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EDUCAÇÃO E COVID-19: AS TECNOLOGIAS DIGITAIS MEDIANDO A APRENDIZAGEM EM TEMPOS DE PANDEMIA

Laelson Santos da Silveira[1]

 

RESUMO

Com a pandemia, a vida social, educacional e econômica, foram extremamente afetadas. Diante desse cenário, a educação passa a entender a tecnologia como um espaço de luta, transformação, mas também de desigualdades. Com base em alguns estudos e documentos legais da Educação, esse texto objetiva propor reflexões sobre os impactos e desafios do COVID-19 na Educação. A pandemia causada pelo COVID-19 colocou o sistema educacional diante de um cenário nunca antes visto. Com a suspensão das atividades letivas presenciais, por todo o país, gerou a obrigatoriedade dos professores e estudantes migrarem para a realidade online, transferindo e transpondo metodologias e práticas pedagógicas típicas dos territórios físicos de aprendizagem, naquilo que tem sido designado por ensino remoto de emergência.

 

Palavras-chave: COVID-19; Educação; Tecnologias de Comunicação e Informação.

 

INTRODUÇÃO

 

Em dezembro de 2019, surge ocorrências de casos de pneumonia na cidade de Wuhan (China). A Organização Mundial de Saúde (OMS) foi notificada a fim de verificar as recorrências dos casos. Logo, foi identificado o agente transmissor, tratando-se de um novo coronavírus: SARS-CoV-2 (COVID-19), que pode levar à síndrome respiratória aguda, hospitalização e morte.

A partir de março de 2020, o surto global de COVID-19 foi declarado como uma pandemia, atingindo 117 países e territórios em todo mundo.

Com a pandemia, a vida social, educacional e econômica, foram extremamente afetadas. O mundo hoje presencia uma nova forma de comportamento social. Com a Pandemia, as formas de se relacionar, de consumir, as estratégias de trabalhos e, sobretudo, o trabalho docente foram impactados.

Diante desse contexto, a tecnologia surge como uma alternativa viável para atenuar a situação, mesmo que o aspecto tradicional seja colocado em segundo plano neste momento (OLIVEIRA; SOUZA, 2021). Mas, afinal, estamos preparados para utilizar todos os recursos tecnológicos disponíveis para suprir a demanda dos estudantes pelos conteúdos programáticos e, seguindo a legislação educacional, cumprir a obrigatoriedade dos dias letivos?

Ainda nessa perspectiva, outras questões vêm à tona. Todos os estudantes têm acesso aos recursos tecnológicos disponíveis? Qual o papel da família nesse contexto? Todas as escolas apresentam condições para a utilização desses recursos tecnológicos? Os professores estão aptos a utilizar tais recursos? Todas as modalidades e formas de ensino serão contempladas?

Essas são algumas das questões que merecem ser pensadas e discutidas para permitir que efetivamente o estudante tenha o seu direito a educação garantido.

 

COVID-19 versus EDUCAÇÃO

 

A pandemia do COVID-19 colocou o sistema educacional diante de um cenário nunca antes visto. Com o foco em diminuir o contágio pelo vírus e, assim, evitar o colapso do sistema de saúde, o distanciamento social passou a ser a principal recomendação dos órgãos oficiais, no Brasil e no mundo, evitando, portanto, todo e qualquer tipo de aglomeração.

A pandemia do COVID-19 exige que todas as áreas da sociedade criem alternativas para driblar os impactos negativos que ela tem ocasionado. No sistema educacional, a “educação a distância”, por meio do avanço tecnológico e de seus múltiplos recursos, tem sido considerada uma alternativa para atenuar tais impactos, em função do distanciamento social que tem sido utilizado como principal medida de combate ao vírus.

Na Educação, a paralisação das atividades nas escolas não significou um período de folga para professores e alunos. Em algumas redes públicas, a suspensão das atividades presenciais efetivamente traduziu-se na suspensão das atividades de ensino presenciais, sendo substituídas por atividades remotas enquanto dure a crise sanitária. Tal decisão recebeu, inclusive, suporte legal do Ministério da Educação (MEC).

É necessário obter a consciência que a situação que todo o mundo está vivenciando é nova, sendo necessário que todas as pessoas de diversificadas áreas estão precisando adaptar-se, a uma nova realidade, obtendo a consciência que quantidade não é qualidade, sendo preciso priorizar o que realmente é importante.

É indispensável uma reflexão acerca do planejamento de ensino, pois é preciso obter cautela e selecionar o essencial referente aos objetivos de aprendizagens que será possível ter trabalhados online, em seguida replanejar, sabemos que os desafios são inúmeros inclusive o acesso à tecnologia e a participação e colaboração das famílias.

Concordo com Castoldi e Polinarski (2009) que “os recursos didáticos são todas as ferramentas que auxiliam no processo de ensino-aprendizagem, tendo como principal função a de facilitar a compreensão acerca do assunto abordado pelo professor”.

Nesse caso, a escolha do recurso didático depende de fatores como a visão do educador acerca do recurso, a finalidade de sua utilização, a disponibilidade financeira para sua aquisição e principalmente da aceitabilidade dos alunos.

É fundamental o professor entender que a disposição de recursos tecnológicos é diferente entre os distintos perfis socioeconômicos dos alunos. O foco é a equidade – a educação tem que chegar para todos.

 

AS TECNOLOGIAS DIGITAIS MEDIANDO A APRENDIZAGEM

 

Com a suspensão das atividades presenciais, por todo o país, gerou a obrigatoriedade dos professores e estudantes migrarem para a realidade online, transferindo e transpondo metodologias e práticas pedagógicas típicas dos territórios físicos de aprendizagem, naquilo que tem sido designado por ensino remoto de emergência. E na realidade, essa foi uma fase importante de transição em que os professores se transformaram em youtubers gravando vídeo-aulas e aprenderam a utilizar sistemas de videoconferência, como o Skype, o Google Hangout ou o Zoom e plataformas de aprendizagem, como o Moodle, o Microsoft Teams ou o Google Classroom. No entanto, na maioria dos casos, “estas tecnologias foram e estão sendo utilizadas numa perspectiva meramente instrumental, reduzindo as metodologias e as práticas a um ensino apenas transmissivo”. (MOREIRA, HENRIQUES e BARROS, 2020)

Portanto, esse “ambiente interativo não propicia espaços para discussões entre os atores do processo, tornando o ambiente unidirecional, indo na contramão do modelo da sala de aula presencial”, em que o contato direto entre professores e alunos é muito forte porque apresenta o mesmo tempo e espaço (KENSKI, 2010)

Por efeito da pandemia do COVID-19, escolas suspenderam as aulas presenciais e passaram a buscar formas alternativas de manter o processo de ensino-aprendizagem durante a quarentena: usam principalmente aplicativos e plataformas on-line. É muito relevante pensar que, antes da pandemia, tentava-se trazer as tecnologias como mais um recurso didático. E agora, as tecnologias entram como mudança radical da cena pedagógica. A aula passa a ser totalmente digital. A mudança é muito brusca.

As ferramentas computacionais são importantes no ambiente educacional, pois podem ser relacionadas conforme o objetivo a ser atingido tanto por professores quanto por alunos. Dentre elas podemos citar: os editores de textos, que são propícios no auxílio de produção de textos; as planilhas eletrônicas, que podem ajudar na produção de tabelas; os programas gráficos, que podem ser úteis no desenvolvimento das imagens, dos desenhos; softwares de apresentações, pode ser usado para apresentar slides dos trabalhos e/ou conteúdos, porém, é necessário ir além. (SILVEIRA; TERHORST. 2021)

Em meio ao cenário atual vivenciado, a experiência de estudar online em tempos de quarentena e afastamento social é extremamente atípica e não deve ser entendida como uma base para o que pode ser o futuro da educação.

Neste momento, trocou-se o confinamento da sala de aula pelo confinamento das casas, aprendendo com os mesmos professores e formatos de aula, só que intermediados por uma tela. A internet vem sendo uma ferramenta fundamental na educação e na vida de todos.

No ensino remoto, deve-se observar os conteúdos a serem trabalhados, os que podem ser desenvolvidos dentro e fora da escola. E há os desafios de observar quais crianças tem acesso remoto e quais não tem. Desenvolver atividades que os alunos sejam o centro. Fazer isso com atividades com as famílias através das redes sociais. Utilizar projetos que possam ser desenvolvidas no dia a dia.

Porém, há a possibilidade de mudar a noção de que o aprendizado deve acontecer somente intramuros de uma escola, ampliando essas possibilidades a novas experiências de aprendizagem como a que está sendo vivenciado e viver globalmente interconectados.

É necessário obter a consciência da situação que o mundo está vivenciando é nova, que todas as pessoas de diversificadas áreas estão precisando adaptar-se, a uma nova realidade, obtendo a consciência que quantidade não é qualidade, priorizando o que realmente é importante.

É indispensável uma reflexão acerca do planejamento de ensino, pois é preciso obter cautela e selecionar o essencial referente aos objetivos de aprendizagens que será possível ter trabalhados online, em seguida replanejar, sabemos que os desafios são inúmeros inclusive o acesso à tecnologia e a participação e colaboração das famílias.

O que acontece na educação que, apesar dos avanços tecnológicos, da ampliação de acesso e do direito garantido por lei, não se tem conseguido satisfazer as necessidades. Muito tem se discutido e planejado em educação, mas as ações não têm alcançado o impacto positivo esperado no contexto geral da população e na vida das pessoas.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

É fácil compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares)? Há dificuldades quando se é colocado a prova. Aos profissionais da educação, faltam meios tecnológicos para desenvolver atividades escolares. As escolas, por vezes, têm o mínimo para os professores e para os alunos.

A estratégia adotada escancara a desigualdade e as dificuldades enfrentadas pelos estudantes e professores de colégios públicos – acesso limitado à internet, falta de computadores e de espaço em casa, problemas sociais, sobrecarga de trabalho docente e baixa escolaridade dos familiares. E isso não é uma situação estruturada: faltam equipamentos, não há acesso à internet, as pessoas não dominam as tecnologias digitais. E por fim trata-se dos receios que o professor tem em realizar atividades online. O professor não está preparado para isso, não tem o conhecimento necessário a utilização das tecnologias, também não tem as tecnologias adequadas.

Mesmo no distanciamento, a atuação/mediação e presença afetiva do professor é necessária; E o professor? Está em um período altamente desafiador com aprendizagem intensa para o professor e tempo curto de ajustar o que não funcionou bem, intensificar o que parece ter funcionado e seguir com novos experimentos para as aulas futuras. Momento de apropriação tecnológica. Ser professor, face a tantas exigências políticas, sociais e profissionais que são impostas no exercício da profissão, requer uma diversidade de saberes que vão muito além de uma formação acadêmica.

Após tudo acabar a escola poderá ser uma escola inovadora e modificada, refletindo que a mudança é necessária em todos os aspectos. Pensar fora da caixa pode ajudar a mitigar o problema momentâneo, como também colabora para fortalecer a cultura digital e avançar rumo a uma nova educação.

 

REFERÊNCIAS

 

CASTOLDI, R; POLINARSKI, C. A. A utilização de Recursos didático-pedagógicos na motivação da aprendizagem. In: II Simpósio Nacional De Ensino De Ciência E Tecnologia. Ponta Grossa, PR, 2009.

 

KENSKI, V. M. O desafio da Educação a Distância no Brasil. Revista Edu foco. V. 7, Juiz de Fora. p. 1-13, 2010.

 

MOREIRA, José António Marques; HENRIQUES, Susana; BARROS, Daniela. Transitando de um ensino remoto emergencial para uma educação digital em rede, em tempos de pandemia. Dialogia, São Paulo, n. 34, p. 351-364, jan./abr. 2020. Disponível em:  https://repositorioaberto.uab.pt/handle/10400.2/9756 . Acesso em :10/04/2021.

 

OLIVEIRA, Hudson do Vale de; SOUZA, Francimeire Sales de. Do conteúdo programático ao sistema de avaliação: reflexões educacionais em tempos de pandemia (covid-19). BOLETIM DE CONJUNTURA (BOCA) ano II, vol. 2, n. 5, Boa Vista, 2020. Disponível em: https://revista.ufrr.br/boca/article/view/oliveirasouza . Acesso em :10/04/2021.

 

SILVEIRA, Laelson Santos da; TERHORST, Solange de Campos Firmino. Tecnologia e educação: aspectos estruturais e metodológicos. Disponível em: http://isciweb.com.br/revista/2323 .Acesso em: 10/04/2021.

 

 

[1] Laelson Santos da Silveira. Pós Graduado em Informática na Educação (UFMT). Graduado em Pedagogia (UNEMAT). Professor da Secretaria Municipal de Educação, Tapurah, Mato Grosso, Brasil. E-mail: O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.