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O BRINCAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Ariane Vieira Teixeira de Queiroz

Lucimeia Brito Batista

Mônica Cristina da Silva Borges

Vera Lucia Padilha

 

RESUMO

O artigo tem como tema o brincar na educação infantil, com a linha de pesquisa docência, tem por objetivo revelar a importância do aprender brincando através dos jogos e das brincadeiras. Os conteúdos a serem trabalhados são jogos e brincadeiras, tendo como finalidade a importância de trabalhar o lúdico no desenvolvimento biopsicossocial, com isso desenvolvendo a aprendizagem das crianças. Portanto, o jogo e a brincadeira na educação infantil podem assumir uma posição privilegiada para o processo de constituição do sujeito propiciando subsídios eficazes, rompendo com a visão tradicional de que ela é uma atividade natural de satisfação de instintos infantis? Os recursos necessários são: recursos humanos, cartolina, papelão, tinta guache, cola, farinha de trigo, revista, garrafas pet, entre outros, e a avaliação será mediante a observação e o registro do educador sobre os processos de aprendizagem e desenvolvimento das ações desenvolvidas com as crianças. O referencial teórico deste trabalho reporta-se a autores como: Vagula e Steinle, Suzuki, Souza e muitos outros que valorizam o lúdico na educação infantil.

 

Palavras-chave: Jogos. Brincadeiras. Educação Infantil. Lúdico. Desenvolvimento.

 

1 INTRODUÇÃO

 

O presente artigo tem como tema: O Brincar na Educação Infantil: na linha de pesquisa docência com crianças de 01 a 02 anos, tem por objetivo contribuir com a melhoria do aprendizado das crianças da educação infantil através dos jogos e das brincadeiras; analisar a utilização de propostas pedagógicas lúdicas e sua relação com a reflexão acerca dos jogos e das brincadeiras, como eficazes para a construção de conhecimento.

Como os jogos cooperativos estimulam a socialização e colaboram para a administração da animosidade entre os seus participantes. Sabe-se que são múltiplos os fatores que contribuem para a construção de conhecimentos que marcam o comportamento do ser humano, mesmo na infância, através da relação com os seus semelhantes e pela experiência do cotidiano. Resultado na projeção interior em conjunto com o que lhes é externo, aquilo que assimila por herança familiar, pela educação e pela cultura.

Com os objetivos de desenvolver a criatividade e promover a sociabilidade das crianças em situações que estimulem a aprendizagem, através do desenvolvimento de atividades lúdicas.

O artigo decorre da necessidade de proporcionar as crianças momentos de convivência saudável, amigável, criativo e construtivo; pois através da brincadeira a criança atribui sentido ao seu mundo, se apropria de conhecimentos que a ajudarão a agir sobre o meio em que ela se encontra. Tendo como finalidade a importância de trabalhar o lúdico no desenvolvimento biopsicossocial, com isso desenvolvendo a aprendizagem das crianças. Portanto, o jogo e a brincadeira na educação infantil podem assumir uma posição privilegiada para o processo de constituição do sujeito propiciando subsídios eficazes, rompendo com a visão tradicional de que ela é uma atividade natural de satisfação de instintos infantis?

O desenvolvimento do artigo se dará pela construção de conhecimento através de jogos e brincadeiras.

Os recursos necessários são cartolina, papelão, canetinhas, tinta guache, cola, caixa de papelão, farinha de trigo, revista, folhetos de supermercados, figuras de frutas, corda, garrafas pet, bola, lenço, entre outros. E a avaliação sera através da observação e registro das ações desenvolvidas com as crianças individual e coletiva.

A fundamentação teórica será baseada nos livros: Organização do trabalho pedagógico na educação infantil: reflexão e pesquisa e Ludicidade do 4° semestre do curso, entre outros que valorizam o lúdico na educação infantil.

 

2 A EDUCAÇÃO INFANTIL

 

No começo do percurso histórico a educação da criança esteve sob a responsabilidade exclusiva da família durante séculos, principalmente da mãe. Com a Revolução Industrial possibilitou a entrada em massa da mulher no mercado de trabalho, alterando a forma da família cuidar e educar seus filhos. Alguma família levava as crianças para trabalhar na fábrica, outras utilizavam o trabalho das conhecidas mães mercenárias, as que não optarem pelo trabalho nas fábricas, vendiam seus serviços para abrigarem e cuidarem dos filhos de outras mulheres. E muitas crianças ficaram em situação de abandono nas ruas, com isso surge atendimento em instituições filantrópicas. “Até 1920, essas instituições tinham caráter exclusivamente filantrópico, mas a partir dessa data, a educação passa a ser vista pela sociedade como uma significativa possibilidade de ascensão social e era defendida como direto de todas as crianças” (VAGULA; STEINLE, 2013, p. 3).

As creches, escolas maternais e jardins de infância tiveram, somente no seu início, o objetivo assistencialista, cujo enfoque era armazenar, higiene, alimentação e os cuidados físicos das crianças.

 

Verifica-se que, até meados do final dos anos setenta, pouco se fez em termos de legislação que garantisse a oferta desse nível de ensino. Já na década de oitenta, diferentes setores da sociedade, como organizações não-governamentais, pesquisadores na área da infância, comunidade acadêmica, população civil e outros, uniram forças com o objetivo de sensibilizar a sociedade sobre o direito da criança a uma educação de qualidade desde o nascimento. Do ponto de vista histórico, foi preciso quase um século para que a criança tivesse garantido seu direito à educação na legislação, foi somente com a Carta Constitucional de 1988 que esse direito foi efetivamente reconhecido (PASCHOAL; MACHADO, 2009).

 

Somente com a pressão possibilitou inserção da creche e do pé- escola no sistema educativo na Constituição Federal de1988, no artigo 208, o inciso IV: “[...] O dever do Estado para com a educação será efetivado mediante a garantia de oferta de creches e pré-escolas às crianças de zero a cinco anos de idade” (BRASIL, 1988).

Dois anos após a aprovação da Constituição Federal de 1988, foi aprovado o Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei 8.069/90, que, ao regulamentar o art. 227 da Constituição Federal, inseriu as crianças no mundo dos direitos humanos.

E em 1996 destaca-se a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, que, ao tratar da composição dos níveis escolares, inseriu a educação infantil como primeira etapa da Educação Básica. A legislação nacional passa a reconhecer que as creches e pré-escolas, para crianças de 0 a 6 anos complementando a ação da família e da comunidade.

Em consonância da legislação surge o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, que apresenta subsídios pedagógicos para a educação infantil com o objetivo de contribuir para a implementação de práticas educativas de qualidade para a construção da identidade infantil.

De acordo com o Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil (BRASIL, 1998, p. 23):

 

Educar significa, portanto, propiciar situações de cuidado, brincadeiras e aprendizagem orientadas de forma integrada e que possam contribuir para o desenvolvimento das capacidades infantis de relação interpessoal, de ser e estar com os outros em uma atitude básica de aceitação, respeito e confiança, e o acesso, pelas crianças aos conhecimentos mais amplos da realidade social e cultural.

 

No ano de 1999, o Conselho Nacional de Educação (CNE) aprova as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil, que se propõe a traçar propostas, um caminho, para as práticas educativas, trazendo de forma explícita a questão dos conteúdos para a Educação Infantil.

Brasil (2010) define Educação Infantil como:

 

Primeira etapa da educação básica, oferecida em creches e pré-escolas, às quais se caracterizam como espaços institucionais não domésticos que constituem estabelecimentos educacionais públicos ou privados que educam e cuidam de crianças de 0 a 5 anos de idade no período diurno, em jornada integral ou parcial, regulados e supervisionados por órgão competente do sistema de ensino e submetidos a controle social. (BRASIL, 2010).

 

Para Jesus (2010), ao longo da história da educação, muitos pesquisadores e estudiosos começaram a se interessar pelo o brincar e concluíram que a brincadeira e a atividade lúdica contribuem em muito com consecução do conhecimento, auxilia no processo de aprendizagem. É muito importante valorizar o momento da brincadeira do educando. O brincar na área da educação proporciona não só um meio real de aprendizagem como permite que os educadores desenvolvam sua percepção e aprendam um pouco mais sobre as crianças e suas necessidades, tornando-se capazes de compreender como elas se encontram em sua aprendizagem e desenvolvimento geral, obtendo o ponto de partida para promover novas aprendizagens de forma cognitiva e afetiva. (JESUS, 2010, p. 1)

 

Nos dias atuais não podemos pensar a educação apenas com um caráter assistencialista e sim como ferramenta fundamental no desenvolvimento humano. O trabalho pedagógico na educação infantil deve ser orientado pelo princípio de procurar proporcionar o desenvolvimento da autonomia, bem como gerar conceitos de cooperação e ajuda mútua. Esta construção não se esgota na infância, mas necessita ser iniciada na educação infantil, por meio de atividades lúdicas e se estender ao longo do processo ensino aprendizagem. O contexto lúdico cria um ambiente descontraído que facilita a aprendizagem porque favorece a troca de informações, descobertas e hipóteses entre os alunos.

 

Segundo Suzuki et al. (2012):

 

O lúdico tem sua origem na palavra latina ludus, que quer dizer “jogo”. Se permanecer a sua origem, o termo lúdico referia-se apenas ao ato de jogar, brincar e ao movimento espontâneo. A evolução semântica da palavra “lúdico”, entretanto, não parou apenas nas suas origens e acompanhou as pesquisas de psicomotricidade. Deste modo, a sua definição deixou de ser simplesmente o sinônimo de jogo, e as implicações de necessidade lúdica extrapolaram as demarcações do brincar espontâneo.

 

As atividades lúdicas, dentre elas, os jogos e as brincadeiras, têm o poder sobre a criança de facilitar o progresso de cada uma das funções psicológicas, intelectuais e morais, bem como de influenciar vários outros benefícios pedagógicos, fazendo com que os conteúdos sejam facilitados, uma vez que motivam ao mesmo tempo em que divertem.

Para Barros (2009), ainda que o brincar tenha sido considerado como uma atividade notável para o desenvolvimento infantil, ao longo dos tempos, embora tenha havido progressos em relação à concepção de criança e seu desenvolvimento, a contextualização do brincar no campo educacional ainda não alcançou a relevância dessa atividade, na atualidade.

 

O que presenciamos na maioria das escolas brasileiras, sendo essas de qualquer nível, são currículos engessados, prontos e acabados, em que as necessidades de grupos de crianças ou adolescentes não passam a fazer parte de sua elaboração (BARROS, 2009, p. 45).

 

Nas instituições de Educação Infantil a ludicidade deve caracterizar- se o trabalho pedagógico – o desenvolvimento e a aprendizagem estar relacionados às possibilidades de brincar; a brincadeira é compreendida como uma forma de aprender o mundo por parte da criança. O brincar oferece-nos a possibilidade de que nos tornemos, mas humanos abrindo uma porta para sermos nós mesmos poder expressar-nos, transformar-nos, curar, aprender, crescer (FREIDMANN, 2003, p. 14). Na brincadeira há uma predominância de prazer e da alegria, e não da competição, caracterizando pela ausência de um conjunto de previamente estruturadas.

Para tal, é necessário garantir materiais lúdicos/brinquedos de qualidade e que o profissional que atua com a criança tenha conhecimentos sobre a cultura lúdica.

Cultura lúdica é uma “organização estrutural de normas sociais, rituais, regras de conduta e sistema de significados compartilhados pelas pessoas que pertencem a certo grupo” (VALSINER, 1998 apud CONTI; SPERB, 2001). São regras vagas e genéricas de comportamentos, de crenças, de valores, que possibilitam uma organização da vida cotidiana em uma sociedade.

Silva (2003) diz que:

 

O termo “brinquedo” será entendido como objeto, suporte de brincadeira; assim como “brincadeira” corresponderá à descrição de uma atividade estruturada com regras implícitas ou explícitas; e “jogo” será entendido como objeto que possui regras explícitas e como atividade, sinônimo de brincadeira.

 

Brincando, a criança desencadeia o seu próprio desenvolvimento, construindo e adaptando-se às mais diversas formas de conhecimento. A partir do brincar, portanto, desenvolve habilidades cognitivas que não só dependerão do conhecimento e perícia específicos, mas também do ambiente que facilitará o processo do brincar.

De acordo com Ferreira (2008):

 

A brincadeira é uma linguagem natural da criança sendo importante sua presença na escola desde a educação infantil para que o aluno seja capaz de se colocar e se expressar através de atividades lúdicas – considerando- se como lúdicas as brincadeiras, os jogos, a música, a arte a expressão corporal, ou seja, atividades que mantenham a espontaneidade das crianças.

 

As brincadeiras e os jogos tornam-se recursos didáticos de grande aplicação e valor no processo ensino aprendizagem, a criança aprende melhor brincando, e todos os conteúdos podem ser ensinados através destas atividades lúdicas (brincadeiras e jogos). As atividades de brincar/jogar terão sempre objetivos didáticos pedagógicos e tendem a propiciar o desenvolvimento integral do educando.

A brincadeira é um comportamento presente em todas as culturas, cada qual com suas especificidades (BROUGÈRE, 1998; apud PEDROZA, 2005). Por meio da brincadeira a criança aprende comportamentos, constrói conhecimento, expressa emoções e sentimentos e significa para si a cultura em que está inserida.

É importante observar que:

 

O brincar favorece o relacionamento social e é favorecido por ele, isto é, ao contrário do que se pode supor, o brincar da criança não é determinado por uma criação sua isolada. A criança brinca com o que dispõe na sua cultura, no meio social em que vive, tanto no que diz respeito aos materiais disponíveis como aos temas das brincadeiras, que são extraídos de suas experiências cotidianas. A criança brinca daquilo que vive; extrai sua imaginação lúdica do seu dia a dia (ZANLUCHI, 2005 apud VAGULA; STEINLE, 2013).

 

O “brincar” faz parte de um processo natural que coloca a criança em condições de compreender e desenvolver objetos que fazem parte de suas vidas. As brincadeiras criam um elo importantíssimo entre o imaginário (criatividade) e a concepção (fazer acontecer), servindo como principal referencia para a construção de conhecimento. Ao brincar e jogar, a criança fica tão envolvida com o que está fazendo, que coloca na ação seu sentimento e emoção. Brincando e jogando, a criança aplica seus esquemas mentais à realidade que o cerca, aprendendo-a e assimilando-a. Reproduz as suas vivências, transformando o real de acordo com os seus desejos e interesses. O brincar oferece-nos a possibilidade de que nos tornemos, mas humanos abrindo uma porta para sermos nós mesmos poder expressar-nos, transformar-nos, curar, aprender, crescer (FREIDMANN, 2003, p. 14).

“E importante a criança brincar, pois ela irá se desenvolver permeada por relações cotidianas, e assim vai construindo sua identidade, a imagem de si e do mundo que a cerca” (MALUF, 2013). Por isso, pode-se dizer que através do brinquedo e do jogo, a criança expressa, assimila e constrói a sua realidade.

É importante observar que:

 

Nenhuma criança brinca espontaneamente só para passar o tempo. Sua escolha é motivada por processos íntimos, desejos, problemas, ansiedades. O que está acontecendo com a mente da criança determina suas atividades lúdicas; brincar é sua linguagem secreta, que devemos respeitar mesmo se não a entendemos. (BETTELHEIM, 1984, p. 105).

 

A principal implicação educacional em brincar, é a valorização da atividade lúdica, que tem como consequência o respeito às necessidades afetivas da criança. Promovendo o respeito à criança, contribui para diminuir a opressão dos sistemas educacionais extremamente rígidas, além de resgatar o direito a infância ao mesmo tempo em que tenta salvar a criatividade e a espontaneidade da criança tão avançada pela tecnologia educacional de massa.

Segundo Piaget (1967) citado por “o jogo não pode ser visto apenas como divertimento ou brincadeira para desgastar energia, pois ele favorece o desenvolvimento físico, cognitivo, afetivo e moral”. Através dele se processa a construção de conhecimento, principalmente nos períodos sensório-motor e pré-operatório. Agindo sobre os objetos, as crianças, desde pequenas, estruturam seu espaço e seu tempo, desenvolvendo a noção de casualidade, chegando à representação e, finalmente, à lógica. As crianças ficam mais motivadas para usar a inteligência, pois querem jogar bem, esforçam-se para superar obstáculos tanto cognitivos como emocionais.

De acordo com Queiroz (2003), “o jogo pode ser extremamente interessante como instrumento pedagógico, pois incentiva a interação e desperta o interesse pelo tema estudado, além de fomentar o prazer e a curiosidade”.

O jogo não é simplesmente um “passatempo” para distrair os alunos, ao contrário, corresponde a uma profunda exigência do organismo e ocupa lugar de extraordinária importância na educação escolar. Provoca o crescimento e o desenvolvimento, a coordenação muscular, as faculdades intelectuais, a iniciativa individual, favorecendo o advento e o progresso da palavra; promove oportunidades para a criança vivenciar atitudes étnicas e morai; estimula a observar e conhecer as pessoas e as coisas do ambiente em que se vive. Através do jogo o indivíduo pode brincar naturalmente, testar hipóteses, explorar toda a sua espontaneidade criativa. Sendo essencial para que a criança manifeste sua criatividade, utilizando suas potencialidades de maneira integral, é somente sendo criativo que a criança descobre seu próprio eu.

O jogo é mais importante das atividades da infância, pois a criança necessita brincar, jogar, criar e inventar para manter seu equilíbrio com o mundo. A importância da inserção e utilização dos brinquedos, jogos e brincadeiras na prática pedagógica é uma realidade que se impõe ao professor. Brinquedos não devem ser explorados só para lazer, mas também como elementos bastantes enriquecedores para promover a aprendizagem. Por meio dos jogos e brincadeiras, o educando encontra apoio para superar suas dificuldades de aprendizagem, melhorando o seu relacionamento com o mundo.

É importante ressaltar que:

 

Independente dos lugares onde o jogo venha acontecer, ele não pode ser desvinculado do seu significado. Ele deve sempre se aproximar de sua etimologia de origem latina, que quer dizer divertimento, brincadeira, liberdade. Nesse contexto, não cabe à escola pedagogizar o jogo, tornando sua presença uma eterna estratégia metodológica, na qual cabe apenas ao aluno atingir os objetivos propostos pelo professor por meio do jogo. [...] Portanto, a nossa defesa instala-se na importância do ponto de equilíbrio entre o jogo proposto pelo professor com objetivos educacionais e a liberdade da criança de escolher o que quer jogar (SUZUKI et al. 2012, p. 8).

 

Portanto, é real afirmar que o jogo, as brincadeiras e o brinquedo são importantes, não só porque a criança fica alegre, mas quando estamos vivendo- o, direta e reflexivamente, estamos indo além da sua representação simbólica de vida. O lúdico: jogos, brinquedos e brincadeiras na construção do processo de aprendizagem na educação infantil, podem ser utilizados como forma de incentivar o desenvolvimento humano por meio de diferentes dimensões, que são: o desenvolvimento da linguagem – onde o jogo é um canal de comunicação de pensamentos e sentimentos; o desenvolvimento moral – é um processo de construção de regras numa relação de confiança e respeito; o desenvolvimento cognitivo – dá acesso a um maior número de informações para que, de modo diferente, possam surgir novas situações; o desenvolvimento afetivo – onde facilita a expressão de seus afetos e suas emoções; o desenvolvimento físico-motor – explorando o corpo e o espaço a fim de interagir no seu meio integralmente.

Partindo dessas dimensões, o lúdico: jogos, brinquedos e brincadeiras na construção do processo de aprendizagem na educação infantil, passam a ser ensinado em duas formas e atitudes a serem tomadas: num jogar espontâneo, onde ele tem apenas o objetivo de divertimento e num jogar dirigido, onde ele passa a ser proposto como fonte de desafios, promovendo o desenvolvimento da aprendizagem.

Os professores precisam estar cientes de que a brincadeira é necessária e que traz enormes contribuições para o desenvolvimento da habilidade de aprender e pensar.

 

Considerando as brincadeiras e os jogos como atividades privilegiadas para a formação do desenvolvimento e da aprendizagem na criança e, partindo do entendimento de jogo, enquanto enfatizado e possibilitado de interferências na formação da criança psicofísico e social, surge a seguinte investigação, enfatizando a forma como os profissionais de educação infantil lidam com esse conteúdo (SILVA, 2010).

 

É fundamental que os profissionais que atuam na educação infantil sejam habilitados, que incluam em suas práticas técnicas que valorizem o lúdico e proporcionem atividades lúdicas capazes de instruir no sentido de dar condições de o educando desenvolver noções de regras, espaço e tempo, além do fato de divertir e instigar a imaginação e criatividade, aumentando as possibilidades de interação com o meio.

Antunes (1998, p. 37) destaca que:

 

Jamais pense em usar jogos pedagógicos sem um rigoroso e cuidadoso planejamento, marcado por etapas muito nítidas e que efetivamente acompanhem o processo dos alunos, e jamais avalie qualidade do professor pela quantidade de jogos que emprega, e sim pela qualidade dos jogos que se preocupou em pesquisar e selecionar.

 

Sendo assim fazer um planejamento é essencial para o sucesso de um projeto. Pois ao incluir no planejamento uma atividade lúdica, o professor deve adequar tipo de jogo ou outra atividade lúdica ao seu público e ao conteúdo a ser trabalhado, para que os resultados sejam satisfatórios e alcance os objetivos propostos. O planejamento escolar auxilia o professor em sua prática pedagógica, assegurando um ensino/aprendizagem integrador, questionador, criativo, na formação de indivíduos capazes de participar ativamente em sociedade.

A concepção que temos de planejamento vem das necessidades que a humanidade tem de realizar e transformar as atividades cotidianas em ações daquilo que queremos e pretendemos alcançar. Entretanto, sendo elas simples ou complexas, precisam ser objetivadas para transformar o exercício da prática, algo que é constante em nossas vidas. O planejamento envolve organização das atividades, que permite o direcionamento do docente, dessa forma, apresenta-se como um processo reflexivo de intervenção na realidade e é de fundamental importância para que se atinja êxito no processo de ensino-aprendizagem.

O planejamento é um processo contínuo de análise da realidade escolar em suas condições concretas, de busca de alternativas para solução de problemas e de tomada de decisões. O caráter de processo indica que o plano é um roteiro para a prática, antecipa mentalmente a prática, prevê os passos a seguir, sendo sempre flexível, implicando permanente ação e reflexão dos educadores sobre a prática.

Neste sentido, é importante observar que:

 

O plano evita o improviso, o imediatismo, a ausência de perspectivas, pois ele antecipa, ele prevê. O plano de aula passa a ser referencial, um norte para as ações educacionais... Com o plano é possível então acompanhar o seu desempenho, avaliar se os resultados alcançados foram ou não os esperados, onde houve desvios, quais os problemas enfrentados (SOBRINHO, 1994:3).

 

Ao planejar, devemos enquanto docentes considerar a realidade do nosso aluno, bem como o contexto que está inserido: quem é o nosso aluno, de onde vem, como é a sua vida, sua faixa etária, seu nível de desenvolvimento e os seus pré-requisitos para que o plano esteja direcionado aos seus interesses a necessidades; a escola e suas condições reais: materiais didáticos, quadras esportivas, laboratório, recursos didáticos, bibliotecas, salas de informáticas e outros. Alguns conteúdos necessitam de mais tempo, outros menos; alguns possibilitam um trabalho interdisciplinar que não havia sido previsto; outros foram afetados pelas dispensas ou foram comprometidos pelas ações que envolvem tempo e calendário escolar e etc. Um plano precisa ser flexível e possibilitar ajustes as novas situações não previstas.

 

3 O LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

 

Diante desse contexto de ensino, a utilização de jogos e brincadeiras em aulas da Educação Infantil, possibilita compreender o desenvolvimento da criança pela forma e pela linguagem lúdica específicas da infância. É primordial conhecer o significado de brincar e conceituar os termos principais utilizados sobre o brincar para interpretar o universo lúdico e reconhecer os elementos básicos da ludicidade, pelos quais a criança se comunica com o seu mundo pessoal e com o outro. O ato de brincar é uma forma de comunicação em que a criança tem a oportunidade de reproduzir o seu cotidiano através da linguagem lúdica. Brincar possibilita a aprendizagem e facilita a construção da autonomia, da reflexão e da criatividade; e pode também estabelecer uma relação ao se utilizar jogos pedagógicos que promovam o desenvolvimento físico, cultural, social, afetivo, e cognitivo da criança. É preciso que tanto a família quanto a equipe escolar reconheçam que a ludicidade se impõe necessária no cotidiano na infância.

Para compreender teoricamente este trabalho, citamos Vygotsky (1998), que defendeu a ideia que o educador poderá fazer o uso de jogos, brincadeiras, histórias e outros mecanismos para que através do lúdico a criança possa se sentir desafiada a pensar e a resolver situações-problemas, e, se assim for, as regras aplicadas nas brincadeiras podem imitar as regras utilizadas no mundo social dos adultos. Nesse mesmo sentido, citamos também Oliveira (1997), que diz que a aprendizagem nada mais é do que um processo pelo qual o indivíduo adquire informações, atitudes, habilidades, valores etc., e, complementando o seu pensamento, vão ao encontro da sua abordagem (Kishimoto, 2003; Almeida, 2000; Santos, 1999).

Nesse sentido na Educação Infantil a criança tem contato diretamente com o meio escolar, e esse meio é orientado por um currículo específico para essa faixa etária. Para os anos iniciais o programa curricular aborda os fundamentos do desenvolvimento humano na infância. A natureza da escola é político-pedagógica e como tal objetiva promover uma aprendizagem que contribua para a socialização da criança que, aprende brincando e ao brincar não está apenas se divertindo e sim desenvolvendo uma série de habilidades que vão auxiliar em diversos aprendizados o ato de brincar envolve utilização dos sentidos. Por trás de si deve haver orientação pedagógica que objetive expressar as significações produzidas pela criança e seus pares. Através da brincadeira a criança consegue extravasar suas tristezas, alegrias, angústias, entusiasmos, passividades e agressividades.

Nesse contexto pedagógico, o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI) aponta que a escola é um ambiente propício para o desenvolvimento social e cognitivo da criança (Brasil, 1998). A concepção de infância é historicamente recente (Ariès, 1981). Portanto, faz-se necessário compreender a importância do brincar, que é um dos principais elementos marcadores desta fase.

O presente artigo aborda a questão do lúdico na educação infantil e trata-se de uma pesquisa baseada em estudos bibliográficos, que busca entender a contribuição do lúdico no desenvolvimento da criança na Educação Infantil. Compreendendo que o brincar, divertir-se, significa prazer, alegria, satisfação e se trabalhada pedagogicamente, obter-se-á resultados satisfatórios na sua aprendizagem, pois, a criança se interessará pelo o que está lhe sendo proposto e exposto no processo de ensino-aprendizagem. Desse modo, o lúdico na Educação Infantil, possibilita nas crianças mais vida, prazer e significado, para continuarem ampliando seu repertório intelectual, mesmo quando estão brincando.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Os jogos e brincadeiras tem sua relevância para a construção de conhecimento e desenvolvimento da criança na educação infantil. Os jogos não são fórmulas mágicas, que solucionam todos os problemas da criança, porém ajuda no seu desenvolvimento como ser total, facilitando a descoberta do sujeito dentro de suas singularidades.

As crianças perpetuam e renovam as culturas infantis, desenvolvendo formas de convivência social, modificando-se e recebendo novos conteúdos, a fim de renovar a cada nova geração. É pelo brincar e repetir a brincadeira que a criança saboreia a vitória da aquisição de um novo saber fazer, incorporando-o a cada novo brincar.

A brincadeira na educação infantil pode assumir uma posição privilegiada para o processo de constituição do sujeito, rompendo com a visão tradicional de que ela é uma atividade natural de satisfação de instintos infantis?

 Os jogos e brincadeiras na educação infantil propiciam suportes eficazes para estimulação e construção do conhecimento das crianças?

 

5 REFERÊNCIAS

 

ANTUNES, Celso. Jogos para estimulação das múltiplas inteligências. Petrópolis, RJ: Vozes, 1998.

BARROS, Flávia Cristina Oliveira Murbach de. Cadê o brincar?: da educação infantil para o ensino fundamental. – São Pulo: Cultura Acadêmica, 2009. Disponível em: <http://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/109117/ISBN9788579830235.pdf ?sequence=2> . Acesso em: 27 de Out. 2015

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal, 1988. 305 p.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Diretrizes curriculares nacionais para a educação infantil / Secretaria de Educação Básica. – Brasília : MEC, SEB, 2010.

BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial curricular nacional para a educação infantil. Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental. - Brasília: MEC/SEF, 1998, volume: 1 e 2.

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FERREIRA, Rosalina Gomes. A importância de brincar na educação infantil. 2008. Disponível em: <http://www.webartigos.com/artigos/a-importancia-de-brincar- na-educacao-infantil/11903/>. Acesso em: 27 de Out. 2015

JESUS, Ana Cristina Alves de. Como aplicar jogos e brincadeiras na educação infantil. Rio de Janeiro: Brasport, 2010.

SOUZA, Gracileni Vieira. A LINGUAGEM DO LÚDICO NO DESENVOLVIMENTO

MALUF, Ângela Cristina Munhoz. Brincar: prazer e aprendizado. Petrópolis, RJ: Vozes, 2003.

PASCHOAL, Jaqueline Delgado; MACHADO, Maria Cristina Gomes. A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO INFANTIL NO BRASIL: AVANÇOS, RETROCESSOS E DESAFIOS DESSA MODALIDADE EDUCACIONAL. Revista HISTEDBR On-line, Campinas, n.33, p.78-95, mar.2009. Disponível em:   Out. 2015.

QUEIROZ, Tânia dias. Dicionário prático de pedagogia. São Paulo: Rideel, 2003.

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