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APRENDIZAGEM DA LEITURA NA ESCOLA INCLUSIVA: PERSPECTIVAS PARA FORMAÇÃO E DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL DE DOCENTES NA/DA EDUCAÇÃO BÁSICA DE MATO GROSSO

Geralda Ferreira Lemes Barbosa[1]

 

RESUMO

A pesquisa qualitativa foi realizada em uma das escolas públicas da rede estadual de ensino do estado de Mato Grosso, objetivando compreender como ocorre o processo de aprendizagem da leitura em sala de aula regular com estudantes matriculados, sendo um destes,  deficiente auditivo em uma escola de Educação Básica com uma proposta pedagógica de Educação Inclusiva. A análise da pesquisa pautou-se na metodologia de ensino da leitura, entendendo como estas são utilizadas pelo docente regente/titular e pelo tradutor intérprete (TI)no trabalho com o discente surdo. Os pressupostos teóricos estão baseados na concepção de autores para a prática do ensino da leitura na educação básica, com vistas para  aprendizagens dos estudantes. Pensadores como: Vygotsky, Bakhtin, Antunes, Kleiman, Matêncio, fundamentaram o trabalho de pesquisa, além de fontes documentais como a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN nº 9.394/1996), com ênfase na Lei Federal nº 10.436 que oficializa o ensino de Libras com vistas à Declaração de Salamanca, bem como, as Orientações Curriculares para Mato Grosso (OCs/MT). Por meio dos estudos para a pesquisa, nota-se que a leitura na Educação Inclusiva deve ser priorizada como estratégia da aprendizagem desde o Projeto Político-Pedagógico escolar para que, de fato, se efetive enquanto prática educativa. Constata-se também a necessidade de apoio pedagógico significativo voltado para o aprendizado da leitura pelo discente surdo, pois mesmo com o auxílio de Tradutor Intérprete de Língua de Sinais (TILS) o discente apresenta dificuldades na associação da Língua Portuguesa com a sua primeira Língua (LIBRAS), enquanto Língua Brasileira de Sinais. A busca por referenciais teóricos são imprescindíveis para uma significativa formação do docente do ensino regular, tendo em vista a o desafio de formação de leitores, com vistas a formação e ao desenvolvimento profissional da/na escola, contemplando o projeto de formação continuada com estudos e reflexões específicas junto ao coletivo escolar, com aprofundamentos para uma prática discursiva e uma leitura recorrente ofertada por uma escola de e para todos.

 

Palavras-chave: Educação Inclusiva. Leitura. Formação e Desenvolvimento Profissional.

 

Desenvolvimento

 

Significativas leituras e reflexões em torno de debates recentes no Brasil sobre a constituição do professor-pesquisador, impulsionou a produção científica nos cursos da educação, acrescenta-se à essa problemática, discussões sobre a relação, as proximidades e diferenças entre o trabalho de um professor-pesquisador, um ideal a ser perseguido por todos que lidam com educação, apreendendo os diversos conceitos, entre aspectos teórico-metodológicos e práticos que permeiam o trabalho científico do pesquisador, compreendendo pesquisa como “todo e qualquer processo de produzir conhecimento”. 

A pesquisa é uma forma convincente para a realização de um estudo sobre um fator importante com a finalidade de ser analisado e disseminado. Nesse sentido, o processo da leitura na educação inclusiva vem inquietando pesquisadores e estudiosos na busca pela inserção da mesma com frequência nas instituições públicas de ensino com propostas pedagógicas para a educação inclusiva.

No processo dessa pesquisa, considerou-se que o cognitivo constitui-se pelo estudante, com um grau de compreensão bastante ativo, levando em consideração seu desejo de aprendizado, bem como sua efetiva participação nas atividades culturais para além da sala de aula. Observou-se um único contexto educacional (uma escola estadual, situada em um dos bairros periféricos da capital do estado de Mato Grosso).

A leitura não deve ser vista apenas como uma forma de decodificar os códigos, mas sim, atribuindo sentido ao texto. Para tal, o professor deve mediar à interação entre os leitores, mantendo assim, uma leitura dinâmica com a diversidade textual. Nesse caso o discente surdo, também deve estar inserido em um contexto de interação e participação com os demais e para que isso aconteça torna-se necessário o auxílio de um Tradutor Intérprete (TI).

Diante de um cenário de educação que caminha para a inclusão de todos no ensino público de qualidade e gratuito, vale ressaltar que a leitura na educação inclusiva é um objeto de estudo para futuras pesquisas científicas, tanto pela sua importância, como por sua necessidade. Assim sendo, objetiva-se a partir dos achados dessa pesquisa, discutir perspectivas em torno da formação e do desenvolvimento profissional de docentes de salas regulares, porém com atuação em escolas inclusivas. 

Entretanto, convém que a escola proponha em seu Projeto Político- Pedagógico (PPP) definições que assegurem a inserção e a aprendizagem, bem como a leitura, pelo educando deficiente, garantindo seus direitos de integração e participação na comunidade escolar, uma vez amparados perante a lei.

Nesse processo do aprendizado da leitura pelo educando surdo, foram estudados vários teóricos, entre eles Vygotsky e Bakhtin que direcionam caminhos para a efetivação da prática da leitura e da escrita no processo de inclusão na escola. Esses autores transmitem a importância da linguagem na formação cidadã, na constituição da consciência humana. Para esses autores a linguagem é vista como uma atividade, um espaço para a construção dos discursos, para a constituição do sujeito, compreendendo o indivíduo como ser  social, histórico e cultural.

Os estudos no decorrer da pesquisa teve por base, autores como: Antunes (2003), Kleiman (2000), Matêncio (1994), que fazem menção referente à inclusão de estudantes na Educação Básica para a conquista do conhecimento na formação cidadã. O direito de inclusão é para todos, independente de qualquer tipo de deficiência, pois o aprendizado se manifesta de forma plural, garantindo o direito de uma vida plena para o cidadão e em qualquer esfera social.

Nessa discussão, vale parafrasear o psiquiatra norueguês, Terje Basilier (1928-1974): “quando aceito a linguagem de outra pessoa, aceitei a pessoa... Quando rejeito a linguagem, eu rejeitei a pessoa por que a língua é parte de nós mesmos”.  Sendo assim, quando eu aceito a Língua de Sinais, eu aceito o surdo, e é importante ter sempre em mente que o surdo tem o direito de ser surdo. Nós não devemos mudá-los, mas temos que permitir-lhes serem surdos.

O discente incluso surdo apresenta interesse em aprender, portanto, com esse indicativo compreende-se a necessidade de metodologias pedagógicas, bem como a implementação de políticas educacionais voltadas para a efetivação da Educação Inclusiva na escola regular.

Nesse sentido, tais questões reveladas pela pesquisa culminam como necessidades formativas de professores em sala de aula para a formação e o desenvolvimento profissional de docentes da educação básica, por meio dos projetos de formação continuada da/na escola presentes na rede estadual de ensino a cada ano letivo.  

Com vistas aos desafios da educação nesse século, a necessidade de uma nova visão com consciência social, leva em consideração a sensibilidade da expressão, bem como as condições histórico-sociais, uma qualificação ética e também política em um contexto de  uma futura sociedade, menos excludente

Sendo a pesquisa, o meio existente pela qual se materializa e concretiza o objeto de interesse efetivo de busca sendo que, por meio dela se aprende e se ensina e, ainda se constituem sujeitos nutridos e fortalecidos com capacidades vivas de transformação. Sobre pesquisa qualitativa, relata as autoras, LÜDKE e ANDRÉ (1986), esta proporciona uma real relação entre a teoria e a prática, oferecendo uma ferramenta eficaz para interpretação das questões educacionais.

A pesquisa utilizou-se das técnicas de estudos de caso, como observação e entrevista, sendo realizada em uma escola pública de educação básica, tendo como metodologia, entrevistas com descrição das informações obtidas para análise, com questões claras e objetivas organizadas em um roteiro e uma contextualização para as respostas, interpretação e utilização de uma linguagem específica à faixa etária do(a) entrevistado(a).

Essa etapa da pesquisa, contou com registros diversos pela pesquisadora, sendo previamente definidas as fases propostas, com utilização de recursos e equipamentos. Para o desenvolvimento da entrevista foram utilizadas técnicas que obedecem a uma variedade de dados que foram coletados em momentos diferentes, também em situações variadas e em uma esfera diversificada de fontes.

Com o objetivo de se fazer revelar uma experiência que traz a possibilidade e a compreensão de agregar ao processo da leitura na inclusão ofertada pela instituição estadual de ensino. A partir daí essa experiência poderá ser repensada, tendo estudos aprofundados na formação e no desenvolvimento profissional docente.

A pesquisa revela que mesmo sem muitas condições pedagógicas, os professores se sensibilizam para que haja o aprendizado para o discente surdo, conscientizando-se também da interação com os outros em seu entorno educativo, o que possibilita de maneira eficaz no trabalho da leitura, produção e comunicação.    

Sobre os achados da pesquisa realizada na Escola Estadual, um recorte torna-se relevante, uma vez que percebeu-se como a Leitura é vista na Educação Inclusiva. Para um dos participantes da pesquisa, D-1 (denominação atribuída à primeira entrevista realizada), que diz: um processo em construção na educação, em que o discente se encontra em constante processo de desenvolvimento e a instituição oferece além da leitura, também o atendimento ao incluso no ensino regular de acordo com suas possibilidades.

Embora não sendo somente uma problemática dessa Escola Estadual, como também do processo de inclusão como um todo e, principalmente no que diz respeito à leitura neste contexto de ensino, existe muitas falhas ainda a serem discutidas no âmbito escolar mais geral, enquanto encaminhamentos dos órgãos centrais/gerenciais, para que assim possam ter um reflexo, sem dúvida para um atendimento com maior qualidade. Dentro das possibilidades, existe um atendimento que contempla a necessidade um trabalho inicial na escola, mas há muito que melhorar, pois observa-se que este ainda não está satisfatório.

Porém, tornou-se evidente, posturas contrárias, discursos equivocados no cotidiano e a necessidade de formação continuada ao corpo de profissionais da educação na/da escola, uma vez que a mudança emerge e está presente, mesmo que nas pequenas atitudes, situações de  preconceito e ainda ausente o respeito às diferenças nos muitos espaços educativos. Segundo  o(a) participante, D.1: “as ações de leitura na  inclusão devem ser pensadas no coletivo proporcionando ao educando incluso o direito da participação leitora para uma significante aprendizagem, pois as individuais acabam ficando em segundo plano. É necessário haver um olhar mais intenso, mais aguçado e mais trabalhado em relação aos portadores de necessidades especiais e as suas habilidades e competências na inserção à leitura”.

Nota-se que o Tradutor Intérprete (TI) torna-se uma pessoa importante para o discente surdo, pois o estará auxiliando  em suas funções de comunicação durante e no processo de aprendizagem e interação com os demais, embora, deva se sentir com autonomia e liberdade em seu próprio desenvolvimento na sociedade, tanto escolar, quanto, quanto fora dela.

O ensino da leitura é visto na escola pesquisada como fator importante, entretanto, mesmo acontecendo o incentivo da leitura pelos profissionais da instituição, a mesma ainda precisa ser repensada quanto aos estudos necessários ao coletivo escolar para o atendimento aos discentes que de forma direta ou indireta precisam desse apoio pedagógico para que tenham um aprendizado significativo.

Com isso, propõe-se uma discussão bem mais aprofundada sobre o que realmente se deve compreender como educação inclusiva, como afirma Morin (2001): “para se reformar a instituição temos de reformar as mentes, mas não se pode reformar as mentes sem uma prévia reforma das instituições”. Assim sendo, a leitura como fator primordial para uma aprendizagem precisa estar centrada no desenvolvimento escolar do estudante incluso. Torna-se necessário trabalhá-la incansavelmente nas instituições de ensino, pois é algo inerente à vida do educando.

A língua de sinais é outro fator essencial na aprendizagem dos discentes surdos na qual favorece sua comunicação facilitando seu aprendizado no decorrer das aulas. O Tradutor Intérprete (TI) possibilita o aprendizado da leitura e escrita do estudante surdo, pois o mesmo apresenta como língua materna a LIBRAS e, a escola passa a aperfeiçoar essa língua que traz consigo para aprender a ter contato oral com a segunda língua que é a Língua Portuguesa. Nesse processo, o papel do tradutor intérprete está em promover condições de aprendizagens para esse sujeito. Nesse contexto, o professor regente deve ter claro que trabalho docente promoverá junto ao intérprete e, ambos em relação a aprendizagem do estudante incluso.

As discussões e estudos vêm acontecendo há tempos, um fator marcante foi a Conferência de Salamanca em parceria com a UNESCO, tratando da dignidade humana dos portadores de deficiência, bem como os seus direitos igualitários perante a lei. Acerca da necessidade de formar cidadãos capazes de compreender e estabelecer a si próprio uma vida digna em sociedade, desfrutando do conhecimento e da aprendizagem científica da leitura, bem como da escrita e do uso da linguagem em si, usufruindo da própria cultura familiar e local.

As atividades didático-pedagógicas em salas de aulas inclusivas devem ser realizadas no contexto institucional da escola, evitando atribuir individualmente um caráter-terapêutico. Este cuidado pedagógico não desconsidera, porém os procedimentos de intervenção para as necessidades específicas.

A escola, em sua estrutura organizacional, deve permitir a participação de todos os educandos. Como aponta Coll (1995),

 

“(...) é importante que os alunos com necessidades educacionais especiais participem de uma programação tão normal quanto possível e tão específica quanto suas necessidades requeiram”. E acrescenta que esta disposição institucional implica em “(...) dispor de procedimentos e modelos de adequação individualizada do currículo que sirvam para assegurar este difícil e imprescindível equilíbrio” (COLL, 1995, p. 301).

 

No Sistema Público Educacional de Mato Grosso está claro que cada unidade de ensino tem autonomia para examinar em que medidas e necessidades os discentes incorporam situações como deficiências tradicionais. Para Vygotsky, muitas dificuldades e limitações dos estudantes, vivenciadas na aprendizagem escolar, são determinadas socialmente.

Para tanto o Projeto Político-Pedagógico Escolar deve cuidar para não esgotar suas preocupações exclusivamente no desenvolvimento de estratégias de atendimento escolar para os estudantes, mas também contemplando igualmente os fatores sociais.

Quando se trata da atividade leitora, entende-se claramente que a mesma deve ser trabalhada também com os discentes inclusos, pois, independente da deficiência são capazes de aprender significativamente, contando nesse contexto com trabalho do tradutor intérprete junto ao portador surdo.

Por meio da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), o educando surdo pode compreender melhor o que está a sua volta, seu desenvolvimento cognitivo e social, com isso tendo um bom aprendizado na escola referente aos conceitos científicos. Esta língua de sinais torna-se relevante para o desenvolvimento do indivíduo surdo. Segundo o neurologista Oliver Sacks:

 

“A língua de sinais deve ser introduzida e adquirida o mais cedo possível, senão seu desenvolvimento pode ficar permanentemente retardado e prejudicado [...] Assim que a comunicação por sinais for aprendida, e ela pode ser fluente aos 3 anos de idade, tudo então pode decorrer: livre intercurso de pensamento, livre fluxo de informações, aprendizado da leitura e escrita e, talvez, da fala. Não há indícios de que o uso da língua de sinais iniba a aquisição da fala. De fato, provavelmente, ocorra o inverso”. (SACKS, 1998, p. 44).

 

O estudante surdo, como qualquer outro, precisa desenvolver os conceitos científicos e para que isso seja possível, o professor deve trabalhar com uma metodologia de ensino contextualizada, bem como, com experiências para elevar o nível de conhecimento linguístico e cultural do mesmo.

Os discentes em relação ao termo leitura sentem-se frustrados pelas dificuldades encontradas, pois é algo que vai além do imaginado com seus sistemas linguísticos de informações e entendimentos processuais. Para tanto, comunga-se com Antunes (2003):

 

“... com enormes dificuldades de leitura, o aluno se vê frustrado no seu esforço de estudar outras disciplinas e, quase sempre, “deixa” a escola com a quase inabalável certeza de que é incapaz, de que é linguisticamente deficiente, inferior, não podendo, portanto, tomar a palavra ou ter voz para fazer valer seus direitos, para participar ativa e criticamente daquilo que acontece à sua volta. Naturalmente, como tantos outros vão ficar a margem do entendimento e das decisões de construção da sociedade” (ANTUNES, 2003, p. 20).

 

A partir do momento que se entende a língua como essencial nas decodificações, esta se torna um indicativo de toda e qualquer utilização social, sendo eficiente em toda sua dimensão, tornando-se assim mais prazerosa e eficaz, integrando-se nas decisões construtivas e sociais.

O ensino deve ter como meta formar leitores que sejam também capazes de produzir textos coesos e coerentes adequados e ortograficamente escritos, pressupondo o desenvolvimento de uma atitude de leitor (a) crítico (a), o que significa entre outros aspectos perder a ingenuidade diante do texto dos outros percebendo que atrás de cada um há um sujeito com certa experiência histórica, com um determinado universo de valores e com uma intenção.

A leitura é um objetivo prioritário, onde os estudantes, considerando também os deficientes, possam ler textos adequados à própria idade e especificidade de forma autônoma, utilizando a leitura com fins de informação e aprendizagem, sendo esta, um dos meios mais importantes na escola para a consecução de novas aprendizagens melhorando a habilidade e a familiarização progressiva, adquirindo o hábito da mesma e para ler, qualquer leitor precisa ter acesso ao texto, cuja leitura transforma-se em objetivo e de acordo com ANTUNES (2003, p.70), “na verdade, por ela, o leitor pode incorporar novas ideias, novos conceitos, novos dados, novas e diferentes informações acerca das coisas, das pessoas, dos acontecimentos, do mundo em geral”. 

A Escola Estadual pesquisada retrata em seu Projeto Político-Pedagógico (PPP), o intuito de interação e transformação para uma educação de qualidade social na formação integral e inclusiva de cidadãos críticos e reflexivos. No documento, o termo “formação inclusiva”, não está claro, torna-se relevante uma política de formação e desenvolvimento profissional, que segundo GARCIA (2009, p. 9), “o conceito desenvolvimento tem uma conotação de evolução e continuidade que, em um envolvimento comprometido supera a tradicional justaposição entre formação inicial e formação contínua dos professores”, para que o trabalho didático-pedagógico com a educação inclusiva se efetive nas redes públicas de ensino.   

A educação de Mato Grosso foi marcada por um período sob a pressão convergente do poder político e do movimento sindical que procurou remediar a situação por meio de três vagas sucessivas de programas: profissionalização em exercício, formação em serviço e profissionalização em serviço. Citando NÓVOA (1992, p. 21), “a década foi marcada pelo signo da profissionalização em serviço dos professores.”             

No entanto, muitos são os fatores que contribuem para a formação complexa dos leitores em que por meio desses envolvimentos haja uma busca efervescente dos signos linguísticos da língua. O conhecimento prévio dos tipos de textos faz com que o leitor tenha expectativas a respeito do que vai ler. Essas expectativas se referem não somente ao conteúdo do texto, mas também à sua estrutura gramatical, ao seu vocabulário e ao formato visual.

Para BERENBLUM (2006), uma política de formação de leitores, é necessária, frisa:

 

“A leitura, como prática sociocultural, deve estar inserida em um conjunto de ações sociais e culturais e não exclusivamente escolarizadas, entendida como prática restrita ao ambiente escolar. Portanto, pensar políticas de leitura extrapola o âmbito da escola- como lócus e como função, - mas sem dúvida não pode prescindir dela, inclusive por ser a instituição pública das mais democratizadas pela qual quase todos recentemente conseguem chegar e passar- ainda que, em muitos casos, descontinuamente e sem sucesso” (BERENBLUM, 2006, p.23).

         

O domínio da leitura é um procedimento que pressupõe ler de forma convencional. Aprender a ler não é muito diferente de aprender outros procedimentos ou conceitos, onde o leitor deve elaborar uma interpretação para a compreensão do texto lido formando pensamentos autônomos.

 

Conclusão

 

Evidente está de que a escola como qualquer outra instituição social, reflete as condições gerais de vida da comunidade em que está inserida. É verídico que a escola seja um meio próprio ao desenvolvimento leitor de cada integrante da leitura, pois envolve diferentes processos e estratégias de realização na dependência de diferentes condições do texto lido e das funções pretendidas com a mesma.

O atendimento aos estudantes para uma Educação Inclusiva requer diferenciados níveis de atendimento e operacionalização, pois os mesmos apresentam diferentes tipos de necessidades, sendo necessário o trabalho com recursos educacionais especiais de diversas naturezas.

No Sistema Público Estadual de Ensino de Mato Grosso, os estudantes com deficiência contarão com os Serviços de Apoio Pedagógico Especializado, classes comuns e sala de recursos multifuncionais e também com os serviços especializados: Escolas Especializadas (Centro de AEE- Atendimento Educacional Especializado da Rede Pública Estadual) e Centros de Educação Especial (Instituições comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos). Os serviços de apoio pedagógico, bem como outras alternativas encontradas pela escola, devem ser organizadas e garantidas nos projetos pedagógicos e regimentos escolares.

A Educação Inclusiva, assumida pelo Estado de Mato Grosso tem como política pública, uma visão orgânica das escolas estaduais, através do principio de integração dos níveis e modalidades de ensino. As funções conceituais da Educação Especial são as mesmas contidas no documento das Orientações Curriculares para a Educação Básica do Estado de Mato Grosso (OCs).

Entretanto, faz-se necessário para que haja uma preparação por meio de formação em serviço de docentes do ensino regular, que atendam discentes inclusos, quiçá uma qualificação específica. Considerando nesse contexto, que o engajamento do leitor ao processo de leitura depende, em larga escala, de seu relacionamento com o mundo da escrita e de como essa atividade linguística se reflete em sua vida.

Nesse contexto, a Escola Estadual pesquisada retrata no documento Projeto Político-Pedagógico (PPP), o intuito de interação e transformação, contando com uma educação de qualidade na formação integral e inclusiva de cidadãos críticos e reflexivos. Sendo que o termo “formação inclusiva”, não está claro, como uma política que venha atender e oferecer um ensino de qualidade aos discentes inclusos.          

Para que haja efetivamente uma educação inclusiva na escola é necessário uma transformação geral que vai desde sua estrutura física, currículo, PPP, avaliação e atitude profissional, como também o apoio da família, como de toda sociedade, é preciso que haja a compreensão que para trabalhar com a leitura na educação inclusiva deve-se intensificar a maturidade coletiva.

Enquanto aprendizes, deparamo-nos com um processo de desconstruções, é salutar agregar outros conhecimentos para pensar sobre uma produção científica. Vivenciar esses momentos, após as aprendizagens desenvolvendo uma pesquisa, acrescenta à pessoa-profissional mais clareza sobre quais são os limites e as possibilidades diante do pesquisar em educação, exercício essencial no universo acadêmico-científico.

Outros diálogos mais aprofundados e com foco em cada objeto pretendido como pesquisa, com leituras e discussões acerca dos estudos propostos sobre educação inclusiva, serão necessários às futuras pesquisas e sob o olhar atencioso de profissionais estudiosos, tendo para refletir a relação e o processo dos aspectos teórico-metodológicos e práticos à pesquisa científica.

 

Referências

 

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Licenciatura Plena em Pedagogia com Ênfase em Educação Especial e Demais Habilitações, (INSTITUTO PROMINAS). Graduada em Letras/Espanhol, (UNITINS). Especialista em Linguística Aplicada na Educação, (INSTITUTO PROMINAS). Mestrado em Educação. E-mail: O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.