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DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM EM LEITURA NAS SÉRIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL NA ESCOLA LUIZA SOARES BAOABID

Eliel Azambuja de Souza

 

RESUMO

Para que uma criança se torne uma leitora crítica é importante desenvolver a leitura desde seus primeiros anos escolares. Nesse sentido, o presente trabalho visa desenvolver a leitura desde os primeiros anos escolares de uma criança é importante para que ela se torna uma leitora crítica. O presente trabalho pretende abordar essa questão dentro de alguns aspectos referentes ao contexto educativo, através de uma revisão bibliográfica e por meio de uma pesquisa de campo. Assim, será possível chegar a algumas conclusões sobre o tema como a de que a literatura é a base para que o aluno dos primeiros anos (1º ao 4º ano) do Ensino Fundamental da Escola Luiza Soares Boabaid se torne autônomo em suas leituras futuras. Acredita-se que por meio das discussões viabilizadas pelo desenvolvimento dessa pesquisa surgirão contribuições significativas para os professores, pois permitirá maiores esclarecimentos acerca da importância da leitura, especialmente no que diz respeito ao desenvolvimento cognitivo e imaginário do aluno.

 

PALAVRA-CHAVE: Ensino Fundamental. Dificuldade de aprendizagem. Dificuldade de leitura.

 

INTRODUÇÃO

 

O problema funda-se na maneira como a escola Luiza Soares Boabaid tem enfrentado os desafios de ensino-aprendizagem dos primeiros anos do Ensino Fundamental, uma vez que eles são cruciais para o desenvolvimento do aluno. Pois nessa fase a criança desenvolve várias habilidades e competências, dentre elas a de ler, o que nos faz questionar o quanto a Literatura contribui no processo de desenvolvimento da leitura.

A escolha para o tema da pesquisa se deu a partir das observações feitas em estágios, dos quais notou-se uma falta de manejo por boa parte dos professores em trabalhar a literatura em sala de aula com as turmas do 1º ao 4º ano do Ensino Fundamental.

O que se pôde observar é que o livro literário quase sempre serve apenas como passa tempo e as reações que a criança tem enquanto a professora conta a história não é levada em conta. Tal questionamento será respondido não na conclusão do trabalho, mas à medida em que serão escritos os tópicos escolhidos para discussão e na medida em que seja realizada a pesquisa de campo para observação do comportamento de aprendizagem em sala de aula das crianças do 1º ao 4º ano.

O objetivo geral do presente trabalho será o de realizar uma abordagem teórica e prática sobre a dificuldade de aprendizagem no processo de leitura em criança dos primeiros anos do Ensino Fundamental de uma escola. Os objetivos específicos por sua vez, serão os de fazer uma contextualização do tema, apresentando a importância da leitura e do estímulo do ato de ler na escola; abordar sobre a importância do livro literário para o incentivo à leitura; apresentar estratégias de incentivo de leitura por meio do uso da própria biblioteca escolar, bem como da sala de aula.

 

REFERENCIAL TEÓRICO

 

2.1. A IMPORTÂNCIA DA LEITURA E DO ESTÍMULO DO ATO DE LER

 

A prática da leitura advém dos primórdios da civilização, quando o homem busca compreender os sinais por meio de uma leitura interpretativa em face das anotações de seus antepassados. Ao longo dos anos, a educação preocupa-se em contribuir para a formação de um indivíduo crítico, responsável e atuante na sociedade onde as trocas sociais acontecem rapidamente, seja através da leitura, da escrita, da linguagem oral ou visual.

Diante disso, a escola busca conhecer e desenvolver na criança as competências da leitura e da escrita. Assim, Scantamburlo (2012) enfatiza que a literatura pode ser vista como um importante instrumento para o desenvolvimento do hábito de ler da criança, a leitura de textos literários poderá levar a criança a observar, a ouvir, a refletir, a entender e ter opiniões próprias, tornando um leitor cidadão. Quanto ao número de fatores que contribuem para a dificuldade de aprendizagem Scoz afirma que:

 

Os problemas de aprendizagem não são restringíveis nem a causas físicas ou psicológicas, nem a análises das conjunturas sociais. É preciso compreendê-los a partir de um enfoque multidimensional, que amalgame fatores orgânicos, cognitivos, afetivos, sociais e pedagógicos, percebidos dentro das articulações”. (SCOZ, 1994)

 

É por isso que a necessidade de repensar o trabalho com a literatura, especialmente no Ensino Fundamental, vem sendo amplamente discutida por vários profissionais da área da Educação que, sobretudo nos últimos anos, vêm desenvolvendo projetos de ensino de modo a conhecer e interpretar a realidade das atividades relacionadas a literatura em sala de aula, visando implantar reflexões, propor soluções e contribuir com subsídios teóricos e práticos para o desenvolvimento dessa atividade.

Acredita-se que as discussões viabilizadas pelo desenvolvimento dessa pesquisa poderão trazer contribuições significativas para os professores da educação infantil e futuros professores, pois permitirão maiores esclarecimentos acerca da importância da literatura no processo de ensino de leitura, especialmente no que diz respeito ao desenvolvimento cognitivo e imaginário da criança, bem como, darão maior sustentação a trabalhos futuros que possam refletir e orientar sobre as atividades de leitura e a formação do leitor.

O prazer pela leitura é algo que pode ser conquistado a partir de práticas cotidianas, que melhor seriam aproveitadas pelas crianças se vivenciadas desde os primeiros anos de vida. “Desde idade muito tenra, a maioria das crianças adora que se leia para elas, e o modo como pais e cuidadores fazem isso pode influenciar sua capacidade de falar e, posteriormente, de ler.” (PAPALIA, 2010. p. 94).

Nessa situação, as crianças, cada uma à sua maneira, está produzindo conhecimentos, mas não os necessariamente pré-determinados pelo adulto. Ou seja, ela está progredindo seu repertório cultural, seu imaginário, sua linguagem; está tendo possibilidade de escolha de livros e de parceiros para a sua leitura e, além disso, pode conhecer outras visões de mundo e estabelecer relações com sua realidade. Mesmo que a criança ainda não domine a linguagem escrita é importante que ela tenha contato com os livros, pois:

 

A relação com o livro antes de aprender a ler auxilia a criança a torná-lo significativo como um objeto que proporciona satisfação. Isto ocorre porque, ao tocar, manusear, olhar, alisar o livro e brincar com suas folhas e gravuras, a criança sente um prazer similar ao proporcionado por um brinquedo. (ANDRÉ, 2004, p.18)

 

A criança que ainda não domina a linguagem escrita, como é geralmente o caso dos alunos do Ensino Fundamental da escola aqui analisada, também pode desfrutar da leitura. Para isto, basta um professor, pai, colega, ler para ela.

 

2.2. A LITERATURA INFANTIL PARA O ENSINO FUNDAMENTAL I

 

A literatura infantil, por certo tempo, até o século XVIII, teve ligação direta com a pedagogia, com intenção específica de formar e informar as crianças inclusive através de enciclopédias. De um modo geral, a literatura infantil, é na verdade, o marco inicial de uma cultura.

Isto porque a Literatura infantil volta-se para os valores que se ajustam à evolução mental da criança, por isso constitui-se em alimento para a sua vida, desde que faça parte do seu dia a dia. Segundo Mata (2008) as crianças em idade pré-escolar, quando inseridas em ambientes educativos ricos em experiências literárias, contactando com diversos suportes e materiais de escrita, desenvolvem diferentes conhecimentos sobre a linguagem escrita, mesmo antes de, formalmente, estes lhes serem ensinados.

Através de um bom planejamento da literatura o professor conseguirá fazer a criança penetrar no mundo maravilhoso, proporcionando o seu desenvolvimento pessoal estimulando-lhe pensamentos mais criadores, a descoberta por si mesma, da escala de valores, o desenvolvimento do poder de observação e imaginação o desenvolvimento do gosto artístico.

Assim, a literatura infantil tem considerável importância na formação de atitudes das crianças, visando emocionar e instruir, mas para que se obtenha bons resultados é necessário que, tanto na família quanto na escola, seja estimulado o hábito da leitura. (SILVA, 2011).

Se a leitura deve ser um hábito, deve ser também fonte de prazer, e nunca uma atividade obrigatória, cercada de ameaças e castigo ou como uma imposição do adulto, mas deve começar a ser sugerida o mais cedo possível. Para que as crianças aprendam a amar o livro, elas devem se situar num clima de descontração e afetividade, pois é pela forma como se leva esse livro que se liberta ou se bloqueia a criança, a afasta ou a aproxima.

Para Silva (2001) isto se torna importante para que o interior de quem lê ou então, a leitura simplesmente, será o cumprimento de uma obrigação imposta pelo professor. Cada obra pode possibilitar mil e tantas maneiras criativas de arrastar o leitor para o seu universo.

Quando o professor deseja convidar os alunos à leitura de um livro específico para despertar o interesse, a curiosidade, a fantasia, enfim, a vontade de ler, pode tirar aspectos provocadores do próprio livro: de algumas passagens, da ilustração da capa ou do seu interior, do título, de um personagem.

Ao se conceber o ato de ler como um processo dinâmico, ativo, naturalmente se está priorizando a formação de um leitor crítico e criativo. (SILVA, 2011). A escola tem como tarefa principal a formação do hábito de ler, da leitura como gosto, como prazer, como lazer, como informação e conhecimento.

Ao entrar na escola, a criança, independentemente do domínio da palavra escrita, já é capaz de falar sobre suas experiências e sobre o mundo que a rodeia. Essa expressão é a manifestação de uma leitura da realidade que faz e continuará fazendo, dentro e fora da escola.

No entanto, cabe destacar que ao se trabalhar com a literatura na educação infantil é importante que se tenha em mente que um dos primeiros objetivos da literatura infantil é promover o desenvolvimento cognitivo das crianças.

 

A cognição está intimamente ligada aos processos e produtos da inteligência, incluindo entidades psicológicas do tipo conhecimento, consciência, inteligência, pensamento, imaginação, criatividade, geração de planos e estratégias, raciocínio, as inferências, a solução de problemas, a conceitualização, a classificação e a formação de relações, a simbolização e, talvez, a fantasia e os sonhos das crianças (SILVA, 2011, p. 33)

 

A Leitura literária é importante porque contribui para o desenvolvimento cognitivo da criança, tanto na sua percepção e memorização, é um meio ideal para promover a ligação, fornece modelos positivos e negativos promove o desenvolvimento ético através da identificação com certos personagens em histórias, e serve para eliminar o estresse e superar medos e problemas emocionais.

Através da obra literaria éste puede vivir vicariamente las peripecias de los personajes: participar con ellos de la alegobra literária as crianças podem viver as aventuras dos personagens tendo a oportunidade de vivenciar sentimentos de alegria, peligro, del dolor, del triunfo, etc.de dor, de tristeza, etc. En otras palabras, la Em outras palavras, a literatura contribui para teorizar a su vivir; pues, con ella aprende a evaluar situaciones, a valorar comportamientos ya predecir consecueavida, pois, com ela as crianças podem aprender a avaliar as situações e prever consequências de comportamento, Resumiendo: La lectura ayuda al niño a desarrollar destrezas de Pensamiento Conceptual: destrou seja, a literatura ajuda a desenvolver múltiplas habilidades que usamos para resolver um problema ou tomar uma decisão. La literatura va aún más allá, pues lo ayuda aAinda sobre a contribuição da literatura, Queiroz, Nunes e Rodrigues dizem que:

 

Proporciona às crianças meios para desenvolver habilidades que agem como facilitadores dos processos de aprendizagem. Estas habilidades podem ser observadas no aumento do vocabulário, nas referências textuais, na interpretação de textos, na ampliação do repertório linguístico, na reflexão, na criticidade e na criatividade. Estas habilidades propiciariam no momento de novas leituras a possibilidade de o leitor fazer inferências e novas releituras, agindo assim, como facilitadores do processo de ensino-aprendizagem não só da língua, mas também das outras disciplinas. (QUEIROZ, et al, 2011, p.04)

 

A literatura vai ainda mais longe, porque ajudadesarrollar destrezas de Pensamiento Creativo: destrezas que nos permiten no solo solucionar problemas y a desenvolver habilidades de pensamento criativo, habilidades que nos permitem não só para resolver problemas e tomar decisiones sino crear una, -nueva y original-, relación conceptual; con elementos, hechos y situaciones no tomar decisões, mas para criar coisas novas, originais. A criatividade é uma das capacidades de raciocínio mais complexa, e como qualquer habilidade, pode ser aprendida e desenvolvida, especialmente através das obras literárias no período da infância. 

 

2.3. BIBLIOTECA E SALA DE AULA COMO ESPAÇO FAVORÁVEL PARA A FORMAÇÃO DE FUTUROS LEITORES

A biblioteca

Frente a tantos problemas cujas origens parecem estar na forma como a leitura é trabalhada na escola, é preciso que se busque algo novo, mais atraente, que desperte nos alunos o interesse pela leitura. Surge, assim, a biblioteca como um possível instrumento para o incentivo à leitura. Acredita-se que a biblioteca é um valioso recurso pedagógico que pode e deve ser utilizado pelo professor e que objetiva a formação de um leitor crítico.

 

E uma biblioteca é um centro de descoberta de silêncio repousante, de provocações para olhar, mexer e encontrar algo de saboroso ou novidadeiro... de possibilidades de sentar numa mesa e ficar por muito tempo virando páginas e páginas de livros raros, não encontráveis em casa... Um lugar onde se possa folhear qualquer espécie de livro publicado, brincar com dicionários e buscar palavras novas, imagens em livros de arte ou em revistas ou jornais de antigamente... Enciclopédias que têm verbetes sobre tudo, imensas, que pedem tantas vezes que se as leia de pé, tal o tamanho delas. E, sobretudo, possibilidades de encontrar toda espécie de livros que proporcionem encantamento, ludicidade, prazer, descobertas... Há tantos!!! É só escolher... (ABRAMOVICH, 2006, p.163)

 

Mesmo quando a criança ainda é bem pequena e não domina a linguagem escrita, uma das formas de se criar o interesse pela leitura será propiciar a elas meios de entrar em contato com textos. Colocar ao seu alcance livros para que possa manipulá-los, folheá-los, ver figuras, ouvir histórias são atividades que podem despertar o gosto pela leitura.

Desse modo, fica clara a necessidade de o professor estar sempre buscando uma melhor qualificação profissional, tanto na formação inicial como na formação continuada para que este se sinta preparado para trabalhar com as atividades de leitura, contribuindo dessa forma para o desenvolvimento da criança. (ABRAMOVICH, 2006).

Cabe a ele assumir uma postura crítica, além disso, é preciso que o professor se assessore e se alicerce em embasamento teórico que as ciências educacionais colocam a sua disposição como referencial teórico bem como, conheça os estudos sobre a aprendizagem da leitura e sobre o ensino da literatura na escola e sobre o acervo da literatura infantil. Cabe principalmente ao educador estar em contato com os livros, se familiarizar com esse enorme material, para depois incentivar o aluno a realizar suas leituras.

A sala de aula

A leitura pode se tornar uma parte importante do processo de aprendizagem se o professor tiver a capacidade de criar estratégias que geram sentimentos de expectativa nos alunos para incentivá-los a ler. Mas, acima de tudo, deve haver a convicção de que a animação de leitura não é aplicada apenas no assunto da literatura e da linguagem, mas em todos os assuntos e em cada um, surgem infinitos assuntos atraentes para a realização de atividades.

Nessas ações para incentivar a leitura, uma variedade de atividades surge e todas podem ser articuladas com um ou mais assuntos. Existem muitas possibilidades de brincar com um texto, independentemente de seu gênero, buscando sua relação com áreas geográficas, econômicas, sociais, políticas, esportes, saúde, história, religião.

Em outras palavras, é apenas uma questão de ser criativo para articular as práticas pedagógicas nas quais queremos focar. Analise o texto e o contexto para aplicá-lo de acordo com o assunto. A leitura é encontrada em todas as disciplinas, portanto, é importante como um meio de desenvolver as diferentes habilidades e desenvolver a compreensão da leitura e a análise crítica do aluno.

 

O trabalho com leitura tem como finalidade a formação de leitores competentes e, consequentemente, a formação de escritores, pois a possibilidade de produzir textos eficazes tem sua origem na prática de leitura, espaço de construção da intertextualidade e fonte de referências modalizadoras. A leitura, por um lado, nos fornece a matéria-prima para a escrita: o que escrever. por outro, contribui para a constituição de modelos: como escrever. (BRASIL, 1997, p. 40)

 

Nesse sentido a oralidade precisa ser explorada em sala. Oportunizar a abordagem dos gêneros orais da comunicação pública, que pedem registros formais com padrões textuais mais rígidos, seria uma ideia. Atividades com a leitura precisam ser valorizadas e praticadas.

 As práticas de leituras podem ser as mais variadas em sala como: charges, tirinhas de quadrinhos, gráficos, bulas de remédios, pinturas, músicas, dentre tantos outros. (SILVA, 1995). É importante considerar a leitura através de textos contemporâneos, pois sua estrutura de linguagem é compatível com o dia a dia do aluno, tornando o processo mais acessível.

A ideia seria começar com o uso da língua coloquial utilizada em relações informais, sem tanta preocupação com as regras da gramática normativa, para que depois então, sejam trabalhados textos de leitura com linguagem formal. Dessa forma usando a norma culta, com ausência de gírias.

O que poderá ser feito com o professor como mediador do processo de compreensão e construção do conhecimento. A interação com os alunos na sala de aula depende de uma réplica ativa, para que a aprendizagem não seja simplesmente, reconhecer, localizar e repetir as estruturas gramaticais, mas procurar uma compreensão dos enunciados e dialogar com os sentidos dos textos. Nesse sentido tem-se que a leitura:

 

Ocupa, sem dúvida, um espaço privilegiado não só no ensino da língua portuguesa, mas também no de todas as disciplinas acadêmicas que objetivam a transmissão de cultura e de valores para as novas gerações. Isso porque a escola é, hoje e desde há muito tempo, a principal instituição responsável pela preparação de pessoas para o adentramento e a participação no mundo da escrita, utilizando-se primordialmente de registros verbais escritos (textos) em suas práticas de criação e recriação de conhecimentos. Mais especificamente, a leitura, enquanto um modo peculiar de interação discursivos escolares, independentemente da disciplina ou área de conteúdo. (SILVA, 1995, p. 16)

 

Bakhtin (2003) nomeia os gêneros enquanto discursivos e fala que a comunicação verbal se dá por meio deles. O autor segue afirmando, que emprego da língua acontece em forma de enunciados, que podem ser orais e ou escritos, concretos e únicos, proferidos por integrantes de uma esfera de atividade humana.

Os enunciados, porém, apresentam sempre um novo acento ou entonação, específicos da situação quando produzidos. (PRADO, 1996). Ler e compreender textos são objetivos centrais do Ensino Fundamental. A falta dessa prática no ensino de Língua materna dificulta a leitura e interpretação, inclusive em outras disciplinas.

Quando o aluno não se apropria do texto, ele não processa a compreensão. O enunciado de um problema matemático, por exemplo, fica incompreensível, mesmo sendo um texto curto. Consequentemente, esse aluno fica sem condições de responder ao enunciado.

A leitura precisa ser conduzida satisfatoriamente, o seu real significado não pode ser perdido. Muitas vezes, a dificuldade enfrentada em outras disciplinas é consequência da falta de uma leitura eficaz de textos.

 

O livro leva a criança a desenvolver a criatividade, a sensibilidade, a sociabilidade, o senso crítico, a imaginação criadora, e algo fundamental, o livro leva a criança a aprender o português. É lendo que se aprende a ler, a escrever e interpretar. É por meio do texto literário (poesia ou prosa) que ela vai desenvolver o plano das ideias e entender a gramática, suporte técnico da linguagem. Estudá-la, desconhecendo as estruturas poético-literárias da leitura, é como aprender a ler, escrever e interpretar, e não aprender a pensar. (PRADO, 1996, p. 19-20)

 

Quando pensamos em leitura e interpretação de textos, não podemos deixar de considerar a linguagem, que possibilita a convivência em sociedade pelo homem. Segundo Freitag (1986 p.18,19): “o ato educacional consiste, pois em dar a esse indivíduo os subsídios necessários para que essa reorganização de experiências vividas se dê em linhas mais ou menos ordenadas e sistematizadas”.

Um ponto importante, que devemos levar em consideração, é que os Gêneros Textuais são inúmeros, e cada um deles possui o seu próprio estilo de escrita e de estrutura. Algumas das características que neles encontramos são o papel dos interlocutores e a situação.

Alguns exemplos são: carta pessoal, piada, poema, E-mail, romance etc. A Tipologia Textual trata da existência dos diferentes modos de interação ou interlocução. Como por exemplo, uma carta pessoal que é um gênero textual pode apresentar segundo Marcuschi (2002), as tipologias descrição, injunção, exposição, narração e argumentação.

A distinção entre Gênero Textual e Tipologia Textual é muito importante no ensino da língua materna, principalmente quando se fala em leitura, compreensão e produção de textos. O professor como mediador deve conversar com o aluno no momento posterior à leitura para realmente perceber e observar se o leitor inexperiente consegue de fato entender o texto lido.

É um trabalho que exige tempo e acompanhamento muito próximo dos discentes. O ato de ler implica sempre percepção crítica, interpretação e “re-escrita” do lido (Freire, 1981). A leitura em voz alta é uma prática bastante relevante, em que o leitor não lê somente para si, mas lê também para uma pessoa que não sabe ler, ou não pode mais fazê-lo.

Essa mesma prática possibilita o aluno a melhorar sua pronúncia e a trazer a leitura para o seu cotidiano. Como analisa Antunes (2003), uma pesquisa realizada por Lílian Martin da Silva (1986), junto a escolas públicas de Campinas, que nos mostra as respostas à pergunta se liam durante as aulas de português.

Assim responderam: Nunca porque não sobrava tempo / Nunca porque a professora achava que perderia muito tempo de aula / Pouco, porque nos primeiros anos escolares fiz muito exercício / A professor dava a matéria, explicava e nunca deu aula de leitura / A gente lia apenas o livro da matéria / Os professores se preocupam com a gramática e a redação.

As respostas desses mesmos alunos à pergunta porque não havia tempo para a leitura em sala de aula, foram: Porque tinha que ir com a matéria para frente / Porque foram poucos os professores que mandavam ler / Porque se lêssemos não ia dar tempo para aprender toda matéria / Porque atrapalha o professor em suas explicações / Porque as aulas eram mais importantes / Porque a professora acha que não estamos preparados para ler livros.

O processo pedagógico impõe o cuidado em se prever e se avaliar: concepções, objetivos, procedimentos e resultados. Todas essas ações devem ter um ponto em comum e relevante, qual seja proporcionar maior amplitude nas competências comunicativo-interacionais dos alunos.

 

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

 

A pesquisa parte de uma abordagem qualitativa sobre o assunto, visando compreender o assunto de forma geral. Segundo Oliveira (2005) a pesquisa qualitativa é um processo de reflexão e análise da realidade através da utilização de métodos e técnicas para compreensão detalhada do objeto de estudo em seu contexto histórico e segundo estruturação.

Esta pesquisa também requer o uso de métodos e técnicas estatísticas. O ambiente natural é a fonte direta para coleta de dados e o pesquisador é o instrumento-chave, bem como a escola Luiza Soares Boabaid e as turmas dos primeiros anos do Ensino Fundamental.

Trata-se de uma pesquisa de cunho bibliográfico, que consiste no exame da literatura cientifica extraída de artigos sobre o assunto, a coleta de dados será a partir de diversos artigos e sites pesquisados, como Scielo, Google Acadêmico, Capes, referentes ao assunto e conteúdos relacionados, para levantamento e análise do que já se produziu sobre o tema.

Vale ressaltar que o termo pesquisa bibliográfico na perspectiva das autoras Marconi e Lakatos (2011), engloba “todos os materiais, ainda não elaborados, escritos ou não, que podem servir como fonte de informação para a pesquisa científica. O critério de pesquisa serão estudos relacionados sobre a “importância da leitura nos primeiros anos do Ensino Fundamental”, e a compilação desses artigos e livros será feita por análise dos títulos, resumos e conteúdo, levando em consideração textos publicados em português com publicação feitas entre os anos 2004 a 2012.

 

RESULTADOS E DISCUSSÕES

 

Este artigo teve por objetivo orientar o professor em sua prática pedagógica orientando e propondo atividades desafiadoras que provoquem os alunos nas reestruturações de conhecimentos prévios, despertando-lhes o interesse pela leitura do mundo, partindo assim para a leitura da palavra. O papel do professor é de coordenar as atividades em andamento, a quem as crianças devem recorrer se necessário. Sua tarefa deve ser assistir e estimular com sugestões para o prosseguimento de suas investigações.

Foi de fundamental importância discutir o processo de formação do leitor que está vinculado primeiramente ao contexto familiar, isto é, há presença de livros, leitores e situações de leitura no lar. Mas infelizmente a maioria das famílias que passam por muitos problemas de caráter familiar, social e econômico não consegue passar nenhum tipo de estímulo para seus filhos. Cabendo a escola toda a responsabilidade.

Cabe, portanto a escola viabilizar o acesso do aluno ao universo de textos que circulam socialmente, incluindo textos de diferentes disciplinas com as quais o aluno se defronta sistematicamente no cotidiano escolar, deixando claro desta forma que o trabalho com leitura não é uma atividade específica da Língua Portuguesa.

Para que realmente a dificuldade da aprendizagem da leitura faz se necessário:

Ampliar a visão de mundo do leitor e inseri-lo a cultura letrada;

Possibilitar a vivência de emoção, o exercício da fantasia e da imaginação.

Expandir o conhecimento a respeito da própria leitura;

Aproximar o leitor dos textos e torná-los familiares, pois a condição primordial para leitura fluente e boa produção de novos textos;

Levar o leitor ao acesso de diversos tipos de textos;

Envolver os alunos em leitura de livros e debates;

Desenhos, recortes, dobraduras, murais sobre histórias lidas;

Apresentação de histórias antigas contadas por alguns pais ou avós de alunos.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

O trabalho trouxe algumas considerações sobre a importância da leitura em turmas dos primeiros anos do Ensino Fundamental para a formação de um leitor crítico e autônomo. Para que haja uma autonomia, os trabalhos de leitura e letramento devem iniciar ainda nos anos iniciais, onde o professor é o mediador, ou seja, aquele que vai apresentar o livro a criança.

Também foi possível identificar por meio de pesquisas bibliográficas e de campo, que a leitura está presente de forma permanente na vida cotidiana, e que é pela sua interpretação que se faz a compreensão do texto e efetivamente que o indivíduo se apropria do conhecimento.

Além disso, analisou-se o sentido do ato de ler que pode se referir a leitura de textos escritos, como também a percepção visual, auditiva e olfativa. E com isso as interpretações podem ser diversas. O ensino efetivo da língua materna - nesse caso o português - possibilita que o aluno amplie suas competências linguísticas, capacitando-o para participar ativa e criticamente do que acontece a sua volta.

 Portanto, o aluno pode levar o que se aprende na escola para a sociedade e se beneficiar disso, inclusive melhorando suas condições de vida. Outro fator importante é o empenho dos professores na busca de metodologias e sugestões de práticas em sala de aula para amenizar as dificuldades em leitura e interpretação de textos.

Para que haja êxito nesse trabalho, conta-se com o empenho dos alunos tanto quanto dos docentes, pois esse processo exige comprometimento de ambas as partes (aluno e professor).

 

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