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DESAFIOS DO ENSINO DE ALUNOS COM DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM COM ÊNFASE EM DISCALCULIA

Eliany Lenz Wiirzler[1]

 

RESUMO

Através da história as crianças com algum tipo de deficiência foram tratadas de diversas maneiras. Desde a algum tipo de proteção até tratamentos bárbaros. Esse artigo tem como objetivo analisar, através de pesquisas, a evolução da educação inclusiva com ênfase no transtorno da discalculia. É importante reconhecer que o aprendizado de matemática é fundamental para a vida das pessoas e como esse distúrbio de aprendizagem dificulta a vida desses alunos. É fundamental também que sejam analisados métodos e possibilidades que proporcionam a oportunidade de aprendizagem desses alunos. A pesquisa bibliográfica apresenta ainda a importância do psicopedagogo conjuntamente com o professor, e do preparo continuado para oferecer a esses alunos o melhor atendimento possível.

 

PALAVRAS-CHAVE: Discalculia. Matemática. Aprendizagem. Educação especial

 

1 INTRODUÇÃO

 

                A matemática é uma disciplina de suma importância para o aluno, não só em sua vida acadêmica, mas também para a vida. Muitos alunos têm apresentado um grau elevado de dificuldades no seu aprendizado.

            Dentro desse contexto, apesenta-se mais um dificultador, um distúrbio de aprendizagem da matemática, a discalculia. Daí a importância de uma análise da história da educação especial, desde os tempos antigos, para que seja possível procurar entender os processos e desafios que os distúrbios de aprendizagem representam.

            Esse assunto ganha relevância ao se analisar a dificuldade que os professores têm enfrentado, tendo em vista seu pouco preparo para enfrentar um desafio dessa proporção.

            Esse trabalho foi feito através de pesquisa bibliográfica com o objetivo de juntar informações e sugestões para um melhor atendimento dos alunos portadores desse distúrbio.

 

2 DESENVOLVIMENTO

 

Na história antiga da humanidade, apesar de poucos, podem ser encontrados registros da maneira como as crianças com alguma deficiência eram vistas pela sociedade “normal”. Não só vistas, mas também, a maneira como a sociedade reagia a essa “anormalidade”.

Segundo o documento MEC/SEESP (1997, pág. 14), na Grécia antiga, as crianças com algum tipo de deficiência deveriam ser tiradas do convívio social e serem escondidas e impedidas de serem vistas ou de terem uma vida normal:

 

Na Grécia antiga, onde a perfeição do corpo era cultuada, os portadores de deficiência eram sacrificados ou escondidos, como relata o texto de Platão: "Quanto aos filhos de sujeitos sem valores aos que foram mal constituídos de nascença, as autoridades os esconderão, como convém, num lugar secreto que não deve ser divulgado. " (A República).

 

Os gregos, segundo Aranha (2005, pág. 8) eram divididos entre nobreza e populacho. A nobreza tinha o direito de administração e domínio sobre a população. O populacho, segundo a nobreza, só tinha razão de existir para servi-los. Daí pode-se inferir as razões que levavam as crianças portadoras de deficiência a serem excluídas da vida nas polis,

 

... a vida de um homem só tinha valor à medida que este lhe fosse concedido pela nobreza, em função de suas características pessoais ou em função da utilidade prática que ele representasse para a realização de seus desejos e atendimento de suas necessidades. Aranha (2005, pág. 8).

 

            Na Roma antiga, segundo o poeta Sêneca, que viveu no séc. IV a.C., citado por Misés (1977, p.14), as crianças com alguma deficiência eram tratadas com mais crueldade ainda

 

Nós matamos os cães danados e touros ferozes, degolamos ovelhas, asfixiamos recém-nascidos mal constituídos; mesmo as crianças se forem débeis, ou anormais, nós as afogamos, não se trata de ódio, mas da razão que nos convida a separar das partes sãs aquelas que podem corrompê-las. (Sêneca).

 

            As concepções foram mudando com o passar do tempo. De uma visão de inutilidade na Grécia antiga, uma visão de risco de a deficiência ser hereditária, na Roma antiga, nos sécs. IV e V a. C., a visão predominante passa a ser espiritual. MEC/SEESP (1997, pág. 15), apresenta como Santo Agostinho (354 – 430 d. C.) interpretava a deficiência como um castigo pelos pecados dos antepassados:

 

Santo Agostinho (354 - 430 d. C) atribuía à deficiência mental a culpa, punição e expiação dos antepassados pelos pecados cometidos. A respeito às crianças com deficiência, expressava: "São às vezes tão repelentes que não têm mais espírito do que o gado. " (Contra Julianum Pelagionum).

             

            São Tomás de Aquino, segundo MEC/SEESP (1997) tinha uma visão diferente sobre a deficiência classificando-a como algo natural não podendo ser caracterizada como pecado. Além disso, houve muita divergência sobre as causas e maneiras de lidar com a deficiência. No séc. XIII a Inglaterra, por exemplo, protegia os portadores de deficiência dando-lhes direito a um tutor e um curador. Na França também adotou essa prática.

            Após serem tidas como algo místico, religioso, ou ainda como uma forma de inutilidade e problema perigoso de hereditariedade, foi somente no início do séc. XIX que, segundo (Januzzi, 1992) Jean Marc Itard (1774-1838) deu início ao que pode ter sido a primeira tentativa de desenvolver um método de educação de pessoas com deficiência. Após o trabalho com um menino de 12 anos, que ficaria conhecido como o menino lobo, Itard é reconhecido como o pai da educação especial.

            No Brasil, segundo (Januzzi, 2004 p.34), a partir da primeira metade do Séc. XX, sociedade e governo começaram a se organizar para um atendimento mais adequado às pessoas com deficiência.

 

A partir de 1930, a sociedade civil começa a organizar-se em associações de pessoas preocupadas com o problema da deficiência: a esfera governamental prossegue a desencadear algumas ações visando a peculiaridade desse alunado, criando escolas junto a hospitais e ao ensino regular, outras entidades filantrópicas especializadas continuam sendo fundadas ,há surgimento de formas diferenciadas de atendimento em clínicas, institutos psicopedagógigos e outros de reabilitação geralmente particular a partir de 1500, principalmente, tudo isso no conjunto da educação geral na fase de incremento da industrialização do BR, comumente intitulada de substituição de importações, os espaços possíveis deixados pelas modificações capitalistas mundiais (JANNUZZI, 2004 p.34).

 

            Apesar de representarem algum progresso no atendimento às pessoas com deficiência, essas ações eram insipientes, pois atendiam um número muito pequeno de pessoas. Faltavam organizações mais estruturadas e ações mais abrangentes do governo. Enquanto havia milhares de pessoas precisando de atendimento, somente algumas dezenas eram atendidas.

            Foi somente a partir da segunda metade do séc. XX que, segundo Mazzota (1996) começaram a ocorrer campanhas de âmbito nacional na busca pelo atendimento, principalmente, nessa época, das pessoas surdas.

            Segundo CORCINI e CASAGRANDE (2016) Helena Antipoff criou a Sociedade Pestalozzi de Minas Gerais em 1932, que mais tarde a partir de 1945, iria se expandir no país. A primeira escola com o nome “Pestalozzi” foi criada em Canoas, Rio Grande do Sul, em 1927. A mesma autora e pesquisadora participou também da implantação da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais - APAE, em 1954.

                Essas associações se expandiram e hoje têm uma abrangência nacional, atendendo às pessoas com deficiência em todo o território do país.

A Constituição Brasileira, artigo 205º de 1988 apresenta a educação como um direito universal, que deve ser assumido pelo Estado, família e sociedade:

 

“a educação, direito de todos e dever do Estado e da família, deve ser promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, assim como seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”.

 

            Nessa declaração: “a educação, direito de todos...”, estão inseridos todos os cidadãos brasileiros, inclusive as pessoas com deficiência.

            A declaração de Salamanca trouxe um desafio para os governos ao apresentar a educação de pessoas deficientes como um direito a todos os cidadãos, em escolas regulares, abrindo uma nova perspectiva para esse público que sempre encontrou muita dificuldade em ser inserido na sociedade. Essa declaração reza:

 

  1. Nós, os delegados da Conferência Mundial de Educação Especial, representando 88 governos e 25 organizações internacionais em assembleia aqui em Salamanca, Espanha, entre 7 e 10 de junho de 1994, reafirmamos o nosso compromisso para com a Educação para Todos, reconhecendo a necessidade e urgência do providenciamento de educação para as crianças, jovens e adultos com necessidades educacionais especiais dentro do sistema regular de ensino e reendossamos a Estrutura de Ação em Educação Especial, em que, pelo espírito de cujas provisões e recomendações governo e organizações sejam guiados.
  2. Acreditamos e Proclamamos que:
  • toda criança tem direito fundamental à educação, e deve ser dada a oportunidade de atingir e manter o nível adequado de aprendizagem,
  • toda criança possui características, interesses, habilidades e necessidades de aprendizagem que são únicas,
  • sistemas educacionais deveriam ser designados e programas educacionais deveriam ser implementados no sentido de se levar em conta a vasta diversidade de tais características e necessidades,
  • aqueles com necessidades educacionais especiais devem ter acesso à escola regular, que deveria acomodá-los dentro de uma Pedagogia centrada na criança, capaz de satisfazer a tais necessidades,
  • escolas regulares que possuam tal orientação inclusiva constituem os meios mais eficazes de combater atitudes discriminatórias criando-se comunidades acolhedoras, construindo uma sociedade inclusiva e alcançando educação para todos; além disso, tais escolas proveem uma educação efetiva à maioria das crianças e aprimoram a eficiência e, em última instância, o custo da eficácia de todo o sistema educacional.

           

            A partir da declaração de Salamanca em 1994, o Brasil aderiu à educação inclusiva. Foi uma vitória das pessoas com deficiência, mas por outro lado, um grande desafio para os profissionais da educação, pois as síndromes e distúrbios de aprendizagem são muito variados e para cada um há uma forma diferente de trabalhar.

De acordo com D’Ambrosio (2002), tanto as práticas educativas como os estilos de aprendizagem se fundam na cultura e nas tradições e seu registro faz parte da história.

 

“Portanto, é praticamente impossível discutir educação sem recorrer a esses registros e as interpretações dos mesmos. Isso é igualmente verdade ao se fazer o ensino de várias disciplinas. Em especial da Matemática, cujas raízes se confundem com a história da humanidade” (D’AMBROSIO, 1999, p. 97).

 

Segundo Mol (2013) a história da matemática começa na pré-história, antes da escrita, o que dificulta sua análise desde os primórdios dos tempos. No entanto, é fato que as primeiras manifestações matemáticas se deram utilizando os dedos como uma forma de comparar conjuntos de objetos. É interessante notar que mesmo utilizando os dedos para as contagens, esse método foi utilizado de formas diferentes, por diferentes civilizações.

Ainda segundo Mol (2013), o sistema decimal como utilizamos hoje, deriva dos dez dedos das mãos, enquanto que os maias pré-colombianos, utilizavam a base vinte, contando os dedos dos pés e das mãos. Diferentemente desses sistemas os babilônios se utilizavam da base sessenta, utilizando o polegar para contar as 12 falanges dos dedos, surgindo daí a ideia da dúzia, e também o sistema sexagesimal, utilizados na contagem do tempo (horas) e nas medidas dos ângulos.

A ideia primeira da matemática surgiu da necessidade das contagens, numa sociedade rural, para verificação de número de animais, quantidade de alimento produzido e população.

Os gregos deram uma nova dimensão à matemática ao transformá-la em ciência, sem a preocupação de que ela fosse concreta e prática, adicionando a ela conceitos abstratos. Mol (2013) descreve

 

A evolução da matemática sofreu uma mudança de rumo na Grécia Antiga. Ela deixou de ser uma coleção de resultados empíricos e passou a ter o formato de uma ciência organizada, de maneira sistemática e por elementos racionais. A matemática, tanto na Mesopotâmia quanto no Egito, tinha caráter concreto e prático. Na Grécia, ela passou a ser essencialmente abstrata, com uma certa independência em relação às aplicações práticas. As demonstrações, instrumentos para garantir a validade dos resultados por argumentação puramente racional, foram introduzidas como parte fundamental de sua estrutura. Os gregos remodelaram a matemática e introduziram elementos que viriam a orientar a evolução dessa ciência pelos séculos seguintes da história humana. (Mol, 2013, p. 29).

 

            Hoje, além da matemática chamada pura, introduzida inicialmente pelos gregos, somos beneficiados pelos avanços tecnológicos que se tornaram possíveis graças, em grande medida, ao avanço da matemática.

            Mesmo com tantas evidências sobre a importância do ensino da matemática, continua sendo um desafio para os professores a quebra do paradigma, alegada pelos alunos de que a matemática é muito difícil e tem pouca aplicação prática, portanto seria menos necessária nos currículos escolares.

            Não bastasse o desafio apresentado, a dificuldade aumenta quando os professores têm que conviver com a realidade de terem que ensinar matemática para alunos com deficiências cognitivas.

            Entre essas deficiências, um grande desafio são os alunos portadores de discalculia.

            Mas o que é discalculia? Segundo (BERNARDI; STOBAUS, 2011)

 

O termo discalculia foi referido, primeiramente, por Kosc (1974) que realizou um estudo pioneiro sobre esse transtorno relacionado às habilidades matemáticas. Para ele, a discalculia ou a discalculia de desenvolvimento é uma desordem estrutural nas habilidades matemáticas, tendo sua origem em desordens genéticas ou congênitas naquelas partes do cérebro que são um substrato anatômico-fisiológico de maturação das habilidades matemáticas (BERNARDI; STOBAUS, 2011, p. 48).  

             

De acordo com Johnson e Myklebust (1983), a discalculia impossibilita a criança de:

  1. a) Visualizar conjuntos de objetos dentro de um conjunto maior;
  2. b) Conservar a quantidade, o que a impede de compreender que 1 quilo é igual a quatro pacotes de 250 gramas;
  3. c) Compreender os sinais de soma, subtração, divisão e multiplicação (+, –, ÷ e x);
  4. d) Sequenciar números, como, por exemplo, o que vem antes do 11 e depois do 15 (antecessor e sucessor);
  5. e) Classificar números;
  6. f) Montar operações;
  7. g) Entender os princípios de medida;
  8. h) Lembrar as sequências dos passos para realizar as operações matemáticas;
  9. i) Estabelecer correspondência um a um, ou seja, não relaciona o número de alunos de uma sala à quantidade de carteiras; e
  10. j) Contar através de cardinais e ordinais.

 

Ainda segundo (SANTOS; SILVA, 2011)

 

... os Transtornos de Aprendizagem, entre eles a discalculia, têm como característica um baixo desempenho em testes padronizados para escrita, leitura e aritmética em comparação a crianças de mesma idade, nível de inteligência e escolarização (APA, 2000) que não pode ser justificado por falta de oportunidade de aprendizagem, falhas pedagógicas, déficits sensoriais ou lesões adquiridas (OMS, 1993). (SILVA; SANTOS, 2011, p.130).

 

            É muito importante que haja um diagnóstico para a constatação de que o aluno é portador desse transtorno, com a finalidade de que ele receba um tratamento especial, não só por pessoas especializadas bem como pelos professores. Para que haja esse diagnóstico, o psicopedagogo precisa contar com o apoio de uma equipe, conforme afirma Leal (2011):

 

Para diagnosticar a discalculia, o psicopedagogo deve contar com uma equipe interdisciplinar, que faça um diagnóstico com base em instrumentos adequados e no estudo de neuroimagem, promissores para o entendimento do distúrbio do aprendizado em matemática. (Leal, 2011, p. 82)

 

            Diagnosticar a criança como sendo portadora de discalculia não é suficiente para melhorar a situação do aluno em sala de aula. Seu aprendizado depende de vários fatores, entre eles, o de ser aceito, respeitado e valorizado, como qualquer outro aluno. Para Mantoan (2004, pág. 330):

 

Todos os alunos, sejam suas dificuldades e incapacidades reais ou circunstanciais, físicas, intelectuais ou sociais, têm a mesma necessidade de serem aceitos, compreendidos e respeitados em seus diferentes estilos e maneiras de aprender, quanto ao tempo, interesse e possibilidades de ampliar e de aprofundar conhecimentos, em qualquer nível escolar. (MANTOAN, 2004, p. 33).

 

            Apesar de crianças com discalculia apresentarem uma dificuldade quase intransponível no aprendizado de matemática, o que, muitas vezes faz com que elas sejam deixadas em segundo plano, segundo o site Ciências e Cognição, essas mesmas crianças podem ter outras habilidades importantes para o seu desenvolvimento em outras áreas, o que não pode ser ignorado:

 

“Pessoas com discalculia podem ser muito inteligentes, criativas e esforçadas. Trata-se aqui de um cérebro que tem um funcionamento diferente dos outros no que se refere à forma de processar informações específicas de natureza quantitativa, mas que não deixa de conter um enorme potencial.” (http://cienciasecognicao.org/neuroemdebate/arquivos/3867)

 

            Dentre as muitas incertezas que ainda existem sobre como atender um aluno com discalculia, uma coisa é certa, o professor deve ter uma atenção especial ao preparar a sua aula e materiais no sentido de apresentar a esse aluno alternativas diferenciadas para que ele possa ter a oportunidade de desenvolver raciocínios que de maneira convencional seria impossível.

            No blog rhemaeducacao.com.br, encontramos algumas sugestões úteis sobre o agir do professor no ensino desse aluno: 

  • Permitir o uso de calculadora e tabela tabuada
  • Adotar o uso de caderno quadriculado;
  • Evitar ignorar o aluno com dificuldades;
  • Evitar mostrar impaciência com dificuldade expressada pela criança ou interrompe-la várias vezes ou mesmo tentar adivinhar o que ela quer dizer completando a sua fala.
  • Evitar corrigir o aluno frequentemente diante da turma, para não o expor;
  • Não forçar o aluno a fazer as tarefas quando estiver nervoso por não ter conseguido;
  • Procure usar situações concretas, nos problemas;
  • Procure iniciar cada período da aula com o resumo da sessão anterior a uma visão geral dos novos temas;
  • Escreva no quadro o tema a aprender, os passos ou procedimentos a serem seguidos e que o aluno deverá tomar nota;
  • Dar sugestões ajudas ou guias para que o aluno saiba encarar e monitorizar adequadamente os erros;
  • O uso de códigos visuais, diagramas, cones, sublinhados, esquemas, permite concentrar atenção nos expoentes, varáveis, símbolos de operações, etc., o que facilita a sua compreensão, aprendizagem e generalização;
  • Quanto às provas, devem-se elaborar questões claras e diretas, reduzindo-se ao mínimo o número de questões, sem limite de tempo, aplicando-a de tal sorte que o aluno esteja acompanhado apenas de um tutor para certificar se entendeu o enunciado das questões;
  • Estabelecer critérios em que, por vezes, o aluno poderá ser submetido a prova oral, desenvolvendo as expressões mentalmente, ditando para que as transcreva;
  • Incentivar a visualização do problema, com desenhos e depois internamente;
  • Proponha jogos na sala, pois estes consistem numa boa opção para ajudar na visualização de seriação, classificação, as habilidades psicomotoras, habilidades espaciais e a contagem;
  • Permitir o uso do computador, deste modo é um instrumento que pode ser muito bem aproveitado, especialmente porque existem muitos sites com jogos educativos que propiciam a noção de espaço e forma, como o Tangram e outros que reforçam a compreensão de matemática.

 

Sobre os jogos matemáticos Lopes (2005, p. 35) afirma que “o jogo para a criança é o exercício, é a preparação para a vida adulta. A criança aprende brincando, é o exercício que a faz desenvolver suas potencialidades”.

Através de jogos e brincadeiras as crianças com dificuldade de aprendizagem têm uma oportunidade de desenvolverem o raciocínio lógico exigido pela matemática, e podem melhorar sua autoestima incentivando-a a não abandonar o processo de interiorização do conhecimento matemático.

Sobre atividades lúdicas, Campos (2019, p. 43) afirma que “as atividades lúdicas podem e auxiliam o desenvolvimento das crianças com dificuldades de aprendizado em matemática ou com discalculia.”

Segundo Leal (2011) o educador deve procurar diversificar seus métodos, buscando provocar no aluno a curiosidade e o prazer de aprender:

 

Os educadores devem procurar novos caminhos e alternativas para todo esse delicado processo de aprender, para que os estudantes não sejam obrigados a se tornarem copistas que fazem as coisas por fazer ou para passar de ano, cumprindo uma obrigação desmotivante e castradora. É necessário que o estudante sinta-se bem, é preciso que ele tenha prazer em aprender. (Leal, 2011, p. 48).

 

3 CONCLUSÃO

 

Após essa pesquisa pode-se chegar a algumas conclusões sobre o ensino da matemática. Aprender matemática não é tarefa fácil para muitos alunos e exige um esforço especial do professor em apresentar maneiras diferentes no ensino da matemática em sala de aula.

Além dessas dificuldades naturais, existem alunos com transtornos que tornam esse aprendizado muito mais difícil, como é o caso de alunos portadores de discalculia. Nessa área ainda há muito que se progredir em busca de métodos e tratamentos adequados, para minimizar os prejuízos decorrentes dessa situação.

Mesmo com todas as dificuldades é possível que o professor se utilize de ferramentas já existentes que podem melhorar o relacionamento do aluno com a matemática, como apresentados nesse artigo.

Como demonstrado nesse trabalho, ainda há um longo caminho pela frente em busca de soluções mais sólidas para que os alunos portadores de discalculia apresentem um aprendizado satisfatório da matemática.

E por fim, fica claro também que o trabalho do psicopedagogo, em conjunto com o professor ocupa um papel fundamental no ensino aprendizado da matemática para alunos com dificuldade nessa disciplina. Isso exige do docente constante pesquisa e busca de aperfeiçoamento de seus métodos. Além disso, para que o aluno tenha sucesso na aprendizagem é preciso a participação de todos os envolvidos, psicopedagogo, professores, coordenadores, pais, diretores e demais pessoas que de alguma maneira também se encontram envolvidas no ensino aprendizagem.

 

REFERÊNCIAS

 

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BERNARDI, J.; STOBÄUS, C. D. Discalculia: conhecer para incluir. Rev. Educ. Espec., Santa Maria, v. 24, n. 39, jan./abr. 2011

 

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BRASIL. Secretaria de Educação Especial Deficiência mental / organizado por Erenice Natalia Soares Carvalho. - Brasília : SEESP, 1997 disponível em http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/me002963.pdf - acessado em 02/04/2021

 

CAMPOS, Ana Maria Antunes de. Discalculia: superando as dificuldades em aprender Matemática. 2ª ed. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2015.

 

CORCINI, Marli Aparecida Casprov e CASAGRANDE, Rosana de Castro   Educação Especial e Sua Trajetória Histórico-Política: Uma Abordagem Por Meio De Grupos De Discussão, disponível em http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/cadernospde/pdebusca/producoes_pde/2016/2016_artigo_edespecial_uepg_marliaparecidacasprovcorcini.pdf - acessado em 20/03/2021  

 

D’AMBROSIO, U. Etnomatemática: elo entre as tradições e a modernidade. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2002

 

https://blog.rhemaeducacao.com.br/como-trabalhar-o-aluno-com-discalculia/ - acessado em 13/05/2021

 

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http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/salamanca.pdf - acessado em 21/04/2021

JOHNSON, D.J.; MYKLEBUST, H.R. Distúrbios de aprendizagem: princípios e práticas educacionais. São Paulo: Pioneira, 1983.

 

JANNUZZI, G. S. M. Políticas públicas de inclusão escolar de pessoas portadoras de necessidades especiais: reflexões. Revista GIS. Rio de Janeiro,  2004.

 

JANUZZI, Gilberta de Martinho. A educação do deficiente no Brasil: dos primórdios ao início do século XXI. Campinas. Autores Associados, 2004. Coleção Educação Contemporânea.

 

Leal, Daniela e Nogueira, Makeliny Oliveira Gomes. Dificuldade de aprendizagem – Um olhar psicopedagógico. Curitiba, Ibpex, 2011.

 

LOPES, Maria da Glória. Jogos na educação: criar, fazer e jogar. 6. ed. São Paulo: Cortez, 2005.

 

MANTOAN, M. T. E. Uma escola de todos, para todos e com todos: o mote da inclusão. In: STOBÄUS, C. D.; MOSQUERA, J. J. M. Educação Especial: em direção à educação inclusiva. 2. ed. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2004, p. 27-40.

 

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MISÉS, R. A criança deficiente mental - uma abordagem dinâmica. Rio de Janeiro: Zahar, 1977.

 

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