Buscar artigo ou registro:

 

 

PAULO FREIRE E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA A EJA

Janessa Roefero Petek[1]

Marzize de Almeida Leite[2]

 

RESUMO

O presente artigo objetiva sintetizar as contribuições que o pensamento e metodologias de Paulo Freire trouxeram para a construção do sistema de Educação para Jovens e Adultos. As mudanças nos parâmetros educacionais trouxeram acesso à educação para jovens e adultos, que em idade escolar, não conseguirão cumprir o currículo educacional. Em uma visão tecnicista e que visava a qualificação de mão de obra rápida, assim com a baixa nos índices de analfabetismo e analfabetismo funcional do Brasil. Dessa forma, este estudo revisa a bibliografia, já disponível, e avalia os principais motivos que levaram a construção do EJA através dos ensinamentos de Paulo Freire.

 

Palavras-chave: EJA. Jovens e Adultos. Educação.

 

Abstract

This article aims to synthesize the contributions that Paulo Freire's thought and methodologies brought to the construction of the Education system for Youth and Adults. Changes in educational parameters have brought access to education for young people and adults, who at school age, will not be able to comply with the educational curriculum. In a technicist view and aimed at the qualification of fast labor, as well as the low levels of illiteracy and functional illiteracy in Brazil. Thus, this study reviews the bibliography, already available, and assesses the main reasons that led to the construction of EJA through the teachings of Paulo Freire.

Keywords: EJA. Youth and Adults. Education.

 

1.PAULO FREIRE E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA A EJA

 

Entre as décadas de 50 e 60, as políticas públicas acerca da Educação de Jovens e adultos sofreram grandes mudanças. Essas mudanças, abriram espaço para o surgimento de novas concepções e metodologias de ensino, já que as mudanças acarretaram em um novo olhar acerca dos problemas frente à alfabetização. Essa nova visão, sobre o analfabetismo, que tem como referência Paulo Freire, foi a base para a estruturação do EJA (Educação para Jovens e Adultos) como ela se apresenta atualmente.

Segundo Freire (1987), as pessoas analfabetas não deveriam ser vistas como imaturas e ignorantes, o educador chamava a atenção de que o desenvolvimento educativo deveria acontecer conforme as necessidades desses alunos. Nesse sentido, Scortegagna e Oliveira (2006), afirmam que 

Freire, trazendo este novo espírito da época acabou por se tornar um marco teórico na Educação de Adultos, desenvolvendo uma metodologia própria de trabalho, que unia pela primeira vez a especificidade dessa Educação em relação a quem educar, para que e como educar, a partir do princípio de que a educação era um ato político, podendo servir tanto para a submissão como para a libertação do povo. (SCORTEGAGNA; OLIVEIRA, 2006, p.5).

Sendo assim, a Educação de Jovens e Adultos (EJA), segundo a LDB 9394/96, refere-se à concepção criada por Paulo Freire, com o objetivo de levar a alfabetização à Jovens e Adultos que, não tiveram a oportunidade de frequentar a escola no tempo hábil, por exemplo, por terem morado em interiores durante sua infância e desde cedo trabalharem no campo, ou, por outros motivos que os impediram de frequentar a escola durante a idade considerada apropriada. Para ele, o objetivo maior da educação é conscientizar o aluno principalmente em relação às parcelas da população desfavorecidas. A educação freiriana está voltada para a conscientização de vencer primeiro o analfabetismo político para concomitantemente ler o seu mundo a partir da sua experiência, de sua cultura, de sua história. Perceber-se como oprimido e libertar-se dessa condição é a premissa que Freire (2013, p. 31) defende:

Quem, melhor que os oprimidos, se encontrará preparado para entender o significado terrível de uma sociedade opressora? Quem sentirá, melhor que eles, os efeitos da opressão? Quem, mais que eles, para ir compreendendo a necessidade da libertação? Libertação a que não chegarão pelo acaso, mas pela práxis de sua busca; pelo conhecimento e reconhecimento da necessidade de lutar por ela. Luta que, pela finalidade que lhe derem os oprimidos, será um ato de amor, com o qual se oporão ao desamor contido na violência dos opressores, até mesmo quando esta se revista da falsa generosidade referida.

Freire defende a necessidade de educação praticante da liberdade; quanto mais se problematizam os educandos como seres no mundo, pois "não há saber mais ou menos; há saberes diferentes" (FREIRE, 2013, p. 49).  Em decorrência desses pressupostos, de acordo com o Método Paulo Freire, o processo educativo se estabelece na mediação educador-educando. Ao educador cabe mostrar ao educando que ele traz consigo uma gama conhecimentos oriundos de suas experiências e ao educador é incumbida a tarefa de auxiliar na organização desses conhecimentos, relacionando os saberes trazidos pelo educando com os saberes escolares.

O trabalho pedagógico baseado nesse método parte de uma investigação temática para verificação do universo vocabular do aluno e dos modos de vida e costumes da região, e a partir deste levantamento é definido um tema gerador que se conecte com os aspectos da realidade concreta dos alunos. Paralelamente a essas etapas são trabalhados pelo professor as dificuldades fonéticas sendo que, desta forma, o processo de construção e significação de palavras, leitura e escrita ocorrem simultaneamente. Ao trabalhar a aprendizagem dessa maneira, o método inova ao promover a horizontalidade na relação educador-educando, a valorização da sua cultura e da sua oralidade.

Portanto, na visão de Paulo Freire a educação deve ser capaz de promover a autoconfiança e toda ação educativa deve ser um ato contínuo de recriação e de ressignificação de conceitos inerentes ao educando, enquanto condição de possibilidade para uma educação conscientizadora e libertadora, dentro de uma perspectiva contínua de diálogo e reflexão sobre a ação com o objetivo de ampliar a visão de mundo e a participação ativa do indivíduo em todas as esferas da vida em sociedade.

 

Referências

 

FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 17ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.

 

OLIVEIRA, Maria Marly de. Como fazer pesquisa qualitativa. 6ª ed. Petrópolis-RJ: Vozes.

 

[1] Pedagoga e Especialista em Atendimento Educacional Especializado.

[2] Pedagoga e Especialista em Letramento e Alfabetização na Educação Infantil.