TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO: ASPECTOS ESTRUTURAIS E METODOLÓGICOS
Laelson Santos da Silveira1
Solange de Campos Firmino Terhorst 2
RESUMO
Vivemos em tempos que a tecnologia ocupa um espaço considerável nos meios sociais, culturais e profissionais. As pessoas estão interligadas tecnologicamente, e visto este fato, uma escola deve ter equipamentos para auxiliar o professor e alunos na sala de aula. A escola e os professores estão acompanhando essas transformações? Como os professores e as escolas trabalham pedagogicamente com o auxílio das tic’s? Há vários aspectos a serem considerados, principalmente a formação dos professores. É muito relevante pensar as tecnologias como mais um recurso didático. As mudanças ocorrem, e torna a ação pedagógica e o processo de ensino aprendizagem sem o uso da tecnologia de forma conjunta desafiante.
Palavras-chave: Educação. Políticas Públicas. Tecnologias de Comunicação e Informação.
INTRODUÇÃO
O termo tecnologia é vasto, abrangente, e observa-se, que todas as técnicas que o ser humano inventou, transformou para melhor seu desenvolvimento. Mas, as transformações no mundo ao longo dos anos, classificou como tecnologias os equipamentos e instrumentos que “modificam” o meio, com ou sem intervenção assídua do ser humano. Portanto, considera-se tecnologia, o que leva na sua construção “ciência e técnica”. Tecnologia, “é parte integrante do acervo de uma cultura, de uma civilização, integra, portanto, a maneira de viver do ser humano em seu ambiente (NETO,1982). é tudo que nos ajuda a melhorar a indústria, a produção, os hospitais, as escolas, a nossa vida.
As pessoas estão interligadas tecnologicamente, e visto este fato, uma escola deve ter equipamentos para auxiliar o professor na sala de aula. Os equipamentos podem facilitar buscas de novos conceitos através de pesquisas; a interação entre um grupo; interação aluno/professor e professor/aluno; uma metodologia tecnológica pode ser um diferencial para compreensão de conteúdo. Porém, pode apresentar resistência pela não formação dos professores para trabalhar com as tecnologias disponíveis na sala; a liberdade que as pessoas têm no acesso inúmeras plataformas de pesquisas, etc.
ASPECTOS DA TECNOLOGIA EDUCACIONAL
Sabe-se que em uma escola, há que respeitar vários aspectos, e que eles estão relacionados entre si, essa relação é total, e se faz necessária para o sucesso da aprendizagem. Quanto a tecnologia educacional deve-se observar vários aspectos.
A fase de diagnóstico é o princípio para concretização de um projeto/atividade pedagógica, que deverá acontecer em forma de uma consulta prévia, a observar os aspectos que permeiam a realidade da escola, como: a proposta pedagógica, que traz os objetivos a serem atingidos com o projeto; a estrutura adequada, que oferece os equipamentos em lugar propício e se será necessário comprar algo para manter o projeto; os professores capacitados, que estarão aptos a ajudar no manuseio dos softwares que serão utilizados; e alunos que se mostrem interessados em fazer parte da proposta da escola.
Segundo Tajra (2002), o ambiente virtual da escola pode conter três áreas distintas, que são a institucional, a administrativa e a educativa. Resumidamente, apresente os conceitos dessas três áreas:
- Institucional: a parte institucional deve apresentar o histórico da escola, fotos das suas áreas internas e externas, fotos e e-mails dos professores, o quadro de profissionais, explicações e fundamentações da proposta pedagógica, comentários dos diretores, cursos oferecidos, fotos dos alunos, eventos e serviços oferecidos aos pais, aos alunos e à comunidade em geral. Por se tratar de uma apresentação institucional, essa parte do site deve ser criada por profissionais de diversas áreas tais como desenvolvimento web e design; - Administrativa: a parte administrativa visa promover uma interação dos pais com a escola por meio da Internet. Nela podem ser disponibilizados: lista de material escolar, agenda das atividades (calendário escolar), avisos e resumos das reuniões de pais, lista de discussão para os pais, quadro de avisos e um banco de dados com acesso restrito que forneça aos pais as informações sobre a situação escolar de seus filhos, tais como: frequência, notas, relatórios etc.; Educativa: a parte educativa visa disponibilizar atividades pedagógicas para os alunos a partir de projetos desenvolvidos na escola e/ou de projetos de terceiros nos quais a escola esteja envolvida.(TAJRA, 2002)
Vale ressaltar aqui, que são considerados, recursos tecnológicos, para fins de ensino, todos os materiais que conhecemos: lousa, giz, livros, vídeo entre outros. Tajra (2002 apud SILVA; PESSOA, s.d.) classifica os recursos em: tecnologias físicas (recursos físicos), tecnologias simbólicas: comunicação oral, escrita, gestual e pictórica e, as tecnologias organizadoras que compreendem as diferentes abordagens, métodos ou estratégias de ensino.
Desta forma, são apresentadas três constatações no que tange à mutação contemporânea em relação ao saber e a cibercultura: a velocidade de surgimento e de renovação dos saberes tornando o conhecimento atual obsoleto num futuro próximo; a nova natureza do trabalho consiste na necessidade de aprender, transmitir saberes e produzir conhecimentos; e as tecnologias intelectuais que amplificam, exteriorizam e modificam as funções cognitivas humanas, surgem ou são difundidas através do ciberespaço. (SILVA; PESSOA, s.d.)
Essas relações são de suma importância para o bom desenvolvimento do projeto educacional, que contemplam também a formação de professores quanto à utilização dos computadores como recurso pedagógico.
A formação dos professores quanto a utilização dos computadores deverá envolver aplicação pelo professor de uma série de vivências e conceitos: conhecimentos de informática; conhecimento pedagógico; integração de tecnologia com as propostas pedagógicas; gerenciamento da relação de recursos tecnológicos versus recursos físicos disponíveis em sala de aula; interação com o aluno desta nova era da informação, que passa a incorporar e assumir uma atitude mais ativa no processo.
A utilização de recursos variados implica ensino com pesquisa, atitude mediadora de educadores, que pautados na ética levam seus educandos a serem agentes da educação e apreenderem atitudes necessárias para o desenvolvimento e autonomia na aprendizagem, ensinando-os atuarem de modo crítico e transformador na sociedade em que estão inseridos. (SILVA; PESSOA, s.d.)
Porém, para os professores desenvolverem atividades com essas ferramentas, se faz necessário estar capacitados para poder fazer as intervenções pertinentes. Se o professor não estiver capacitado, ele pode deixar aspectos primários em segundo plano, ou mesmo sem fazer por não ter conhecimento sobre o assunto. Nesse sentido, Basniak e Soares (2016), afirmam que “a formação de professores para que as tecnologias na educação tragam mudanças reais na qualidade das aulas que ocorrem nas escolas públicas brasileiras e para que as tecnologias sejam ferramentas de emancipação dos estudantes e não se constituam como mais um agravante de exclusão social, ainda não se efetivou”. Assim, se faz necessário momentos de capacitação de professores em relação as tecnologias na educação.
A TECNOLOGIA NAS ESCOLAS AINDA HOJE
A entrevista teve como principal porta-voz a Diretora RMS de uma Escola Municipal, localizada no Município Nova Canaã do Norte-MT. A Escola atende, no Ensino Fundamental de nove anos, crianças na faixa etária de 6 a 14 anos, de acordo com a Lei nº11. 274/2006 e respeitando a Resolução nº 257/06 do Conselho Estadual de Educação de Mato Grosso – CEE/MT, a escola aceita matrícula de alunos que venha há completar seis anos até trinta de abril do corrente ano. Mas também havendo necessidade atendemos alunos acima de 14 anos.
A escola atende também a Educação Infantil de 04(quatro) e 05 (cinco) anos conforme a lei nº 85/2009 de 27 de agosto, que diz que a educação Pré-Escolar das crianças a partir dos quatro anos de idade tornou-se universal, ficando o Estado obrigado a garantir uma rede de estabelecimento que permita a inscrição de todas as crianças abrangidas.
Na instituição há vários instrumentos tecnológicos como nos relata a entrevistada. Segundo ela, os recursos tecnológicos são os livros, material pedagógico, televisão, vídeo, data show, aparelho de som, calculadora, computador, entre outros.
Quando se trata de informática, há poucos computadores na escola, onde deveria ter mais investimentos para ter um computador ou tablet para cada aluno. A entrevistada ainda afirma que, os recursos tecnológicos ajudam a ampliar o conhecimento do aluno e que o uso da informática auxilia também os professores no planejamento das aulas.
Concordo com Antunes (2016) quanto ao uso de computadores no ambiente escolar pelos professores.
Não existem métodos ou ferramentas infalíveis, mas sim algumas estratégias que podem nos ajudar a começar a trabalhar a tecnologia com os alunos. O professor deve sair da sua zona de conforto e ir de encontro com o novo. Deve ter como dever estar em constante aprendizado, procurando sempre se atualizar, seja fazendo cursos de extensão e também usando sites de buscas para encontrar o que deseja (ANTUNES, 2016).
Em relação à postura do professor diante das possibilidades do uso das TDIC em suas aulas, Bandeira (2007, apud MARTINS e FLORES, 2015) identificou e caracterizou o profissional docente como conservador, que privilegia a sala de aula como o principal espaço de aprendizagem, que utiliza superficialmente o laboratório de informática, não explorando as possibilidades que os computadores têm a oferecer.
As ferramentas computacionais são importantes no ambiente educacional, pois podem ser relacionadas conforme o objetivo a ser atingido tanto por professores quanto por alunos. Dentre elas podemos citar: os editores de textos, que são propícios no auxílio de produção de textos; as planilhas eletrônicas, que podem ajudar na produção de tabelas; os programas gráficos, que podem ser úteis no desenvolvimento das imagens, dos desenhos; softwares de apresentações, pode ser usado para apresentar slides dos trabalhos e/ou conteúdos.
A inserção da tecnologia na educação deve ser utilizada como mais um recurso didático a favor dos professores e alunos. E, como no caso dos demais recursos didáticos, não há condições de se pensar em garantias de sucesso educacional, simplesmente pelo fato de se estar utilizando esse recurso, ou seja, é importante entendermos que a disponibilidade física dos recursos tecnológicos no meio escolar, por si mesma, não traz nenhuma garantia de ocorrerem transformações significativas na educação (FARIA, 2014).
Os professores devem conhecer o computador e diferenciá-lo como meio e fim na educação: o computador como meio é quando a informática tem um enfoque de apoio disciplinar no processo de educação auxiliando o aprendizado de disciplinas do currículo escolar. Exemplo: Utilizar Planilha eletrônica (LibreOffice Calc ou Excel) para ensinar porcentagem ou estatística, matérias da disciplina de matemática ou Google Earth para ensinar geografia aos alunos. O uso do computador como fim é quando a informática é usada para aprendizado da própria informática, com o intuito de passar conhecimentos de informática que serão importantes para os alunos no mercado de trabalho, assim o aluno estuda aplicativos, ferramentas e o sistema operacional. Exemplo: Utilizar editores de textos, planilhas eletrônicas e software de apresentação, sem conexão com disciplinas estudadas, mas voltados a aprendizagem de informática para o mercado de trabalho com um enfoque técnico.
O computador pode ser um importante recurso para promover a passagem da informação ao usuário e facilitar o processo de construção de conhecimento. No entanto, por intermédio da análise dos softwares, é possível entender que o aprender (memorização ou construção de conhecimento) não deve estar restrito ao mesmo, mas à interação entre aluno-software (FARIA, 2014)
Dessa forma, nota-se que hoje a tecnologia na escola é imprescindível, porém ainda há muito o que caminhar neste sentido. Primeiramente, o Brasil ainda é um país atrasado nesta área, assim, não consegue acompanhar todas as mudanças que ocorrem diariamente. Porém acredito, que estamos caminhando para melhorar o desenvolvimento nesta área, principalmente na educação.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Não é fácil compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) ... nós temos dificuldades quando somos colocados a prova. Nos falta meios tecnológicos para desenvolver atividades escolares, nossas escolas tem o mínimo para nós e para os alunos.
É muito relevante pensarmos que estávamos tentando trazer as tecnologias como mais um recurso didático. E agora, as tecnologias entram como mudança radical da cena pedagógica. A aula passa a ser totalmente digital. A mudança é muito brusca. Muitos docentes, por exemplo, têm esse período como desafiante a sua ação pedagógica. Não tem como pensar o processo de ensino aprendizagem sem o uso da tecnologia de forma conjunta.
Além de toda a dificuldade em planejar a aula com auxílio de tecnologias, ainda nos deparamos com a falta de acesso à Internet de boa velocidade. Falta de plataformas que suportem as aulas remotas, etc. E no outro lado da situação, muitos alunos só dispõem de um celular, muitas vezes, com um pacote de dados bem frágil. As aulas são multimodais, pois além dos textos, tem imagens e vários vídeos também. Os dados não suportam carregar todos os conteúdos.
Existem ponderações a serem feitas. Uma delas poderia ser sobre o fato inconteste de que nem todos têm o mesmo acesso. Banda larga ainda é muito cara neste país. Isso significa que todos precisariam ter uma boa internet para dar conta das demandas didáticas. Uma segunda ponderação tem a ver com a fragilidade emocional coletiva, que pesa quando nos deparamos com a tecnologia.
É fundamental o professor entender que a disposição de recursos tecnológicos é diferente entre os distintos perfis socioeconômicos dos alunos. O foco é a equidade – a educação tem que chegar para todos.
REFERÊNCIAS
ANTUNES, Juliana. Lia Moreira Figas aproveita ambientes digitais como o Youtube e o seu próprio blog para chamar a atenção dos alunos para as aulas de Matemática. 31 de março de 2016. Inovação e Tendências, Matemática. Disponível em: https://tecnologia.educacional.com.br/blog-inovacao-e-tendencias/professora-gaucha-inova-aulas-de-matematica-com-tecnologia/ . Acesso em: 04/12/2020.
BASNIAK, Maria Ivete; SOARES, Maria Tereza Carneiro. O ProInfo e a disseminação da Tecnologia Educacional no Brasil. Educação Unisinos 20(2):201-214, maio/agosto 2016. Disponível em: http://revistas.unisinos.br/index.php/educacao/article/view/edu.2016.202.06 Acesso em: 17/12/2020.
FARIA, Elmo Batista de. Softwares Educacionais. Elmo Batista De Faria/Luciana Correa Lima Faria Borges. Cuiabá: UFMT/UAB, 2014.
MARTINS, Ronei Ximenes; FLORES, Vânia de Fátima. A implantação do Programa Nacional de Tecnologia Educacional (ProInfo): revelações de pesquisas realizadas no Brasil entre 2007 e 2011. Rev. bras. Estud. pedagog. (online), Brasília, v. 96, n. 242, p. 112-128, jan./abr. 2015. Disponível em: http://rbepold.inep.gov.br/index.php/rbep/article/view/296 Acesso em: 17/12/2020.
NETO, Francisco José da Silveira Lobo. Tecnologia educacional. Em Aberto, Brasília, Ano 1, n. 7, Junho 1982. Disponível em: http://rbepold.inep.gov.br/index.php/emaberto/article/download/1382/1356 Acesso em: 17/12/2020.
SILVA, Ana Maria da; PESSOA, Silva Mara Peixoto. Recursos didáticos e inovações tecnológicas no ensino de língua estrangeira moderna. Disponível em: http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/1452-8.pdf . Acesso em 17/12/20 20.
TAJRA, S. F. Internet na educação: o professor na era digital. São Paulo: Érica, 2002.
1 Laelson Santos da Silveira. Pós Graduado em Informática na Educação (UFMT). Graduado em Pedagogia (UNEMAT). Professor da Secretaria Municipal de Educação, Tapurah, Mato Grosso, Brasil. E-mail: O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.
2 Solange De Campos Firmino Terhorst. Pós Graduada em Alfabetização e Letramento (UNINTER). Graduada em Pedagogia (UNINTER). Professora da Secretaria Municipal de Educação, Tapurah, Mato Grosso, Brasil. E-mail: O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.