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A EDUCAÇÃO INFANTIL NA ERA DIGITAL: UM ESTUDO DE REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Adriana Santana

Cleonice Arruda da Silva

Eliane Rosane da Silva de Souza

 

RESUMO

A educação está em constante processo de transformação, em função disso, é importante fazer uma reflexão referente à infância, a importância da brincadeira e as repercussões da tecnologia. O estudo tem como objetivo geral investigar como a era digital tem influenciado no desenvolvimento. Na realização deste trabalho, buscando atender o objetivo proposto, foi feita uma pesquisa bibliográfica de caráter descritivo e exploratório, com uma abordagem qualitativa, sendo realizado um estudo para familiarização do tema e em seguida o aprofundamento do estudo. A coleta dos dados foi realizada durante o mês fevereiro de 2022. Foram revisados artigos indexados nas bases de dados como Google acadêmico, Medline, Scielo, publicados de 2011 a 2021, na língua portuguesa e em inglês. Hoje em dia, é natural que as crianças desde muito novas, tenham contato com algum tipo de tecnologia, tais como: celular, tablet, smartphone, entre outros. Antes mesmo de aprender a falar, já conseguem manusear um aparelho eletrônico. O uso precoce da tecnologia acarreta um conjunto de questões referentes ao desenvolvimento afetivo, cognitivo e social infantil. Ao levar em conta o processo de transformação da educação e os impactos da Era Digital na infância, foi possível observar a relevância do assunto para todos os futuros professore e profissionais da área, aos pais e responsáveis pelas crianças e para a sociedade em como um todo, considerando que são fatores associados e trazem influências em todos os aspectos.

 

Palavras-chaves: Infância; Tecnologia; Desenvolvimento; Aprendizagem; Estratégias.

 

  1. INTRODUÇÃO

 

O estudo apresentado caracteriza-se tem como temática “A Educação Infantil na Era Digital”. A motivação pelo tema surgiu a partir de observações rotineiras e do desejo de explorar como a tecnologia, ainda que seja um mecanismo facilitador de hoje em dia, quando usada de maneira exagerada, pode trazer consequências no desenvolvimento infantil e por efeito na vida adulta.

A educação está em constante processo de transformação, em função disso, é importante fazer uma reflexão referente à infância, a importância da brincadeira e as repercussões da tecnologia. Tais fatores que estão introduzidos no dia a dia precisam ser estudados não somente por professores da Educação Infantil, mas ainda, pelos pais e responsáveis e pela população em geral, uma vez que são causas que estão interligadas e trazem influências a todos os contextos.

É notório que as crianças deste século não são iguais às de gerações passadas, o modo de brincar, de falar, de se comunicar e socializar são outros, diversos desses fatores ocorrem em razão do fato do advento da era digital e o quanto eles influenciam pontualmente no desenvolvimento e aprendizagem. Logo, é necessário refletir como os pais e educadores devem estar preparados para atuar frente a essas transformações, o que justifica a realização deste estudo.

Assim, por meio de uma revisão bibliográfica, este estudo tem como objetivo geral investigar como a era digital tem influenciado no desenvolvimento da criança na educação infantil.

 

  1. METODOLOGIA

 

Na realização deste trabalho, buscando atender o objetivo proposto, foi feita uma pesquisa bibliográfica de caráter descritivo e exploratório, com uma abordagem qualitativa, sendo realizado um estudo para familiarização do tema e em seguida o aprofundamento do estudo.

A pesquisa descritiva, mesmo que conduza a ideia de descrever ou relatar uma situação (BERTUCCI, 2011). De acordo com Gil (2002) a pesquisa exploratória tem como finalidade proporcionar maior familiaridade com o problema, com o intuito a torná-lo mais explícito ou a elaborar hipóteses, abrange o levantamento bibliográfico e entrevistas. Quanto aos meios o estudo utilizou uma revisão bibliográfica para obter conhecimento teórico para nortear o trabalho (GIL, 2008).

O método de análise qualitativo é utilizado quando o objeto de estudo não é bem conhecido. Por sua capacidade de fazer surgir características novas, de ir ao fundo do significado e de estar na perspectiva do sujeito, são aptos para descobrir novos nexos e explicar significados (SERAPORINI, 2000).

A coleta dos dados foi realizada durante o mês fevereiro de 2022. Foram revisados artigos indexados nas bases de dados como Google acadêmico, Medline, Scielo, publicados de 2011 a 2021, na língua portuguesa e em inglês. Foram utilizadas as palavras-chaves: Infância; Tecnologia; Desenvolvimento; Aprendizagem; Estratégias.

Em seguida foi exposta a revisão e síntese do conhecimento que foi observado em artigos analisados sobre o tema em questão. A análise dos dados foi realizada, baseada nos artigos selecionados, em que foi possível observar, contar e somar, descrever e qualificar os dados, para aglomerar o conhecimento produzido através da temática nessa revisão (SOUZA; SILVA; CARVALHO, 2010). Ou seja, baseou-se na produção do documento que engloba a descrição das fases percorridas pelo revisor e os resultados fundamentais revelados da análise dos artigos incluídos.

 

  1. REVISÃO DE LITERATURA

O MUNDO CONTEMPORÂNEO E O SURGIMENTO DO NATIVO DIGITAL

 

De acordo com Presnsky (2001, p. 1) o surgimento do nativo digital ocorreu por volta de 1990 e por estarem cercados pelas Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDIC). O mundo digital é parte integrante da vida desses alunos, desse modo, “[...] o grande volume de interação com a tecnologia, os alunos da atualidade pensam e processam as informações bem diferentes das gerações passadas.”

Segundo pesquisas realizadas por Palfrey e Gasser (2011, p. 13) os nativos digitais têm habilidades com as TDIC em diversos âmbitos como nos relacionamentos (redes sociais), procura de informações, novos meios de comunicação, oportunidade de aprender. Pode-se confirmar, consequentemente, que "[...] o mais incrível, contudo, é a forma em que a era digital modificou a maneira como as pessoas vivem e se relacionam umas com as outras e com o mundo que as cerca."

Os nativos digitais, conforme as palavras de Franco (2013), possuem familiaridade com a utilização de computadores, games e vídeo games conectado ao ciberespaço. É nessa esfera ainda que acontecem as relações sociais, uma vez que através das redes sociais compartilham como o mundo seus pensamentos, fotos, vídeos, com pessoas que fazem parte do seu convívio social verdadeiro e até com pessoas que somente nutre contato de modo virtual. São capazes de buscar informações e processar o recebimento de tudo isso com grande velocidade, fazem várias tarefas concomitantemente.

Observa-se frente aos achados que os que não provieram na era digital, mas que vivem com as TDIC e que possuem atitudes de abertura para as oportunidades do ciberespaço são vistas como imigrantes digitais. Logo, pode-se considerar que os nativos digitais são aqueles que se originaram e desenvolveram-se em tempo da tecnologia digital, ao passo que os imigrantes digitais surgiram na era analógica, tendo migrado em seguida para a era digital.

Como resultado disso, nativos e imigrantes digitais compreenderiam e processariam informações de modos divergentes, dessa maneira:

 

O único e maior problema que a educação enfrenta hoje é que os nossos instrutores Imigrantes Digitais, que usam uma linguagem ultrapassada (da era pré-digital), estão lutando para ensinar uma população que fala uma linguagem totalmente nova. (PRESNKY, 2001, p. 2).

 

Com base nessa pesquisa realizada, desenvolveu-se o seguinte quadro comparativo.

Quadro 1: Imigrantes Digitais x Nativos Digitais.

Imigrantes Digitais

Nativos Digitais

Livros

Textual

Sotaque

Raciocínio lento

Método

Ordem

Uma coisa por vez

Teoria

Aprendizado individual

TV, Internet e games

Visual

Falantes nativos

Raciocínio rápido

Tentativa e erro

Acesso randômico

Multitarefas

Prática

Aprendizado colaborativo

Fonte: Elaboração própria com base em Presnky (2001); Palfrey e Gasser (2011).

Através das informações contidas do quadro acima, é possível considerar que uma grande parcela dos professores de hoje tem aspectos parecidos às dos imigrantes digitais, contudo isso não pode ser levado em conta como empecilho para as relações essenciais no processo de ensino e aprendizagem. É válido conhecer este espaço de imergência viabilizado pela era tecnológica, e desse modo visar o aperfeiçoamento diário e pensar não mais como um profissional que irá ensinar, e sim, permear relações para a produção do saber, usando para tal dos recursos disponíveis e sempre considerando as demandas dos estudantes.

No entanto, em estudo em seguida, Prensky (2012) revisou a definição de nativos digitais e passou a utilizar a terminologia sabedoria digital, a qual não será explorado nesse estudo.

Por outro prisma, e em contraste a essas concepções, outras literaturas mais atuais leva em conta que a existência dessa atual geração ainda conhecida como digital e as características que englobam seu processo de ensino e aprendizagem ainda são alicerçados no senso comum, haja vista que ainda exista pesquisas científicas baseadas em estudos empíricos acerca do tema. O que acontece é os aspectos apontados não mostram especificidades como conceito próprio da faixa etária, localização geográfica, situação socioeconômica, entre outros.

Assim, mais do que a mera aquisição de conhecimentos, a sociedade em atual que vivemos demanda de cada pessoa o desenvolvimento de uma série de competências fundamentais, especificamente a de adaptação à mudança, sendo isso singularmente importante para todos os que realizam já uma atividade profissional real, qualquer que ela seja.

 

A ATUALIDADE DA ERA DIGITAL NO CONTEXTO INFANTIL

 

Hoje em dia, é natural que as crianças desde muito novas, tenham contato com algum tipo de tecnologia, tais como: celular, tablet, smartphone, entre outros. Antes mesmo de aprender a falar, já conseguem manusear um aparelho eletrônico. O uso precoce da tecnologia acarreta um conjunto de questões referentes ao desenvolvimento afetivo, cognitivo e social infantil.

 

A tecnologia é vista como responsável pela transformação das relações sociais, de nosso funcionamento mental, de nossas concepções básicas de conhecimento e cultura – e, o que é crucial neste contexto, pela transformação do que significa aprender, e ser criança (BUCKINGHAM, 2007, p.71).

 

Com o advento da internet, diversas brincadeiras tradicionais, como: jogar bola, soltar pipa, pular corda e brincar de amarelinha foram trocadas pelos jogos eletrônicos e das redes sociais. O aparelho eletrônico é um dos responsáveis diretos por impedir as crianças de brincarem e de compartilhar outros modos de interação saudável.

De acordo com o estudo de Vygotsky (2015, p. 135) durante esta fase de progressos tecnológicos, os brinquedos e as brincadeiras estão adquirindo um novo conceito, haja vista que as crianças estão deixando de brincar e socializar em função da intervenção do computador, celular, televisão e outros instrumentos eletrônicos que deixam o espaço e o tempo da criança restrito somente a imaginação e não a manipulação que corresponde ao contexto real.

Atualmente, através das novas tecnologias e especialmente com o uso da internet é possível ter acesso fácil à várias formas de informações acerca de qualquer assunto. Geralmente, as crianças passam a maior parte do tempo conectadas a conteúdos que não foram escolhidos pelos seus pais ou ao menos tem um monitoramento diário.

As redes sociais, cada vez mais evidentes no contexto das crianças, são responsáveis por causar uma nova era digital, uma vez que por meio delas o diálogo ocorre de modo mais rápida e simples. Outro ponto relevante para se refletir é o alcance e o potencial que essas redes permitem.

As plataformas digitais, entre elas o “Youtube” e o “Instagram”, são hoje uma das mais acessadas entre os nativos digitais da internet. O “Youtube” é um site construído por conteúdo desenvolvido pelos próprios usuários. Nos canais desses aplicativos, os usuários são livres para falar de vários assuntos, existem canais de humor, brincadeiras, jogos, desafios e entre outros conteúdos.

Ademais, a liberdade de desenvolvimento de conteúdos proporciona a aproximação com a linguagem do público e traz a impressão de familiaridade entre o usuário e o youtuber. Essa aproximação e a escolha de falar acerca de qualquer tema permite que os influenciadores digitais, admirados por milhares de seguidores, falem palavrões, criem uma linguagem inadequada ou realizem desafios que propõem condutas inconvenientes, especialmente com crianças.

Frente a essas considerações, o conteúdo consumido pelas crianças precisa ser objeto de monitoramento dos pais. Geralmente, os canais mais assistidos pelas crianças têm um protagonista que fomenta o consumismo excessivo, hábitos inadequados e o desperdício. Somado a isso, a apologia a comida, o estímulo ao consumismo de certos tipos de brinquedos da moda, ou ainda a mudança na forma de falar são alguns fatores oriundos do uso das mídias na infância.

  

A rede midiática e de consumo em que as crianças vivem mobiliza o desejo, estimula a imaginação, cria necessidades, padrões de exigência, significados, capital simbólico e práticas que são compartilhadas pelas crianças [...] (MOMO, 2007, p.122).

 

Outro meio muito comum na infância são os jogos eletrônicos, esse recurso usado especialmente por crianças e adolescentes como modo de lazer, ainda que muito debatido por diversos estudos, é um assunto que causa preocupações aos pais e professores. Por um lado, há quem defenda que os jogos eletrônicos auxiliem o aprendizado de forma significativa, viabilize a socialização e auxilie a elaborar habilidades motoras e afetivas.

 

Os jogos eletrônicos desenvolvem a curiosidade, a iniciativa e a autoconfiança, proporcionando o desenvolvimento da linguagem, do pensamento e da concentração. Podem auxiliar a criança em suas habilidades sociais, tais como: respeito, solidariedade, cooperação, obediência, responsabilidade e iniciativa (RIZZI, 1994, p.36).

 

Por outro prisma, uma das razões de maior inquietação é referente ao tempo que as crianças passam em contato com os celulares jogando. Além de causar prejuízos a saúde física e mental, a utilização exagerada pode reduzir o rendimento escolar e acometer as relações sociais.

 

O ato de jogar games é tradicionalmente uma atividade sedentária. Juntando essa característica com o crescente tempo disponibilizado para essa atividade, crianças e adolescentes tem estado cada vez mais sedentários e, consequentemente, desenvolvem mais quadros de obesidade (EISENSTEIN; ABREU; STEFONI, 2013, p.122).

 

Para alguns especialistas na área, a violência relacionada aos jogos e o conteúdo agressivo nos meios eletrônicos têm se destacado como uma das principais questões negativas. Contudo, outros estudiosos defendem que precisa existir um equilíbrio.

 

OS BENEFÍCIOS E MALEFÍCIOS DA TECNOLOGIA NA INFÂNCIA A INFLUÊNCIA DA INTERNET NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA

 

Por muito tempo existiu uma discussão entre aqueles que são a favor ou contra os meios digitais na fase infantil. Há os que defendem que essas fomentam a criatividade e ajudam o processo de ensino-aprendizagem. Diferentemente, aqueles quem culpam esses mecanismos por tantos problemas físicos e psicológicos. Frente a isso, não se pode desconsiderar nenhum dos pontos de vista, deve-se verificar tal instrumento fundamental do nosso dia a dia e que está presente no desenvolvimento das crianças.

Segundo Eisenstein, Abreu e Stefenon (2013), as mídias são imprescindíveis, fortes e cada vez mais fundamentais. Essencialmente, elas não são prejudiciais e nem favoráveis, mas podem vir a ser, dependendo da forma que são utilizadas. Para compreender os impactos das mídias nos dias atuais, é preciso levar em consideração o contexto que estamos vivemos e as transformações ocorridas pelas era digital. É nítido que as brincadeiras e a maneira de socialização das crianças não são mais as mesmas de anos atrás. Logo, alguns autores refletiram a magnitude que as mídias digitais têm atingido e as principais influências de tal ferramenta em nosso dia a dia e no desenvolvimento das crianças.

 

Os computadores são acusados de prejudicar a vida social: eles aparentemente tornam as pessoas antissociais, destruindo a interação humana normal e o aconchego familiar. Os jovens acabam preferindo a distância e o anonimato da comunicação virtual à realidade das interações face a face (BUCKINGHAM, 2007, p. 69).

 

Esses fatores põem em risco a saúde física e psicológica infantil, nos últimos anos, a obesidade tem alcançado indivíduos em idades muito precoces. Tal patologia ocasionada em razão do sedentarismo tem como etiologia a alimentação inadequada além da utilização de mecanismos eletrônicos, posto que estes ajudam para a redução da necessidade de locomoção. A criança sedentária pode se tornar um adulto sedentário e propenso a ter outras complicações como hipertensão e diabetes. Por outro lado, há certas alternativas para tentar diminuir tais danos:

 

Na tentativa de diminuir as consequências negativas do sedentarismo e ir ao encontro da popularidade dos games, hoje há jogos que proporcionam a prática de exercício físico. Exemplos disso são jogos de dança ou de esportes nos consoles atuais, como Nintendo Wii e X-Box Kinect (EISENSTEIN; ABREU; STEFENON, 2013, p.122).

 

Apesar disso, é essencial destacar que com a atual insegurança, muitos pais optam por deixarem seus filhos dentro de casa sentados por horas em frente à televisão ou a um computador. Apesar da comodidade que a tecnologia promove, essa é uma atitude que aumenta a chance de ocorrência de doenças, distúrbios físicos ou psicológico na criança, além de impossibilitar o seu amplo desenvolvimento. Assim, deve-se ressaltar que a brincadeira tem função importante nessa fase para o desenvolvimento e aprendizagem infantil. O brincar é a maneira que a criança tem de aprender o universo ao seu redor, de se expressar, socializar com outras crianças e desenvolver a sua motricidade e criatividade.

 

A brincadeira e o jogo interferem diretamente no desenvolvimento da imaginação, da representação simbólica, da cognição, dos sentimentos, do prazer, das relações, da convivência, da criatividade, do movimento e da autoimagem dos indivíduos (KISHIMOTO, 2000, p.110).

 

Hoje, pais ou responsáveis tentam preencher a escassez de tempo e de atenção, tentando contentar aos filhos presenteando-os com celulares, notebooks, tablets e entre outros. Contudo, a ausência de monitoramento dos responsáveis pode abrir portas para indivíduos mal-intencionados, e um dos efeitos disso é que aplicativos que antes eram voltados a adultos, como os sites de bate-papo online, sites de relacionamento e as mensagens instantâneas, atualmente são naturalmente acessadas por crianças. O anonimato viabilizado pela internet, associado à falta de monitoramento dos pais são motivos que auxiliam: o abuso sexual nessa fase, a exposição a conteúdos inadequados e a publicação de dados privados. Essas pessoas mal-intencionadas virtuais usam frequentemente de dados publicados pela própria pessoa, tais como os locais frequentados, a escola onde estuda, os amigos e entre outras informações pessoais.

 

As mídias refletem e ao mesmo tempo produzem a “aceleração” do crescimento da criança. Ao simplificar o acesso das crianças à informação, a TV e a internet abrem-lhes as portas a experiências antes reservadas aos adultos como por exemplo cenas de violência ou de intimidade sexual que uma criança pequena não seria capaz de imaginar a partir de uma descrição verbal são agora apresentadas direta e graficamente na tela da televisão (BUCKINGHAM, 2007, p.38).

 

Outro aspecto avaliado por pais e educadores é quanto à utilização da internet concernente à influência na leitura e escrita dos pequenos. Por um prisma, é nítido que as novas tecnologias são capazes de fornecer alternativas para a criatividade e abrem horizontes para as crianças se expressarem melhor, por meio das mensagens e dos textos, a tecnologia ajuda o aumento do vocabulário e trabalha a escrita. Ademais, é possível achar na internet uma quantidade de bibliotecas digitais e virtuais, o que ajuda para o aumento do ensino e da pesquisa. Por outro lado, de acordo com Buckingham (2007, p. 43):

 

A diminuição do interesse pela leitura de livros e o hábito de abreviar as palavras nos aparelhos eletrônicos contribuem para a defasagem na oralidade e na escrita. Assistir em vez de conversar destrói a habilidade das crianças desenvolverem sua própria voz e seus poderes imaginativos. (BUCKINGHAM, 2007, p. 43).

 

Eisenstein, Abreu e Stefenon (2013, p.126) consentem que a internet tem ajudado com diversos benefícios, porém também a responsabilizam por certos problemas ocasionados às famílias e sobretudo às crianças e jovens quanto à utilização indiscriminada. Um dos riscos à saúde mental apontados pelos autores citados é a timidez, definido por ser um processo biológico inibidor de atitudes em um indivíduo. O tipo mais frequente é a timidez situacional, onde a pessoa tem dificuldade para falar em público ou apresentar um trabalho por exemplo. Isso ocorre em razão da ansiedade, da insegurança, ao medo de frustra-se, de ser ignorado ou de ser ridicularizado. A timidez nessas fases é complexa, posto que nesse momento que a aceitação pelo grupo é fundamental, frente a disso, a insegurança de não ser bem-visto pelos demais ajuda o aumento da timidez.

 

Diante dessa dificuldade social, o adolescente passa a desenvolver interesse pelo mundo virtual não só para se divertir, mas também para se relacionar com outras pessoas, pois esse mundo é “capaz” de mudar sua aparência e, em caso de constrangimento, basta desconectar-se. Isso pode levar o tímido a desenvolver a dependência de internet (EISENSTEIN; ABREU; STEFENON, 2013, p.127).

 

Concernente aos riscos mentais, Eisenstein, Abreu e Stefenon (2013, p.128) dão ênfase ao transtorno de ansiedade, conhecido por manifestar sintomas como: medos ou preocupações exacerbadas referente a diversas situações. As pessoas podem manifestar quadros somáticos sem causa evidente, como: palidez, tensão muscular, inquietude, dificuldades de concentração e transtornos do sono

 

Muitas vezes a internet é usada para aliviar essas tensões, e, se o tempo de uso for sendo aumentado, pode-se chegar ao quadro de dependência de internet. Outras vezes pode acontecer o inverso, que se inicia com jogos, chats e e-mails, evoluindo para um uso cada vez maior, passando o adolescente a desenvolver ansiedade quando está longe da internet (EISENSTEIN; ABREU; STEFENON, 2013, p.128).

 

Desse modo, observa-se que a utilização consciente das tecnologias não vale apenas para as crianças, os pais são como exemplos para os filhos, uma vez que as crianças aprendem por imitação, até mesmo aquilo que não se tem o desejo de ensinar, isto é, se a criança tem como modelo um adulto que fica vendo à televisão ou no celular por muito tempo, ele tomará isso como algo comum. É fundamental que os pais e responsáveis criem momentos de diálogo para ensinar, orientar, esclarecer dúvidas e alertar sobre os perigos.

 

Há uma relação de influência recíproca entre à imitação e a aprendizagem. Quando a criança imita a forma pela qual o adulto usa instrumentos e manipula objetos ela está dominando o verdadeiro princípio envolvido numa atividade particular (VYGOTSKY, 2015, p. 136).

 

Imperativo ressaltar ainda que a tecnologia não traz somente danos e que proibir a sua utilização durante a infância não é o melhor caminho. Sendo assim, a orientação, o diálogo, os limites e o modelo precisam existir na relação entre pais e filhos. Prevenir o tempo de utilização, refletir a classificação indicativa e a faixa etária dos conteúdos, bloquear conteúdos impróprios são algumas formas de ação que os pais precisam estar atentos.

Quadro 02 – Benefícios e prejuízos da Tecnologia na Infância.

Benefícios

Prejuízos

Possibilita o contato direto com pessoas que estão distantes e/ou tem os mesmos interesses.

O aparelho eletrônico é um dos principais responsáveis por privar as crianças de brincadeiras e de outras formas de interação saudável.

Acesso à informação sobre qualquer tema, conhecimento ilimitado e mais acessível.

Conteúdos que antes eram reservados aos adultos, hoje são facilmente acessados por crianças, sem a fiscalização dos pais.

É possível encontrar na internet diversos aplicativos educacionais, como aplicativos que ensinam outros idiomas ou incentivam outras habilidades

Má influência no comportamento das crianças, como protagonistas de canais de Youtube que incentivam o consumo excessivo, hábitos não saudáveis e o desperdício.

Na internet existem diversos acervos de bibliotecas digitais e virtuais, o que contribui para a expansão do ensino e da pesquisa.

Os computadores são acusados de prejudicar a vida social, os jovens acabam preferindo a distância e o anonimato da comunicação virtual à realidade das interações face a face.

Os jogos eletrônicos podem facilitar o aprendizado, promover a socialização e ajudar a desenvolver habilidades motoras e afetivas, além de desenvolver a curiosidade e a iniciativa

O ato de jogar games é tradicionalmente uma atividade sedentária, o que contribui para o desenvolvimento de quadros de obesidade.

Existem jogos que proporcionam a prática de exercício físico, exemplo disso são jogos de dança ou de esportes nos consoles atuais como o X-Box.

O anonimato proporcionado pela internet aliado à ausência de fiscalização dos pais são fatores que facilitam o abuso sexual de crianças e adolescentes, a exposição a conteúdos inapropriados e a publicação de informações privadas.

Fonte: Elaborado pelas autoras, 2022.

 

ESTRATÉGIAS USADAS PELO EDUCADOR PARA MEDIAR A UTILIZAÇÃO DE APARELHOS DIGITAIS EM SALA DE AULA

Conforme Moran, Masetto e Behrens (2003, p.143) o uso das tecnologias em auma não se refere-se somente da troca do quadro-negro e do giz por um power-point repleto de conteúdo ou o uso de um datashow. As técnicas usadas pelos professores vão muito além disso, uma vez que o processo de aprendizagem abrange o desenvolvimento intelectual, afetivo e o desenvolvimento de competências e habilidades.

 

Além do mais, as técnicas precisarão estar coerentes com os novos papéis tanto do aluno, como do professor: estratégias que fortaleçam o papel de sujeito da aprendizagem do aluno e o papel de mediador, incentivador e orientador do professor nos diversos ambientes de aprendizagem (MORAN; MASETTO; BEHRENS, 2003, p.143).

 

Para Moran, Masetto e Behrens (2003, p.143) é fundamental que no decorrer do processo de aprendizagem o docente trabalhe com métodos que estimulem a participação dos estudantes, a interação entre eles, a pesquisa, o debate, a conversa e que viabilizem a criação do conhecimento. Para a realização de um ensino mais dinâmico e com a maior participação das crianças, há algumas ações que podem ser aplicadas pelos professores em sala de aula, dentre elas, os aplicativos educacionais. Hoje, há uma variedade disponível nas plataformas digitais, tanto pagos quanto gratuitos.

Segundo Moran, Masetto e Behrens (2003, p.168), o professor que se propõe a ser um mediador pedagógico, deverá aprimorar alguns aspectos, dentre eles, levar em consideração o aluno como foco do processo de ensino, estabelecer e planejar atividades em decorrência do aprendizado do aluno, estar aberto ao diálogo, ter criatividade e dar enfoque em tarefas cooperativas de aprendizagem.

 

  1. CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

A realização dessa pesquisa permitiu uma análise de como a era digital tem influenciado no desenvolvimento da criança na educação infantil, além de avaliar as principais influências, benefícios e danos da tecnologia nessa fase da vida. Ademais, através do estudo de foi possível adquirir informações mais concretas acerca do tema

Ao levar em conta o processo de transformação da educação e os impactos da Era Digital na infância, foi possível observar a relevância do assunto para todos os futuros professore e profissionais da área, aos pais e responsáveis pelas crianças e para a sociedade em como um todo, considerando que são fatores associados e trazem influências em todos os aspectos.

Além disso, constatou-se que a literatura considera que a tecnologia pode auxiliar o processo de ensino e aprendizagem, porém, diversos professores ainda optam pela aula tradicional por escassez de qualificação. Através dessa pesquisa bibliográfica se detectar ainda os principais benefícios e prejuízos da tecnologia na infância, ademais, foi possível refletir sobre dos principais conteúdos consumidos na infância e certas influências que as redes sociais acarretam seu comportamento, frente a isso, pode-se atestar que o objetivo do estudo foi alcançado.

 

REFERÊNCIAS

 

BERTUCCI, J. L.de O. Metodologia Básica para elaboração de Trabalhos de Curso (TCC): ênfase na elaboração de TCC de Pós-Graduação Lato Senso. São Paulo; Atlas, 2011.

BUCKINGHAM, D. Crescer na era das mídias eletrônicas. São Paulo: Edições

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FRANCO, C. de P. Understanding digital natives learning experiences. Revista Brasileira de Linguística Aplicada; Belo Horizonte, v.13, n.3, p.643-658, 2013. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1984-63982013000200013>.   Acesso em: 03 fev. 2022. 

GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 2002.

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MOMO, M. Mídia e consumo na produção de uma infância pós-moderna que vai à escola. Porto Alegre: UFRS, 2007.

MORAN, J. M.; MASETTO, M. T.; BEHRENS, M. A. Novas tecnologias e mediação pedagógica. 7. Ed. São Paulo: Papirus, 2003.

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PRENSKY, M. Aprendizagem baseada em jogos digitais. São Paulo: Senac, 2001.

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