SUBSTITUIÇÃO DE SOFTWARES PIRATAS POR SOFTWARES LIVRES NO USO DOMÉSTICO E PEQUENAS EMPRESAS
Lúcio Mussi Júnior
RESUMO
Este estudo tem como foco principal uma análise sobre as principais motivações para a utilização de softwares piratas. Busca-se também a conceituação de software proprietário e software livre, bem como a análise sobre as possibilidades funcionais de um usuário “comum” de computadores substituir os programas que utiliza por opções livres. Outro ponto destacado nesta pesquisa são as consequências da utilização de programas piratas, enfatizam-se o prejuízo da empresas do setor e o risco ao qual se expõem o usuário ao valer-se de programas alterados para funcionarem sem licença. Analisam-se ainda algumas questões culturais envolvidas nas decisões de usuários comuns pela utilização de softwares proprietários pirateados ou softwares livres capazes de desempenhas as mesmas tarefas. Visando cumprir os objetivos aqui propostos, adota-se o método de revisão bibliográfica à luz de estudos já publicados sobre o tema.
Palavras-chave: Software Livre. Software Proprietário. Pirataria.
Introdução
Atualmente o problema da utilização de softwares piratas é percebido em todo o globo. Tal prática além de gerar grandes prejuízos às empresas do ramo, também colocam os usuários de tais programas em risco, haja vista as alterações feitas nestes softwares para que funcionem sem licença.
O objetivo do presente trabalho é esclarecer as principais diferenças entre software livre e software proprietário, bem como pesquisa as causas da grande utilização de softwares piratas na atualidade. Analisam-se também, de forma breve, a possibilidade de um usuário “normal” de computador substituir os softwares proprietários que utiliza por opções livres destinadas às mesmas funções.
Outro ponto de destaque é a conceituação de Software Livre, onde o vocábulo “livre” atinge uma significação muito mais abrangente que simplesmente a de gratuidade.
Para o cumprimento dos objetivos aqui propostos valeu-se do método de revisão bibliográfica à luz de estudos já publicados acerca do problema da utilização de softwares piratas.
Desenvolvimento
Considerações iniciais sobre softwares
Faz-se importante ressaltar que todo sistema computacional, independente de seu tamanho e capacidade de processamento, apresenta dois itens fundamentais. Trata-se da parte física, chamada de hardware (as peças propriamente ditas) e a parte lógica, os softwares (também chamados de programas).
O hardware, sendo representado por tudo que é palpável, é composto de chips, placas, circuitos, resistores, capacitores, discos, leitores, sensores, monitores, teclados e mais uma infinidade de peças e componentes. Já os softwares são sequências de instruções capazes de fazer com que todos esses componentes funcionem de forma a executarem uma determinada tarefa.
Entende-se portanto que, da mesma forma que não bastar ter o aparelho fonador em perfeito estado para que se fale, sendo preciso o aprendizado do idioma com nossos país ou outras pessoas que já o tenham aprendido, um computador depende de programas contendo as informações e instruções necessárias para que ele funcione.
De forma mais básica podemos dizer que o usuário de um computador interage com os programas (softwares) instalados na máquina e justamente estes softwares comandam o equipamento para que se produza o resultado esperado. Assim, percebe-se que qualquer tarefa feita em um sistema computacional, seja seu celular, uma Smart TV, uma calculadora, um notebook ou um grande servidor corporativo, depende da intermediação de um software específico.
Dentre os softwares pode-se destacar um grupo especial chamado de “Sistema Operacional”. Tal programa é responsável por fazer a intermediação entre a máquina e o usuário sendo nele instalados os demais programas para a execução de tarefas específicas. Como exemplos de sistemas operacionais mais conhecidos podemos citar o Windows, o Linux, o MAC OS e o Android (que roda na maioria dos celulares e smartphones).
Conceituando softwares livres e softwares proprietários
Partindo-se do princípio retromencionado de que um sistema informativo depende de softwares para funcionar e realizar as funções para as quais foi produzido, entende-se também a fundamental importância dos programas para compor um “todo” utilizável. Contudo, torna-se nítido que a produção de tais programas demanda muita pesquisa, além de grande volume de horas trabalhadas por profissionais altamente capacitados. Somando a esses custos o gasto com a infraestrutura e o lucro pretendido, tem-se uma breve explicação de como funciona a produção de um software proprietário.
Para a comunidade gnu.org, software livre é todo aquele que permite a liberdade do usuário e a formação do senso de comunidade. Deste modo, evidencia-se que o software livre deve permitir que os usuário o utilizem, copiem, distribuam e até mesmo façam estudos e implementem melhorias.
Assim o termo livre de “Software livre” é associado a liberdade e não apenas à gratuidade.
Matte (2018) destaca a liberdade como citado abaixo:
Na Cultura Livre não se fala em liberdade absoluta: existem liberdades específicas para fazer determinadas coisas: para usar, para recriar, para inventar, para aprender, para ensinar, para conhecer, para discutir, para expressar, para copiar, para compartilhar etc. Talvez uma das maiores contribuições do Software Livre seja exatamente a de alertar para o fato de que liberdade absoluta é uma fantasia, um mito, ou seja, o que de fato existe são liberdades definidas pelos verbos a elas
associados.
Neste quesito, a comunidade gnu.org salienta ainda que o software proprietário configura-se como um instrumento de poder injusto.
Pirataria x software livre
Fonseca (2009) destaca que a pirataria mostra-se como uma prática bastante ampla na sociedade atual, atingindo quase todos os tipos de produtos. Caracteriza-se, assim, a pirataria como um crime contra os direitos autorais.
O autor retrocitado afirma ainda que o principal motivo apresentado por usuário de softwares piratas é o valor excessivo cobrado pelas empresas que produzem tais itens. Outro ponto destacado é a minimização “cultural” do uso de programas piratas. Os usuários, em sua maioria, afirmam que todo mundo faz uso de softwares pirateados e desta forma, o crime está descaracterizado, por assim dizer. No entanto, salienta o autor, que parte significativa dos usuário de computadores têm à sua frente opções gratuitas de softwares capazes de realizar as tarefas que necessitam e ainda assim optam pela pirataria.
Banffy (2006) destaca a grande propensão à monopolização apresentada no mercado de softwares. O autor destaca que, quanto mais um software é utilizado, mais fácil se torna utilizá-lo devido à padronização. Como exemplo pode-se mencionar o Microsoft Windows e o Microsoft Office.
Entende-se que pirataria de softwares gera transtornos nas duas pontas da cadeia produtiva. Por um lado gera prejuízo à industria de softwares haja vista a redução nas vendas do produto licenciado. Por outro lado o risco ao qual os usuários se expõem ao baixarem e utilizarem programas alterados para funcionarem sem o devido registro.
Neste sentido, o software livre mostra-se como uma solução bastante plausível, mas ainda muito ignorada. Observa-se que a maioria dos usuários de computadores para fins pessoais ou educacionais necessitam de acesso à internet, editor de textos, editor de slides, planilha eletrônica, editor de desenho, acesso on-line à instituições bancárias e player multimídia. Atualmente estes recursos estão disponíveis na instalação padrão da maioria das distribuições Linux, sem custo e com instalação facilitada.
Entre as distribuições Linux mais utilizadas atualmente podemos mencionar: Ubuntu, Linux Mint, Debian Fedora, Open Suse e Red Hat, embora existam muitas outras. Deste modo é possível encontrar uma distribuição que atenda às necessidades e tenha a usabilidade facilitada de acordo com o conhecimento de quem vai utilizar. Uma distribuição Linux parecida com o Windows, pode ajudar pessoas menos experientes à mudar de software proprietário para software livre, por exemplo.
Falta de conhecimento e comodismo?
Atualmente em nossa sociedade dois pontos mostram-se como grandes empecilhos à popularização do software livre. São a falta de conhecimento e o comodismo.
Muitos usuários não conhecem opções gratuitas ao Windows e o MS Office, por exemplo. As montadoras e as lojas de informática não se empenham em levar até seu cliente uma opção, as escolas (tanto de informática como as regulares) não se empenham e fazer com seu aluno conheça os softwares livres e muitas empresas preferem utilizar softwares piratas à treinar seus funcionários para utilização de alternativas livres.
Já a questão do comodismo, observa-se ser algo que parte do usuário. A maioria da pessoas ao se deparar com a opção de utilizar um software livre em detrimento de um pirateado, decidem-se pelo software pirata. Entende-se que essa opção geralmente ocorre devido ao costume com os programas que já utilizava anteriormente e também à resistência em adaptar-se a uma nova interface.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Contudo, é possível perceber que atualmente existem softwares livres capazes de substituir com a maioria dos softwares proprietários disponíveis. Deste modo, a questão do alto preço de programas originais como desculpa para valer-se da pirataria cai por terra na maior parte dos casos.
Assim, percebem-se a falta de divulgação e informação, bem como a falta de vontade em se mudar um paradigma como dois fortes pilares sustentando a utilização de softwares pirateados.
No tocante à utilização de programas piratas evidenciam-se ao menos duas grandes consequências: o grande prejuízo impelido ao mercado de softwares e o risco causado pela utilização de softwares adulterados para funcionarem sem licença que podem inclusive roubar dados e informações dos usuário.
Finalmente, entende-se que há uma cultura fortemente enraizada em nosso sociedade quanto a utilização de softwares piratas. Essa questão cultural precisa ser mudada, mas para tanto é preciso de empenho de todos, principalmente das instituições de ensino, das empresas do ramo de informática, do governo e consequentemente dos usuários.
REFERÊNCIAS
BBC. Prejuízo com pirataria de software no Brasil mais que dobra e já é 5º no mundo, diz relatório. BBC News Brasil. 2010. Disponível em https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2010/05/100511_piratariarelatorioebc.shtml.
FSF. O que é o software livre? Free Software Foundation. 2018. Disponível em https://www.gnu.org/philosophy/free-sw.pt-br.html.
MATTE, Ana Cristina Fricke. POR QUE USAR SOFTWARE LIVRE SERIA UMA OPÇÃO EDUCACIONAL? Revista Em Rede. v.5, n.3. 2018.
PINHEIRO, Fernanda Guimarães; GUATIMOSIM, Fernando Cruz; RODRIGUES, Leandro; COSTA, Mariana Canuto; SOUZA, Vinícius Marcenes Gonçalves de. Pirataria, Software e Engenharia. Organização Texto Livre. 2011. Disponível em http://ueadsl.textolivre.pro.br/blog/?p=1906.