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ANALISAR A METODOLOGIA DO ENSINO DA MATEMÁTICA CONFORME A PROPOSTA DOS PCNs

Claudio Messias de Sales

Artigo científico apresentado a FAVENI como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Metodologia de Ensino de Matemática e Biologia.

 

RESUMO

A educação ao longo de sua trajetória passou por inúmeras mudanças, vem rompendo barreiras, derrubando paradigmas e formulando novos conceitos sobre o que é educar. O objetivo dessa pesquisa é analisar objetivos estabelecidos pelos Parâmetros Curriculares Nacionais para o ensino de matemática. Este estudo foi realizado através da revisão bibliográfica com a finalidade de proporcionar maior contato com o problema a fim de torná-lo mais compreensível. O trabalho justifica-se pelo fato de a aprendizagem significativa e transformadora ser um dos aspectos mais discutidos na atualidade. Outro fator que tem sido analisado ao longo desses anos são as estratégias de ensino que venha contribuir com a aprendizagem dos alunos pois vivemos em uma sociedade na qual o conhecimento matemático é fator indispensável para a participação social e, portanto, todo o cidadão tem o direito de acesso a esse conhecimento. O processo do conhecimento matemático tem se caracterizado como algo codificado e excessivamente rodeado de palavras próprias e simbólicas, mostra-se para o aluno como algo sem significação e sem relação com o seu conhecimento anterior. A tentativa de rompimento, no ensino tradicional da Matemática implica na introdução de um processo didático, no qual seja possibilitado aos alunos, a elaboração de seus conhecimentos, como solução de um problema significativo, respondendo as exigências do contexto em que está inserido e não apenas às expectativas do professor. Por meio da análise dos dados coletados, constatou-se que a matemática deve ser construída com o aluno não de forma mecânica e sem interação, o que pode causar desinteresse do aluno e até mesmo o fracasso escolar desta disciplina. Portanto, se faz necessário que a matemática seja apresentada com significação para o aluno, tendo cuidado e atenção ao construir os conceitos matemáticos, pois serão conceitos que servirão como base para toda Matemática que será vista por ele no futuro.

 

Palavras-chave: Matemática. PCNs. Ensino.

 

  1. INTRODUÇÃO

 

O conhecimento matemático é parte importante na construção da cidadania bem como no crescimento do indivíduo. Além disse, este conhecimento deve estar ao alcance de todos, pois desempenha papel decisivo no processo de compreender o meio social, as novas tecnologias, e outras ciências que fundamentará construção e estruturação do pensamento lógico do ser humano.

Por sua vez a escola enquanto instituição orientadora e mediadora do conhecimento tem papel fundamental no processo de formação integral do aluno.

A necessidade de uma educação matemática como algo importante para a melhoria no desenvolvimento do raciocínio lógico, cognitivo e da inteligência das crianças é fundamental, desde que seja trabalhada de forma definida, clara e objetiva. Ensinar matemática é buscar meios que permitam aos educandos um aprendizado dinâmico e atrativo, fazendo com esses desenvolvam uma inteligência prática permitindo a resolução de problemas, a busca e seleção de informações para tomarem decisões bem dominarem as habilidades e competências da disciplina.

O cenário da educação básica no país em especial a educação matemática, tem se mostrado ineficaz na formação matemática do aluno, isso é comprovado nos resultados das avaliações externas do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica - IDEB e no PISA, sendo o desempenho dos alunos demonstrados em matemática como um dos piores.

Busca-se com esse trabalho apresentar caminhos para uma metodologia inovadora que proporcione melhores resultados pois, o ensino da matemática exige cada vez mais uma significação maior de conteúdos estudados e que para isso aconteça é necessária uma mudança de atitude do educador.

A política para a educação básica pública, mediante os resultados das avaliações do IDEB e no PISA, buscam estabelecer mais uma reforma em todo sistema educacional, com novas intencionalidades, finalidades e objetivos para a educação.

Neste contexto, esta pesquisa surgiu na tentativa de responder a seguinte indagação. Na realidade qual o real efeito das políticas públicas para a qualidade do ensino e da aprendizagem da matemática no ambiente escolar?

Este trabalho tem como objetivo analisar objetivos estabelecidos pelos Parâmetros Curriculares Nacionais para o ensino de matemática.

No que se refere aos procedimentos utilizamos a pesquisa bibliográfica. Segundo Fonseca (2002) a pesquisa bibliográfica é feita a partir do levantamento de referências

teóricas já analisadas, e publicadas por meios escritos e eletrônicos, como livros, artigos científicos, páginas de web sites. Qualquer trabalho científico inicia-se com uma pesquisa bibliográfica, que permite ao pesquisador conhecer o que já se estudou sobre o assunto.

Para complementar a análise dos dados, utilizaremos material bibliográfico dos PCNs ede diferentes autores, como GOMES, MACCARINI, D’AMBRÓSIO.

 

2.2. Breve estudo sobre o Ensino da Matemática no Brasil

 

De acordo com Gomes (2012) o ensino da matemática no Brasil foi introduzido pelos padres da Companhia de Jesus. A rede de educação jesuíta ampliou-se com a fundação de outras escolas elementares (em Porto Seguro, Ilhéus, São Vicente, Espírito Santo e São Paulo de Piratininga) e dos colégios, gradualmente estabelecidos na Bahia (1556), no Rio de Janeiro (1567), em Olinda (1568), no Maranhão (1622), em São Paulo (1631) e, posteriormente, também em outras regiões.

Ainda conforme a autora nas escolas elementares, no que diz respeito aos conhecimentos matemáticos, contemplava-se o ensino da escrita dos números no sistema de numeração decimal e o estudo das operações de adição, subtração, multiplicação e divisão de números naturais.

No período colonial (1500-1822) criaram-se as “aulas régias”, nas quais isoladamente se ensinaram primeiramente a gramática, o latim, o grego, a filosofia e a retórica, e posteriormente, as disciplinas matemáticas: aritmética, álgebra e geometria.

Após a independência a Assembleia Legislativa votou em favor da primeira lei de instrução pública nacional no Império do Brasil. a lei de outubro de 1827 diferenciava a educação para meninos e meninas, prevendo escolas separadas para os dois sexos. O currículo para as escolas de meninos envolvia “ler, escrever, as quatro operações aritméticas, prática de quebrados, decimais e proporções, noções gerais de geometria, gramática da língua nacional, moral cristã e doutrina católica”. (GOMES, 2012, p. 14).

No período republicano a Matemática era tida como a mais importante das ciências no ideário positivista do filósofo francês Auguste Comte (1798-1857), ao qual aderiram Benjamin Constant e o grupo de militares brasileiros que liderou a proclamação da República. Assim, essa disciplina adquiria grande relevância na proposta da Reforma Benjamim Constant, particularmente nos sete anos que compunham a educação secundária. (GOMES, 2012, p. 17)

De acordo com Gomes (2012) em 1908, realizou-se em Roma o quarto congresso internacional de Matemática. As principais propostas desse congresso foram: promover a unificação dos conteúdos matemáticos abordados na escola em uma única disciplina, enfatizar as aplicações práticas da Matemática e introduzir o ensino do cálculo diferencial e integral no nível secundário.

Gomes (2012) afirma que a introdução das ideias modernizadoras em âmbito mais amplo nas escolas secundárias brasileiras concretizou-se, 1931, com uma série de decretos que se propunham a organizar nacionalmente a educação no país, e que ficaram conhecidos como a reforma Francisco Campos. A proposta curricular da nova disciplina Matemática na reforma Francisco Campos é bastante detalhada, ultrapassando uma simples lista de conteúdo a serem ensinados na escola secundária. Seu texto se inicia por uma exposição das finalidades do ensino da Matemática.

Em 1959, o 3º Congresso Brasileiro de Ensino de Matemática, realizado no Rio de Janeiro, agregou 500 professores de 18 estados e nesse evento se verificaram as primeiras manifestações sobre o Movimento da Matemática Moderna em nosso país. O Movimento da Matemática Moderna tinha, como um de seus principais objetivos, integrar os campos da aritmética, da álgebra e da geometria no ensino, mediante a inserção de alguns elementos unificadores, tais como a linguagem dos conjuntos, as estruturas algébricas e o estudo das relações e funções. (GOMES, 2012, p. 23)

 Enfatizava-se, ainda, a necessidade de conferir mais importância aos aspectos lógicos e estruturais da Matemática, em oposição às características pragmáticas que, naquele momento, predominavam no ensino, refletindo-se na apresentação de regras sem justificativa e na mecanização dos procedimentos.

No final dos anos 1970, surgem críticas ao Movimento da Matemática Moderna em muitos países. No Brasil, a crítica à Matemática Moderna e a discussão sobre seu fracasso no ensino, no final da década de 1970 e início dos anos 1980, fizeram parte de um contexto de renovação dos ideais educacionais, estimulado pelo fim da ditadura militar.

Para Gomes (2012) o Brasil modificou-se completamente em suas dimensões políticas, sociais, econômicas e culturais no final do século XX e início do século atual. A educação está sempre atrelada às demandas e características das sociedades que a sustentam, e o ensino de Matemática integram essa educação. Em cada momento histórico, a Matemática, como qualquer outra disciplina escolar, tece-se pelos fatores externos – as condições sociais, políticas, culturais e econômicas que compõem a escola e o ensino – e pelos fatores internos – aqueles referentes à natureza dos conhecimentos de uma área específica.

Para a Matemática, como também ocorre em outros campos, os fatores internos têm se constituído, cada vez mais, não apenas em relação aos conteúdos específicos, já que conhecimentos sobre a natureza dos processos de ensino e aprendizagem e a formação dos profissionais da área da Educação Matemática têm repercutido com força nas propostas e recursos curriculares e didático-pedagógicos.

A maior demanda da atualidade brasileira para a melhoria do ensino da Matemática é a formação de professores para atender a uma enorme e diversa população.

 

2.3 Propostas para o Ensino de Matemática

 

Vivemos em uma sociedade na qual o conhecimento matemático é fator indispensável para a participação social e, portanto, todo o cidadão tem o direito de acesso a esse conhecimento. Os PCNs destacam essa importância ao comentar sobre as informações veiculadas na mídia: “para exercer a cidadania é necessário saber calcular, medir, raciocinar, argumentar, tratar informações estatisticamente, etc.” (BRASIL, 1998, p. 27)

Os PCNs destacam que a matemática contribui significativamente na construção da cidadania, na medida em que desenvolvem metodologias que favoreçam a “construção de estratégias, a comprovação e justificativa de resultados, a criatividade, a iniciativa pessoal, o trabalho coletivo e a autonomia advinda da confiança na própria capacidade para enfrentar desafios”. (BRASIL, 1998, p. 27)

A modelagem matemática é uma forma de abordagem metodológica que privilegia o contexto social do indivíduo, ao mesmo tempo em que procura levantar situações problematizadas a partir de questionamentos da realidade. É uma forma de criar “um ambiente de aprendizagem no qual os alunos são convidados a indagar e/ou investigar, por meio da matemática, situações oriundas de outras áreas da realidade” (BARBOSA, 2001, p. 6) e que, por vezes, inicialmente, nem possui ligação direta com a matemática.

 

Essa forma de conduzir o trabalho com a matemática propõe que os sujeitos (professor e aluno) levantem problematizações que os instiguem e que tenham significado no contexto real no qual estão inseridos. A partir da proposição de uma problemática, os sujeitos vão se envolver na formulação de hipóteses e simplificações adequadas na criação de modelos matemáticos para analisar o problema em estudo, para ser vista como uma alternativa para inserir aplicações matemáticas no currículo escolar sem, no entanto, alterar as formalidades inerentes ao ensino. (ALMEIDA; DIAS, 2004, p. 22)

 

Nos últimos anos, tem-se discutido muito sobre a importância da utilização da história da matemática como um recurso pedagógico em sala de aula.

Os PCNs (BRASIL, 1998, p. 42) consideram importante o uso da história da matemática ao dizer que ela pode oferecer uma importante contribuição ao processo de ensino e aprendizagem dessa área do conhecimento. Ao revelar a matemática como uma criação humana, ao mostrar necessidades e preocupações de diferentes culturas, em diferentes momentos históricos, ao estabelecer comparações entre os conceitos e processos matemáticos do passado e do presente, o professor cria condições para que o aluno desenvolva atitudes e valores mais favoráveis diante do conhecimento.

É possível verificar PCNs nos que a história da matemática pode contribuir no sentido de levar o aluno a compreender muitas ideias e conceitos matemáticos que estão sendo estudados, “especialmente para dar respostas a alguns 'porquês' e, desse modo, contribuir para a constituição de um olhar mais crítico sobre os objetos do conhecimento”. Dessa forma, há certo consenso entre educadores e pesquisadores matemáticos quanto à importância da utilização da história da matemática como forma de favorecer ao aluno a construção de significados para os conhecimentos matemáticos estudados no âmbito escolar.(BRASIL, 1998, p. 43).

A etnomatemática é considerada um programa de ensino e aprendizagem da matemática, cujo mentor é o professor Ubiratan D’Ambrósio, que, na década de 1970, propôs que os sistemas educacionais deveriam dar ênfase às matemáticas produzidas pelas diferentes culturas e grupos sociais.

D’Ambrósio (2002, p. 9) define a etnomatemática como um programa que trabalha com a matemática praticada por grupos culturais, tais como comunidades urbanas e rurais, grupos de trabalhadores, classes profissionais, crianças de certa faixa etária, sociedades indígenas e tantos outros grupos que se identificam por objetivos e tradições comuns aos grupos.

De acordo com Maccarini (2010), a utilização da etnomatemática no desenvolvimento do trabalho pedagógico em matemática destaca a importância e a valorização dos diferentes saberes matemáticos, não excluindo um em detrimento do outro, mas enfatizando o saber matemático de cada cultura, de cada grupo social, mostrando que todo o conhecimento matemático pertencente a um grupo social tem significado.

Os PCNs colocam que o acesso à calculadora, aos computadores e a outros recursos tecnológicos já é realidade para parte significativa da população, destacando ainda que Estudos e experiências evidenciam que a calculadora é um instrumento que pode contribuir para a melhoria do ensino da matemática. A justificativa para essa visão é o fato de que ela pode ser usada como um instrumento motivador na realização de tarefas exploratórias e de investigação. Além disso, ela abre novas possibilidades educativas, como a de levar o aluno a perceber a importância do uso dos meios tecnológicos disponíveis na sociedade contemporânea. A calculadora é também um recurso para verificação de resultados, correção de erros, podendo ser um valioso instrumento de auto avaliação.

Segundo Maccarini (2010), as brincadeiras e jogos fazem parte do mundo infantil. Portanto, a matemática apresentada por meio de atividades lúdicas torna-se envolvente e favorece a construção de significados de conhecimentos matemáticos próprios do mundo da criança. A aceitação e utilização de jogos e brincadeiras como uma estratégia no processo de ensinar e aprender matemática tem ganhado força entre os educadores e pesquisadores matemáticos nesses últimos anos, por considerarem, em sua grande maioria, uma forma de trabalho pedagógico que estimula o raciocínio e favorece a vivência de conteúdos matemáticos e a relação com situações do cotidiano.

O jogo como estratégia de ensino e aprendizagem matemática em sala de aula deve favorecer a criança a construção do conhecimento científico, propiciando a vivência de situações “reais” ou “imaginárias”, propondo à criança desafios e instigando-a a buscar soluções para as situações que se apresentarem durante o jogo ou mesmo nas problematizações que surgirem como consequência do jogo, levando-a a raciocinar, trocar ideias e tomar decisões.

Os PCNs destacamos jogos como uma importante ferramenta na proposição e na resolução de problemas, pois permitem que estes sejam apresentados de modo atrativo e favorecem a criatividade na elaboração de estratégias de resolução e busca de soluções. Propicia a simulação de situações-problema que exigem soluções vivas e imediatas, o que estimula o planejamento das ações; possibilitam a construção de uma atitude positiva perante os erros, uma vez que as situações se sucedem rapidamente e podem ser corrigidas de forma natural, no decorrer da ação, sem deixar marcas negativas.

A atividade de brincar e de jogar promove à busca da compreensão de regras, a imaginação, a criatividade, a resolução de situações que aparecem no decorrer do jogo, tende a promover o ensino e a aprendizagem que permitem a utilização de conhecimentos prévios da criança, levando-a a atribuir novos significados e a construir e elaborar novos conhecimentos.

O jogo na educação matemática propicia a introdução da linguagem matemática que pouco a pouco vai sendo incorporada aos conceitos matemáticos formais, ao desenvolver a capacidade de lidar com informações e ao criar significados culturais para os conceitos matemáticos e o estudo de novos conceitos. Para tanto, a escolha dos jogos e brincadeiras para utilização na educação matemática deve ser bem criteriosa e com objetivos bastante claros e definidos, para que, de fato, a criança incorpore novos conhecimentos já construídos, ampliando-os.

 

2.3.1 Matemática e os Macros Legais

 

Os PCN de Matemática apresentam os objetivos e as capacidades a serem desenvolvidas em cada ciclo, assim como os conteúdos para desenvolvê-las. São apontadas as possíveis conexões entre os blocos de conteúdo, a Matemática e as outras áreas do conhecimento e suas relações com o cotidiano e com os Temas Transversais, promovendo assim, a possibilidade do ensino interdisciplinar e transdisciplinar (BRASIL, 1998).

Os PCN de matemática afirmam ainda que,

 

[...] o papel da Matemática na educação básica pela proposição de objetivos que evidenciam a importância de o aluno valorizá-la como instrumental para compreender o mundo à sua volta e de vê-la como área do conhecimento que estimula o interesse, a curiosidade, o espírito de investigação e o desenvolvimento da capacidade para resolver problemas. Destacam a importância de o aluno desenvolver atitudes de segurança com relação à própria capacidade de construir conhecimentos matemáticos, de cultivar a auto estima, de respeitar o trabalho dos colegas e de perseverar na busca de soluções. Adotam como critérios para seleção dos conteúdos sua relevância social e sua contribuição para o desenvolvimento intelectual do aluno, em cada ciclo. (BRASIL, 1998, p. 15-16)

 

No que se refere aos conteúdos de matemática, os PCN apresentam um aspecto inovador ao explorá-los tanto a dimensão de conceitos, como também a dimensão de procedimentos e de atitudes.

Quanto aos objetivos gerais para a educação básica na área da matemática os PCN, estabelecem como objetivo do ensino de matemática visando à construção da cidadania. Nesse sentido o documento destaca que o ensino fundamental deve levar o aluno há:

 

-Identificar os conhecimentos matemáticos como meios para compreender e transformar o mundo à sua volta e perceber o caráter de jogo intelectual, característico da Matemática, como aspecto que estimula o interesse, a curiosidade, o espírito de investigação e o desenvolvimento da capacidade para resolver problemas;

-Fazer observações sistemáticas de aspectos quantitativos e qualitativos da realidade, estabelecendo inter-relações entre eles, utilizando o conhecimento matemático (aritmético, geométrico, métrico, algébrico, estatístico, combinatório, probabilístico);

-Resolver situações-problema, sabendo validar estratégias e resultados, desenvolvendo formas de raciocínio e processos, como intuição, indução, dedução, analogia, estimativa, e utilizando conceitos e procedimentos matemáticos, bem como instrumentos tecnológicos disponíveis;

-Comunicar-se matematicamente, ou seja, descrever, representar e apresentar resultados com precisão e argumentar sobre suas conjecturas, fazendo uso da linguagem oral e estabelecendo relações entre ela e diferentes representações matemáticas (BRASIL, 1997, p. 37).

 

Para que tais e objetivos sejam alcançados a Resolução CNE/CES nº 4, de 13 de julho de 2010 que define Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica, em seu Art. 4º, dá base de sustentação ao projeto nacional de educação responsabilizam o poder público, a família, a sociedade e a escola pela garantia a todos os educandos de um ensino ministrado de acordo com os princípios de:

 

I - igualdade de condições para o acesso, inclusão, permanência e sucesso na escola;

II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber;

III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas;

IV - respeito à liberdade e aos direitos;

V - coexistência de instituições públicas e privadas de ensino;

VI - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;

VII - valorização do profissional da educação escolar;

VIII - gestão democrática do ensino público, na forma da legislação e das normas dos respectivos sistemas de ensino;

IX - garantia de padrão de qualidade;

X - valorização da experiência extra escolar;

XI - vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais. (RESOLUÇÃO 04, 2010)

 

Da mesma forma a Resolução apresenta no Art. 23, Parágrafo único, a necessidade de cuidar e educar no ensino fundamental como forma de garantir a aprendizagem dos conteúdos curriculares, que o estudante desenvolva interesses e sensibilidades que lhe permitam usufruir dos bens culturais disponíveis na comunidade, na sua cidade ou na sociedade em geral, e que lhe possibilite ainda sentir-se como produtor valorizado desses bens (BRASIL, 2010).

No mesmo sentido, a Secretaria Estadual de Educação do Estado de Mato Grosso no ano de 2010, estabelece as Orientações Curriculares para Educação Básica para a área de ciências da natureza e matemática definindo, entre outros, os seguintes objetivos para o segundo ciclo de formação humana (SEDUC-MT, 2010, p. 19-21)

 

-Fazer uso dos conhecimentos científicos para resolver situações problemas, utilizando estratégias próprias e/ou apropriadas na interação com o outro;
-Comunicar- matematicamente, fazendo uso das linguagens estabelecendo relações com as diferentes representações matemáticas;
-Produzir escritas numéricas e consolidar resultados e significados das operações fundamentais com os números racionais;
-Ampliar os procedimentos de cálculo mental e escrito, bem como identificar, semelhanças e diferenças em figuras geométricas;
-Construir o significado das medidas padronizadas e não padronizadas utilizando formas convencionais das unidades mais usuais;
-Comparar grandezas fazendo estimativas e estabelecendo relações entre as diferentes unidades de medidas;
-Compreender o sistema de numeração decimal, fazendo uso de estratégias diferenciadas para operar com o mesmo;
-Apropriar-se das formas convencionais de comprimento, volume, tempo, massa e temperatura, utilizando-as com propriedade.

 

Em 2014, o Ministério da Educação, através da Secretaria de Educação Básica e Diretoria de Apoio à Gestão Educacional instituiu o Pacto pela Alfabetização na Idade Certa, sendo um compromisso formal assumido entre 1Governo Federal, Distrito Federal, estados, municípios e sociedade de assegurar que todas as crianças estejam alfabetizadas até os 8 anos de idade, ao final do 3ºano do Ensino Fundamental (BRASIL, 2014).

Quanto a área da matemática o documento destaca que a [...] Alfabetização Matemática é entendida como um instrumento para a leitura do mundo, uma perspectiva que supera a simples decodificação dos números e a resolução das quatro operações básicas” (BRASIL, 2014, p. 5).

 

2.3.2 O Papel do Professor de Matemática

 

De acordo com o PCN para desempenhar seu papel de mediador entre o conhecimento matemático e o aluno, o professor precisa ter um sólido conhecimento dos conceitos e procedimentos dessa área e uma concepção de Matemática como ciência que não trata de verdades infalíveis e imutáveis, mas como ciência dinâmica, sempre aberta à incorporarão de novos conhecimentos.

Tornar o saber matemático acumulado um saber escolar, passível de ser ensinado/aprendido, exige que esse conhecimento seja transformado, pois a obra e o pensamento do matemático teórico geralmente são difíceis de serem comunicados diretamente aos alunos. Essa consideração implica rever a ideia, que persiste na escola, de ver nos objetos de ensino, cópias fieis dos objetos da ciência. (BRASIL,1998, p.36)

Tradicionalmente, a prática mais frequente no ensino de Matemática tem sido aquela em que o professor apresenta o conteúdo oralmente, partindo de definições, exemplos, demonstração de propriedades, seguidos de exercícios de aprendizagem, fixação e aplicação, e pressupõe que o aluno aprenda pela reprodução. Essa prática de ensino tem se mostrado ineficaz, pois a reprodução correta pode ser apenas uma simples indicação de que o aluno aprendeu a reproduzir alguns procedimentos mecânicos, mas não apreendeu o conte ̇do e não sabe utilizá-lo em outros contextos. (BRASIL, 2008, p.38)

A educação para cidadania, que é um dos grandes objetivos da educação hoje, exige uma “apreciação” do conhecimento moderno, impregnado de ciência e tecnologia. Assim, o papel do professor de matemática é particularmente importante para ajudar ao aluno nessa apreciação, assim como para destacar alguns dos importantes princípios éticos a ela associados. ( D’AMBRÓSIO 2011, p.87)

É relativamente recente a atenção ao fato de que o aluno é agente da construção do seu conhecimento, pelas conexões que estabelece com seu conhecimento prévio num contexto de resolução de problemas. Naturalmente, à medida que se redefine o papel do aluno diante do saber, é preciso redimensionar também o papel do professor que ensina Matemática no ensino fundamental.

De acordo com D’Ambrósio (2011) o papel do professor é a de um associado aos alunos na consecução da tarefa, e consequentemente na busca de novos conhecimentos. Alunos e professores devem crescer, social e intelectualmente, no processo.

Além de organizador o professor também é facilitador nesse processo. Não mais aquele que explica todo o conteúdo aos alunos, mas aquele que fornece as informações necessárias, que o aluno não tem condições de obter sozinho.

Segundo D’Ambrósio (2011) o professor de matemática deverá ter:

 

1.Visão do que vem a ser matemática;
2.Visão do que constitui a atividade matemática;
3.Visão do que constitui a aprendizagem da matemática;
4.Visão do que constitui um ambiente propicio à aprendizagem da matemática.

 

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

A educação ao longo de sua trajetória passou por inúmeras mudanças, vem rompendo barreiras, derrubando paradigmas e formulando novos conceitos sobre o que é educar.

As dificuldades no Ensino da Matemática são evidenciadas frequentemente ao falar de problemas da educação.

O processo do conhecimento matemático tem se caracterizado como algo codificado e excessivamente rodeado de palavras próprias e simbólicas, mostra-se para o aluno como algo sem significação e sem relação com o seu conhecimento anterior.

A tentativa de rompimento, no ensino tradicional da Matemática implica na introdução de um processo didático, no qual seja possibilitado aos alunos, a elaboração de seus conhecimentos, como solução de um problema significativo, respondendo as exigências do contexto em que está inserido e não apenas às expectativas do professor.

Os PCNs (BRASIL, 1998, p. 42) consideram importante o uso da história da matemática ao dizer que ela: pode oferecer uma importante contribuição ao processo de ensino e aprendizagem dessa área do conhecimento. Ao revelar a matemática como uma criação humana, ao mostrar necessidades e preocupações de diferentes culturas, em diferentes momentos históricos, ao estabelecer comparações entre os conceitos e processos matemáticos do passado e do presente, o professor cria condições para que o aluno desenvolva atitudes e valores mais favoráveis diante do conhecimento.

O aluno, enquanto resolve situações-problema, aprende matemática, desenvolve procedimentos e modos de pensar desenvolve habilidades básicas como verbalizar, ler, interpretar e produzir textos em matemática e nas áreas de conhecimento envolvidas nas situações propostas. Simultaneamente, adquire confiança em seu modo de pensar e autonomia para investigar e resolver problemas.

Vale lembrar que seja qual for à opção do professor em relação ao material a ser utilizado (jogos, textos, materiais didáticos, situações do cotidiano), o que vai realmente diferenciar essa proposta é o que esse material vai representar para aprendizagem do aluno.

Ao final deste trabalho chegamos à conclusão que a matemática deve ser construída com o aluno não de forma mecânica e sem interação, o que pode causar desinteresse do aluno e até mesmo o fracasso escolar desta disciplina. Portanto, se faz necessário que a matemática seja apresentada com significação para o aluno, tendo cuidado e atenção ao construir os conceitos matemáticos, pois serão conceitos que servirão como base para toda Matemática que será vista por ele no futuro.

O ensino da matemática, com metodologias e recursos pedagógicos adequados, é de relevante importância no processo de ensino e de aprendizagem, pois transforma a sala de aula em um espaço de trocas de conhecimentos.

Espera-se com esta pesquisa contribuir para a reflexão sobre a importância do ensino da matemática baseado nos objetivos propostos pelos PCNs e que este estudo servirá como base para aprofundamento no decorrer de próximos estudos.

 

REFERÊNCIAS

 

ALMEIDA, L. M. W.; DIAS, M. R. Um estudo sobre o uso da modelagem matemática como estratégia de ensino e aprendizagem. Bolema, Rio Claro: UNESP, ano 17, n. 22, p. 19-35, 2004

 

BRASIL. Resolução Nº 4, de 13 de julho de 2010. Define Diretrizes Curriculares Nacionais Grais para a Educação Básica.

Disponível em: < http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/rceb004_10.pdf> Acesso em: 25 julho 2017.

 

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: matemática /Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília :MEC/SEF, 1997.142p.

 

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: matemática /Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília :MEC/SEF, 1998.142p.

 

D’ AMBROSIO, U. Etnomatemática: elo entre as tradições e a modernidade. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2011.

 

D’AMBRÓSIO, U. Desafios da educação matemática no novo milênio. Educação Matemática em Revista, São Paulo: SBEM, v. 8, n. 11, p. 14-17, 2002.

 

______. Etnomatemática: elo entre as tradições e a modernidade. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2002

 

FERREIRA, E. S. Cidadania e educação matemática. Educação Matemática em Revista, SBEM, ano 1, n. 1, p. 12-18, 2º sem. 1993

 

FONSECA, J. J. S. Metodologia da pesquisa científica. Fortaleza: UEC, 2002. Apostila.p.32.

 

GOMES. Maria Laura Magalhães. História do Ensino da Matemática: uma introdução Belo Horizonte. CAED-UFMG. 2012. 70 p.

 

Maccarini, Justina Motter. Fundamentos e metodologia do ensino de matemática / Justina Motter Maccarini. – Curitiba: Editora Fael, 2010.170 p.

 

MARTINS, Gilberto de Andrade. Estudo de Caso.2ªed. São Paulo: Atlas, 2008.

 

ORIENTAÇÕES CURRICULARES: Área de Ciências da Natureza e Matemática: Educação Básica. /Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso. Cuiabá: SEDUC-MT, 2010.

 

SEDUC, Orientações Curriculares: Área de Ciências da Natureza e Matemática: Educação Básica. /Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso. Cuiabá: SEDUCA-MT, 2010.p.19-21.