INFORME E AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL PSICOPEDAGOGIA DE UM ESTUDO DE CASO
Micheli Marcansoni
RESUMO
O Transtorno do Espectro Autista é definido por um conjunto de alterações presentes desde idades muito precoces, normalmente antes dos três anos de idade, afetando a comunicação, a interação e o uso da imaginação. Com o objetivo de conhecer a realidade da inclusão escolar, esta pesquisa foi realizada com uma criança e sua família. O local estudado foi uma escola de ensino fundamental da região de Sinop. Os presentes informes Psicopedagógicos, apresentam a fundamentação teórica da Psicologia Institucional e Clinica bem como a importância da aplicabilidade na avaliação Psicopedagogica e possibilidades de intervenções. Portanto este documento apresenta a aplicação da avaliação Psicopedagógico de um estudo de caso onde se emitiu sugestões para a escola e para a família sobre como lidar e assim ajudar no processo de ensino aprendizagem deste indivíduo.
PALAVRAS-CHAVE: Autismo. Psicopedagogia. Estudo de caso.
ABSTRACT
Autistic Spectrum Disorder is defined by a set of changes present from very early ages, usually before the age of three, affecting communication, interaction and the use of imagination. Aiming to know the reality of school inclusion, this research was carried out with a child and his family. The place studied was an elementary school in the region of Sinop. These Psychopedagogical reports present the theoretical foundation of Institutional and Clinical Psychology as well as the importance of applicability in the Psychopedagogical assessment and possibilities for interventions. Therefore, this document presents the application of the Psychopedagogical evaluation of a case study where suggestions were issued for the school and the family on how to deal with and thus help in the teaching-learning process of this individual.
KEYWORDS: Autism. Psychopedagogy. Case study.
INTRODUÇÃO
O autismo é considerado como um transtorno em detrimento ao mesmo englobar a síndrome de Asperger e abarcar diversas dificuldades do desenvolvimento humano, recebendo assim o termo TEA – Transtorno do Espectro Autista. Dessa forma dá-se a importância do tema abordado com um aluno autista na escola regular da rede pública e suas contribuições.
No processo de escolarização dos seus alunos, a escola necessita estar apta a desenvolver atitudes e práticas que, somadas às adaptações curriculares, metodológicas e de recursos físicos e materiais, assegure a esses o desenvolvimento de um trabalho de qualidade.
Dessa forma este trabalho teve por objetivo ampliar o campo de experiência e conhecimentos referentes à Psicopedagogia Clinica e Institucional que constitui em possibilidade de articulação pratica/teórica e que estimule novos conhecimentos sobre a Psicopedagogia.
Vivemos em um contexto em que a sociedade busca repensar a escola e o seu conjunto natural e filosófico, que vem sendo, ao longo dos séculos, colocado em prática, esse ambiente. Nisto, um dos grandes desafios atuais é proporcionar uma educação para todos, sem distinções, além de assegurar um trabalho educativo organizado e adaptado para atender às Necessidades Educacionais Especiais dos alunos. Devendo nos educadores centrarmos na busca de rever concepções, estratégias de ensino, de orientação e de apoio para todos os alunos, a fim de que possam ter suas necessidades reconhecidas e entendidas, desenvolvendo ao máximo as suas potencialidades. Dessa forma, o espaço escolar deve ser organizado, planejado e sistematizado para ofertar condições aos alunos, independentemente de suas peculiaridades e das suas deficiências, promovendo um ensino de qualidade para todos.
O trabalho foi organizado em dois capítulos, no qual o primeiro abordou-se a avaliação com os dados da instituição e equipe pedagógica, e por fim no segundo capitulo realizamos uma avaliação Psicopedagógica de um estudo de caso, identificando o indivíduo avaliado, bem como a descrição das avaliações realizadas, hipótese diagnostica, sugestões de intervenções e encaminhamentos e finalizando o trabalho concluímos compilando a psicopedagogia como contribuidora no conhecimento e compreensão do comportamento e orientação de como trabalhar com este indivíduo autista, melhorando desta forma o trabalho dos educadores e de seus próprios educandos.
AVALIAÇÃO PSICOPEDAGOGICA E INSTITUCIONAL
Neste capítulo iremos abordar a avaliação Institucional no qual forneço alguns dados da instituição no qual foi realizada a pesquisa, salvando-se o nome da mesma que pediu para não ser divulgada, diante disto usaremos nome fictício tanto para a escola quanto para o aluno; neste capitulo então farei um breve relato sobre a instituição, equipe administrativa, etc.
DADOS DA INSTITUIÇÃO
A pesquisa foi realizada de maneira qualitativa, seu campo de atuação foi à escola Pequeno Príncipe, escola pública do município de SINOP/MT, esta escola está situada na avenida dos ingás e atende crianças de Pré escola de 4 a 6 anos de idade, alunos de classe média, a maioria dos alunos moram em bairros próximos a escola não dependendo de transporte público.
Na escola trabalham cerca de 40 profissionais entre merendeiros, zeladores, professores, bolsistas, coordenador, diretor, secretário escolar, etc. todos comprometidos e sempre buscando o melhor para os alunos ali atendidos, ressaltando que a estrutura funcional dos servidores está assegurada no Plano de Cargos e Carreiras dos Profissionais da Educação.
O funcionalmente desta instituição segue os parâmetros da legislação federal, estadual e municipal; A instituição conta com salas amplas, arejadas, bem limpas e organizadas, buscando sempre melhor atender os alunos, porém pelo prédio ser alugado pela prefeitura ele não possui adaptações para receber portadores de necessidades especiais, o que acarreta em uma atenção especial ao profissionais ali presentes; cada sala conta com certa de 20 a 25 alunos matriculados, sendo que na sala no qual tem alunos com necessidades especiais conta com uma bolsista a mais para auxiliar no trabalho do professor.
O horário de funcionamento da instituição é de segunda a sexta feira no período matutino das 07 às 11 horas e no período vespertino das 13 às 17 horas, atendendo aproximadamente cerca de 160 crianças em cada período.
AVALIAÇÃO PSICOPEDAGOGICA DE ESTUDO DE CASO
Neste capitulo abordaremos a avaliação onde forneço os dados coletados na instituição avaliada, identifico a instituição e os profissionais existentes.
IDENTIFICAÇÃO
NOME: G.L (Fictício)
DATA DE NASCIMENTO: 17 de novembro de 2010
SEXO: Masculino
FREQUENTA A ESCOLA: PEQUENO PRINCIPE
Outras informações:
Nasceu de gestação completa; mora com os pais; a mãe possui mais uma filha mais velha que não apresenta nenhum distúrbio ou deficiência; durante o parto do G.L a mãe apresentou falta de oxigênio conforme informação da mãe.
Resguardando-lhe a lei Federal nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (ECA- Estatuto da criança e do adolescente), garante-lhe o direito de não ser identificado ou exposto.
QUEIXAS
G.L é uma criança assídua, não falta a escola, comportamento agitado, apresenta dificuldade na fala, não consegue se concentrar em atividades dirigidas, não se socializa facilmente com os demais colegas e professoras apresentando resistência. Apresenta pouca estimulação de desenvolvimento por conta da família.
AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA
A avaliação diagnostica psicopedagógica foi iniciada em 26 de agosto de 2014 e terminou em 21 de setembro de 2014. Foram realizadas ao todo cinco sessões de avaliações diagnósticas para obtenção de dados que subsidiassem e possibilitassem uma fundamentação teórica a respeito do indivíduo observado.
As sessões foram realizadas em período oposto ao qual o aluno frequentava a instituição, quinzenalmente nas terças feiras ele era atendido por uma professora de educação especial na sala de recursos, local o qual realizei as sessões seguindo o cronograma abaixo:
Realizada em 26 de Agosto de 2014;
Realizada em 09 de Setembro de 2014;
Realizada em 23 de Setembro de 2014;
Realizada em 07 de Outubro de 2014;
Realizada em 21 de Outubro de 2014;
Todas as sessões realizadas tiveram o intuito de observar, analisar e avaliar, realizando registros das ações e reações do aluno por ora se faz objeto de estudo deste trabalho, para assim fundamentar descritivamente este estudo de caso.
INSTRUMENTOS UTILIZADOS
Os instrumentos utilizados para esta pesquisa foram: Histórico de vida: ANAMNESE; Entrevista Familiar Exploratória Situacional: E.F.E.S; Entrevista Operatória Centrada na Aprendizagem: E.O.C.A; Atividades Lúdicas; Encaminhamento/Devolutiva.
Após selecionarmos os métodos e instrumentos que utilizamos nesta pesquisa, finalizados o diagnostico com a elaboração de um informe Psicopedagógico, que foi apresentado à família e também a instituição como forma de encaminhamento.
Buscamos nortear nosso trabalho a partir do método Tratamento e Educação para Autismo e Crianças com deficiências relacionadas a comunicação (TEACCH); que Segundo Christian Gauderer (1997, p. 223):
“Indivíduos sem todos os sinais da síndrome do autismo, mas com características ou com funcionamento semelhante ao indivíduo autista, também se beneficia com este método”
Esta proposta de tratamento TEACCH tem desenvolvido formas de ajudar estas pessoas a se inserirem na cultura que há a sua volta e os principais fundamentos que norteiam este método são:
Área de competência e interesse, todos os alunos tem a sua área de competência (pontos fortes) e interesses que podem se tornar mais funcionais para eles.
Avaliação cuidadosa e constante, todos os alunos tem potencial para desenvolver e melhorar suas habilidades.
Assistência para a compreensão do sentido. Todos os alunos com autismo têm limitações na habilidade de entender o sentido de suas experiências.
A resistência como resultado da falta de entendimento. A maioria dos comportamentos que os alunos apresentam é devido à dificuldade cognitiva em entender o que se espera deles.
Os alunos são comprometidos com o que aprendem, mais antes de aprender eles necessitam de uma estrutura que é realizada a partir da rotina diária, conforme segue rotina realizada por eles na instituição:
*Entrada
*Oração
*Músicas
*História
*Experiências
*Lanche
*Higiene / Escovação
*Organização / Saída
As crianças seguem diariamente essa rotina, alternando os conteúdos e habilidades a serem desenvolvidas nas experiências, eles também têm o momento de recreação que é supervisionado pelos professores e é realizado na área externa da escola, em um parque de areia e brinquedos disponíveis. Outros dias enquanto aguardam a chegada dos pais após a escovação eles organizam seus materiais e pertences e ampliam seu repertorio motor a partir de atividades lúdicas como massinha de modelar, folhear livros, trabalhando a expressão corporal a partir das músicas, que conforme Waldorf (1994) nos diz “a utilização da música é um recurso importante na sala de aula[...] deve-se dar prioridade as músicas infantis tradicionais como: ciranda – cirandinha que possam ser cantadas pelo professor estimulando a participação de todo o grupo”. Assim então buscando a socialização e interação entre eles.
DESCRIÇÕES DAS SESSÕES
Na primeira sessão: Histórico de vida: “ANAMNESE”, a entrevista com os pais foi realizada para assim conhecer melhor seu dia a dia, rotina e seu comportamento diante da família; nesta entrevista a mãe do G.L foi quem compareceu justificando a ausência do pai por motivo de trabalho, assim então comecei a conversar com a mãe sobre o G.L e ao questionar sobre quando foi a primeira avaliação clínica do mesmo, ela nos informou que ele foi diagnosticado com cerca de dois anos de idade, quando perceberam que ele não estava “desenvolvendo corretamente” (fala da mãe) e ele não gatinhava e ficava horas com um mesmo objeto na mão, que caso alguém tentasse tirar dele ele tinha crises de nervosismos o que atacada o seu sistema nervoso e algumas vezes o levava ao desmaio.
A mãe ainda nos informou que a gravidez do G.L foi tranquila, ela tinha 27 anos, realizou todos os exames e acompanhamentos necessários, durou os 9 meses gestacional mais o parto foi demorado e faltou oxigênio, mais que a criança nasceu perfeita “sem sequelas aparentáveis” (fala da mãe).
Seu desenvolvimento da linguagem também não estava estabelecido, onde a mãe mais tarde buscou avaliação com o fonoaudiólogo. Ele também não gostava de interagir com estranhos, gosta de assistir DVD´S ouvir música, tem hipersensibilidade ao barulho, que se muito alto o incomoda e ele fica muito agitado. Ele tem ciúmes de pessoas próximas, não aceitando que ninguém abrace ou chegue perto de quem ele tem afeição.
Quanto a independência o mesmo consegue se alimentar sozinho, corre, gosta de brincadeiras com bola, mais não consegue se concentrar e não divide seus pertences com os colegas, apresenta possível dificuldade de autocontrole associado a agitação o que atrapalha seu desenvolvimento, gosta de “cantar” músicas (ele pede para que mãe/professora cante a música que ele goste para que ele faça os gestos com as mãos e braços.) aceita raramente a alimentação fornecida na escola, gosta muito de bolachas, necessita de auxílio ao ir ao banheiro, Demonstrando alteração em alguns dias em seu comportamento, sendo mais agitado, por vezes arrancando toda a sua roupa.
Ainda em entrevista com a mãe questionei sobre qual a maior dificuldade que eles encontraram na rotina diária do G.L?
-- a mãe respondeu: “a dependência dele a nós, temos que sempre ficar com ele, a ausência de limite também nos atrapalha um pouco, quando ele fica nervoso é difícil acalmá-lo novamente”
Diante disto podemos confirmar o que nos afirma Rocha, 2003 onde nos fala que sintomas comportamentais associados a síndrome incluem a hiperatividade, pouca atenção, comportamento agressivo e agitação, é comum apresentarem hipersensibilidade ao barulho, luz, etc.
A entrevista foi muito produtiva, pude coletar vários dados o que me auxiliará nessa nova tarefa a seguir, espero poder assim buscar meios, maneiras e alternativas para uma melhoria de vida dessa família, buscando metodologias para trabalharmos e assim alcançarmos objetivos.
Na segunda sessão: Entrevista Familiar Exploratória Situacional: E.F.E.S. Nesta etapa pode notar que o G.L é uma criança inquieta, agitada, principalmente quando acontece alguma mudança em sua rotina. Nos primeiros dias ele se mostrou irritado, gritava, se jogava no chão, tentava se debater quando alguém ia tentar ajudá-lo a levantar do chão. Quando ele não gostava de alguém ele gritada, tentava empurrar, isso me deixou um tanto preocupada, visto que por muitas vezes não sabia o que fazer diante de tal situação. Então em conversa com os pais, coordenadora da escola e professora que trabalhava na sala de atendimento especial, pude ter acesso ao laudo psicopedagógico e exames/laudos neurológicos no qual informavam sobre a criança ser autista; o que de certa forma me deixou “aliviada”, pois já sabendo a causa e o que ele tinha, poderia nortear minhas pesquisas para assim conhecer sobre o autismo e poder tentar algo que possa ajudar o G.L.
Busquei informações e novos conhecimentos e assim então descobri o porquê ele ficou tão agitado nos primeiros dias.
Segundo Rocha (2003, p.2):
Os indivíduos autistas apresentam uma insistência na “mesmice”, que se apresenta pelo seu comportamento inflexível e suas rotinas e rituais não funcionais, por exemplo, costumam seguir sempre determinados caminhos até a escola, tem rituais para dormir ou se alimentar. Mudanças no ambiente que a criança costuma frequentar podem causar episódios de agitação psicomotora e agressividade. Mudanças mínimas no ambiente costumam causar quadros mais severos de agitação do que mudanças maiores.
O fato de uma pessoa estranha (no caso eu/pesquisadora) estar ali presente já mudou a sua rotina, tinha algo estranho no ambiente ao qual ele estava acostumado e conforme Rocha nos fala acima mudanças mínimas também interferem em seu comportamento.
Na terceira sessão: “Atividade Lúdica”, como precisava avaliá-lo e não queria causar prejuízos ao aluno, procurei trabalhar com atividades lúdicas, que chamassem a atenção do mesmo, para que assim ele pegasse confiança em mim e eu não fosse mais uma estranha para ele naquele ambiente.
As atividades eram lúdicas e ao ar livre, no qual aos poucos fui introduzindo novas rotinas ao G.L para ver assim como ele reagiria; o fato de buscar o lado externo ao ar livre já foi uma das mudanças e pude perceber que aos poucos o G.L foi se adaptando a nova experiência, pude perceber também que ele gosta muito de músicas e que quando ligava o aparelho de som da música, chegava as vezes de encostar o rosto no aparelho e “apalpar”, abraçar o mesmo; é importante ressaltar que trabalhei com músicas infantis e com o volume adequado para ele, visto que também pude perceber que o mesmo fica agressivo quando tem barulho muito alto, tampando os ouvidos e gritando quando incomodado.
Busquei brincadeiras, músicas e Dvd´s que buscassem desenvolver o movimento e a oralidade dele, pois o mesmo apresenta certa dificuldade na fala.
Na quarta sessão: Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem - E.O.C.A, G.L quando apresenta suas crises reage com agressividade, nervosismo, chegando muitas vezes a se jogar no chão, gritar muito alto e raramente a tenta bater em algum colega que está próximo.
G.L gosta de músicas, brincadeiras com bola (porém só quer segurar a bola pra si), gosta de assistir DVD´S, principalmente o do “TATATA” que é do Patati Patata, gosta de animais, tenta reproduzir o som dos mesmos quando instigado, como por exemplo em uma história do patinho feio ele reproduziu o som do pintinho “piu – piu”, porém quando pedi para ele passar a mão no patinho de pelúcia que havia levado, ele se retraiu, demonstrando certo medo.
G.L é extremamente ligado a objetos estranhos, todo dia ele traz consigo ou canudinhos segurando na mão, ou um microfone de brinquedo, ou um palito de picolé, etc. ele não os solta em momento algum, tento convencê-lo a me dar e ele nega e fica nervoso.
Com o passar das atividades desenvolvidas o G.L apresentou uma evolução, participando e correspondendo em algumas atividades; também foi possível perceber melhoras em sua comunicação, no qual agora ele está aprendendo novas palavras e se desenvolvendo mais independentemente no momento do banheiro, lanche, etc.
Na quinta sessão: “Devolutiva/ Encaminhamentos”, vale ressaltar neste momento que todas as etapas foram muito importantes para o processo de diagnóstico, elas não precisam ocorrer todas em sequência, podendo ser alteradas conforme necessidade.
A etapa devolutiva ressalta os motivos das dificuldades encontradas, e é a partir da devolução que o trabalho de intervenção psicopedagógica se faz necessário, buscando resgatar no aluno o desejo pelo aprender, que em algum momento foi perdido.
Segundo Kanner (2003, p.09) o autismo é um distúrbio artístico de contato afetivo [...] com um atraso na aquisição da linguagem, [...] apresenta estereotipias gestuais, uma necessidade de se manter imutável o seu ambiente.
Desta maneira sugiro então atendimento com vários profissionais, como reforço escolar, aconselhamento profissional, desenvolvimento de habilidades básicas, atendimento Psicopedagógico, fonoaudiólogo, neurologista, entre outros.
HIPÓTESE DIAGNÓSTICA
Conforme dados coletados nas entrevistas e nas avaliações realizadas podemos constatar que o G.L apresenta sim as características da síndrome de autismo, diante disto buscamos escolher a melhor metodologia para se trabalhar com o G.L para que assim alcançasse os resultados positivos pretendidos.
O autismo é uma síndrome cuja conceituação de suas causas e sequelas não pode ser vista apenas no campo clinico, psicológico ou genético.
Segundo a Brasil/Associação Brasileira de Autismo (1997) no Brasil constata-se aproximadamente seiscentas mil pessoas afetadas pela síndrome. E o número é quatro vezes maior em meninos do que em meninas e há evidencias de que as meninas tendem a ser mais severamente afetadas pela síndrome.
Ainda existe uma falta de conhecimento muito grande por parte da população sobre esta síndrome de autismo, como também a falta de estudos e materiais impressos dissertando sobre este tema, dificultando um melhor aprofundamento teórico sobre as causas desta síndrome. Esta falta de informação então leva professores ao se depararem com estas situações, devendo buscar maiores subsídios que possam ser difundidos essas informações entre os professores, considerando que este sujeito necessita de atendimento pedagógico e sua família precisa ser informada e orientada de como proceder e como reagir de modo a não prejudicar o indivíduo, apenas buscando o pleno desenvolvimento do mesmo. É também importante ressaltar que no autismo infantil se apresentam dois tipos de deficiência, a relacionada com problemas subjacentes de motricidade e compreensão e a segunda relacionada com distúrbios de comportamento que é uma consequência da síndrome. Essas duas etapas são defendidas por Bereohff, Leppos e Freire (1994, p.17):
Deficiência primária: alteração neurológica, quociente de inteligência, respostas anormais a sons, deficiências ou ausências de compreensão e linguagem verbal, dificuldade em imitar movimentos finos e complicados, compreensão deficiente da informação visual, uso dos sentidos proximais, dificuldades na compreensão e uso de gestos.
Deficiência secundária: dificuldade nas relações pessoais, resistência a mudança no meio ambiente ou na rotina, resposta anormal a situações cotidianas, comportamento social inadequado, auto agressão, movimentos anormais, ausência de brincadeiras imaginativa.
É importante considerarmos estas definições, mas também precisamos observar que para a criança ser considerada autista ela deverá apresentar também problemas de disfunção sensorial e ou problemas de percepção e na área motora.
Marion Leboyer (2002) ainda no diz que os autistas têm uma motricidade perturbada pela manifestação continua de movimentos repetitivos e complexos, chamada estereotipias. Os mais típicos são as que envolvem as mãos e os braços. Assim considerando que a coordenação segue os três eixos: motor, social e cognitivo, ela está perturbada neste caso onde o desenvolvimento motor pode estar muito precoce e o social e cognitivo pode não ser constatado. O autista não se desenvolve progressivamente, pode ocorrer uma regressão brusca em qualquer momento. Os sintomas do autismo não se manifestam da mesma forma, nem sempre tem o mesmo significado em diferentes fases da vida.
O G.L encontra-se em transição de duas fases, a do 2º para o 3º ano se tratando das fases de desenvolvimento, mais ele está atualmente para completar o 3º ano de vida, então seguimos o que diz na fase do segundo e terceiro ano de vida no qual ele passa a desenvolver interesse pelo som que ele produz ao arranhar superfícies ou ranger rigorosamente os dentes, observa objetos em movimentos com atenção; pode ficar em pé rodando minutos que não ficará tonto, apresenta desinteresse por brinquedos como carros e bonecas, no qual quando usados são utilizados de maneiras estranhas das suas funções. Não apresenta o desenvolvimento da sua imaginação sendo inexpressivo ou ausente. Etc. Piaget então se refere ao simbólico da seguinte forma:
Isto será conseguido tanto a partir do uso de um objeto como se fosse outro enquanto, por exemplo, uma caixa de fósforos pode se transformar num carrinho para brincar, de uma situação por outra na brincadeira de casinha a criança estará representando situações da vida diária ou ainda de um objeto, pessoas ou situações por uma palavra. (Piaget, 2000, p.46)
Ainda por volta dos quatro aos cinco anos o autista continua sem utilizar a linguagem como instrumento, apresenta poucas palavras e de maneira inconsciente. Desta forma o professor com sua pratica cotidiana é quem buscará novos caminhos conforme a necessidade de cada aluno, buscando técnicas competentes, caminhando lado a lado com a disponibilidade e compromisso profissional, elementos essenciais para enfrentar os desafios.
SUGESTÓES E INTERVENÇÕES
Considerando as análises realizadas, sugere-se que o aluno receba acompanhamento semanal por uma equipe de profissionais da área, como psicopedagogos, psicólogos e docentes.
Como Coelho (2010) coloca, as experiências educacionais inclusivas não podem ser frutos de receitas, listagens ou recomendações, mas que se norteie uma ética para o outro, situada na relação de parceiros do contexto compreendidos com objetivo de conhecer melhor a realidade da criança com TEA, e como suas dificuldades são manejadas para assim um melhor desenvolvimento do trabalho.
O atendimento deverá ser especifico e individualizado, planejando muito bem as atividades de modo que venha a contribuir e melhorar o desenvolvimento do indivíduo. À utilização de atividades lúdicas, jogos pedagógicos que explorem mais os canais de aprendizagem como: visual, auditivo e sensitivo que promovam a estimulação/experimentação de novas metodologias e estratégias vêem a ajudar no desenvolvimento e contribuir para sua inclusão no ambiente escolar.
É de fundamental importância também que a família não desista de ajudá-lo, pois o indivíduo com autismo pode sofrer retrocessos com uma serie de comportamentos que perturbem que está próximo.
CONCLUSÃO
Com o termino deste estudo de caso contatamos através dos dados coletados o quanto é importante o diagnóstico de um psicopedagogo para se conhecer adequadamente os transtornos e problemas de comportamentos para poder ajudar a reestruturar a vida cotidiana de um autista.
Durante a pesquisa observou-se que a psicopedagogia atua no sentido de analisar e intervir nos fatores que prejudicam o processo de aprendizagem, e essa intervenção pode acontecer tanto na clínica quanto na institucional. Neste caso da pesquisa prevalecemos o trabalho do psicopedagogo na instituição escolar.
Com este estudo pude constatar o quão importante é estarmos preparados para as mais diversas dificuldades que podem aparecer em nosso dia a dia escolar, no caso do autismo é importante se valorizar o trabalho lúdico e expressões corporais dentro da rotina já existente em seu cotidiano trazendo assim um maior interesse por parte do aluno.
Muitos conhecimentos foram adquiridos com este estudo sobre este caso de autismo, é importante informar e ressaltar que não se esgotaram aqui as possibilidades sobre o assunto, é importante que a família busque os profissionais adequados para lhe ajudar neste momento, e a diversidade de técnicas de trabalho são infinitas para quem acredita na sua profissão e na ajuda ao ser humano como algo mutável e sempre recheado de muita diversidade.
Acreditamos que o desenvolvimento deste trabalho possibilitou e possibilitará auxiliar em um melhor entendimento sobre a síndrome do autismo, podemos dizer que as possibilidades de tratamento são diversas, apenas precisa ser realizado de maneira eficiente e com bons resultados para isso é fundamental que ela seja conduzida por professores família, e diversos profissionais como neurologista, psicólogo, etc. que saibam quais objetivos pretendem alcançar.
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