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A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO PEDAGÓGICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Adriana Santana

Cleonice Arruda da Silva

Eliane Rosane da Silva de Souza

 

RESUMO

O planejamento pedagógico consta, dentre as diversas atividades do trabalho do professor na educação infantil, como um assunto que traz ideias diversificadas, sendo uma das temáticas que mais acarretam preocupação de serem abordados pelos docentes. Este estudo tem caráter bibliográfico, posto que são usados materiais tais como documentos, livros e artigos científicos: a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, Parâmetros Nacionais de Qualidade para a Educação Infantil e Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. o estudo tem por objetivo analisar os avanços do planejamento na Educação Infantil, a fim de entender sua importância para o desenvolvimento da prática pedagógica na Educação Infantil.  O profissional, enquanto mediador do conhecimento, precisa se preocupar com a apropriação e aumento do conhecimento dos sujeitos, assim, ele demanda determinar relações entre o ensino e aprendizagem em que uma atividade complemente a outra. Por causa disso, o planejamento não pode ser feito de qualquer maneira, sem que exista uma análise profunda acerca dele, posto que montar somente uma lista de tarefas sem que haja uma finalidade nada se adianta. Assim, enquanto educadores deve-se refletir muito em relação as chances que se oferecem as crianças, haja avista que o professor é um dos maiores responsáveis em proporcionar vários conhecimentos aos alunos, e, a melhor forma para que isso aconteça é refletir de como será a sua prática, elaborando o planejamento.

 

Palavras-chaves: Planejamento pedagógico. Educação Infantil. Estratégias. Atividades.

 

INTRODUÇÃO

 

Este artigo é fruto de uma revisão bibliográfica sobre Planejamento Pedagógico na Educação infantil. A motivação por esse tema de estudo surgiu através das observações da atuação profissional na Educação Infantil e debates entre colegas de profissão e instituição escolar. Observou-se que vários professores propunham atividades somente para passar o tempo, como modo de controlar e conter as crianças. Assim, parecia não existir um planejamento para que os docentes pudessem refletir acerca das suas ações pedagógicas, nem propostas de estratégias intencionais com continuidade e que ajudassem no desenvolvimento infantil.

O trabalho do professor é uma tarefa consciente e de grande relevância para a aprendizagem e desenvolvimento cognitivo do aluno, mas para que essa aprendizagem aconteça de maneira organizada e eficaz, é indispensável um planejamento por parte de todos que integram a comunidade escolar. A assimilação do saber, habilidades e o desenvolvimento das capacidades intelectuais na educação infantil oriundas do processo de ensino não tem valor em si mesmos, mas almejam instrumentalizar os estudantes como agentes ativos e participantes do contexto social (ZANON; CHICARELLE, 2019).

O planejamento pedagógico consta, dentre as diversas atividades do trabalho do professor na educação infantil, como um assunto que traz ideias diversificadas, sendo uma das temáticas que mais acarretam preocupação de serem abordados pelos docentes.

Considerando que o planejamento é algo intrínseco do homem e que está inserido em quase todas nossas ações, e é um mecanismo que ajuda a prática pedagógica docente e, alicerçado nas observações e discussões feitas na esfera da Educação Infantil, surgiram as seguintes inquietações: De que modo o planejamento ajuda na prática pedagógica infantil? Qual sua contribuição para o melhor desenvolvimento das crianças?

Para responder as questões acima, o estudo tem por objetivo analisar os avanços do planejamento na Educação Infantil, a fim de entender sua importância para o desenvolvimento da prática pedagógica na Educação Infantil.

Este estudo tem caráter bibliográfico, posto que são usados materiais tais como documentos, livros e artigos científicos: a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, Parâmetros Nacionais de Qualidade para a Educação Infantil e Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil.

O estudo organiza-se em três seções, sendo que a primeira aborda as legislações e documentos oficiais que concebem a Educação Infantil como etapa de nível de ensino. Em seguida apresenta-se as ideias e paradigmas sobre o planejamento e a prática pedagógica e por fim, são expostas as contribuições do planejamento na Educação Infantil como ferramenta fundamental na ação do professor.

 

  1. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

EDUCAÇÃO INFANTIL: LEIS E DOCUMENTOS OFICIAIS

 

A expressão Educação Infantil no âmbito nacional é recente. Sua inclusão e entendimento como nível foi indicado na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LBD 9.394/96), a qual inclui a Educação Infantil como o primeiro nível de ensino da educação básica. Assim, o documento expõe seus propósitos e objetivos:

 

A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança de até 5 (cinco) anos, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade (BRASIL, 1996). Com isso a educação infantil possui objetivos a serem atingidos de modo que a criança possa se desenvolver, tanto no âmbito físico, motor, emocional, social e intelectual.

 

O direito das crianças a uma educação de qualidade desde seus primeiros anos de vida se concretiza a partir da Constituição Federal (CF) de 1988, garante o direito da criança à educação. Em seu em seu artigo 208, inciso IV garante-se: “[...] o dever do Estado para com a educação será efetivado mediante a garantia de oferta de creches e pré-escolas às crianças de zero a seis anos de idade” (BRASIL, 1988). Assim, as instituições, que seguiam a precisão de creche e pré-escola passaram a ter responsabilidades educacionais para com as crianças.

Depois da aprovação da CF de 1988, foi estruturada a lei nº 8.069/90, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), a qual dispõe garantia de direitos humanos para as crianças. De acordo com Ferreira (2000), essa Lei é mais do que um mero regulamento, pela razão:

 

Inseriu as crianças e adolescentes no mundo dos direitos humanos. O ECA estabeleceu um sistema de elaboração e fiscalização de políticas públicas voltadas para a infância, tentando com isso impedir desmandos, desvios de verbas e violações dos direitos das crianças. Serviu ainda como base para a construção de uma nova forma de olhar a criança: uma criança com direito de ser criança. Direito ao afeto, direito de brincar, direito de querer, direito de não querer, direito de conhecer, direito de sonhar. Isso quer dizer que são atores do próprio desenvolvimento (FERREIRA, 2000, p.184).

 

Este estatuto permitiu que as crianças e adolescentes penetrassem a sociedade, tendo seus direitos assegurados bem como os demais sujeitos, sendo supervisionados para que não existisse nenhuma alteração desta lei. Conforme a Lei de Diretrizes de Base da educação (BRASIL, 1996), o planejamento, dentro do âmbito escolar, é papel da equipe gestora, associadamente com o corpo docente escolar, posto que os educadores exercem grande papel para que se cumpra o que foi determinado, tendo por finalidade o processo ensino/aprendizagem dos alunos.

No ano de 1998, um novo documento é estabelecido, específico para a Educação Infantil, o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI), que se prolonga como uma proposta educacional um pouco mais autônoma, com vistas a atender as especificidades de cada localidade, por isso tem por meta:

 

Contribuir para o planejamento, desenvolvimento e avaliação de práticas educativas que considerem a pluralidade e diversidade étnica, religiosa, de gênero, social e cultural das crianças brasileiras, favorecendo a construção de propostas educativas que respondam às demandas das crianças e seus familiares nas diferentes regiões do país. [...] contribuir com as políticas e programas de educação infantil, socializando informações, discussões e pesquisas, subsidiando o trabalho educativo de técnicos, professores e demais profissionais da educação infantil e apoiando os sistemas de ensino estaduais e municipais (BRASIL, 1998 p.9).

 

Acerca das finalidade gerais da Educação Infantil, tal documento ressalta que a prática realizada nessas instituições deve se sistematiza de forma que as crianças criem capacidades como: fortalecer o próprio eu, de forma que a criança se torne independente cada vez mais; ter mais confiança; conhecer seu corpo; seus limites, de maneira que se torne nítido os hábitos de cuidado; constituir vínculos para que ampliem a comunicação social; tomar posições e defender suas ideias, mas, sempre considerando a diversidade (BRASIL, 1998). Ademais, as crianças necessitam aprender a explorar, sempre ter curiosidade em buscar aprender mais, usando diversas linguagens de forma a manifestar sentimentos, necessidades, pensamentos e vontades, achando novos significados.

Além da Educação Infantil estar amparada pelas leis acima listadas, no ano de 1999 foi aprovada as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil, a qual tem por finalidade ajudar as organizações de educação infantil na criação dos currículos. E orientar o docente deste nível de ensino na preparação de suas atividades educativa diárias, junto às crianças.

Porém, apesar das diferentes leis apresentadas acima sobre a educação infantil, nem tudo aconteceu sem dificuldades, é possível verificar que vários ambientes não estão em conforme com o que as legislações sugerem. Acerca dessas diferenças, Barreto (1998) destaca:

 

As instituições de educação infantil no Brasil, devido à forma como se expandiu, sem os investimentos técnicos e financeiros necessários, apresenta, ainda, padrões bastantes aquém dos desejados [...] a insuficiência e inadequação de espaços físicos, equipamentos e materiais pedagógicos; a não incorporação da dimensão educativa nos objetivos da creche; a separação entre as funções de cuidar e educar, a inexistência de currículos ou propostas pedagógicas são alguns problemas a enfrentar (BARRETO, 1998, p.25).

 

Ressalta-se que vários dessas barreiras acontecem pela ausência de formação, de preparação dos profissionais que fazem parte dessas organizações. Para que esses obstáculos na educação de modo geral fossem sanados, foi desenvolvido o Plano Nacional de Educação (PNE), que são metas criadas para serem alcançadas a cada década. O que está em vigor atualmente é o PNE 2014-2024, objetiva-se com esse documento estabelecer as diretrizes, objetivos e ações para a política educacional dos próximos 10 anos. Referente à Educação Infantil, em sua meta 01 o PNE sugere:

 

Meta 1: universalizar, até 2016, a educação infantil na pré-escola para as crianças de 4 (quatro) a 5 (cinco) anos de idade e ampliar a oferta de educação infantil em creches, de forma a atender, no 6 mínimo, 50% (cinquenta por cento) das crianças de até 3 (três) anos até o final da vigência deste PNE (BRASIL, 2014, p. 16).

 

Essa meta dispõe da melhoria na rede de educação, um aumento de forma a assistir todas as crianças em idade pré-escolar e pelo menos a metade das crianças até os 03 anos. Destaca-se que nessa fase pré-escolar está disposta uma categoria da educação infantil, que abrange as crianças de 4-5 anos. Assim, é observável que com o passar do tempo a Educação Infantil teve algumas legislações que garantem às crianças um espaço educacional. No entanto, muitas vezes essas leis não são acatadas, até atualmente ainda vemos muita violação, escolas onde não há vagas para todas as crianças, que não atendem as especificidades da criança nesta faixa etária como a aprendizagem e desenvolvimento. Oliveira (2011) elucida responsabilidades que as creches e pré-escolas precisam ser sujeitadas:

 

Propomos que creches e pré-escolas busquem aproximar cultura, linguagem, cognição e afetividade como elementos constituintes do desenvolvimento humano e voltados para a construção da imaginação e da lógica, considerando que estas, assim como a sociabilidade, afetividade e a criatividade, têm muitas raízes e gêneses (OLIVEIRA, 2011, p.45).

 

Verifica-se que essas instituições devem responsabilizar-se de coordenar aos saberes culturais considerando a diversidade existente na cultura de cada. Essa pluralidade de conhecimentos precisa sempre existir para que não ocorra uma globalização de conhecimentos, onde não há uma ideia diferenciada para a cultura em que a escola está inserida.

Para que isso ocorra, Barreto (1998) destaca que um dos elementos que permite essa qualidade educacional é a formação de docentes, para tal, o professor tem que estar se capacitando permanentemente, aprofundando-se em experiências científicas, mas, além do mais, o educador deve sempre estar atento às questões sociais que está ocorrendo à sua volta e com isso efetivar e ter seu posicionamento na prática educativa.

Destarte, pode-se constatar que a partir da década de 90 apareceram diversas legislações que sustêm a Educação Infantil, contudo, poucas são concretizadas, frequentemente pela ausência de infraestrutura, na esfera física e pela escassez de formação dos profissionais que geralmente desconhecem a direção do planejamento para o ensino e aprendizagem.

 

PLANEJAMENTO E A PRÁTICA PEDAGÓGICA: CONCEITOS E IDEIAS

Para Libâneo (2013), abrange as responsabilidades do ser humano planejar, isto é, a todo instante nós estamos planejando, seja mentalmente ou registrando, sempre que realizamos alguma ação, planejamos com antecedência. Mesmo tendo não tendo a certeza acerca do que acontecerá durante o dia, ao acordarmos planejamos e sistematizamos todas as nossas tarefas, de forma que consigamos conquistar os propósitos diários. Em decorrência disso, mesmo que impensadamente o homem planeja todas suas ações.  Logo, o planejamento escolar tem a finalidade de organizar as atividades pedagógicas, de maneira que os professores tenham suas práticas alicerçadas em ideias que auxiliem o desenvolvimento integral infantil. Nesse viés Libâneo (2013) determina que o planejamento escolar seja uma direção a ser seguida, tanto para as ações como todos os atos que a permeiam:

 

O planejamento escolar é uma tarefa docente que inclui tanto a previsão das atividades didáticas em termos da sua organização e coordenação em face dos objetivos propostos, quanto a sua revisão e adequação no decorrer do processo de ensino (LIBÂNEO, 2013, p.245).

 

Assim, o planejamento escolar está ou no mínimo precisaria estar incluído a uma ideia de educação, de educador, de estudante, que permita um aumento de experiências, trazendo novas definições a sua aprendizagem. Para tal, o docente deve atentar-se a compreender todas estas expectativas de forma a viabilizar o desenvolvimento infantil, sugerindo ações que permitam tais sentidos. Kuhlmann Jr (2005) aponta que a hipótese do estabelecimento de ensino fomenta a preparação e realização do projeto:

 

[...] a caracterização da instituição de educação infantil como lugar de cuidado-e-educação, adquire sentido quando segue a perspectiva de tomar a criança como ponto de partida para a formulação das propostas pedagógicas (KUHLMANN JR, 2005, p. 60).

 

Consequentemente, o planejamento promove uma análise da atividade pedagógica do docente, de tal forma que o profissional organize e tenha ciência do que será tratado em sala de aula.  “O planejamento é um processo de racionalização, sistematização e coordenação da ação do professor, articulando a atividade escolar e problemática da esfera social” (LIBÂNEO, 2013, p. 246). Toda a instituição escolar integra as relações sociais existentes na sociedade, tanto na esfera econômica, quanto política ou cultural, isso significa que o docente tenha que pensar acerca da elaboração do planejamento. Mas, o autor ressalta:

 

[...] a ação de planejar, portanto, não se reduz ao simples preenchimento de formulários para controle administrativo; é, antes, a atividade consciente de previsão das ações docentes fundamentadas em opções político-pedagógicas, e tendo como referência as situações didáticas concretas (LIBÂNEO, 2013, p.246).

 

Desse modo, Libâneo (2013) destaca responsabilidades que precisam ser voltadas ao planejamento, evidenciar princípios, isto é, o planejamento deve associar-se a vivência da criança, toda a experiência que ela já possui, de modo a demonstrar ainda mais nos conteúdos e modos a serem realizados. Ademais, em seu desenvolvimento o docente deve considerar as teorias tal como os documentos que regem a instituição, levando em conta metas e métodos que possam suprir as características da turma, garantindo a coesão de sua aula “[...] objetivos (para que ensinar), os conteúdos (o que ensinar), os alunos e suas possibilidades (a quem ensinar), os métodos e técnicas (como ensinar)" (LIBÂNEO, 2013, p.247).

Vasconcelos (2012, p.80) compreende que o “Planejamento é o processo constante e dinâmico, de análise, tomada de decisão, colocação em prática e supervisão”. Sendo assim, os educadores devem levar em conta a melhor forma de mediar o conhecimento à criança, tendo o entendimento de que o planejamento é um mecanismo que ajuda a prática do professor, não sendo somente uma lista de tarefas que deverá ser mostrada a escola ou a qualquer outra pessoa. O planejamento possibilitará que o docente reflita quais são as características e as dificuldades de cada turma, refletindo então em ações que eliminará estas barreiras.

Ostetto (2000) cita a relevância do planejamento na educação:

 

O planejamento não pode ser confundido com uma ficha preenchida com uma lista do que se pretende fazer na sala de aula. O planejamento educativo deve ser assumido no cotidiano como um processo de reflexão [...] envolvendo ações e situações do educador no cotidiano do seu trabalho pedagógico (OSTETTO, 2000, p. 177).

 

Desse modo, o planejamento didático, é uma ferramenta que quando aplicada e feita pelo professor tem por objetivo sistematizar as atividades do professor de forma que estabeleça os recursos e formas que deverão ser realizados de modo a desenvolver o processo de ensino-aprendizagem. Corsino (2009, p. 117) destaca que “as crianças são o ponto de partida do trabalho e que a educação é uma oportunidade de aumento das suas experiências”. Logo, pode-se observar o quanto o planejamento pode auxiliar de maneira positiva a atuação docente, uma vez que, como visto, ele está intrinsicamente associado ao desenvolvimento da criança, em função disso, toda atenção deve estar direcionada para a realização do mesmo.

 

O PLANEJAMENTO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (9394/96) em ser art. 29, a “Educação Infantil é a primeira etapa da educação básica, onde tem por princípio a promoção às pessoas conhecimentos básicos na formação da cidadania” (LDB, 1996, p.1). Desse modo compreende-se que a escola que atende esta etapa precisa propor várias opções que tendem o desenvolvimento.  Para tal, a prática pedagógica dos professores da Educação Infantil deve permitir às crianças condições para desenvolver as esferas cognitivas, socais, físicas e emocionais.

Pode-se inferir que muito se resolve quando existe um bom desenvolvimento de planejamento e efetivação deste, em função disso, planejar ações que possam ajudar no desenvolvimento das crianças em todas as fases do ensino, trazem muitas possibilidades de aprendizagem, sendo estas aplicadas como estratégia pedagógica no processo de ensino aprendizagem. Para aconteça dessa maneira, os professores da Educação Infantil devem entender a importância e o sentido do planejamento. Vasconcelos (2012) cita o planejamento como auxílio e mudança na ação pedagógica docente: 

 

O planejamento enquanto construção-transformação de representação é uma mediação teórica metodológica para ação, que em função de tal mediação passa a ser consciente e intencional. Tem por finalidade procurar fazer algo vir á tona, fazer acontecer, concretizar, e para isto é necessário estabelecer as condições objetivas e subjetivas prevendo o desenvolvimento da ação no tempo (VASCONCELOS, 2012, p. 79).

 

Sendo assim, observa-se o quanto o planejamento bem elaborado pode impactar positivamente em uma sala de aula, haja vista que com ele o docente traça as metas a serem alcançadas, pensando nas particularidades de sua turma.

Contudo, não é essa valorização que é associada ao planejamento nas instituições de Educação Infantil, o que foi constatado nestes lugares em alguns estudos é que os profissionais da área parecem não entenderem o sentido do planejamento. A observação que se faz é que a maior parte dos professores não consideram a real finalidade do planejamento. Assim, não dão sentido em criar o mesmo, posto que, não acreditam que isso contribuirá nas suas aulas. Acham perda de tempo da hora-atividade na formulação de planos ao passo que poderiam estar fazendo outros trabalhos, como aponta Vasconcelos (2012). Em decorrência, é imperativo que exista a conscientização dos profissionais da educação de que o planejamento é um instrumento que ajuda a prática pedagógica.

O planejamento é um ato de reflexão, em que o docente dá sentido a ele. Fusari (1998) atesta que:

 

O planejamento do ensino é o processo de pensar, de forma "radical", "rigorosa" e "de conjunto", os problemas da educação escolar, no processo ensino-aprendizagem. Consequentemente, planejamento do ensino é algo muito mais amplo e abrange a elaboração, execução e avaliação de planos de ensino (FUSARI, 1998, p.45).

 

Entende-se assim, que o planejamento não pode ser criado de qualquer modo, sem a existência de uma criticidade ao analisar para que e para quem ele está sendo feito, levando em conta os limites e possibilidades cada turma, em razão disso, não é viável usar o mesmo planejamento em várias turmas, uma vez que as demandas de uma podem não ser da outra.

Traçado essas considerações, destaca-se que todos os professores que atuam em sala de aula da Educação Infantil devem ter suas práticas alicerçadas em teorias que ajudem no desenvolvimento da criança em todos as esferas, de forma que o planejamento aperfeiçoe o conhecimento da criança.  Para tal, Corsino (2009) sugere inquisições que precisam ser estimuladas no momento do desenvolvimento do planejamento para que leve em conta suas especificidades:

 

Como ela aprende?  Quais são suas conquistas?; Como posso organizar o trabalho para desafiá-la a ir adiante?; Que perguntas e intervenções eu preciso formular para provocar reflexões e avanços no seu desenvolvimento?; Como organizar o tempo e o espaço escolar para ampliar as possibilidades socializadoras e criativas das crianças? (CORSINO, 2009, p. 118).

 

Todas essas preocupações explanadas pela autora acima são de grande relevância para se refletir quando está sendo elaborado um planejamento, haja vista que são indagações que direcionam a prática pedagógica e faz com que o planejamento inclua todas as expectativas almejadas.

Quando se pensa no ato de planejar, não exatamente se reflete apenas a atividades no aspecto teórico, evidencia-se ainda a brincadeira, porém, esta ação não pode ser um brincar somente para passar o tempo, o docente deve considerar atividades que de algum modo sejam educativas, que fazem a criança pensar. O brincar na educação infantil é fundamental, uma vez que ele traz para a criança uma sensação de prazer, significados, além de proporcionar a socialização.  Planejar faz com que pensamos e refletimos sobre a ação com a criança. Saito (2015, p.20) ressalta que é essencial ter um “olhar que não esteja naturalizado pela mesmice da rotina imposta sem reflexão acerca da rotina das escolas de Educação Infantil. Um olhar que consiga articular e educar”.

Em suma, salienta-se que o professor que atua nas escolas de Educação Infantil deve ter amplo acerca do desenvolvimento infantil para que consiga compreender cada fase da criança, como ela age em cada etapa e de que modo poderá fazer as intervenções e estimulação para elas. As crianças precisam ser sempre incentivadas a interagir junto com as crianças, em todos os momentos que estiverem juntas, seja nas tarefas dirigidas ou livres, e estar disposto a participar com os alunos, uma vez que é nesta etapa da vida que a criança precisa de atividades com movimento, desenvolver a coordenação motora ampla, posto que se esta for estimulada por efeito, ampliará a sua capacidade cognitiva.

 

  1. CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

O desenvolvimento deste artigo permitiu um conhecimento de como o planejamento na Educação Infantil pode promover uma melhora na prática pedagógica docente. Ademais, as literaturas consultadas, documentos e leis revelam os objetivos deste nível de ensino que devem ser alcançados.

Em função disso, entende-se que o planejamento é uma prática que precisa ser feita na Educação Infantil, bem como nos demais níveis de ensino, haja vista que na realização de um planejamento, o docente deve ter um período de reflexão, uma vez que, como destacado, além de propiciar um olhar específico para a criança, possibilita ainda uma melhor organização do tempo. Trata-se, portanto, de uma ferramenta que auxilia o profissional para uma elaboração real do que será aplicado, de forma que ele possa alcançar as especificidades de todas as crianças e por efeito, o desenvolvimento delas.

O profissional, enquanto mediador do conhecimento, precisa se preocupar com a apropriação e aumento do conhecimento dos sujeitos, assim, ele demanda determinar relações entre o ensino e aprendizagem em que uma atividade complemente a outra. Por causa disso, o planejamento não pode ser feito de qualquer maneira, sem que exista uma análise profunda acerca dele, posto que montar somente uma lista de tarefas sem que haja uma finalidade nada se adianta. Assim, enquanto educadores deve-se refletir muito em relação as chances que se oferecem as crianças, haja avista que o professor é um dos maiores responsáveis em proporcionar vários conhecimentos aos alunos, e, a melhor forma para que isso aconteça é refletir de como será a sua prática, elaborando o planejamento.

 

REFERÊNCIAS

 

BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei nº 9394, de 20 de dezembro de 1996. Dispõe sobre as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília, DF: MEC, 1996.

 

______. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial curricular nacional para a educação infantil. Brasília, DF: MEC/SEF, 1998.

 

______. Plano Nacional de Educação (PNE). Plano Nacional de Educação 20142024: Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014.

 

BARRETO, A. M. R. Situação atual da educação infantil no Brasil. In: BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Subsídios para o credenciamento e funcionamento de instituições de educação infantil. v. 2. Coordenação Geral de educação infantil. Brasília: MEC/SEF/COEDI, 1998.

 

CORSINO, P. Considerações sobre o planejamento na educação infantil. In: CORSINO, P. (org.) Educação Infantil: cotidiano e políticas. Campinas: Autores Associados, 2009.

 

 

FERREIRA, M.C.R. (Org.). Os fazeres na educação infantil. São Paulo: Cortez, 2000.

 

 

FUSARI, J.C. O Planejamento do Trabalho Pedagógico: Algumas Indagações e Tentativas de Respostas, 1998.  Disponível em < http://www.crmariocovas.sp.gov.br/pdf/ideias_08_p044-053_c.pdf> Acesso: 05 fev. 2022.

 

KUHLMANN JR., M. Infância e educação infantil: uma abordagem histórica. Porto Alegre: Mediação, 1998.

 

LIBÂNEO, J.C. Didática. 2 ed. São Paulo: Cortez, 2013 

 

OSTETTO, L.E. Planejamento na Educação Infantil: mais que a atividade, a criança em foco. In: OSTETTO, Luciana Esmeralda (org.) Encontros e encantamentos na Educação Infantil: partilhando experiências de estágio. Campinas, SP: Papirus, 2000.

 

VASCONCELOS, C.S. Planejamento: projeto de ensinoaprendizagem e projeto político-pedagógico. 22ed. São Paulo: Libertad Editora, 2012.

 

ZANON, A.P.R.; CHICARELLE, R.J. O planejamento e suas implicações na prática pedagógica na educação infantil. 2019.17f. Artigo (Graduação em Pedagogia) - Universidade Estadual de Maringá, Maringá, 2019.