme a época, a civilização, etc”.

Apresentando variadas definições, e sendo considerada como uma das mais valiosas e antigas formas de expressão humana, a música é utilizada para diversas finalidades inclusive para exprimir qualquer sentimento e emoção. Deste modo, ela pode ser compreendida como uma linguagem capaz de comunicar e expressar sentimentos. Conforme Bréscia (2003) “a música é uma linguagem universal, tendo participado da história da humanidade desde as primeiras civilizações”.

Conforme dados antropológicos, a princípio a música estaria sendo usada em rituais, tais como:  nascimento, casamento, recuperação de doenças, morte e fertilidade. Conforme as sociedades foram se desenvolvendo, essa também passou a ser utilizada nos louvores a líderes, como acontecia nas procissões reais do antigo Egito e Suméria. A música incorporou ao longo de sua trajetória uma variedade de estilos. Tais estilos ao longo dos anos foram recebendo influencias das mais variadas culturas.

É sabido que a música não caminha sozinha, essa arrasta consigo outros segmentos da Arte, como dança e teatro por exemplo. Nesse contexto tem-se a educação musical sendo obrigatório na Grécia Clássica, tendo indícios de que já havia orquestras naquela época. O Referencial Curricular para a Educação Infantil (BRASIL, 1998, p. 45) destaca:

 

A música está presente em todas as culturas, nas mais diversas situações: festas e comemorações, rituais religiosos, manifestações cívicas, políticas etc. Faz parte da educação desde há muito tempo, sendo que, já na Grécia antiga, era considerada como fundamental para a formação dos futuros cidadãos, ao lado da matemática e da filosofia.

 

Com isso podemos perceber que no passado e no presente a música ganha seu destaque.

De acordo com o Referencial Curricular Nacional (BRASIL, 1998, p.47)

 

A música está presente em diversas situações da vida humana. Existe música para adormecer, música para dançar, para chorar os mortos, para conclamar o povo a lutar, o que remonta à sua função ritualística. Presente na vida diária de alguns povos, ainda hoje é tocada e dançada por todos, seguindo costumes que respeitam as festividades e os momentos próprios a cada manifestação musical. Nesses contextos, as crianças entram em contato com a cultura musical desde muito cedo e assim começam a aprender suas tradições musicais.

 

Para os gregos, apaixonados pela música, essa era considerada uma arte desde os primórdios da civilização, além de uma maneira de pensar e de ser.

 

Desde a infância eles aprendiam o canto como algo capaz de educar e civilizar. O músico era visto por eles como guardião de uma ciência e de uma técnica, e seu saber e seu talento precisavam ser desenvolvido pelo estudo e pelo exercício. O reconhecimento do valor formativo da música fez com que surgissem, naquele país, as primeiras preocupações com a pedagogia da música. (LOUREIRO, 2003, p. 34)

 

 

2.2      PROPRIEDADES DA MÚSICA

A música não pode ser tratada apenas como recreação, afinal, são muitas as suas propriedades. De acordo com Bréscia (2003, p. 41): “A investigação científica dos aspectos e processos psicológicos ligados à música é tão antiga quanto às origens da psicologia como ciência”.

A partir de um estudo realizado pela Universidade McMaster, no Canadá, foi possível perceber que, as crianças que participavam de aula de música, se sobressaiam em relação as que não tinham intimidade com a música, no que diz respeito a testes de memória, matemática e alfabetização. A riqueza de elementos presentes na música, tais como, ritmos, notas, sons e timbres favorecem o desenvolvimento das diferenças cognitivas do cérebro, estimulando a atenção e memória.

Para que haja o pleno desenvolvimento da criança, diversos fatores e metodologias devem ser considerados, dentre eles a música que muito contribui nesse processo. Essa contribuição poderosa da música enquanto recurso educativo se deve a seu poder criador e libertador.

 

A música vem desempenhando, ao longo da história, um importante papel no desenvolvimento do ser humano, seja no aspecto religioso, seja no moral e no social, contribuindo para a aquisição de hábitos e valores indispensáveis ao exercício de cidadania. (LOUREIRO, 2003, p. 33)

 

 

2.3      MÚSICAS NO ENSINO FUNDAMENTAL

 

É prática comum nas escolas, principalmente nas séries iniciais, ouvir música na entrada e na saída do período escolar, no recreio, e ainda, de forma bastante acentuada, nos momentos de festividades que obedecem a um calendário com datas a serem comemoradas pela comunidade escolar. (LOUREIRO, 2003, p. 13)

 

Percebe-se que a música se faz presente no cotidiano da escola, embora a mesma não ocorra de modo sistêmico dentro do espaço educativo.

No mundo contemporâneo, os fatos e informações não param de acontecer, e nossas crianças e jovens tem acesso aos mesmos de forma instantânea. As tecnologias nos trouxeram um novo modo de aprender e assimilar a realidade, e dessa forma precisamos compreender o valor da educação musical nesse contexto. Conforme Loureiro (2003), “Precisamos considerar as experiências, necessidades e linguagens de cada um.”

 

Alunos desinteressados, com pouca concentração e baixo comprometimento, que apresentam superficialidade em suas relações com o ensino-aprendizagem, precisam ser incitados a experimentar formas da apreensão da linguagem musical, mesclando estilos e procedimentos, proporcionando maior abertura para o diálogo e o fazer musical, aliando experiências e vivências com as possibilidades do encontro com o novo. (LOUREIRO, 2003, p. 14)

 

É notória a necessidade de as escolas se atentarem para novas metodologias, buscando melhorar o ensino-aprendizagem das crianças, onde a música tem o poder de atrai-las, motiva-las e deixa-las mais atentas.

 

Os métodos utilizados pela escola para cumprir sua finalidade específica são bastante variados: incluem desde métodos autoritários e unilaterais, que se baseiam na transmissão pura e simples da matéria pelo professor, até métodos em que a aprendizagem se faz a partir das próprias experiências dos alunos, em que estes, ao invés de receber passivamente conhecimentos prontos, elaboram seu próprio conhecimento da realidade. (PILLETI, 1993, p. 87)

 

Em paralelo a tudo isso também pode ter na música a possibilidade de reintegração social e construção de conhecimento.

 

A educação, bem comprometida, não é apenas uma preparação para a vida; ela própria é uma é uma manifestação permanente e harmoniosa da vida. Assim deveria ser com todos os estudos artísticos e, particularmente, com a educação musical, que recorre a maioria das principais faculdades do ser humano. ( Willems, 1970, p.10)

 

Infelizmente, há muito tempo a educação musical se encontra em descaso nas escolas brasileiras. Dentre outros fatores, podemos citar a perca de sua identidade como disciplina, haja visto que a mesma foi incorporada à grade curricular como um dos componentes da disciplina de educação artística.

Buscando superar a velha pedagogia tecnicista, assim como a preocupação em formar indivíduos que sejam plásticos e criativos, com capacidade de enfrentar os desafios do mundo globalizado, criou-se a possibilidade de reinseri-la no currículo do ensino fundamental.

 

Além de uma prática artística, que possibilita as vivências que enriquecem a imaginação e a formação global da personalidade, a educação musical pretende proporcionar ao indivíduo a capacidade de sintetizar forma e conteúdo, como uma resposta criativa ao mundo contemporâneo. (LOUREIRO, 2003, p. 113)

 

2.4      A MUSICA NA ALFABETIZAÇÃO

Tendo em vista o objetivo da ação pedagógica, a música tem ganhado cada vez mais destaque, considerada uma ferramenta respeitável, sendo utilizada para alfabetizar, resgatar a cultura e contribuir no processo de construção do conhecimento das crianças.

 

A principal vantagem que obtemos ao utilizar a música para nos auxiliar no ensino de uma determinada disciplina é a abertura, poderíamos dizer assim, de um segundo caminho comunicativo que não o verbal – mais comumente utilizado. Com a música, é possível ainda despertar e desenvolver nos alunos sensibilidades mais aguçadas na observação de questões próprias à disciplina alvo. (FERREIRA, 2007, p.13)

 

Vimos que é muito válido ao professor utilizar-se da música em suas aulas, pois essa, permitirá trazer a seus alunos o conhecimento de modo mais aceitável, mais criativo e empolgante, o que tornará a aula atraente.

Barreto (2000, p.45), apresenta que:

 

Ligar a música e o movimento, utilizando a dança ou a expressão corporal, pode contribuir para que algumas crianças, em situação difícil na escola, possam se adaptar (inibição psicomotora, debilidade psicomotora, instabilidade psicomotora, etc.). Por isso é tão importante à escola se tornar um ambiente alegre, favorável ao desenvolvimento.

 

É preciso que o professor se dedique, que compreenda a amplitude da música, que tenha sensibilidade para saber qual o tipo de música deve selecionar em determinado momento, para adequá-la a seu planejamento de maneira contextualizada, de modo a cumprir com os objetivos de aprendizagens. Trabalhar de modo integrado as músicas, seus sons, contexto histórico, cultura, as letras, ritmos, entre outras possibilidades.

Proporcionar momentos de leituras de outros gêneros textuais atrelados à música, levando através do processo de leitura e escrita o aluno à compreensão do seu processo de alfabetização, de modo a ser um construtor atuante de seu conhecimento. Enfatizando a alfabetização como decifrar dos códigos sociais linguísticos e o letramento, levando a construção da leitura de mundo e sua real função social.

Nessa perspectiva os PCN’S (Brasil 1998, 85), apontam que:

 

Com este critério, pretende-se avaliar se o aluno utiliza conhecimentos básicos da linguagem e grafia musical, como meios de comunicação e expressão de ideias e sentimentos e se manifesta cooperação, interagindo grupalmente em processos de criação e interpretação musicais.

 

É fundamental que o educador mantenha a disposição de seus alunos os textos e livros musicais apresentados e cantados, para que sejam manuseados, lidos e apreciados. É necessária também a preparação do ambiente de forma acolhedora e contextualizada, assim como os materiais e atividades propostas.

 

Qualquer proposta de ensino que considere essa diversidade precisa abrir espaço para o aluno trazer música para a sala de aula, acolhendo-a, contextualizando-a e oferecendo acesso a obras que possam ser significativas para o seu desenvolvimento pessoal em atividades de apreciação e produção (PCN, Arte 2011 pg.75).

 

Válido ressaltar, que o trabalho com música na alfabetização não deva ser o único destinado a esse fim. O uso da mesma como ferramenta pedagógica deve ser mais um recurso auxiliador e não o único, para que a mesma não fique desgastada e perca seu encanto.

É importante discorrer da necessidade de se trabalhar a música enquanto componente curricular, apresentada e estudada como linguagem artística, forma de expressão e um bem cultural.

 

Uma concepção de educação que pretenda a transformação e o crescimento do indivíduo implica, portanto, maior aproximação e abrangência do conhecimento musical, propiciando, dessa maneira, uma maior aproximação entre os diversos segmentos da cultura e da sociedade. (LOUREIRO, 2003, p. 219)

 

Ou seja, ao passo em que buscamos uma educação de qualidade, é necessário se ter um olhar sensível e atento a importância da música no cotidiano escolar.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Buscou-se através do presente estudo, evidenciar as contribuições da musicalidade no processo ensino-aprendizagem assim como sua importante atuação na formação integral do sujeito. Objetivou compreender a mesma como um instrumento facilitador no referido processo.

Através dessa pesquisa, foi possível constatar que a música, enquanto ferramenta pedagógica   favorece o desenvolvimento do potencial criativo, a sensibilidade, concentração, e alfabetização das crianças.

Com isso, percebe-se a importância do trabalho com música nas salas de aula, onde os professores precisam incorporar a mesma ao seu planejamento de forma a contemplar as necessidades de aprendizagens dos seus educandos, sempre prezando pelo alfabetizar letrando e, desse modo, formar sujeitos que sejam críticos e atuantes na sociedade.

Contudo, percebe-se que o ensino da música, enquanto disciplina, vem sofrendo sério descaso e também merece a atenção do educador, por se tratar de um importante componente curricular na formação da cidadania.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.

 

Disponível    em: http://repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4740/1/MD_EDUMTE_II_2012_3 7.pdf. Acesso em: 15 de novembro de 2018.

 

Disponível em: http://docs.uninove.br/arte/fac/publicacoes/pdf/v3-n1-2012/Maura.pdf Acesso em: 15 de novembro de 2018.

 

Disponível    em:      https://www.webartigos.com/artigos/a-musicalizacao-no-processo- ensino-aprendizagem-na-educacao-infantil-e-series-iniciais/35818/

Acesso em: 15 de novembro de 2018.

 

Disponivel em: Loreiro, Alícia Maria Almeida – O ensino de música na escola fundamental/ Alícia Maria Almeida Loureiro. – Campinas, SP: Papirus, 2003. – (Coleção Papirus Educação). Acesso em: 03 de Janeiro de 2019.

 

Disponível em: pedagogia da música: experiências de apreciação musical/ organização de Esther Beyer e Patricia Kebach; Ana Claudia Specht ... et al. – Porto Alegre: Mediação, 2009. 160 p. Acesso em: 04 de Janeiro de 2019.

 

Disponível em: Ferreira, Martins – Como usar a música na sala de aula. Martins Ferreira. São Paulo: Contexto, 2007.7. ed. (Coleção como usar na sala de aula) Acesso em: 05 de Janeiro de 2019.