Buscar artigo ou registro:

A EVOLUÇÃO PEDAGÓGICA TRAZIDA PELA INCLUSÃO DAS TICs NA EDUCAÇÃO E A IMPORTÂNCIA DA FORMAÇÃO DO DOCENTE PARA O USO ADEQUADO DAS TECNOLOGIAS

 

Poliana Tomazini1

Artigo científico apresentado à Universidade Cândido Mendes, como requisito parcial para obtenção do título de especialista em Docência do Ensino Superior e Inspeção Escolar.

 

RESUMO

 

O presente artigo científico traz como tema a análise sobre a utilização da TIC (Tecnologia de Informação e Comunicação) para fins educacionais. Evidenciam-se também as grandes evoluções ocorridas nas últimas décadas neste segmento científico bem como a evolução propiciada pelos novos recursos tecnológicos ao processo de ensino/aprendizagem e às práticas pedagógicas. Nota-se assim, que os novos recursos tecnológicos permitiram avanços não apenas na reestruturação da educação convencional como também criaram subsídios para o aprimoramento da modalidade de educação à distância através das diversas possibilidades de interação por meio da Internet. Deste modo, o aluno pode acessar seu Ambiente Virtual de Aprendizagem e interagir com seus colegas de curso, com os professores, assistir aulas e fazer atividades, tudo isso sem sair de sua casa. Porém, frente a tantos pontos positivos, também se destacaram algumas dificuldades quanto à introdução e utilização das TICs no meio educacional. Tais dificuldades envolvem principalmente falta de verba e falhas na formação acadêmica dos docentes. Para cumprimento dos objetivos desta pesquisa, valeu-se do método de revisão bibliográfica embasada na obra de autores como Aires e Fagundes (2014), Bertoncello (2010), Dias e Leite (2012), Medeiros e Neto (2014), Moore e Kearsley (2011), entre outros.

Palavras-chave: EAD. Educação. Ensino/aprendizagem. Formação de docentes. TICs.

 

ABSTRACT

The present scientific article has as its theme the analysis on the use of ICT (Information and Communication Technology) for educational purposes. It is also evident the great evolutions that have occurred in the last decades in this scientific segment as well as the evolution provided by the new technological resources to the teaching / learning process and the pedagogical practices. It should be noted that the new technological resources allowed advances not only in the restructuring of conventional education but also created subsidies for the improvement of the distance education modality through the various possibilities of interaction through the Internet. In this way, students can access their Virtual Learning Environment and interact with their classmates, with teachers, attend classes and do activities, all without leaving home. However, faced with so many good points, some difficulties were also highlighted regarding the introduction and use of ICTs in the educational environment. These difficulties mainly involve lack of funding and failures in the academic training of teachers. In order to fulfill the objectives of this research, it was used the method of bibliographical revision based on the works of Aires and Fagundes (2014), Bertoncello (2010), Dias and Leite (2012), Medeiros e Neto (2014), Moore and Kearsley (2011), among others.

Keywords: EAD. Education. Teaching / learning. Teacher training. ICTs.

 

Introdução

 

O presente trabalho toma como foco principal a análise sobre a utilização das Tecnologias de Informação e Comunicação no meio educacional. Busca-se entender os benefícios trazidos pela utilização destes recursos tecnológicos bem como a maneira como tais recursos têm sido utilizados em nosso país, sobretudo no tocante ao ensino superior.

Costa (2007) afirma que a utilização de tecnologia no processo de ensino/aprendizagem ocorre há muito tempo. Mas, foi a partir do final do século passado que a Tecnologia de Informação e Comunicação (TIC) evoluiu de maneira rápida e intensa.

Pode-se apontar como bases para o desenvolvimento das TICs o avanço e a popularização da informática bem como da Internet (rede mundial de computadores).

 

A primeira ideia de internet foi desenvolvida durante a Guerra Fria com o nome de ArphaNet, objetivando manter a comunicação das bases militares dos Estados Unidos. Quando a ameaça da Guerra Fria passou, a ArphaNet tornou-se tão inútil que os militares permitiram o acesso aos cientistas que, mais tarde, cederam, a rede para as universidades, as quais, sucessivamente, passaram-na para as universidades de outros países, permitindo que pesquisadores domésticos a acessarem, até que mais de 5 milhões de pessoas já estavam conectados com a rede. (DIAS; LEITE, 2012, p. 86).

 

Observa-se assim o grande desenvolvimento das TICs durante as últimas décadas e a transformação e mudanças de paradigmas por ela infringidos aos processos pedagógicos convencionais. Contudo, notam-se também certas dificuldades na introdução das novas tecnologias em alguns seguimentos educacionais e mesmo em Instituições de Ensino Superior. Tais dificuldades devem-se principalmente a falta de investimento em tecnologia, falta de conhecimento de professores e alunos sobre a utilização da tecnologia, bem como pela dificuldade encontrada em alterar os currículos das licenciaturas para agregar as TICs de maneira eficaz à formação acadêmica dos professores.

Neste sentido, Gómez (2013) defende que a correta utilização das TICs na educação em nosso país depende de uma alteração bastante profunda:

 

A melhor maneira de fazer isso é substituir um currículo fragmentado em disciplinas por um currículo centrado em problemas. O que temos que trabalhar são os problemas da vida cotidiana. O importante é recorrer a conceitos da matemática, da física, da geografia, entre outros, para entender e resolver problemas. Um currículo do tipo requer um ensino interdisciplinar e muito mais ativo. o aluno tem que ir à escola para fazer coisas não apenas escutar e repetir. Ele tem que fazer projetos, debater, pensar, riar. É preciso inverter a metodologia didática. O professor pode gravar vídeos com informações e conceitos e colocá-los na Internet, para que o aluno lhes assista em casa, quando quiser e quantas vezes quiser. Depois, na escola, ele vai tirar dúvidas e trabalhar em grupos. (GOMEZ, 2013, p.02)

 

Ainda assim é possível notar as mudanças possibilitadas pelo emprego das novas tecnologias principalmente possibilitando o desenvolvimento da educação à distância.

Busca-se, contudo, evidenciar nesta pesquisa as melhorias agregadas ao processo de ensino/aprendizagem através da utilização das TICs. Enfatizando-se ainda o advento da educação superior na modalidade à distância.

Para tanto, valeu-se da metodologia de revisão bibliográfica à luz de trabalhos de estudiosos como Aires e Fagundes (2014), Bertoncello (2010), Dias e Leite (2012), Medeiros e Neto (2014), Moore e Kearsley (2011), entre outros.

 

Desenvolvimento

 

Costa (2007) aponta que o emprego de tecnologia em escolas data de tempos remotos, mas que tal fato, em consonância com outras áreas da ciência, apenas no final do século passado sofreria avanços significativos a ponto de abrirem novos campos de investigação, estudo e utilização.

Neste contexto o advento da computação e da Internet revolucionaram não apenas a organização e disseminação do conhecimento como também a interação entre pesquisadores, estudantes e professores, facilitando de maneira crescente o progresso da ciência. Tais inovações já propunham desde o início, ainda que de forma implícita, importante mudança de paradigma a cerca da educação. Iniciava-se a transição do antigo paradigma instrucionista para o novo paradigma construcionista, mais adequado a uma sociedade permeada por grandes e rápidas mudanças. Neste momento, era preciso formar pessoas capazes de aprender e mudar. (Papert, 1990)

O autor também aponta como pressupostos para a construção do conhecimento a “negociação social”, meio pelo qual um aprendiz pode formar e testar seus conhecimentos interagindo com a sociedade em que está inserido, e a “colaboração”, ponto chave para que este aprendiz possa testar seu conhecimento.

Folque (2001) adverte sobre a importância de, apesar do uso da tecnologia na aprendizagem, manter-se a relação com o fator humano:

 

As ferramentas tecnológicas, entre outras razões, são utilizadas para registrar e reproduzir dados, acessar e recolher informações, organizar, produzir e divulgar informações, criar, expressar, comunicar e cooperar, colaborar, brincar e jogar, etc. Todas essas funcionalidades devem ser exploradas no processo de aprendizagem, mas sempre em estreita relação com a atividade humana que lhes dá sentido. (FOLQUE, 2001, p.9)

 

Para Mendes (2008), TIC (Tecnologia da Informação e Comunicação), pode ser definida como a integração de vários recursos tecnológicos visando automação e comunicação nos processos que permeiam os negócios, o ensino e a pesquisa. O autor ainda reforça o fato de as TICs serem tecnologias empregadas na reunião, distribuição e compartilhamento de informações.

Atualmente, a utilização das TICs na educação já está consagrada. Não se pode pensar no processo de ensino/aprendizagem sem o acesso a informações digitais como textos, imagens, sons e vídeos. Petry (2006) ressalta a importância de se utilizar a tecnologia de forma que ela seja realmente positiva e eficiente. O autor ressalta a possibilidade dos recursos tecnológicos acabarem, se mal utilizados, desfocando o aluno do contexto de aprendizagem.

No entanto, Gesser (2012) ressalta os avanços trazidos à educação através das novas tecnologias. Para o autor, as mudanças nas tecnologias utilizadas no processo de ensino/aprendizagem, as variadas opções para se materializar o conteúdo estudado e a facilidade de acesso às informações criaram uma nova forma de se efetivar a aprendizagem, sobretudo no curso superior.

Partindo destes conceitos é possível perceber que por um lado a tecnologia trouxe ao professor uma infinidade de opções para abordagem do conteúdo a ser trabalho e, por outro lado, trouxe ao aluno certa emancipação na busca pelo conhecimento.

Frente a esse dinamismo trazido pelas novas tecnologias à educação, Gómez (2013) salienta a importância da metodologia utilizada pelo docente na utilização dos recursos tecnológicos. Para o autor a adequada utilização das TICs só ocorrerá se o professor estiver aberto para à utilização de novas pedagogias, como explica a seguir:

 

Para mim, o mais importante é a pedagogia usada com as novas tecnologias. Novas tecnologias com velhas pedagogias não servem para nada. O mais importante é que o professor esteja preparado para usar bem essas poderosíssimas ferramentas ao serviço de novas pedagogias que ajudam as crianças a aprender. Estados e municípios deveriam focar seu esforços na melhor qualificação de seus docentes (GOMEZ, 2013, p.03)

 

O autor retro citado afirma ainda que a maneira mais adequada para o melhor aproveitamento das TICs no processo de ensino/aprendizagem seria a substituição deste obsoleto currículo segmentado em disciplinas por outro, mais adequado ao desenvolvimento da sociedade atual, que tivesse seu foco nos problemas. Na opinião do autor a escola deve trabalhar os problemas do cotidiano da sociedade em que está inserida. Deste modo, os conceitos de Matemática, Física, Química, e demais ciências, seriam o embasamento teórico para que os alunos pudessem resolver problemas com os quais convivem.

Gómez (2013) afirma ainda que um currículo dinâmico, como este, necessita de interdisciplinaridade e o aluno assumira um papel muito mais ativo no processo ensino/aprendizagem visto que a metodologia seria, de certo modo, invertida. Com isso, o aluno iria à escola apenas para tirar dúvidas e fazer trabalhos em grupo, visto que já teria assistido em casa, pela Internet, os vídeos postados pelo professor com explicações dos conceitos e conteúdos a serem trabalhados.

Nesse caso a tecnologia também ofereceria aos alunos oportunidade de interagir com seus colegas e professores, sem sair de casa, dinamizando as discussões a cerca do conhecimento.

Uma metodologia parecida com esta exposta por Gómez (2013) vem sendo utilizada em nosso país na educação superior, sobretudo nas modalidades de educação à distância e também semipresencial.

Seguindo esse raciocínio, Bertoncello (2010) descreve o surgimento de um no perfil para o docente do ensino superior. Assim o autor aponta que o “novo professor universitário” ao fazer uso das TICs no processo de ensino/aprendizagem deve deter conhecimento sobre o conteúdo e a metodologia adequada de ensino, conseguir lidar com emoções, estar compromissado com a aquisição de conhecimento através de pesquisas e ser capaz de ressignificar os antigos paradigmas para novas formas de pesquisar, ensinar, aprender e, sobretudo avaliar.

Contudo, salienta-se que os meios tecnológicos por si só não bastão. É preciso que os alunos desenvolvam as habilidades necessárias para fazer uso dessas informações no processo de construção de conhecimento. Não se deve aceitar como prontas e imutáveis as respostas encontradas através da tecnologia, é preciso que os alunos sejam capazes de debater e problematizar tais informações de forma que se possa chegar a um ponto de vista consciente. (AIRES; FAGUNDES, 2014)

Nóvoa (2007) traz á tona a importância do trabalho e da reflexão tanto no âmbito pessoal quanto no coletivo no sentido de apropriação das possibilidades propiciadas pelas mudanças tecnológicas. Para ele, devem-se inserir as TICs na busca por novas práticas pedagógicas de modo a valorizar o professor, bem como à capacidade deste em responder positivamente às questões imprevistas que podem permear a vida escolar.

Assim, nota-se que o avanço da tecnologia acaba por proporcionar desafio significativo aos docentes. Tais desafios afetam de forma mais acentuada a rede pública de educação, tendo em vista que seus docentes precisam enfrentar condições adversas de trabalho, sempre permeadas pela falta de motivação de parte dos alunos bem como a insuficiência de recursos tecnológicos das instituições de ensino.

Paiva (2002) destaca que a utilização das TICs no ambiente escolar ou acadêmico acaba por romper as questões educativas e refletem em questões de “dinâmica social” haja vista que ao modificar o indivíduo, modifica-se também a sociedade onde ele está inserido.

Este autor lembra ainda que o emprego das TICs pelos professores está diretamente ligado com a formação dos mesmos. Não basta que estes profissionais tenham adquirido bom conhecimento sobre informática e tecnologia, é preciso que tenham sido preparados para integrar esta tecnologia ao processo pedagógico. Nota-se, assim, a importância de se articular da melhor forma possível as potencialidades tecnológicas com os modelos pedagógicos adotados.

Contestando o futuro que muitos previam ao deparar-se com a crescente informatização e o rápido desenvolvimento das TICs, Moran (2009) afirma que não há possibilidade de os recursos tecnológicos virem a substituir os professores. Mas o autor destaca que tais recursos estão e devem continuar ressignificando e transformando várias tarefas e funções dos professores.

Moran (2009) infere ainda que os métodos didáticos tradicionais de exposição dos conteúdos e avaliações, onde o professor organiza seu planejamento de maneira fechada pode trazer grandes prejuízos ao processo de ensino/aprendizagem tendo em vista o fato de entregar ao aluno uma espécie de “pacote” delimitado de conhecimento, de modo que não se possam buscar outros pontos de vista ou complementações ao conteúdo.

Corroborando com esta ideia, Silva (2008) afirma que para uma boa utilização e integração das Tecnologias de Informação e Comunicação à educação deveria ser traçada uma estratégia suficientemente ampla para promover a integração curricular de formação dos docentes (ensino superior) com as inovações pedagógicas a serem trabalhadas nas escolas (ensino fundamental e médio). Dessa forma, o professor seria preparado em sua formação não apenas para saber utilizar os recursos tecnológicos como também para fazer a interligação, mais vantajoso do ponto de vista educativo, entre os benefícios do uso da tecnologia e a parte humana do processo de ensino/aprendizagem.

Gómez (2013) acrescenta que a educação, sobretudo das crianças, deve partir de um esforço harmônico e convergente da sociedade como um todo. O autor afirma também que o professor deve assumir o papel de facilitador da aprendizagem, abandonando o velho paradigma de transmissor de conhecimento. Gómez ainda alerta os estados e municípios sobre a importância do poder público se preocupar mais enfaticamente com a formação e a qualificação dos professores.

Para Moran (2009) está no professor a possibilidade de montar um planejamento didático que envolva de maneira adequada a utilização dos recursos tecnológicos capazes de oferecer a flexibilidade necessária ao trabalho fundamentado em experiências adquiridas. Fica assim evidenciada a necessidade da elaboração de um planejamento didático condizente com a realidade dos alunos e com os recursos tecnológicos disponíveis.

Entende-se que o planejamento didático deve, portanto, valer-se dos recursos tecnológicos não apenas para transmitir conhecimento, mas também no sentido de gerar interatividade.

 

A interação é uma ação recíproca entre dois ou mais atores em que ocorre intersubjetividade, isto é, encontro de sujeitos, que pode ser direta ou indireta (mediatizada). Interatividade pode significar a potencialidade técnica oferecida por determinado meio (CD-ROM de consulta, hipertextos em geral) ou a atividade humana do usurário de agir sobre a máquina e de receber, em troca, uma ‘retroação’ da máquina sobre ele. (DIAS; LEITE, 2012, p. 38)

 

Nota-se que o desenvolvimento das TICs e sua ampla utilização em certas áreas da educação, principalmente no tocante a facilitar a interatividade e a interação, propiciou as condição adequadas não apenas para a disseminação de cursos á distância, como também para o desenvolvimento da modalidade de ensino superior à distância. Tal modalidade de educação difundiu-se rapidamente em nosso país, como se observa abaixo:

 

No Brasil, onde os déficits educativos e as desigualdades regionais são bastantes elevados, a prática de Educação a Distância apresenta-se como forte potencial para atender os desafios educacionais, em especial às demandas de jovens e adultos excluídos do acesso e permanência à escola regular. (SANTOS et al apud MEDEIROS; NETO, 2014, p. 45)

 

Estes autores afirmam ainda que a educação deve estar fundamentada na autonomia do sujeito aprendiz. Este sujeito deve ser estimulado a buscar caminhos favoráveis em seu processo formativo. Nesta nova relação educacional o docente apresenta-se como um coordenador ou mediador do processo de ensino/aprendizagem.

Moore e Kearsley (2011) destacam a importância dos vídeos na educação à distância. Para eles, esta é uma poderosa mídia no tocante a prender a atenção do aluno, tendo em vista que nos vídeos é possível mostrar pessoas interagindo ou mesmo uma aula detalhada sobre um determinado assunto. Desse modo, esta ferramenta pode ser utilizada inclusive para se ensinar algum tipo de procedimento tendo em vista a possibilidade de mostrar ações sequenciadas de diversos ângulos diferentes. Além destas vantagens ainda existe a possibilidade de o aluno rever o conteúdo quantas vezes forem necessárias para assimilação do conhecimento.

Moore e Kearsley (2011) enfatizam ainda que na modalidade de educação à distância (EAD) as aptidões e o interesse dos alunos mostram-se como fatores determinantes no processo de ensino/aprendizagem:

 

Os hábitos e as aptidões de estudo dos alunos determinam, em grande parte, o sucesso nas aulas on-line, e este é um fator que podem controlar. Os alunos que planejam seu tempo de estudo e estabelecem horários para concluir o curso têm maior possibilidade de obter sucesso na educação a distância. Adiar é o inimigo número um da educação à distância... (MOORE; KEARSLEY, 2011, p. 187)

 

É importante ressaltar que um dos mais importantes marcos no desenvolvimento de TICs voltadas à educação superior na modalidade à distância foi o desenvolvimento do Modular Object Oriented Dynamic Learning Environment (MOODLE) pelo australiano Martin Douglas. O MOODLE é um ambiente virtual de aprendizagem, mais conhecido como AVA.

Dias e Leite (2012, p. 92) definem o AVA:

 

... como uma sala de aula virtual acessada via web. Nesse sentido, um AVA, possibilitado pelo avanço tecnológico, tenta reduzir não apenas a distância física entre os participantes de um curso – alunos e professores – mas também, e mais especificamente, a distância comunicacional.

 

Contudo, Moore e Kearsley (2011) colocam que a educação à distância está fundamentada na “natureza da interação” e nas formas de facilitar esta interação através das informações transmitidas valendo-se dos novos recursos tecnológicos. Os autores classificaram a interação em três grupos: a interação aluno/conteúdo, a interação aluno/aluno e a interação aluno/professor. Neste contexto, a interação aluno/conteúdo deve ser facilitada pelo docente através da relação aluno/professor que nesta modalidade de ensino ocorre também de maneira on-line. A interação aluno/aluno proporciona a discussão sobre conteúdos e conceitos e permite que se formem grupos virtuais para estudo, bem como para realização de trabalhos.

Frente a todos os benefícios trazidos pelas TICs à educação, Gesser (2012) acredita ser importante discutir alguns pontos negativos ou limitantes para a integração destas tecnologias, como: dificuldades em alterar os currículos dos cursos superiores, dificultando a inclusão das novas tecnologias na formação dos docentes; falta de recursos financeiros nas Instituições de Ensino Superior para investimento em tecnologia; parte significativa dos profissionais atuantes na educação mostra resistência à utilização dos recursos tecnológicos; possibilidade de perda de foco por parte dos alunos frente ao leque de opções oferecidas pelas novas tecnologias; falta de conhecimento por parte de professores e alunos sobre a atualização das TICs.

Contudo, Moran (2009) ressalta que as mudanças na educação em nosso país não dependem apenas do uso de novas tecnologias no processo de ensino/aprendizagem. Para ele, precisam-se de gestores, docentes e alunos amadurecidos intelectual, ética e emocionalmente. Também precisam-se de pessoas motivadas, com entusiasmo e capazes de interagir e dialogar. O autor ressalta ainda que poucos professores são capazes de integrar com perfeição a teoria e a prática aproximando o pensar e o viver.

 

Conclusão

 

Com a presente pesquisa pode-se concluir que a Tecnologia de Informação e Comunicação vem exercendo já há algumas décadas um importante papel no tocante a revolucionar e facilitar o processo de educação e de ensino/aprendizagem em nosso país.

Intende-se que além de dinamizar a interação e a pesquisa as TICs trouxeram recursos capazes, não apenas de melhorar a educação convencional, mas também de viabilizar outra forma de ensino/aprendizagem conhecida como Educação à Distância (EAD). Deste modo, através do Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) o aluno, por meio da Internet, conecta-se com a instituição de ensino para assistir aulas, interagir com professores e colegas e fazer atividades. Esta modalidade de ensino oportuniza, sobretudo às pessoas que não tiveram acesso ao estudo na modalidade convencional e a quem não tem tempo de frequentar presencialmente a instituição de ensino, a oportunidade de buscar uma formação.

Contudo, foi possível entender também que na modalidade de ensino a distância o comprometimento e as capacidades do aluno interferem de maneira mais relevante nos resultados obtidos.

Relatos de dificuldades e limitações do emprego das TICs na educação também foram encontrados. Tais dificuldades concentram-se principalmente em fatores como falta de recursos financeiros para investir em tecnologia, falta de conhecimento por parte de alunos e professores sobre a utilização das TICs, resistência por parte de docentes quanto à utilização dos recursos tecnológicos e a dificuldade em incluir as TICs nos currículos de ensino superior para que a formação acadêmica do professor possa englobar também a utilização didática adequada das novas tecnologias.

Por fim, entende-se a necessidade de mudanças na cultura pedagógica de nosso país. Faz-se natural que tais mudanças demandem tempo. É preciso conhecer e entender os novos recursos, reformular paradigmas e evoluir constantemente. Contudo, frente ao cenário atual, é possível dizer que estamos caminhando rumo a uma nova e melhorada forma de educar.

 

REFERÊNCIAS

 

AIRES, Ana Maria Pereira. FAGUNDES, José Evangelista. Conhecimento, currículo e formação de professores na educação a distância. In GARCIA, Tânia Cristina Meira; SANTOS SOBRINHO, Djanní Martinho dos. EaD: percursos e experiências. Natal: EDUFRN, 2014.

 

BERTONCELLO, L. A utilização das TIC e sua contribuição na educação superior: uma visão a partir do discurso docente da área de letras. 2010. Disponível em: <http://reposital.cuaed.unam.mx:8080/jspui/handle/123456789/1931>. Acesso em: 08 abril 2017.

 

Costa, F, A. (2007). Tecnologias em educação- um século à procura de uma identidade. In As TIC na educação em Portugal: Concepções e práticas (1.ª ed.,pp. 14-30). Porto: Porto Editora.

 

DIAS, Rosilâna Aparecida. LEITE, Lígia Silva. Educação a distância: da legislação ao pedagógico. 3. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2012.

 

FOLQUE, M. da A. Educação Infantil, Tecnologia e Cultura. Revista Pátio: educação infantil, n. 28, p. 08-10, Jul./Set. 2001.

 

GESSER, V. Novas tecnologias e educação superior: Avanços, desdobramentos, Implicações e Limites para a qualidade da aprendizagem. IE Comunicaciones: Revista Iberoamericana de Informática Educativa, n. 16, p. 23-31, 2012.

 

MEDEIROS, Francisco Carlos de. NETO, Bernardino Galdino de Sena. Educação a distância: da origem e seus caminhos. In GARCIA, Tânia Cristina Meira; SANTOS SOBRINHO, Djanní Martinho dos. EaD: percursos e experiências. Natal: EDUFRN, 2014. (p. 39/54)

 

MENDES, A. TIC – Muita gente está comentando, mas você sabe o que é? Portal iMaster, mar. 2008. Disponível em: http://imasters.com.br/artigo/8278/gerencia-de-ti/tic-muita-gente-esta-comentando-mas-voce-sabe-o-que-e/>. Acesso em: 07 abril 2017.

 

MOORE, Michael. KEARSLEY, Greg. Educação a Distância: Uma Visão Integrada. São Paulo: Cengage Learning, 2011.

 

MORAN, J. M.. A educação que desejamos: Novos desafios e como chegar lá. 4. ed. São Paulo: Papirus, 2009.

 

Nóvoa, A. Prefácio. As TIC em Educação: Um admirável mundo novo? In F. Costa, H. Peralta & S. Viseu (Eds.), As TIC na Educação em Portugal. Concepções e Práticas. (pp. 11-12) Porto: Porto Editora. 2008.

 

Paiva, J. (2002). As Tecnologias de Informação e comunicação: Utilização pelos professores. Ministério da Educação. Disponível em http://nautilus.fis.uc.pt/cec/estudo/ Acessado em 05 de abril de 2017.

 

Papert S. (1990). “Introduction”. In I. Harel (Ed.), Constructionist Learning. Cambridge, MA: MIT Media Laboratory.

 

PETRY, L. C. O conceito de novas tecnologias e a hipermídia como uma nova forma de pensamento. Porto. In: Cibertextualidades, v. 1, n. 1, p. 110-125, 2006.

 

POLATO, Amanda. Angel Pérez Gómez: Novas tecnologias com velhas pedagogias não servem para nada. Disponível em: http://revistaepoca.globo.com/Sociedade/noticia/2013/05/angel-perez-gomez-novas-tecnologias-com-velhas-pedagogias-nao-servem-para-nada.html. Acessado em 03 de abril 2017.

 

SILVA, B. D. A tecnologia é uma estratégia. In: Tecnologia da educação: ensinando e aprendendo com as TIC. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação a Distância, 2008.

1 Graduada em Ciências Biológicas. Pós-graduanda em Docência do Ensino Superior e Inspeção Escolar.