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EDUCAÇÃO INCLUSIVA: DESAFIOS E BARREIRAS A SEREM QUEBRADOS

Juliana Zancani Brandão

Hebert Moreira da Silva

Elza Cendon André

 

RESUMO

O presente trabalho refere-se à inclusão do aluno especial em uma unidade educacional de ensino regular. Os desafios enfrentados por educadores na inclusão desses alunos e as diferentes metodologias utilizadas em sala de aula também serão abordadas neste trabalho. Ressaltando a importância de uma reformulação e capacitação para os profissionais que irão trabalhar com este aluno, visto que o mesmo necessita de um apoio escolar diferenciado e atendimento especializado com a finalidade de atingir os objetivos propostos, respeitando suas limitações. Também é mostrada uma visão que abrange mais a realidade do que acontece dentro das instituições, onde muitas vezes ocorre uma segregação desse público por falta de investimentos de infraestrutura e capacitação dos profissionais. E finalmente a importância da comunicação entra escola e família para que haja uma efetiva integração desse indivíduo na sociedade.

 

Palavras-chave: Inclusão. Diversidade. Educação.

 

1 INTRODUÇÃO

 

Acerca dos desafios encontrados no âmbito educacional afim de incluir uma educação inclusiva nas instituições de ensino regular, os profissionais da educação buscam cada vez mais formação e capacitação para exercer com mais objetividade suas funções. Porém ainda há muitas barreiras a serem quebradas e muito para ser implementado nas instituições para atender a demanda de alunos com necessidades especiais.

Inicialmente será abordado a historicidade da necessidade da inclusão de aluno especial na rede regular de ensino. Este entendimento passou por grandes transformações durante o decorrer dos anos, por meio de estudos de especialistas sobre o assunto, e acerca do entendimento sobre a diversidade que abrange a educação atualmente.

Com o intuito de discutir a diversidade, este trabalho visa não só a historicidade da educação inclusiva, mas também a importância que esta modalidade tem nos dias atuais, descrevendo as características das escolas em atender estes alunos.

De acordo com as Diretrizes Curriculares para a Educação Especial (MEC 2001, p 3), os indivíduos portadores de necessidades especiais eram considerados “doentes”. Até meados do século XX eram internados em manicômios ou asilos, ocupando somente a posição para caridade, não obtendo algum direito sequer, principalmente para educação escolar, pois para a época estas pessoas não possuíam capacidade de aprender.

Foi no final do século XIX que os parâmetros da educação especial começaram a ser modificados, fazendo com que as pessoas com deficiência tivessem acesso à educação, porém isso se deu de forma gradual. Inicialmente em 1854 foi criado o primeiro Instituto para Cegos, o IBN (Instituto Benjamin Constant) e após 3 anos em 1857 foi criado o INES (Instituto Nacional de Educação dos Surdos), ambos na cidade do Rio de Janeiro.

Mesmo com a abertura dessas instituições ainda havia exclusão em relação às pessoas que possuíam deficiência intelectual e física. Este parâmetro começou a ser modificado em 1926 com a criação da Pestalozzi, com foco em pessoas com dificuldade de aprendizagem. Já em 1954 com a finalidade de atender às necessidades da educação especial pública foi criada a APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais).

A partir daí inúmeros estudos e debates vem sendo feito sobre o assunto, visando uma melhor qualidade de ensino para os portadores de necessidades especiais.

  

 

 

2 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA:

 

Quando falamos em Educação Inclusiva devemos pensar nos direitos das pessoas com deficiência e visar uma melhor qualidade de ensino. Para um melhor entendimento sobre os direitos das pessoas com necessidades especiais temos:

 

A Declaração Universal dos Direitos Humanos, aprovada pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 1948 relaciona os seguintes direitos que valem para todos, isto é, os chamados direitos humanos ou da cidadania: Direitos Civis: direito à liberdade e segurança pessoal; à igualdade perante lei; à livre crença religiosa; à propriedade individual ou em sociedade; e o direito de opinião (Art. 3° ao 19). Direitos Políticos: liberdade de associação para fins políticos; direito de participar do governo; direito de votar e ser votado (Arts. 20 e 21). Direitos Econômicos: direito ao trabalho; à proteção contra o desemprego; à remuneração que assegure uma vida digna, à organização sindical; e direito à jornada de trabalho limitada (Arts. 23 e 24). Direitos Sociais: direito à alimentação; à moradia; à saúde; à previdência e assistência; à educação; à cultura; e direito à participação nos frutos do progresso científico (Art.25 ao 28). (UNICEF3)

 

Com a Declaração dos Direitos Humanos vemos que esses direitos são para todos, fazendo que as pessoas deficientes também tenham voz e vez perante a sociedade.

Com a Declaração de Salamanca (UNESCO, 1994), surge o pensamento de uma educação global, saindo da segregação que é uma forma de exclusão e marginalização, que negativamente marca a vida dos indivíduos, deixando-os em desvantagem social.

De acordo com a LDB:

 

Art. 58. Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos portadores de necessidades especiais. §1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola regular, para atender as peculiaridades da clientela de educação especial. §2º O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços especializados, sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns do ensino regular. §3º A oferta da educação especial, dever constitucional do Estado, tem início na faixa etária de zero a seis anos, durante a educação infantil.

 

Diante disso temos que a oferta de ensino na rede regular para portadores de necessidades especiais tem início desde à educação infantil se estendendo por toda a educação básica. A partir disso há o reconhecimento da Educação Inclusiva, determinando o dever do Estado em promover a inclusão desses indivíduos em redes regulares de ensino. “As escolas de rede pública deveriam se responsabilizar em criar condições necessárias para receber os alunos especiais, além de atenderem com estruturas físicas e pedagógicas essa clientela.” (MACIEL, 2000).

Porém, infelizmente, isso ainda é um desafio grande na prática. Ainda falta muita capacitação para profissionais da educação nesse sentido, pois um aluno com necessidades especiais deve ser trabalhado pedagogicamente de forma diferenciada, respeitando suas limitações de aprendizagem, e incentivando a real inclusão desse aluno em sala de aula, fazendo com que o mesmo se sinta parte integrante da turma, e não excluindo esse aluno dos demais.

A partir da Declaração de Salamanca a inclusão na educação passa a se tornar obrigatória nas escolas públicas e privadas. Segundo o documento:

 

[...] o princípio fundamental da escola inclusiva é o de que todas as crianças deveriam aprender juntas, independentemente de quaisquer dificuldades ou diferenças que possam ter. As escolas inclusivas devem reconhecer e responder às diversas necessidades de seus alunos, acomodando tanto estilos como ritmos diferentes de aprendizagem e assegurando uma educação de qualidade a todos através de currículo apropriado, modificações organizacionais, estratégias de ensino, uso de recursos e parceiras com a comunidade […] Dentro das escolas inclusivas, as crianças com necessidades educacionais especiais deveriam receber qualquer apoio extra que possam precisar, para que se lhes assegure uma educação efetiva [...].(DECLARAÇÃO DE SALAMANCA, 1994, p.05)

 

Para essa inclusão acontecer de forma significativa, devemos respeitar as diferenças e limitações de aprendizagem de cada aluno, principalmente dos portadores de necessidades especiais. Ainda de acordo com a LDB as escolas devem proporcionar métodos e recursos pedagógicos diferenciados para esses alunos, para que sua aprendizagem seja gradativa, sempre visando suas limitações cognitivas. Um aluno portador de deficiência deve ser ensinado, principalmente, com métodos lúdicos, incentivando sua compreensão dos conteúdos abordados. Outro fator de suma importância é garantir a facilidade ao acesso às todas as dependências da instituição, garantindo que os alunos com qualquer tipo de deficiência física possam se locomover, garantindo rampas e corrimão nos corredores.

No período do governo do presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC), a oferta da educação inclusiva em nosso país fez com que houvesse um aumento significativo no número de matrículas, tendo em vista que:

 

[...] a Educação Especial de ensino fundamental, mesmo sem contar com recursos financeiros suficientes para um atendimento adequado, refletiu o comportamento das matrículas do ensino regular, em que se observou a municipalização e a ampliação da cobertura. Destaca também que o setor privado, filantrópico e sem fins lucrativos continuou se expandindo, contando com um aporte maior de recursos públicos. (VIEGAS; BASSI, 2009, p. 01).

 

Já no governo de Luís Inácio Lula da Silva, em 19 de dezembro de 2006 por meio da Ementa Constitucional nº 53, atribuindo nova redação ao parágrafo 5º do artigo 212 da Constituição Federal e ao artigo 60 do Ato das disposições Constitucionais Transitórias, onde foi criado o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação – o FUNDEB.

Com a criação do FUNDEB, vê-se que teve como principal resultado a redução do compromisso do Governo Federal com essa etapa da educação, passando a responsabilidade aos estados e municípios e setores da sociedade civil a educação básica, cabendo à União somente a ação supletiva.

A primeira grande iniciativa de atenção às pessoas com deficiência veio em 2011, no governo da então presidente Dilma Rousseff, através do “Plano Nacional dos Direitos das Pessoas com Deficiência”, conforme o decreto nº 7616/2011:

 

[...] é dever do Estado com a educação das pessoas público-alvo da educação especial será efetivado de acordo com as seguintes diretrizes: I - garantia de um sistema educacional inclusivo em todos os níveis, sem discriminação e com base na igualdade de oportunidades; II - aprendizado ao longo de toda a vida; III - não exclusão do sistema educacional geral sob alegação de deficiência; IV - garantia de ensino fundamental gratuito e compulsório, asseguradas adaptações razoáveis de acordo com as necessidades individuais - oferta de apoio necessário, no âmbito do sistema educacional geral, com vistas a facilitar sua efetiva educação; VI - adoção de medidas de apoio individualizadas e efetivas, em ambientes que maximizem o desenvolvimento acadêmico e social, de acordo com a meta de inclusão plena; VII - oferta de educação especial preferencialmente na rede regular de ensino; VIII - apoio técnico e financeiro pelo Poder Público às instituições privadas sem fins lucrativos, especializadas e com atuação exclusiva em educação especial. (BRASIL, 2011, s/p).

 

Segundo Especialistas que atuam em defesa da Educação Inclusiva, a palavra “preferencialmente” abre espaço para que crianças e adolescentes possam ser matriculados somente em escolas especializadas. Hoje, os estudantes com algum tipo de deficiência devem ser matriculados em escolas de ensino regular e receber atendimento especializado no contra turno e também com atendimento especializado em sala de aula, o que infelizmente não acontece em todas as escolas.

Falar em inclusão é sempre um desafio, pois, para muitos, ainda é um campo desconhecido. Sendo assim é necessário que os educadores que atuam em instituições regulares com a inclusão de pessoas com deficiência entendam que para o aluno especial deve-se sempre se capacitar em diferentes metodologias para poder atender com qualidade esse aluno.

A concepção da educação inclusiva é a de que deve ser garantido o acesso e a participação de todos os educandos especiais na escola, impossibilitando a segregação desses em escolas especiais. Segundo Vygotsky (1993) os sujeitos se constroem na interação com o outro; por isso a inclusão é fundamental para que os alunos possam conviver com seus pares sem discriminação.

 

A educação inclusiva significa um novo modelo de escola em que é possível o acesso e a permanência de todos os alunos, e onde os mecanismos de seleção e discriminação, até então utilizados, são substituídos por procedimentos de identificação e remoção das barreiras para a aprendizagem. Para tornar-se inclusiva a escola precisa formar seus professores e equipe de gestão, e rever as formas de interação vigentes entre todos os segmentos que a compõem e que nela interfere. (GLAT, 2007, P.20)

 

Com todos as discussões sobre o assunto, principalmente sobre a permanência do aluno portador de necessidades especiais, ressalta-se que o aluno especial tem condições de aprender, respeitando seu tempo e limite. Com isso cabe ao professor buscar novas metodologias e formas de ensinar esse aluno, devendo utilizar-se de recursos e métodos diferentes.

 

O professor inclusivo prepara suas aulas e desenvolve suas atividades em sala de aula, respeitando a diversidade humana e as diferenças individuais de seus alunos. Acrescentando a isto o cuidado de propiciar condições para o atingimento dos objetivos individuais, o professor leva em consideração também a participação ativa dos alunos em todos os aspectos da vida escolar (SASSAKI, 2002, p. 22).

 

Para que este processo seja realizado de forma eficaz, a fim de atingir os objetivos com o desenvolvimento do aluno especial, o professor deve estar em consonância com a família, e em constante aprimoramento profissional para que este atendimento atenda às expectativas do aluno.

Porém uma coisa que temos que ter em mente é que Educação Inclusiva não é simplesmente o aluno ser matriculado em uma escola regular e ser colocado dentro de uma turma com outras crianças, mas sim fazer com que esse aluno se sinta bem dentro de sala de aula, respeitando suas diferenças e limitações, fazendo com que o aluno interaja com o conhecimento e com outros alunos dentro de sala de aula.

Atualmente as escolas regulares enfrentam problemas com salas de aula superlotadas, e também com falta de recursos para atendimento de alunos Surdos e com deficiência visual, assim como a falta de profissionais especializados em Libras para atendimento, considerando que grande parte dos profissionais das escolas regulares se sentem despreparados para o trabalho com alunos especiais.

Um professor inclusivo deve preparar suas aulas de forma que atenda e atinja toda a turma, respeitando as diferenças em aprendizagem da turma e sua diversidade, proporcionando condições para que os alunos consigam atingir os objetivos tanto individuais quanto em equipe.

Tanto a família quanto os profissionais da educação apontam que os motivos para esse despreparo é a escassez de recursos humanos e materiais, atrasando assim as propostas educacionais inclusivas. Esses serviços necessitam de um olhar mais atento, preparo dos professores, além de conhecimentos e atitudes inclusivas. Mas às vezes o despreparo profissional é um obstáculo para que a real inclusão aconteça.

Há uma necessidade de uma mudança de atitudes, tanto por parte da instituição e seus profissionais quanto da família, para que haja uma mudança e aprimoramento das ações para uma real inovação na educação, para que assim haja efetivamente a Educação Inclusiva que tanto sonhamos. Sabemos que ainda há um longo caminho a se percorrer para que isso ocorra.  

 

Costumamos dizer que para aprender, os alunos precisam de atividades variadas, em grupos, duplas ou sozinhos; precisam experimentar, manipular objetos, usar material concreto, construir hipóteses. Em todas essas afirmativas temos razão desde que as mesmas não sejam transformadas em dogmas que impeçam a construção de outras possibilidades e forma de ensino/aprendizagem. (GLAT, 2007, p.150)

 

De acordo com Maciel (2000), nos últimos anos, ações isoladas de educadores e de pais têm promovido e implementado a inclusão nas escolas, visando resgatar o respeito humano e a dignidade, com o intuito de possibilitar um desenvolvimento íntegro com acesso às diversidades.

Com o processe de universalização do acesso à escola, destaca-se o paradoxo inclusão/exclusão, onde mesmo a instituição matriculando e aceitando o aluno, não há um efetivo atendimento voltado para as necessidades dos alunos especiais. Dessa forma, assistimos uma inclusão excludente, onde o que é assegurado por Lei não se dá de forma efetiva, não existindo um planejamento específico para um atendimento especializado, passando a escola a tratar todos de forma homogeneizadora. Isto é, tratando todos os alunos como iguais, não adaptando seus currículos, nem visando a diversidade, fazendo com que dessa forma haja uma segregação no lugar da inclusão.

Para atender a demanda de alunos especiais dentro das instituições, o sistema de ensino deveria assegurar condições específicas, tais como: currículos, métodos, técnicas, e recursos específicos que visam a diversidade encontrada em sala de aula.

Mas a realidade é bem diferente, infelizmente em nosso país ainda existem muitas instituições que não possuem infraestrutura e capacitação complementar necessárias para atender essa clientela especial.

O “incluir” possibilita o respeito à diferença, incentivando o convívio com a diversidade, um processo que se inicia no ambiente familiar e se desdobra no escolar e comunitário, ambientes que devem promover a inclusão, buscando o fortalecimento das políticas públicas que ultrapassem a legislação, transformando em uma conscientização social, investimento e capacitação pedagógica para atender uma demanda diversificada.

Para Moreira (2006) a legislação do país é considerada avançada no tocante aos direitos dos portadores de deficiências, mas, na realidade trata-se de uma corrida contra o tempo.

 

3 MATERIAL E MÉTODOS

 

Para a realização deste trabalho foi pesquisado sobre a historicidade da Educação Inclusiva no Brasil em periódicos sobre o tema, onde se relata toda a história sobre a inclusão de pessoas com deficiência na comunidade, passando por relatos de escritores que defendem a causa até chegar às Leis Nacionais, que vem buscando em defesa das pessoas especiais a inclusão na sociedade desde o final do século XIX.

Também foi pesquisado em livros de escritores renomados sobre o assunto, onde conseguimos ter uma visão diferente sobre a realidade da inclusão nas instituições escolares, tendo em vista que muitas vezes a realidade é o oposto do que se encontra em Lei.

Para finalizar foi incluída uma visão particular do tema, uma vez que me encontro no momento trabalhando com alunos especiais, na instituição APAE, onde conseguimos ter uma visão diferenciada sobre a Educação Inclusiva em escolas regulares de ensino, uma vez que nem todas as deficiências podem ser trabalhadas com métodos conteudistas como em escolas regulares. Pois cada aluno é único em sua especialidade, possuindo diferentes habilidades e desenvolvimentos tanto cognitivos como motores.

 

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

 

Com a realização do trabalho, não só com a leitura de periódicos e documentos, mas também com a vivência com alunos portadores de necessidades especiais conseguimos perceber a importância da capacitação dos profissionais e investimento em infraestrutura adequada para atendimento dessa clientela diversificada e especial.

Em uma visão mais pessoal, a matrícula e permanência de alunos especiais em escolas regulares de ensino se tornam ineficaz uma vez que não é oferecido recursos e capacitação adequados para este atendimento. Infelizmente o que vemos acontecer na maioria das instituições é uma segregação, não abrangendo o atendimento especializado voltado para o desenvolvimento do aluno, e sim um tratamento uniforme, fazendo com que o aluno não se sinta parte integrante da turma.

Devemos compreender que a inclusão se faz necessária, mas que isso deve ser feito de forma que respeite as limitações e deficiências dos alunos, nem toda deficiência seria inclusiva dentro de uma escola regular, pois algumas crianças de certa forma “sofreriam” com o barulho e aglomeração. Crianças especiais necessitam de cuidados especiais, e enquanto não houver estrutura física nas escolas para que isso ocorra essa inclusão se torna mais distante da nossa realidade. Não basta somente o poder público cobrar capacitação dos professores se não lhes oferece recursos para se trabalhar.

Outro ponto fundamental é a contratação e capacitação de profissionais especializados para se trabalhar com esses alunos. Atualmente em nossa cidade são contratadas TDIs (técnico em desenvolvimento infantil) para o acompanhamento do portador de necessidade especial, porém em sua maioria não possuem capacitação suficiente para atender de forma eficaz.

Não basta somente matricular e colocar um aluno especial em uma sala de aula regulas, deve-se respeitar suas limitações e trabalhar com recursos que estimulem seu desenvolvimento, fazendo com que ele se sinta parte integrante da sala de aula.

 

5 CONCLUSÃO

 

Diante do que foi exposto no decorrer do trabalho conseguimos fazer uma análise de seu contexto histórico, e a importância das discussões e debates sobre o assunto da Inclusão Escolar para o aluno com deficiência nas unidades de ensino regular. A luta pelo respeito às diferenças se faz presente, mesmo que ainda não do jeito pretendido, de modo que haja a integração social integral, conforme previsto pela Lei nº 7853 de 24 de outubro de 1989.

Torna-se de suma importância para o trabalho inclusivo a relação entre família/escola, pois essa comunicação vem a contribuir para uma integração dentro desses dois ambientes. Visando incluir, não somente o corpo docente da escola, mas sim toda a comunidade em que está inserida essa pessoa com necessidades especiais. Para que esta sociedade seja efetivamente democrática, é necessário fazer da inclusão escolar uma realidade, e não somente uma menção nas Leis.

Ambientes inclusivos propiciam integração social, afetando diretamente o desenvolvimento das potencialidades. Tornando assim, o contexto mais produtivo, onde há promoção de habilidades de integração social.

A idealização de uma escola realmente inclusiva é um desejo de todos, entretanto isso exige modificações profundas no sistema de ensino. Isso deve acontecer de forma gradativa, contínua, sistemática, e, principalmente, planejada com o objetivo de oferecer na prática uma melhor qualidade de ensino, visando as relações intersociais e a criação de uma escola democrática.

No Brasil, de acordo com a Legislação vigente, está assegurado o direito de matrícula e frequência do aluno portador de deficiência ingressar em escolas regulares, porém poucos tem a oportunidade de frequentar as salas de aula regulares, e quando lhes é oferecido, as escolas e/ou profissionais não tem qualificação, além da falta de recursos adequados para a permanência desse aluno, fazendo com que não haja interação com os colegas, nem mesmo adquirido um desenvolvimento adequado. Ainda faltam estudos mais aprofundados para que se permitam avaliar os benefícios que a escola regular pode oferecer para os alunos que dela necessitam.

Um dos problemas vistos nas escolas que conhecemos é a falta de profissionais capacitados do Ensino Regular para se trabalhar com esse aluno especial. Outro ponto observado, é que muitas vezes não é passada atividades que promovam o desenvolvimento do aluno, nem a interação do mesmo com o restante da turma, assim como a falta de recursos pedagógicos para se trabalhar em sala de aula de forma que contemple a diversidade.

Infelizmente, a efetiva inclusão nas escolas regulares da nossa cidade ainda não foi totalmente consolidada, ainda há muito o que mudar, tanto na parte estrutural quanto na pedagógica.

Faz-se necessária uma conscientização em relação ao tema, expondo como está permanente na sociedade o preconceito gerador de influência negativa ao tratamento de pessoas com necessidades especiais. Cabe a cada cidadão ter empatia pelo próximo, fazendo valer os direitos de uma sociedade inclusiva e participativa.

Quando de fato acontecer a inclusão de todos os indivíduos, podemos dizer que avançamos em relação a mudança da mentalidade da sociedade. Não é uma tarefa simples, mas é possível se cada um fizer a sua parte. Devemos defender a causa e seguir em frente para que a cidadania aconteça verdadeiramente.

 

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