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OS DESAFIOS NO ATENDIMENTO ESCOLAR E OS MODOS DE INCLUSÃO EM TEMPOS DE PANDEMIA E ISOLAMENTO SOCIAL

Sidineia de Araújo

 

RESUMO

A exclusão no âmbito escolar trata-se de uma problemática que afeta diretamente a vida de milhares de alunos e alunas em toda a sociedade. Discutir os desafios que o Estado, os gestores e toda a estrutura social enfrentam no intuito de minimizar este fenômeno torna-se importante temática para estudo. Isso porque, não bastassem as dificuldades tradicionais já vivenciadas por alunos, professores e instituições de ensino relacionadas à exclusão escolar como discriminação racial, pobreza, violência e baixa escolarização dos pais, o isolamento social ocasionado pela pandemia do Covid-19 evidenciou ainda mais este fenômeno, impedindo o funcionamento normal das aulas presenciais, diminuindo drasticamente a socialização e a vivência em sala de aula, bem como inviabilizando o contato visual, a conversa, a escuta e o brincar, os quais são indispensáveis para a formação do aluno ainda em desenvolvimento. A inclusão escolar, neste contexto, mesmo que considerada uma discussão antiga, torna-se indispensável, sobretudo em tempos de pandemia, sendo esta a justificativa da escolha do tema deste artigo. Neste sentido, o presente trabalho possui o objetivo de abordar os desafios no atendimento escolar e os modos de inclusão que escolas e instituições de ensino podem utilizar em tempos de pandemia e isolamento social. A metodologia escolhida foi a revisão de bibliografia, por meio da qual foi possível constatar que apesar dos desafios, a inclusão escolar em época de isolamento social pode ser promovida de diversas formas, seja por meio de aulas remotas, apostilas adaptadas, vídeo-aulas, atendimento e grupos em whatsapp, atendimento domiciliar, atividade retroativas e de percurso e outras, com o intuito de fazer com que todos os alunos possam dar continuidade aos seus estudos e para que efetivamente adquiram conhecimento e aprendizado de qualidade, mesmo em épocas de pandemia.

 

Palavras-chave: Exclusão. Isolamento Social. Inclusão Escolar.

 

INTRODUÇÃO

 

A educação em todos os níveis tem passado por grandes desafios durante a história da humanidade. Apesar disso, desde março de 2020, a pandemia do Covid-19 assolou e estremeceu quase todas as estruturas sociais, causando diversos danos não apenas em empresas e organizações, mas também em escolas e todo tipo de instituição de ensino, as quais se viram obrigadas a paralisarem seu funcionamento e atendimento normal presencial, visando evitar o contágio e descontrole da doença.

Neste cenário, diversos foram os transtornos, as dificuldades e os desafios que as escolas tiveram que enfrentar para que a educação pudesse ser promovida, mesmo em tempos difíceis, com o intuito maior de promover um bom e acessível aprendizado a todos.

Neste sentido e diante destes fatos, questiona-se: Como a escola pode atuar amenizando os impactos deste período que acabou excluindo os alunos do convívio escolar e impedindo-os de retomar suas atividades escolares?

O objetivo geral deste artigo é, portanto, abordar os desafios no atendimento escolar e os modos de inclusão que escolas e instituições de ensino podem utilizar em tempos de pandemia e isolamento social, sobretudo nas séries iniciais do ensino fundamental I, em suas variadas situações. Para isso elegeu-se como objetivos específicos: 1) Conceituar inclusão e isolamento social; 2) Observar como tem sido o processo de acolhida dos alunos e suas diversas dificuldades para darem continuidade aos estudos, citando a legislação competente neste processo; 3) Analisar o envolvimento das partes: professores, colegas, pais, entre outros envolvidos e como se dá o processo de socialização.

A justificativa desta pesquisa se dá no fato de que este período acabou retirando de uma parcela de alunos um grande direito que é o aprendizado presencial com convívio, contato, com qualidade, de forma vivencial, visto que o contato no ambiente escolar e o atendimento pedagógico são necessários para que o aluno tenha eficácia em seus estudos. Neste sentido, torna-se indispensável discutir a inclusão no ambiente escolar.

A partir desta preocupação desenvolveu-se uma pesquisa discursiva de caráter bibliográfico com base em livros e em artigos científicos publicados na web em rede mundial na internet como em sites de pesquisas, conforme as normas previstas pelo MEC – Ministério da Educação e Cultura e pela ABNT – Associação Brasileira de Normas e Técnicas.

A metodologia de cunho bibliográfico é aquela pesquisa que se dá em material já publicado que possam ser usados, como base para a pesquisa. Portanto, a pesquisa bibliográfica se dá a partir do levantamento de referências teóricas já avaliadas, e publicadas em livros, revistas, jornais, artigos científicos ou sites e páginas de sites de pesquisa como SciELO e Google Acadêmico na internet. Este tipo de pesquisa tem como objetivo recolher informações ou conhecimentos prévios sobre o problema estudado.

A pesquisa ainda utilizará da metodologia exploratória que de acordo com Gil (2003), visa por meio dos objetivos, explorar ainda mais a temática, utilizando-se tanto das leituras bibliográficas, do referencial teórico e de informações vivenciadas no dia-a-dia escolar, a fim de conhecer melhor e esclarecer sobre as “Formas de inclusão nas práticas pedagógicas” durante o isolamento social na educação, no ensino fundamental I, o qual envolve crianças entre 6 e 11 anos do 1º ao 5º ano, buscando assim melhorar as condições de ensino- aprendizagem durante o tempo de isolamento social no qual todos tiveram que se adequar a estudar, trabalhar e até se relacionar uns com os outros de forma distante.

 

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

 

A EDUCAÇÃO NO BRASIL

 

A Lei de Diretrizes e Bases - LDB 9394/96 é a norma que reafirma o direito à educação, garantido pela Constituição Federal de 1988. Trata-se do diploma normativo que estabelece princípios e deveres do Estado em relação ao fornecimento escolar público, deliberando sobre as responsabilidades colaboradas entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios no que se refere à promoção da educação.

Neste passo, a educação brasileira foi subdividida em dois níveis: a educação básica e o ensino superior. A primeira divide-se em:

 

-Educação Infantil – creches (de 0 a 3 anos) e pré-escolas (de 4 e 5 anos) – É gratuita mas não obrigatória, compete aos municípios;

-Ensino Fundamental – anos iniciais (do 1º ao 5º ano) e anos finais (do 6º ao 9º ano) – É obrigatório e gratuito, de competência dos municípios os anos iniciais e dos estados os anos finais; e

-Ensino Médio – O antigo 2º grau (do 1º ao 3º ano), de total responsabilidade dos Estados. Pode ser técnico profissionalizante, ou não.

 

A educação infantil é, também, um direito constitucional observado na emenda nº 59/2009, que alterou os incisos I e VII do artigo 208 da Constituição/88, determinando a obrigatoriedade da educação básica no intervalo dos 4 aos 17 anos de idade. Assim, a matrícula tornou-se obrigatória a partir da pré-escola, sendo o acesso à creche um direito de todas as crianças de 0 a 3 anos, mas, não obrigatório, já a educação infantil que compreende os 4 e 5 anos da criança e obrigatório e essencial para sua entrada no ensino fundamental. Logo, cabe ao poder público ampliar sua oferta gradativamente, visando atender esta demanda.

A Lei nº 12.796/2013 também estabelece a educação infantil de 4 e 5 anos na pré-escola, com carga horária mínima anual de 800 horas, distribuída por no mínimo 200 dias letivos, nos quais o atendimento deve se dar em quatro horas diárias para o turno parcial e de sete para a jornada integral. Esta mesma norma já valia para o ensino fundamental e médio.

Com a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 que exigia a matrícula no Ensino Fundamental com duração de nove anos, a iniciar-se aos seis anos de idade, logo, em 16 de maio de 2005 a Lei nº 11.114, torna obrigatória a matrícula das crianças de seis anos de idade no Ensino Fundamental, enquanto a Lei nº 11.274, de 6 de fevereiro de 2006 acaba fixando o Ensino Fundamental para nove anos de duração, com a sua entrada na escola aos 6 anos de idade.

O acesso da criança no Ensino Fundamental aos 6 anos de idade, é obrigatório segundo a Lei nº 10. 172, aprovada em 9 de janeiro de 2001, a qual também aprovara o Plano Nacional de Educação - PNE, com o Ensino Fundamental de 9 anos dividido em séries iniciais de 1º ao 5º ano e séries finais de 6º ao 9º ano. Embasado netas Leis, toda criança e adolescente tem garantido por Lei seu direito a frequentar uma escola e a receber a educação na idade adequada.

Portanto, segundo o ECA, “a criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho”. Essa Lei Federal 8.069, de 13 de julho de 1990, é embasada na Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 10 de dezembro de 1948, e assegura:

 

-Igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;

-Direito de ser respeitado por seus educadores;

-Direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer às instâncias escolares superiores;

-Direito de organização e participação em entidades estudantis, e

-Acesso à escola pública e gratuita próxima de sua residência.

 

O Ensino Superior, por sua vez, é de alçada da União, podendo também ser oferecido por Estados e Municípios, desde que estes já tenham atendido os demais níveis em sua totalidade. As instituições privadas são autorizadas e fiscalizadas pela união.

 

EDUCAÇÃO EM TEMPOS DE PANDEMIA – DESAFIOS E DIFICULDADES

 

No período de isolamento social, causado pela pandemia da COVID-19, alunos e professores tiveram grandes prejuízos com a impossibilidade de realização das aulas presenciais. Entre os prejuízos que se podem destacar a partir dos estudos, pesquisas e conteúdos teóricos e bibliográficos consultados, estão a dificuldade de socialização, de desenvolvimento das competências socioemocionais, das habilidades cognitivas e de aprendizagem, além de fatores que culminaram para um processo maior de exclusão social e escolar (QUADROS, 2003).

Isso porque a socialização, o desenvolvimento das competências socioemocionais, das habilidades cognitivas e de aprendizagem que compõem um conjunto de competências que o indivíduo possui para lidar com suas próprias emoções e desenvolvimento humano, são trabalhadas em seu cotidiano em todas as situações da vida interagindo e compartilhando consigo mesma o “eu” e com o próximo “o outro” num processo onde cada indivíduo deve aprender a conhecer, conviver, trabalhar e ser. Estas competências e habilidades fazem parte da formação integral e do desenvolvimento do ser humano. As habilidades socioemocionais e cognitivas são facilmente desenvolvidas, aprendidas, praticadas e até ensinadas, desde que haja uma orientação adequada e um acompanhamento na construção das mesmas.

As competências e habilidades dizem respeito ao que o indivíduo pode aprender; praticar; e ensinar. As competências conhecidas como cognitivas (interpretar, refletir, pensar abstratamente, generalizar aprendizados) mantém uma relação estreita com as competências socioemocionais (autogestão, engajamento com os outros, amabilidade, resiliência emocional, abertura ao novo).

De acordo com Santos e Primi (2014, p.14), as Competências Socioemocionais:

 

São capacidades individuais que se manifestam nos modos de pensar, sentir e nos comportamentos ou atitudes para se relacionar consigo mesmo e com os outros, estabelecer objetivos, tomar decisões e enfrentar situações adversas ou novas. Elas podem ser observadas em nosso padrão costumeiro de ação e reação frente a estímulos de ordem pessoal e social. Entre outros exemplos, estão a persistência, a assertividade, a empatia, a autoconfiança e a curiosidade para aprender.

 

No ambiente escolar, as competências e habilidades envolvem a capacidade do aluno em lidar com suas próprias emoções, a dominar suas reações, relacionando-se com os outros e aperfeiçoando seu autoconhecimento. Este é processo essencial na formação de toda pessoa, pois, quando criança, este processo contribui com a formação da personalidade e de sua essência, de seus valores e preferências, bem como de suas aspirações e pré-conceitos. Já na fase adulta este processo o ajuda a se desenvolver de maneira completa como indivíduo no aspecto pessoal, acadêmico e profissional. Nota-se, portanto, que o isolamento social também tirou essa possibilidade de desenvolvimento saudável e apropriado das crianças, ao tirá-las do ambiente de convívio escolar (QUADROS, 2003).

Contudo, o maior problema enfrentado pela educação durante esta pandemia e isolamento social ainda foi a exclusão sem intencionalidade que acabou ocorrendo devido à gravidade da doença que é o Covid-19, e pela situação de emergência que se criou no Brasil e no mundo.

A exclusão se deu porque o isolamento não permitiu que as aulas acontecessem presencialmente e acabou limitando ou excluindo alguns alunos do aprendizado ou de seu desenvolvimento escolar normal, visto que aqueles que não podiam se adequar aos sistemas oferecidos, acabaram sendo prejudicados e um ou outro momento deste período.

Conforme Streiechen (2012, p.136):

 

A inclusão vai além do estar junto, viver junto, estudar junto ou brincar junto, mas, é o interagir com o outro. Em tempos que o surdo era visto como incapaz por toda a sociedade, eles eram torturados, abandonados pelas famílias, escondidos e isolados do convívio social pelo estigma e preconceito (STREIECHEN, 2012).

 

A educação inclusiva trabalha acolhendo todos sem exceção: o estudante com deficiência física, os que têm comprometimento mental, os superdotados, para todas as minorias e aqueles discriminados por qualquer outro motivo (QUADROS, 2003).

 

A INCLUSÃO NA EDUCAÇÃO

 

A inclusão na educação parte da luta de alunos e familiares que na tentativa de garantir estudos aos seus filhos, em 1994, com a Declaração de Salamanca, passaram a discutir a legislação na teoria e prática a respeito da inclusão de pessoas com deficiência no contexto escolar; visto que por muitos anos a educação de pessoas com deficiências foi um processo quase que inexistente, pois, o acesso às escolas e a aceitação destas pessoas no ambiente escolar somente se inicia no cenário mundial no século XVII, enfrentando inúmeros empecilhos, baseados em questões religiosas, místicas e sociais, pois a mesma era vista como impossibilitada de trabalhar, raciocinar e executar tarefas.

Logo, a educação passa a ter papel fundamental neste processo de educação inclusiva, a qual não apenas insere o deficiente no âmbito educacional, mas, educa as pessoas de um modo geral a se respeitarem entre si e aceitarem-se mutuamente com suas imperfeições, pois todos as têm de modo visível ou intrínseco.

A inclusão é a capacidade de se ver no outro, de aceitação, de compartilhar experiências com vários tipos de pessoas. Existem diversos tipos de discriminações, mas a inclusão é uma só, pois, por meio de uma visão inclusiva, todas as pessoas são acolhidas, sem qualquer exceção (LACERDA, 2006).

O intuito da inclusão é, portanto, trazer todos para a sociedade, a qual deverá adequar- se e se adaptar em todas as áreas sociais, tornando acessíveis os direitos básicos de um cidadão comum. Para Carvalho (1997, p.11):

 

“A formação de uma atitude ética e política é a grande contribuição que a educação inclusiva pode dar num mundo em crise como o que vivemos. Não se restringindo apenas à transmissão de informações ou à seguir regras de comportamento. A educação inclusiva está engajada na construção de uma nova cultura.”

 

O decreto n. 5296/04 regulamenta as Leis 10.048 e 10.098/2000 e considera deficiente pessoa com mobilidade reduzida, que não se enquadrando no conceito de pessoa portadora de deficiência, tenha, por qualquer motivo, dificuldade de movimentar-se, permanente ou temporariamente, gerando redução efetiva da mobilidade, flexibilidade, coordenação motora e percepção.

Tomando como base a opinião de Drago e o decreto n. 5296/04, pode-se considerar o isolamento social causado pela pandemia como um fator sério de exclusão, visto que o mesmo privou os alunos de um modo geral, bem como privou cada aluno em suas dificuldades específicas. Tirou deles sua condição de mobilidade e liberdade para terem acesso e acessibilidade ao ambiente escolar e darem continuidade aos seus estudos.

Isso caracteriza uma situação que exigiu e continua a exigir meios de intervenção que amenizem os danos causados pelo afastamento das salas de aula e do cotidiano de ensino- aprendizagem, no qual todos antes estavam acostumados e de repente lhes fora tirado.

Esses danos se estenderam também aos pais, responsáveis e à toda classe educadora que também teve que se adequar de várias formas para continuar seu trabalho e tentar de diversas formas amenizar esses danos causados aos seus alunos. Tal situação serve como tema para outros estudos que posteriormente poderão ser feitos.

Conforme Lacerda (2006, p.32), no ambiente escolar, a inclusão ocorre gradativamente por determinação legal e conforme a necessidade apresentada pelo aluno, por isso, a escola deve proporcionar este atendimento num processo de inclusão que envolve uma reflexão mais ampla da sociedade, pois, esta busca não se dá apenas no ambiente educacional, mas, mas em todos os âmbitos que o deficiente possa desfrutar de melhor qualidade de vida e se relacionar, interagir e socializar.

Durante a pandemia essa inclusão teve que ocorrer e se deu conforme os esforços de profissionais da educação, de pais e alunos. Portanto toda a comunidade escolar teve que se adequar, lutar pelos estudos e buscar formas de amenizar os problemas ocasionados pelo distanciamento social.

O MEC também apontou casos de insucesso, mas, ressaltou que houve esforços e desafios de todas as formas. Também, deve-se considerar que todo o mundo sofreu esse desfalque e que o Brasil não foi o único país a ser prejudicados, mas, com certeza, foi um dos que mais rápido soube se adequar e superar os desafios.

A Constituição Federal de 1998 em seu artigo 205, afirma que a educação é tarefa também da família e da sociedade ao afirmar que a educação constitui-se um direito de todos, e, portanto, é dever do estado e da família promover e incentivar a mesma, em tempo apropriado sem privações ou atrasos, visando o desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Logo a inclusão também faz parte deste contexto, já que é direito de qualquer indivíduo independente da idade, gozar destes direitos.

Analisando esta fala do autor e a CF/88, nota-se que a exclusão não era apenas social bem como familiar. Infelizmente, essa fala denota essa indiferença por parte de muitos pais e familiares que durante a pandemia se mostraram relapsos e não cuidaram da educação de seus filhos, bem como aponta a falta de diligência por parte de muitos profissionais da educação que também não buscaram recursos, ajuda ou meios de transpor os desafios. Apenas se acomodaram durante a pandemia.

Porém, tais atitudes não podem ser interpretadas em sua totalidade como irresponsabilidade. Muitas pesquisas médicas do Centro Universitário São Camilo (2021), têm apontado que uma das consequências da pandemia foi deixar as pessoas mais dementes e sem atitudes diante dos desafios. Logo, entende-se que muitos desses pais, alunos e até educadores que não conseguiram reagir, pode ter sido reflexões da própria condição de isolamento.

Por isso há que se destacar que a formação do professor foi fator importante neste processo, pois, professores inexperientes e qualificados conseguiram superar os desafios durante a pandemia. Não foi nada fácil para nenhum dos professores. E claro alguns sentiram maiores ou menores dificuldades que outros. Muitos professores também contaram com a colaboração de um filho, um sobrinho ou um amigo para montar vídeos, apostilas virtuais ou slides em PowerPoint e até mesmo para utilizar as plataformas de vídeo-aulas.

Contudo, a formação e a experiência em sala de aula foram essenciais para melhorar o ensino naquele momento e lidar com as diversas situações longe da sala de aula. Neste sentido, sugere-se que os cursos de formação continuada, a partir desta experiência, insiram mais cursos que visem situações parecidas. É claro que antes nunca se viveu um momento tão desafiador, mas, as epidemias e as guerras já vividas pela sociedade já deram exemplos de sobra. No entanto, neste sentido, as formações pedagógicas pecaram em não ter em suas grades currículos disciplinas de educação em urgências. E logo, as dificuldades também partiram desta deficiência. Atualmente, e, sobretudo agora, a sociedade após viver uma situação desta na prática, consegue ter base e dar continuidade neste preparo para que em possíveis situações no futuro a mesma não seja pega de surpresa novamente. Portanto, os cursos de formação docente precisam proporcionar este preparo, para que os professores novos e antigos compreendam a importância de seu papel como mediador no processo de ensino-aprendizagem do aluno em tempos de urgência e emergência (DAMÁZIO, 2007).

Trabalhar neste sentido, também é uma forma de se executar a proposta de educação inclusiva, que é um movimento de reorganização da escola, que deve se antecipar aos problemas e quanto mais cedo inserida também no dia-a-dia da criança, para que ela conviva com as diferenças e as situações de emergência, dando maior estrutura à formação psicológica, social e de caráter do aluno. Logo, esta inclusão deve começar na educação infantil por ser esta, conforme prescrito na lei, a primeira etapa da educação (ROTTA, 2006).

A orientação sobre a educação de crianças com NEE ou em quaisquer situações de exclusão, apresentada na LDB, elaborada pelo MEC, compõem o RCN, Estratégias e Orientações para a Educação de Crianças com NEE, e se estabelecem em:

 

-Disponibilizar recursos para dar suporte e apoio ao docente e possibilitar sua capacitação de acordo com o movimento da inclusão;

-Realizar o levantamento sobre serviços e recursos comunitários e institucionais que possam constituir-se como apoio, cooperação e suporte;

-Contar com a participação da direção, dos professores, dos pais e das instituições especializadas na elaboração do projeto pedagógico que contemple a inclusão;

-Promover a sensibilização da comunidade escolar sobre a inclusão de crianças com NEE;

-Promover encontros profissionais da educação com outros profissionais como psicopedagogos, psicólogos, médicos, entre outros, com o objetivo de refletir, analisar e solucionar possíveis dificuldades no processo de inclusão;

-Solicitar suporte técnico ao órgão responsável pela Educação Especial no estado, no Distrito Federal ou no município, como também ao MEC e às secretarias de educação;

-Adaptar o espaço físico interno e externo para atender crianças com NEE, conforme normas de acessibilidade (BRASIL, 2001).

 

Com o distanciamento muitos destes alunos acabaram ficando o dia inteiro em casa sem se socializar, aprender, divertir e se comunicar. Muitos também sofreram com o afastamento de seus professores auxiliares, como no caso dos alunos surdos que eram acompanhados de um intérprete de LIBRAS, o que era garantido pelo projeto de Lei n.º 9.382, de 2017, visto que muitos profissionais passaram a não atender os alunos neste período de pandemia por diversos fatores.

Visando amenizar as dificuldades e os impactos os professores adotaram novas formas de acolhida com vídeos musicais, com fantoches ou cartazes coloridos, professores vestiram de personagens da literatura infantil, outros fizeram vídeos ao ar livre, organizaram atividades com a família, pesquisa na internet, aulas de reciclagem para aprenderem a reaproveitar o lixo, outros incentivaram a cultivar hortinhas em casa, outros atendiam pelo whatsapp, por ligações telefônicas, e muitos professores foram além dirigindo-se às casas de muitos alunos a pé, de ônibus, de bicicleta, de carro ou carona.

O afastamento dos colegas, dos professores, dos auxiliares e do ambiente escolar gerou estresse na vida de muitos alunos, pais e educadores. E o reencontro de muitos emocionou a todos em diversos vídeos pela internet. Logo, nota-se a grande importância do professor na vida do aluno, do ambiente escolar, da socialização com os colegas e da vivência em sala de aula (LUNARDI, 2021).

Neste sentido, a educação inclusiva propõe uma reorganização ao sistema educacional para que a escola esteja preparada para incluir os alunos em todas as situações já citadas, de forma a garantir acesso, permanência e condições de aprendizagem de todos sem distinção e que devido ao isolamento dependeram de atendimento diferenciado seja na metodologia ou na acessibilidade. Há uma grande a preocupação no que diz respeito a uma política inclusivista no seio da escola regular que deve contar com apoio técnico, um atendimento digno e de qualidade em relação aos recursos materiais, físicos e profissionais segundo Sassaki (2007).

As atividades desenvolvidas neste período tiveram características educacionais especializadas e às vezes diferenciavam-se daquelas realizadas na sala de aula comum, não sendo submetidas à escolarização, mas, apenas usadas nestes casos. O atendimento educacional especializado é este que disponibiliza programas de enriquecimento curricular, o ensino de linguagens e códigos específicos de comunicação e sinalização, ajudas técnicas e tecnologia assistiva, dentre outros, em situações atípicas como foi o período de isolamento (DAMÁZIO, 2007).

O atendimento diferenciado complementa e/ou suplementa a formação dos alunos com intuito de não força-los às atividades dentro do processo de escolarização, mas, buscando por meio desse atendimento articular uma proposta pedagógica de ensino apropriado ou adaptado à cada necessidade apresentada e em cada situação de dificuldade pedagógica ou de acessibilidade. Assim, buscando atender a todos de forma inclusiva (BRASIL, 2007).

Neste sentido a atual Lei de Diretrizes e Bases 9394/96 destaca que os sistemas educacionais devem possibilitar o acesso de alunos presencial, híbrido ou remotas às classes regulares, oferecendo suporte teórico e prático, favorecendo desta forma a inclusão escolar.

No âmbito educacional a tecnologia é vista como um conjunto de procedimentos, técnicas e sistemas audiovisuais e midiáticos que facilitam o processo ensino- aprendizagem com a utilização de ferramentas tecnológicas. Em tempos de isolamento social as tecnologias foram uma grande saída para alguns e uma exclusão para outros (DRAGO, 2011).

Mas, para superar esta situação possibilitou-se os estudos por apostilas e atendimento domiciliar em alguns casos com professor ou orientador educacional para que alunos de todas as séries e níveis pudessem continuar seu aprendizado. Nos casos dos alunos que por morarem em áreas rurais, aldeias e ribeirinhos, a escolas disponibilizarem atividades de repercurso e recuperação para que os mesmos não fossem reprovados e nem tivessem seu acesso à série posterior no ano de 201, dando sequencia aos seus estudos. Essas atividades foram fornecidas impressas para serem levadas para casa, respondidas e entregues em um prazo de até um mês, para que só depois se realizasse o fechamento anual de notas.

Diante destas novas abordagens vivenciadas pela educação faz-se necessário compreender melhor o uso das tecnologias na educação infantil, compreender como a escola tem inserido a mesma, abrangendo as dificuldades dos professores diante de tantas adequações e mudanças; sobre a falta de estrutura física e tecnológica que muitas escolas sofrem, bem como a dificuldade de muitos alunos em ter acesso às tais tecnologias; e ressaltando a responsabilidade da própria educação em orientar pais e alunos quanto ao uso correto destes recursos para com as crianças.

Como a situação de isolamento vivenciada impediu que o ensino presencial acontecesse, essas ferramentas que já eram usadas tornaram-se ainda mais cotidianas na vida de todos. Portanto, torna-se papel da comunidade escolar continuar essa luta, pois, a pandemia ainda não foi totalmente vencida, e, muitas pessoas ainda sofrem as consequências desta terrível doença que é o covid-19. Logo, transformar as possibilidades tecnológicas e os recursos citados em estratégias de ensino e aprendizado.

O desafio colocado diante dos professores torna-se maior, chama à discussão sobre a eficácia do ensino à distância na difícil tarefa de justificar e comprovar o sucesso do mesmo; traz à discussão a inclusão que ainda é desafio em todos os âmbitos; gera incômodo, pois desafia as pessoas de modo geral a se desacomodar das rotinas e ao mesmo tempo se isolarem; também incomoda no sentido de desafiar as pessoas a fazerem algo novo e desconhecido, entre muitos outros aspectos.

Sugere-se que todas as medidas e ferramentas utilizadas pelos meios educacionais e profissionais da educação para amenizar os impactos da pandemia no ensino dos alunos sejam continuadas e valorizadas. Elogia-se ainda o grande trabalho que essa classe profissional executou durante mais de um ano com sua disposição, garra e profissionalismo.

 

OS RECURSOS PEDAGÓGICOS E TECNOLÓGICOS NA EDUCAÇÃO EM ÉPOCAS DE ISOLAMENTO SOCIAL

 

Em tempos de isolamento social, tornou-se imprescindível associar os recursos tecnológicos à uma série de práticas sociais que envolvem convivências, socialização, trabalho, estudo, junto ao comportamento dos indivíduos usuários de todos os artefatos e ambientes digitais e virtuais.

Utilizar tecnologias no processo ensino-aprendizagem tem sido na contemporaneidade cada vez mais necessário. Entretanto, estudos tem mostrado que, nos espaços escolares, em especial, na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental, as tecnologias se constituem como um desafio para professores e gestores, o qual tem sido vivenciado nos tempos atuais com o distanciamento e as aulas remotas (LUNARDI, 2021).

Neste sentido, em tempos de pandemia a educação inclusiva tornou-se primordial buscando entender quais eram as dificuldades de cada aluno, de cada pai e de cada professor. É claro que nem todos os casos foram bem sucedidos, e nem mesmo se viu tais esforços em 100% das escolas, famílias, educadores e alunos espalhados pelo Brasil, mas, conforme dados do próprio Ministério da Educação e Cultura – MEC (2021), mesmo com tantos desafios os alunos concluíram bem o ano letivo de 2020, passando para a série posterior em 2021.

A Escola, portanto, sempre à frente da sociedade e precursora na busca por soluções ou ao menos medidas interventivas, mais uma vez objetivou cumprir seu papel e disponibilizou com educadores, coordenadores, gestores e toda a equipe administrativa das escolas juntos às Secretarias Municipais e Estaduais de Educação, meios de sanar ou amenizar estas perdas educacionais.

Assim que se viu a real situação, autoridades e colaboradores do meio educacional traçaram planos e planejamentos de aulas para que a escola não parasse. E assim se fez, em quase todo o território brasileiro a educação não parou. Muitos educadores abriram mão de suas liberdades, da privacidade em suas casas, de seu único tempo, e lançaram mão em um grande desafio: aulas remotas, aulas híbridas, apostilas para grupos diferentes de alunos, vídeo-aulas, canais no youtube, páginas de facebook e instagran, atendimento no telefone e no whatsapp, videoconferências, visitas domiciliares aos alunos ribeirinhos, em aldeias e comunidades carentes; entre tantos outros meios que os profissionais da educação desenvolveram para dar continuidade ao que é de maior importância num país: “A Educação” (LUNARDI, 2021).

No entanto, muitos casos exigiram bem mais dos professores, dos alunos e das famílias, pois, nem sempre o modelo de aula adotado pelas escolas nos municípios brasileiros, fez-se inclusivo em sua procedência, visto que diversas situações, dentro deste funcionamento acabou excluindo das aulas alunos que porventura: não tinham acesso à internet ou à Tecnologias como aparelhos de smartphones ou computadores para assistirem as aulas remotas; alunos que porventura estudavam em redes particulares e devido aos vários casos de desemprego durante a pandemia, os pais acabaram tirando das escolas na tentativa de conseguir uma vaga na escola pública; alunos que não conseguiram realizar as atividades sozinhos ou com o acompanhamento de algum familiar; familiares que não tinham tempo ou condições de buscar as apostilas na escola e auxiliar os alunos em casa; alunos de zona rural, aldeias ou assentamentos que residiam na zona urbana somente para estudar, e com a pandemia voltaram para suas casas onde ficou distante e de difícil acesso; alunos que residem em comunidades e favelas nas quais os riscos são presentes no dia-a-dia como violência e marginalidade; e ainda os casos de alunos com NEE ocasionadas por doenças, distúrbios e limitações (LUNARDI, 2021).

As aulas remotas se deram pela plataforma Teams e Google Meet, mas, nem sempre funcionava devido à instabilidade de internet. Outras vezes o professor apenas gravava os vídeos explicando o conteúdo e os enviava via grupos de estudos no whatsapp. O atendimento por telefone foi muito usado e o atendimento domiciliar para aqueles com falta de acesso e NEE.

As apostilas foram adaptadas conforme as turmas de alunos: aulas remotas, aulas híbridas, aulas em casa. Assim no mínimo 3 grupos diferentes existiam numa mesma turma. Os alunos que faziam apenas aulas nas apostilas em casa, os pais deveriam retirar o material à cada 7 ou 15 dias na escola e depois devolver o material respondido e retirava o próximo. No entanto, nem todos conseguiram cumprir toda esta agenda e àqueles que não conseguiam acompanhar as escolas faziam contato e tentavam formas de ajudar (ALVES, 2020).

Essa forma de atendimento não predominou 100% em todas as escolas do Brasil, mas, em sua grande maioria foi assim feito. Contudo, isso não impediu as retenções e reprovações, mesmo sendo ofertado atividades retroativas e de percurso para recuperação de notas.

Nada obstante, ressalta-se que as medidas de isolamento, ainda que rígidas, cumpriram aquilo que às mesmas devem garantir também por lei, visando à segurança e o direito não apenas da criança como também das famílias. Logo, não havia outra solução mais adequada no momento e cumprir as normas de isolamento foi fundamental.

Deste modo, a situação atual tem feito com que muitos profissionais se superem, e este papel a grande maioria tem feito de forma surpreendente. Assim, as aulas deste formato foram adotadas em todo o país, a fim de atender a demanda educativa também das séries iniciais e até mesmo da educação infantil.

A utilização dos recursos tecnológicos tais como, o computador, internet, plataformas, possibilita a aproximação do estudante com os demais alunos e com os professores ou tutores, que nesses espaços eles tiram duvida, conversam mandam materiais e estudam como qualquer outro aluno (PICOLLI; CAMINI, 2013).

Entretanto, estudos tem mostrado que, nos espaços escolares em especial, na educação infantil e anos iniciais do ensino fundamental, as tecnologias se constituem como um desafio para professores e gestores, comprometer-se com a prevenção de aprendizagem e de ensino gerado no contexto educacional corresponsável pelo êxito do processo de alfabetização e letramento (PICOLLI; CAMINI, 2013).

O lúdico tem sido uma ferramenta de grande importância, pois, o mesmo se dá no uso de brincadeiras em sala de aula em benefício do ensino e da aprendizagem infantil. É brincando que a criança aprende a respeitar regras, a ampliar o seu relacionamento social e a respeitar a si mesmo e ao outro. Por meio do universo lúdico que a criança começa a expressar-se com maior facilidade, ouvir, respeitar e discordar de opiniões, exercendo sua liderança, e sendo liderados e compartilhando sua alegria de brincar.

Desta forma as brincadeiras e as atividades mais lúdicas abaram sendo grande parceiras também para tornar as aulas e esses momentos mais interessantes para os pais que acabavam tendo muitas dificuldades em acompanhar as aulas, por nem sempre saberem auxiliar os filhos nas atividades propostas.

Conforme Vygotsky, (2007) o lúdico tem como papel, o ensinar em forma de brincadeira. No pensamento infantil, é brincando que a criança revela suas competências cognitivas e socioemocionais. É por meio da brincadeira que a criança é motivada, ela se envolve, comunica, socializa e aprende. O lúdico é um momento ou recurso para que se alcance este propósito em sala de aula.

Para Zanluchi (2005, p.89), as crianças brincam daquilo que vive; extrai sua imaginação lúdica de seu dia-a-dia, portanto, tendo a oportunidade de brincar, elas estarão mais preparadas emocionalmente para controlar suas atitudes e emoções dentro do contexto social, obtendo assim melhores resultados gerais no desenrolar da sua vida. Desta forma, percebe-se que o lúdico é toda brincadeira ou atividade divertida que proporciona aprendizado à criança, ou o uso de brincadeiras e jogos de forma a proporcionar aprendizado.

Desta forma, pode-se afirmar que a pandemia do Covid-19 e as medidas de isolamento social evidenciaram aspectos da exclusão social que os ensinos presenciais e gratuitos garantidos por lei eliminam apenas em sua existência, ao tornar acessível o ensino a todos sem distinção de pessoas. Com a proibição das aulas, pode-se dizer que a exclusão tornou-se mais evidente em seus diversos aspectos e não apenas afetou alunos com NEE, como prejudicou alunos que se viram excluídos do ambiente educacional e das vias de ensino disponibilizadas por inacessibilidades (ALVES, 2020).

O estudo apontou ainda que mesmo diante desses desafios as escolas e os profissionais da educação em sua grande maioria se superaram e surpreenderam com aulas remotas, apostilas, atendimentos vídeo-aula, atendimento por Watsapp, atendimento domiciliar, entre muitos outros meios que os mesmos desenvolveram e se dispuseram a realizar.

Quanto ao desenvolvimento dos alunos, a pesquisa apontou que isso dependeu muito de cada caso, pois, em casos os alunos não tiveram acesso à internet e aulas remotas, outros fizeram somente apostilas e sem a ajuda nem mesmo dos pais que mal conseguiam acompanhar as atividades, outros tiveram atendimento domiciliar, outros mudaram de escola e casos de alunos que deixaram de frequentar totalmente a escola durante o primeiro ano de pandemia.

É preciso compreender que a educação existe de formas variadas e é praticada em diferentes situações que se exigem maior definição para que sejam valorizadas. Logo, a educação se dá nas experiências diárias, no contexto de vida, nas relações familiares e entre amigos ou comunidades das quais as famílias fazem parte, envolvendo troca de conhecimentos, símbolos, bens, poderes e crenças. Esta educação denomina-se ensino informal, enquanto a educação na escola denomina-se ensino formal, o qual não é suficiente sozinho para formar o caráter, a personalidade e a essência da criança.

Portanto, nota-se que houve grandes prejuízos, mas, também houve avanços e redescobertas de meios de estudos que foram aprimorados conforme iam sendo praticados. As perdas se deram nos atrasos daqueles que não tinham maiores acessibilidades e daqueles que conduziram os estudos de forma mais relapsa. Contudo, mesmo assim a escola disponibilizou atividades retroativas de repercurso e recuperação no intuito de não reprovar os alunos e possibilitar seu acesso na série posterior neste ano de 2021.

 

5 CONCLUSÃO

 

Por meio deste estudo foi possível analisar os aspectos que mais evidenciaram a necessidade de uma intervenção maior quanto à inclusão nos espaços escolares e não escolares, visto que a escola durante o período de pandemia acabou ultrapassando seus limites territoriais e a sala de casa ou o quarto viraram ambiente educacional; a mesa da cozinha, o computador de casa ou o celular, viraram ferramentas de ensino; os livros, as aulas e explicações transformaram-se em apostilas, plataformas de aulas remotas, atendimentos por vídeo-aulas; e assim muitas outras adaptações foram feitas visando atender da melhor forma aos alunos.

Ao longo deste estudo foi possível verificar, portanto, que a educação sofreu grandes mudanças no período de pandemia e de isolamento social. Muitos profissionais da educação, pais e alunos a se superarem, a buscarem o ensino de outra forma e a valorizar mais o tempo escolar e o ambiente educacional.

É possível concluir que o isolamento social causado pela pandemia evidenciou aspectos da exclusão social em suas variadas formas e desafiou a sociedade a encontrar e promover soluções rápidas com mudanças no fornecimento educacional entre outras medidas de urgência que também foram postas em prática visando diminuir esse distanciamento do aluno e da educação.

Os prejuízos educacionais afetaram todos os níveis e modelos educacionais e até mesmo instituições e acadêmicos de cursos superiores em instituições que já se utilizavam do modelo de Ensino à Distância – EAD. A pandemia afetou de modo geral o ensino trazendo consequências, perdas e danos em toda a esfera.

Contudo, o ocorrido teve saldo positivo no que compete aos professores, pais e alunos todos foram desafiados a se superarem e a grande maioria mostrou ter feito um grande papel para dar continuidade aos estudos com qualidade e igualdade a todos. Esse desafio ainda conscientizou instituições de formação pedagógica a investirem mais treinamentos, formação continuada, pesquisas e estudos que visem planos educacionais em tempos de urgência e emergência, para que assim os profissionais da educação estejam cada vez mais preparados para lidar com situações adversas, compreendendo que a educação está mudando e avançando juntamente com as novas tecnologias, linguagens e abordagens que exige uma multidisciplinaridade e interdisciplinaridade de disciplinas, conceitos, vivências e coletividade.

Acredita-se que a escola deve estar preparada em vários sentidos: na recepção, na didática, no modo de avaliação, na estrutura física com banheiros, rampas, cadeiras e mesas apropriadas; professores bem preparados e colegas bem instruídos. A falta de visão em relação ao outro e a resistência das pessoas em mudar, tornam-se entraves para a constituição da inclusão educacional e escolar.

 

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