Buscar artigo ou registro:

 

 

A MÚSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Daniele Marques Araújo de Souza Duarte

Sandra Helena Costa Bispo Lopes

Katia Regina de Paula Leite

Marli Francisco Sampaio

Wélissa Alcântara da Costa Chaves

 

RESUMO

O presente artigo tem como título “A música na educação infantil” e o objetivo deste é descrever como estimular a criatividade, o movimento, a percepção, a coordenação e o convívio social da criança de forma prazerosa que a música oferece. A ideia do tema em destaque surgiu devido à rotina de que as crianças ouvem as músicas e não realizam nenhum tipo de atividade diferenciada para o seu desenvolvimento. Portanto, qual o poder da música para as crianças e o que ela tem a contribuir para a aprendizagem? A finalidade é ampliar o conhecimento dos educandos com relação a música e oferecer uma aprendizagem de maneira significativa e prazerosa, através do lúdico. Investigaremos as influências positivas que a música exerce na aprendizagem da criança, sinalizando as concepções de grandes teóricos sobre a aprendizagem infantil: Cava, Joly, Bréscia, Kleiman, Penna e muitos outros, que valorizam a importância da música nas fases do desenvolvimento e da aprendizagem

 

Palavras-chave: Música. Jogos. Educação Infantil. Aprendizagem.

 

INTRODUÇÃ0

 

Este artigo propõe apresentar a importância da música na educação infantil. A maioria dos docentes não reconhece a importância da música na vida da criança ou apenas atribui como uma atividade recreativa.

Incentivar a criança a compreender a forma adequada de ouvir música, conhecendo os diversos ritmos musicais e seus instrumentos, e a importância que a música tem na vida das pessoas, pois a música ajuda a afinar a sensibilidade de seus alunos, aumenta a capacidade de concentração, desenvolve o raciocínio lógico-matemático e a memória, além de ser um forte desencadeador de emoções. Os benefícios de uma boa Iniciação Musical se estenderão para todas as áreas da aprendizagem.

A ideia do tema em destaque surgiu devido à rotina de que as crianças ouvem as músicas e não realizam nenhum tipo de atividade diferenciada para o seu desenvolvimento. Portanto, qual o poder da música para as crianças e o que ela tem a contribuir para a aprendizagem?

Os objetivos desses é estimular e criar condições para que a criança possa refletir e entender a música como fonte de prazer e conhecimento. 

 

A MÚSICA

Segundo Alencar, a música é um dos principais elementos da nossa cultura. Há indícios de que desde a pré-história já se produzia música, provavelmente como consequência da observação dos sons da natureza. É de cerca do ano de 60.000 a.C. o vestígio de uma flauta de osso e de 3.000 a.C. a presença de liras e harpas na Mesopotâmia.

Na Grécia, por exemplo, Apolo é a divindade que rege as artes. Por isso vemos várias representações suas, nas quais ele porta uma lira. Vale lembrar que na Grécia Antiga apenas a música e a poesia eram consideradas manifestações artísticas da maneira como as compreendemos atualmente.

O que é música? Definir a música certamente não é uma das tarefas mais fáceis de realizar. Apesar de ser intuitivamente conhecida por qualquer pessoa, defini-la apenas com um conceito que abarque todos os significados que ela possa representar, com certeza, é uma tarefa difícil de realizar. Música é uma palavra de origem grega - vem de musiké téchne, a arte das musas - e se constitui, basicamente, de uma sucessão de sons, entremeados por curtos períodos de

silêncio, organizada ao longo de um determinado tempo.

Sendo assim, é uma combinação de elementos sonoros que são percebidos pela audição. Isso inclui variações nas características do som, tais como duração, altura, intensidade e timbre, que podem ocorrer em diferentes ritmos,

melodias ou harmonias.

De acordo com Weigel (1988, p.10) a música é composta basicamente por:

Som: são as vibrações audíveis e regulares de corpos elásticos, que se repetem com a mesma velocidade, como as do pêndulo do relógio. As vibrações irregulares são denominadas ruídos. Ritmo: é o efeito que se origina da duração de diferentes sons, longos e curtos. Melodia: é a sucessão rítmica e bem ordenada dos sons; Harmonia: é a combinação simultânea, melódica e harmoniosa dos sons. 

Segundo alguns musicólogos, a música é uma manifestação humana, que decorre do desejo humano de modificar o mundo, sempre concebido e recebido por um ser humano.

 

A MUSICALIZAÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

A música está presente no nosso dia-a-dia, na televisão, nas ruas, nas igrejas, consultórios, no cinema, no carro e também, nas escolas, e nós nos relacionamos com ela sendo músicos profissionais ou “leigos”.

Os professores usam a música como um recurso para ensinar fórmulas, para decorar sequências numéricas, para disciplinar, ensinar lições morais e injetar motivação nas crianças. Entretanto, precisamos refletir sobre qual o valor do ensino da música nas escolas. Precisamos ter argumentos que possibilitem responder qual é a importância de se ensinar música nas escolas.

Na educação infantil a música é uma motivação para aprender, construir e partilhar o que sabem, estimula a criação é a criatividade, dando asas á imaginação e ao prazer de descobrir um novo mundo. Favorece a criança em desenvolver a memória, a atenção, o respeito ao próximo, a sensibilidade. Proporciona uma troca de experiência e aprendizagens.

Na escola a música pode acontecer por meio das atividades rítmicas com instrumentos, com corpo, com palmas e outros, mas é mediante a musicalização que esta tem acontecido. Segundo Loureiro (1999), “musicalização é o processo de desenvolvimento da musicalidade”.

Para os RCNEIs (BRASIL, 1998), o ambiente sonoro, assim como a presença da música em diferentes e variadas situações do cotidiano fazem com que os bebês e crianças iniciem seu processo de musicalização.

Portanto, musicalizar (-se): tornar(-se) sensível a música, de modo que, internamente, a pessoa reaja, mova-se com ela. (PENNA, 1990, p. 22).

Na escola, ou em qualquer outro lugar, o processo de musicalização deve destinar-se a todos, buscando “desenvolver esquemas de apreensão da linguagem musical”. Pois durante este processo, “adquire-se uma sensibilidade que é construída num ambiente onde as potencialidades de cada indivíduo são trabalhadas e preparadas de modo a compreender e reagir ao estímulo musical” (Penna, 1990).

Musicalização é um “processo bidirecional e integrado entre homem e música” (Penna, 1990). Este processo ocorre dentro e fora da escola. Por isto, é muito importante levar em consideração as experiências que ocorrem no dia-a-dia nas situações informais onde o ser humano está inserido.

De acordo com Cava, a criança que convive com a musicalização permite o desenvolvimento da capacidade de expressar-se de modo integrado, realizando movimentos corporais enquanto canta ou ouve uma música. “O canto é usado como forma de expressão e não como mero exercício música”.

O termo específico, caracterizando o processo de educação musical por meio de um conjunto de atividades lúdicas, em que as noções básicas de ritmo, melodia, compasso, métrica, som, tonalidade, leitura e escrita musicais são apresentadas à criança por meio de canções, jogos, pequenas danças, exercícios de movimento, relaxamento e prática de pequenos conjuntos instrumentais (BRITO, 1998 apud JOLY, 2003, p. 116).

Segundo significa dizer que ela possui sensibilidade para os fenômenos musicais e sabe expressar-se por meio da música cantando, assobiando ou tocando um instrumento etc.” (Feres, 1989 apud Joly, 2003, p. 116).

Para Bréscia (2003) a musicalização é um processo de construção do conhecimento, que tem como objetivo despertar e desenvolver o gosto musical, favorecendo o desenvolvimento da sensibilidade, criatividade, senso rítmico, do prazer de ouvir música, da imaginação, memória, concentração, atenção, auto- disciplina, do respeito ao próximo, da socialização e afetividade, também contribuindo para uma efetiva consciência corporal e de movimentação.

As atividades de musicalização permitem que a criança conheça melhor a si mesma, desenvolvendo sua noção de esquema corporal, e também permitem a comunicação com o outro.

Weigel (1988) e Barreto (2000) afirmam que atividades podem contribuir de maneira indelével como reforço no desenvolvimento cognitivo/linguístico, Desenvolvimento cognitivo/linguístico: a fonte de conhecimento da criança são as situações que ela tem oportunidade de experimentar em seu dia a dia.

Portanto, não apenas as crianças podem ser musicalizadas, mas qualquer ser humano de qualquer faixa etária pode passar por esse processo de contato significativo com a música seja na aula de canto, no coral de igreja, em uma apresentação com musical.

De acordo com Cava, muitos professores acreditam que para realizar o trabalho com música na escola necessita executar um instrumento. Claro que o domínio de algum instrumento viabiliza algumas ações e oferece outras opões de trabalho, mas não é extremamente necessário já que nascemos com um valioso instrumento musical: a voz. A voz bem usada na sala de aula proporciona rica vivencia musical e a execução de atividades que não precisam de nenhum outro recurso material.

Sendo assim, um professor que canta com seus alunos durante a entrada na sala de aula está oferecendo um tipo de vivência, mas essa vivência não pode se limitar apenas a essa atividade. O professor bem fundamentado usa esses momentos de vivencia cotidiana na escola conectados a outros momentos onde a criança tem a oportunidade de criar e/ou compreender conceitos musicais a partir da vivência.

A educação musical deve ser trabalhada em escolas de todo o país, mas não exige formação profissional específica para os professores que irão ministrar estas aulas, ficando o trabalho com música, na ausência do professor específico, para o professor regente, e este deve se fundamentar teoricamente a respeito do ensino de música, tanto no ensino fundamental quanto na educação infantil, no entanto, faz-se necessário saber o que os professores pensam a respeito do ensino de música, se existe alguns equívocos, o que entendem por musicalização dentre outros.

Fuks (1991) realizou uma pesquisa com professores e futuros professores que atuariam na área de educação musical. As entrevistas coletadas durante a pesquisa apresentam uma realidade muito presente nas escolas americanas e brasileiras:

 

Eu usava música como um artifício para acalmar as crianças; quando a música terminava, já estava todo mundo “dominado” [...]. Fica bem mais agradável você dar uma ordem através de uma musiquinha do que dizer: faz isso, faz aquilo [...]. O “gestinho” é para incentivar, porque às vezes tem crianças que não entendem a letra da “musiquinha”. Então é importante aquele “gestinho” (FUKS, 1991, p. 68 / 69.) 

 

Sabe-se que a música tem a capacidade de acalmar, concentrar e disciplinar. Entretanto, temos na musicalização uma riqueza que deve ser explorada em sua totalidade, pois fica muito empobrecido focarmos apenas na capacidade de acalmar ou na concentração, o acalmar, a concentração que o ensino musical possibilita, são apenas consequências das inúmeras contribuições do ensino e

aprendizagem em música.

Segundo Cava, pode-se constatar que o ensino de música é de extrema relevância, pois propicia o desenvolvimento da sensibilidade, a motricidade, o raciocínio, memória auditiva, criatividade, cognição.

O objetivo primeiro da educação musical é facilitar o acesso à multiplicidade de manifestações musicais da nossa cultura, bem como possibilitar a compreensão de manifestações musicais de culturas mais distantes. Além disso, o trabalho com música envolve a construção de identidades culturais de nossas crianças, adolescentes e jovens e o desenvolvimento de habilidades interpessoais. Nesse sentido, é importante que a educação musical escolar [...] tenha como propósito expandir o universo musical do aluno, isto é, proporcionar a vivência de manifestações musicais de diversos grupos sociais e culturais e de diferentes gêneros musicais dentro da nossa própria cultura (DEL BEL; HENTSCHKE, 2003, p. 181).

De acordo com Brito, educadora musical (1998 apud JOLY, 2003, p. 116) aprender música significa:

 

Ampliar a capacidade perceptiva, expressiva e reflexiva com relação ao uso da linguagem musical. É importante que no processo de musicalização a preocupação maior seja com o desenvolvimento geral da criança, assegurado pelas aprendizagens de aptidões complementares àquelas diretamente relacionadas às músicas. É importante também, segundo a autora, que a escolha de cada um dos procedimentos musicais tenha por objetivo promover o desenvolvimento de outras capacidades nas crianças, além das musicais, tais como: capacidade de integrar-se no grupo, de auto- afirmar-se, de cooperar, de respeitar os colegas e professores, comportar-se de uma forma tolerante (respeitar opiniões e propostas dos que pensam diferente dela), de ser solidário e cooperativo em vez de competitivo, de ouvir com atenção, de interpretar e de fundamentar propostas pessoais, de comportar-se comunicativamente no grupo, de expressar-se por meio do próprio corpo, de transformar e descobrir formas próprias de expressão, de produzir ideias e ações próprias.

 

Portanto é importante destacar que a música esteja presente na escola como um dos elementos formadores do indivíduo.

Hentschke (1995 apud JOLY, 2003, p. 117) pesquisadora e educadora em música, enumera algumas razões importantes para justificar a inserção da música na escola:

 

O desenvolvimento das suas sensibilidades estéticas e artísticas, o desenvolvimento da imaginação e do potencial criativo, um sentido histórico da nossa herança cultural, meios de transcender o universo musical de seu meio social e cultural, o desenvolvimento cognitivo, afetivo e psicomotor, o desenvolvimento da comunicação não-verbal.

 

Para que isso aconteça é imprescindível que o professor “seja capaz de observar as necessidades de seus alunos e identificar, dentro de uma programação de atividades musicais, aquelas que realmente poderão suprir as necessidades de formação desses alunos” (JOLY, 2003, p. 118).

De acordo com o RCNEI, (Referencial Curricular Nacional de Educação Infantil) Brasil, (1998) o trabalho com música deve organizar-se de forma que as crianças desenvolvam as seguintes capacidades:

 

Ouvir, perceber e discriminar eventos sonoros diversos, fontes sonoras e produções musicais; brincar com a música, imitar, inventar e reproduzir criações musicais; explorar e identificar elementos da música para se expressar, interagir com os outros e ampliar seu conhecimento do mundo; Perceber e expressar sensações, sentimentos e pensamentos, por meio de improvisações, composições e interpretações musicais.

 

 

MUSICALIZAÇÃO COM JOGOS E BRINCADEIRAS

Segundo o Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil, Brasil (1998, p. 70), a música mantém uma forte ligação com o brincar. Em todas as culturas as crianças brincam com a música. Jogos e brinquedos musicais são transmitidos por tradição oral, envolvendo o gesto, o movimento, o canto, a dança e o faz-de-conta, esses jogos e brincadeiras são expressões da infância.

Os jogos e brinquedos musicais da cultura infantil incluem os acalantos, as parlendas, as rondas (canções de roda), as adivinhas, os contos, os romances e outras.

As atividades lúdicas, dentre elas, os jogos e as brincadeiras, têm o poder sobre a criança de facilitar o progresso de cada uma das funções psicológicas, intelectuais e morais, bem como de influenciar vários outros benefícios pedagógicos, fazendo com que os conteúdos sejam facilitados, uma vez que motivam ao mesmo tempo em que divertem. Neste sentido, Kishimoto (2010, p. 01) afirma que “sua importância se relaciona com a cultura da infância, que coloca a brincadeira como ferramenta para a criança se expressar, aprender e se desenvolver”.

O professor deve estar atento à faixa etária de seus alunos quando for propor uma atividade. O trabalho musical a ser desenvolvido nas instituições de educação infantil deve incluir materiais simples do dia-a-dia ou presentes na cultura infantil.

Os brinquedos sonoros e os instrumentos de efeito sonoro são materiais bastante adequados ao trabalho com bebês e crianças pequenas. Com relação aos brinquedos, devem-se valorizar os populares relativos às regiões onde vivem e também, explorar timbres variados como: sons de pássaros, sinos, brinquedos que imitam sons de animais dentre outros.

A maioria das crianças recebe os primeiros estímulos musicais ainda no ventre materno, quando a mãe canta suavemente para acalantar o bebê: é neste momento que a memória sonora das crianças começa a ser formada. Portanto, é correto afirmar que o estímulo musical está presente no desenvolvimento da criança, desde o ventre materno. Nos primeiros meses de vida, é comum que os pais cantem cantigas de ninar, para “embalar o sono” dos bebês. Na maioria dos casos, sem perceber, eles estão introduzindo a criança na musicalização.

A musicalização na Educação Infantil é, acima de tudo, um momento lúdico e não visa à formação de músicos, mas à vivência e compreensão da linguagem musical, à abertura de canais sensoriais, à expressão de emoções, à ampliação da cultura geral e à formação integral do ser. Para tornar esse processo eficaz é necessário que o (a) professor (a) realize atividades objetivas, de caráter lúdico e formativo. O professor precisa ter a clareza de que trabalhar com a musicalização de crianças vai além de utilizar algumas músicas para alegrar o ambiente, prepará-las para o lanche/higiene ou apresentar numa comemoração da escola.

A brincadeira musical na Educação Infantil deve focar ações como: a escuta de músicas e diferenciação de som e silêncio, a expressão corporal em diferentes ritmos musicais, o cantar diversas alturas e intensidades sonoras, a exploração dos sentimentos através da música, a criação musical livre e com regras etc. Se bem trabalhada, desenvolve o raciocínio, a criatividade e a possibilidade de descoberta de novos dons e aptidões, por isso se torna um relevante recurso didático, devendo estar presente cada vez mais nas salas de aula. (MELO, 2011, p.93)

A musicalização das crianças depende do (a) professor (a) criar, conduzir e aproveitar os momentos lúdicos. É importante também que o (a) professor (a) aprenda música para ensiná-la, isto é, é necessário despertar sua própria musicalidade para estimular a de seus alunos. Ter contato com instrumentos musicais e explorá-los, para instruir seus alunos a utilizá-los é fundamental. Ao contrário do que muitos professores acham trabalhar com a música não é complicado, mas é trabalhoso, pois exige uma preparação maior por parte do profissional e um planejamento com a preocupação constante em estabelecer uma linguagem musical adequada e agradável às crianças.

Não é aconselhável que a criança de educação infantil seja treinada para a leitura e escrita musical, o mais importante é que ela possa ouvir, cantar e tocar muito, criando formas de notação musicais com a orientação dos professores e não deixando de explorar essas atividades através do lúdico.

Portanto, com o lúdico a criança aprende de maneira mais fácil e divertida, estimulando a criatividade, a autoconfiança, a autonomia e a curiosidade, pois faz parte do seu contexto naquele momento o brincar e jogar, garantindo uma maturação na aquisição de novos conhecimentos.

É importante que as crianças se expressem ludicamente deixando aflorar sua criatividade, frustrações, sonhos e fantasias, para aprender agir e lidar com seus pensamentos e sentimentos de forma espontânea. No entanto, a ludicidade não é apenas entretenimento, ou um brincar por brincar é algo que deve ser trabalhado pelo educador.

 

QUALIDADE DOS SONS

As crianças nos primeiros anos de vida dão importância a toda e qualquer fonte sonora, sendo assim, exploram sons diversos. Interessam pelos modos de ação e produção dos sons, sendo que sacudir e bater são os primeiros modos de ação.

De acordo com o Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil, Brasil (1998), as crianças estão sempre atentas as características dos sons ouvidos e produzidos, se gerados por um instrumento musical, pela voz ou qualquer objeto, descobrindo possibilidades sonoras com todo material acessível.

Nesta fase a característica mais marcante da criança, é a exploração dos sons, portanto, um ótimo momento para trabalhar as qualidades dos sons. Quando falamos de qualidades dos sons, estamos falando de: altura, duração, intensidade e timbre. Para a criança, em posse de um instrumento musical, irá explorar livremente, as qualidades dos sons: os registros graves ou agudos (altura), as batidas fortes ou fracas(intensidade), a produção de sons curtos ou longos (duração), e a percepção das fontes sonoras, isto é, dos diferentes tipos de sons – animais (latido, miado), seres humanos, (voz, risadas, espirro), sons culturais (buzina, sirene, sino) e fenômenos naturais, (trovão, som da cachoeira, do vento), estamos reconhecendo os diferentes tipos de sons, isto é, seus timbres. Quando percebemos ao ouvir uma sirene, que aquele som é uma sirene estamos reconhecendo o timbre ou quando distinguimos o latido de um cachorro, um gato miando, um pássaro cantando, está reconhecendo seus timbres. Pensando nas vozes humanas, podemos dizer que o timbre é a nossa identidade sonora, cada pessoa tem um timbre de voz, que é única.

De acordo com Ilari (2002) apresenta características do desenvolvimento musical de crianças.de 5 a 6 anos:

 

➢ Senso de tonalidade mais estável, estável no final da etapa;

➢ Consegue cantar a maioria das canções aprendidas de maneira cuidadosa; 

➢ Resposta mais comum ao ritmo: palmas/movimentos curtos são mais fáceis de controlar;

➢ Pulso correto e firme;

➢ Repetições rítmicas e melódicas são comuns nesta fase;

➢ Senso de forma e padrão na improvisação;

➢ Representações inventadas – uso de figuras e símbolos abstratos para mostrar estruturas musicais ou elementos de forma;

 

Segundo Joly (2003, p.124-125) destaca que a música é fator preponderante no processo de ensino e aprendizagem e que alguns fatores podem ser considerados importantes para o sucesso do professor:

 

➢ A aula deve ser iniciada com atividades simples e pequenas. Uma pequena canção, uma dança ou uma atividade rítmica podem auxiliar o professor a organizar a sala de aula e tornar o ambiente alegre e propício para outras atividades musicais (ou não);

➢ Uma atividade que esteja perfeitamente ao alcance da criança pode aumentar a autoestima e ser um fator importante para a construção da confiança em si mesmo e na escola;

➢ Repetir frequentemente cada atividade e apresentar um conceito de diferentes maneiras e estilos poderá ampliar as chances de compreensão do aluno;

➢ Repetir muitas vezes as músicas que as crianças já conhecem e gostam de cantar ou dançar, pois isso cria um clima de segurança e relaxamento, já que as crianças estão participando de uma atividade familiar;

➢ O silêncio deve ser sempre valorizado;

➢ Usar todo o material que foi trazido para a sala de aula, de forma a não criar expectativas e frustrações desnecessárias;

➢ As instruções para o desenvolvimento das atividades devem ser claras e diretas;

➢ Repetir as regras do jogo pode garantir uma melhor compreensão delas; 

➢ Cantar em vez de falar, fazer gestos para se comunicar, usar dramatizações e expressões faciais podem ser recursos criativos na sala de aula. A criança aprende melhor quando há alegria envolvida nisso;

➢ Os comandos sonoros podem ser utilizados como recurso criativo. Por exemplo: sentar sempre que ouvir o sino, fazer silêncio toda vez que o professor cantar uma canção etc;

➢ Usar materiais variados como gravuras, bonecos, instrumentos musicais, máscaras, diferentes tipos de papéis, pedras, panos, massa de modelar, brinquedos, materiais sonoros e coloridos etc. Todo esse material pode ser manipulado e o contato com ele envolve diferentes tipos de sensações;

➢ O planejamento deve incluir capacidades específicas de cada um dos alunos. Isso poderá encorajar sua independência e criatividade;

➢ Participar das atividades com os alunos é importante para se criar vínculos afetivos. O professor também aprende quando faz junto com o aluno;

➢ Planejar mais atividades do que se imagina necessário pode permitir que o professor seja flexível e que atenda melhor às necessidades e preferências de seus alunos;

➢ A dança, o canto e o instrumento são elementos que deveriam estar sempre presentes no planejamento do professor;

 

Portanto, ao trabalhar com os sons ela desenvolve sua acuidade auditiva; ao acompanhar gestos ou dançar ela está trabalhando a coordenação motora e a atenção; ao cantar ou imitar sons ela está descobrindo suas capacidades e estabelecendo relações com o ambiente em que vive.

É nesse sentido que o professor precisa buscar constantemente uma renovação no que diz respeito ao seu repertório, aos métodos e materiais didáticos que têm disponíveis. É importante que a alegria do contato com a música seja sempre renovada por meio de um ensino criativo, dinâmico e atual (JOLY, 2003, p.124-125).

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

A música se faz presente em toda a vida dos seres humanos, em grande parte com uma prática de diversão e lazer, provocando sentimentos, transformando sua realidade, pensamentos e ações. A linguagem musical trabalhada no ambiente escolar contribui para aprendizagem e desenvolvimento do aluno, tornando-o mais sensível para lidar com as situações escolares e em sociedade. Com isso professor e aluno fazem da sala de aula um ambiente aconchegante para o aprendizado, sendo muitas vezes o primeiro momento em que a criança entra em contato formal com a música. A criança quando está sendo musicalizada amplia sua percepção e socialização desenvolvendo sua capacidade de concentração e raciocínio, fator importante em todas as fases de sua vida. A linguagem musical estimula, desenvolve habilidades como a coordenação motora, socialização, concentração, criatividade entre outros, portanto a música pode ser um importante instrumento pedagógico a ser utilizado também pelos professores de ensino regular. Musicalizar é educar brincando.

Através da prática da musicalização podem ser estimuladas diversas áreas do conhecimento. A presença da música na educação escolar auxilia para a aprendizagem e desenvolvimento do aluno, proporcionando conhecimento através de prazer que favorece a sensibilidade, a criatividade, a memória e a inteligência, facilitando a expressão de sentimentos, ideias, valores culturais e melhoria da comunicação entre o indivíduo e o meio onde vive.

A música é um importante instrumento para auxiliar o desenvolvimento da criança, por isso deve ser planejada e contextualizada pelo professor e acompanhada de forma criativa e lúdica pelas crianças, dessa forma, elas podem desenvolver habilidades como coordenação motora, socialização, concentração e outros, contribuindo com sua formação integral. 

 

REFERÊNCIAS

 

ALENCAR, Valéria Peixoto de. Música – Sons e instrumentos. Disponível em:< http://educacao.uol.com.br/disciplinas/artes/musica---origem-sons-e- instrumentos.htm >. Acesso em 25/09/2015.

 

ARAÚJO, Luiz. HISTÓRIA Cantada – Disponível em: 

 

BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Secretaria de Ensino Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: artes. Brasília: MEC, 1997.

 

BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Ensino Fundamental. Referencial curricular nacional para educação infantil. Brasília:MEC, 1998. v. 1.

 

BRÉSCIA, Vera Lúcia Pessagno. Educação Musical: bases psicológicas e ação preventiva. São Paulo: Átomo, 2003.

 

DEL BEN, Luciana; HENTSCHKE, Liane. Aula de Música: do planejamento e avaliação à pratica educativa. In: Ensino de Música – propostas para pensar e agir em sala de aula. São Paulo: Moderna, 2003, p.176-189.

 

FUKS, R. O discurso do silêncio. Rio de Janeiro: Enelivros, 1991. (Série Música e Cultura, v. 1). Lino, (2002 p. 73),

 

ILARI, Beatriz (adapt); MC DONAL; SIMON S. M. 1989; MENC Standards, 1990; TAFURI, 2000; TREHUB & TRAINOR, ,1990. Desenvolvimento Musical.

 

JOLY, Ilza Zenker Leme. Educação e educação musical: conhecimentos para compreender a criança e sua relações com a música. In: Ensino de Música – propostas para pensar e agir em sala de aula. São Paulo: Moderna, 2003, p.113- 140.

 

KISHIMOTO, T.M. Brincar e suas teorias. 8. ed.São Paulo:Cortez, 2010.

 

LOUREIRO, Alícia Maria Almeida. O ensino da música na escola fundamental. Campinas: Papiros, 1999.

 

MELO, Fabiana Carbonera Malinverni. Lúdico e Musicalização na Educação Infantil. Indaial: UNIASSELVI, 2011.

 

PENNA, M. Reavaliações e buscas em musicalização. São Paulo: Loyola, 1990.

 

WEIGEL, Anna Maria Gonçalves.Brincando de Música: Experiências com Sons, Ritmos, Música e Movimento na Pré-Escola. Porto Alegre: Kuarup,1988.