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COMO INTRODUZIR A LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS (LIBRAS) NA ALFABETIZAÇÃO

Claudete Terezinha de Barros

Joice Maria Moresco

Lurdes Mariano Mendes

Marli Da Luz Padilha

Roseli Veloso Gomes

 

RESUMO:

Este artigo relata a importância de introduzir a língua brasileira de sinais (Libras) na alfabetização dos surdos em classes regulares. O objetivo deste é expandir o conhecimento e o atendimento ao aluno surdo, abordando a realidade existente na escola Chapeuzinho Vermelho, oportunizando o aprendizado à língua brasileira de sinais através da comunicação e do conhecimento específicos para surdos.  Menciona o bilinguismo, uma nova prática de ensino. Apresenta novas perspectivas para a pessoa surda quanto à inclusão social. O estudo demonstra também o progresso com relação aos tipos de abordagens para o ensino da pessoa surda como o oralismo, comunicação total e bilinguismo ainda são apresentadas algumas adaptações que devem ser feitas pelos meios educacionais, família, escola e da importância do aluno frequentar a sala de Recursos Multifuncional. Para realização deste foram feitas pesquisas bibliográficas destacando as análises acerca da língua de sinais embasados em teorias de Gesser que fala sobre o ensinar e o aprender e de outros pensadores como Quadros, Goldfeld, Moreira etc.

 

PALAVRAS-CHAVE: Surdez. Alfabetização. Bilinguismo.

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ABSTRACT:

This article reports on the importance of introducing the Brazilian sign language in deaf education in regular classes. Speaks of bilingualism, a new teaching practice. Presents new perspectives for the deaf person as social inclusion. The study also demonstrates the progress with respect to the types of approaches to teaching the deaf person as oralism, total communication and bilingualism. Still some adjustments that must be made by educational media, family, school and the importance of students attending room Multifunctional Resources are presented. For realization of this literature searches were made highlighting analysis concerning sign language grounded in theories of Gesser talking about teaching and learning and other thinkers such as Tables, Goldfeld, Moreira etc.

 

KEYWORDS: Deafness. Alphabetization. Bilingualism.

 

INTRODUÇÃO

 

Este artigo como introduzir língua brasileira de sinais (libras) na alfabetização tem como objetivo analisar como ocorre o processo de alfabetização para crianças com surdez no ensino regular, bem como as metodologias de ensino utilizadas para que aconteça a aprendizagem sem prejuízos, devido a sua deficiência auditiva. Constata-se que nas escolas alunos com surdez sentem dificuldades em aprender a ler e escrever na língua portuguesa e na de libras, elas precisam se comunicar com outras pessoas sejam elas deficientes ou não. A pessoa surda enfrenta muitas dificuldades como a falta de estímulos adequados ao seu potencial cognitivo, sócio afetivo, linguístico, político-cultural e grandes perdas no desenvolvimento da sua aprendizagem.

É necessário pensar em uma prática pedagógica rompendo com os modos lineares do pensar e agir. As pessoas surdas não podem ser reduzidas ao chamado mundo surdo com uma identidade e uma cultura surda. Esta nova prática pedagógica deve construir e assumir uma proposta bilíngue voltada para o desenvolvimento das potencialidades das pessoas com surdez e a escola deve estar preparada para receber, compreender cada aluno de acordo com a sua necessidade. Conhecer os aspectos linguísticos da língua brasileira de sinais do deficiente auditivo, refletir e compreender a proposta educacional bilíngue no processo da alfabetização para pessoas surdas e apontar caminhos que promovam uma educação de qualidade para o aluno surdo.

Para ter o conhecimento sobre a importância da libras na alfabetização da pessoa surda o artigo tem como embasamento teórico a pesquisa bibliográfica amparada por teorias sobre o ensinar e aprender libras proposta por Gesser (2012) e outros renomados teóricos que defendem que a libras poderá desempenhar um papel único na vida da cada aprendiz.

A surdez consiste na impossibilidade da pessoa ouvir podendo variar de acordo com o grau da perda que pode ser total ou parcial, onde a pessoa é impedida de ouvir e  entender  com ou sem aparelho auditivo, o fato de não ouvir faz  com que o individuo opte pela língua brasileira de sinais libras como uma nova maneira de se comunicar com o mundo, a audição é fundamental na comunicação e quando ela deixa de existir, essa ausência acaba trazendo limitações que influi no relacionamento interpessoal da pessoa com deficiência. Pereira et al. (2011, p.97) define a pessoa surda como aquela que, por ter perda auditiva, necessita compreender o mundo se interagindo com ele por meio de experiências visuais e manifesta a sua cultura pelo uso de libras”. A diminuição pode ocorrer após os 55 anos de idade e a variação é de pessoa para pessoa tendo muitos casos como herança genética.

 

Pessoa com surdez leve apresenta perda auditiva de até quarenta decibéis. Essa perda impede que o indivíduo perceba igualmente todos os fonemas das palavras. Além disso, a voz fica fraca ou distante não é ouvida. Pessoa com surdez moderada apresenta perda auditiva entre quarenta e sete decibéis [...], Esse tipo de perda vai permitir que ele identifique alguns ruídos familiares e poderá perceber apenas a voz forte, podendo chegar aos quatro a cinco anos sem aprender a falar. Pessoas com surdez profunda apresenta. (MONTE, 2004, p.19)

 

Quanto maior a perda auditiva mais a pessoa necessitará de Atendimento Educacional Especializado para o aprendizado da língua Portuguesa. “O Decreto 5.626 de 05 de dezembro de 2005, as pessoas com surdez têm direito a uma educação que garanta a sua formação, em que a Língua Brasileira de Sinais e a Língua Portuguesa, preferencialmente na modalidade escrita”. Após o diagnóstico do grau da perda realizada por especialista a pessoa surda é encaminhada a sala de recursos multifuncionais acompanhado por profissionais capacitados para que juntos professor/ sala de recursos desenvolva para o aluno uma aprendizagem sem perdas pela sua deficiência. Também é importante a participação da família na escola no dia a dia do educando, assim o aluno sentirá mais segurança e todos os envolvidos ganham, principalmente o aluno em sua aprendizagem. É muito importante a criança sentir-se segura quanto ao professor que busca conhecer e compreender a deficiência, infelizmente ainda precisamos de leis para que se cumpra parcialmente, mesmo sendo um direito do portador.

 

Com relação ao portador de necessidades especiais e, em especial com relação ao surdo, fala por ele a escola, representando um saber/poder a que ele jamais terá acesso, enquanto sua estrutura for aquela que se sustenta até agora. Em seu nome, falam professores e pedagogos, médicos, psicólogos, terapeutas. Fala a família, fala a sociedade e permanece calado um sujeito que, como todos os outros, é “desejante”, participante da construção de sua própria existência. (FERNANDES, p. 44)

 

São poucos os surdos que conseguem manifestar seus anseios, porque não são compreendidos e tem muitas pessoas envolvidas que falam em seu nome, sustentando propostas que nem sequer sabem se é isso que eles realmente desejam. Às vezes para atender as especificidades das pessoas surdas, as indústrias tem investido em equipamentos que facilitam suas vidas como a TV onde é possível assistir aos programas tendo um intérprete da língua de sinais para facilitar em seu entendimento. Algumas escolas contam com equipamentos como um pequeno chip emissor, na forma de microfone que é usado pelo o professor e um receptor para o aluno para facilitar seu aprendizado. É importante que pessoas se dediquem a desenvolver possibilidades que contribuem para facilitar no dia a dia do deficiente.

 

Enquanto os ouvintes tem campainha sonora em casa, os surdos tem companhia luminosa. Assim quando alguém, chega à residência de uma família surda, ao tocar a companhia, em vez de acionar um som, é acionada uma luz. Telefone que permite aos surdos se comunicarem por meio de envio de mensagem escrita, que é digitada em um teclado acoplado ao telefone(...) A comunicação se dá por meio do sistema de videoconferência, e este é um serviço pago. Pereira et al. (2011, p.51 a 53).

 

Acreditando na importância da língua de sinais grupos tem reivindicado seus direitos ao uso dessa língua, alguns deles foram: A Língua Brasileira de Sinais, contratações de intérpretes em alguns estabelecimentos e a implantação da educação bilíngue para surdos, isso tem facilitado a convivência e na sua aprendizagem.  A proposta bilíngue é tão importante para a sua convivência pessoal e social, como também a importância de descobrir a sua deficiência o quanto antes para que comece a desenvolver um trabalho desde "cedo".  No livro Saberes e Prática Inclusão trás informações básicas para identificar a deficiência da criança surda para que ela não venha ter perdas futuras.

 

No nascimento aos três anos de idade: o recém-nascido não reage a um forte bater de palmas, uma distância de 30cm; o recém-nascido desenvolve normalmente nas áreas que não envolvem a audição, quando propriamente estimulado. [...], substitui sons, omite sons e apresenta qualidade vocal pobre; evita pessoas, brinca sozinha, parece ressentida ou irritada se não tem colegas que é conhecido; amanhece cansada; parece inquieta ou tensa quando o ambiente linguístico não lhes é conhecido; movimenta a cabeça sempre para um mesmo lado, quando deseja ouvir algo mostrando perda de audição em um dos ouvidos; tem frequentes resfriados e dores de ouvido a criança conhece e utiliza a libras. Saberes e Prática Inclusão (2004, p.21,22)

 

É importante a família estar atenta aos sintomas aqui mencionados, como o grau e o tipo de perda auditiva e a época em que ocorreu a surdez, esses fatores irão determinar o tipo de atendimento especializado que o individuo necessitará para obter melhor resultado em sua aprendizagem e no seu desenvolvimento.  Observando a realidade na Escola  Municipal Chapeuzinho Vermelho onde trabalhamos, foi possível perceber a importância e a necessidade da família acompanhar a vida escolar da criança surda, em casa quando recebe ajuda de seus pais elas são mais atentas e correspondem as expectativas dos professores, pais e educadores devem trabalhar em parcerias devem aprender a conviver com essa nova realidade, fazendo ajustes que serão necessários ao deficiente, mesmo tendo um ensino de libras muitas crianças não conseguem ser compreendidas e acabam se desmotivando podendo inclusive desenvolver um quadro depressivo.

Ao longo dos anos a história de pessoas com limitações em alguma deficiência eram vistas de maneiras diferentes em cada país, em alguns lugares eram amparados e protegidos pela sociedade e em outros as crianças que nasciam com alguma deficiência eram sacrificadas.

Segundo Goldfeld (2002), “A história dos surdos começa desde a antiguidade onde eram vistos como pessoas castigadas por “deuses” e por isso eram mortas.” O surdo era visto como débeis mentais, criminosos, loucos, selvagens e eram comparados como animais. De acordo com Gesser (2013), ” há relatos de surdos que tinham suas mãos amarradas e recebiam castigos corporais quando tentavam se comunicar em sua própria língua.” A surdez era tratada como aberração da raça humana na sociedade, somente a partir do século XVI que alguns educadores começaram a utilizar vários métodos como o oralização, a língua de sinais e outros símbolos visuais.

 

A primeira escola de surdos no Brasil foi fundada em 1857, no Rio de Janeiro, por D. Pedro II, que solicitou o encaminhamento de um professor surdo ao ministro da República Francesa (...) Ao longo do tempo, como aconteceu com todas as escolas para surdos no mundo, as abordagens adotadas na educação de surdos foram acompanhadas as tendências mundiais. (...)O INES, atualmente com 153 anos, é a única instituição federal que atende alunos surdos. Pereira et al. (2011 p.13, 20)

 

Nota-se que há muitos anos pensava em uma escola destinada aos surdos, mas infelizmente só aceitavam surdos do sexo masculino e funcionava como internato onde eles aprendiam a se comunicar e eram preparados para o trabalho. Só por volta 1931 foi que ocorreu o atendimento ao público feminino quando foi criada um externato com oficina de costura e bordado. Como em muitos lugares existe um líder, no instituto surgiram alguns líderes que após terminarem os estudos foram à luta em seus lugares de origem e divulgaram a língua brasileira de sinais, criaram uma associação e grupos que lutaram pelos seus direitos, vários grupos continuam até hoje lutando pelo o que é garantido em lei e mesmo assim observa que muitos anos de seus direitos tem passado com despercebido. Mais tarde surge o método oralista que significa aprender a emitir sons e palavras, essa abordagem predominou até os anos de 1970.

Segundo Santana (2007) “a abordagem oralista tem como objetivo principal a aquisição da linguagem oral e a facilitação da interação social do surdo”. Essa abordagem não foi bem sucedida porque pretendia que os surdos fossem reabilitados por considerarem uma anormalidade, não poderia dar mesmo certo pois como seria possível uma pessoa que não ouve se comportar como se estivesse ouvindo e tendo que aprender a falar. Para o oralistas a linguagem era prioritária o que seria indispensável para o desenvolvimento da criança. As tentativas como o uso de próteses foi um dos métodos utilizados para treinar a fala.

 

A época mais rica para a educação de pessoas surdas, foi no século XVIII, nesse período houve um grande crescimento de procura de alunos surdos nas escolas e a língua de sinais teve uma grande ênfase, pois o aluno tinha oportunidades de aprender e exercitar seus direitos na sociedade. (Goldfeld 2002, p.) 

 

Embora com todos os avanços que aconteceram ainda não se pode falar de um modelo único, vejo como exemplo a escola onde trabalho que está em processo de construção de uma proposta bilíngue temos aluno com essa deficiência e não temos profissionais preparados para o mesmo, como receber o atendimento que é necessário para a sua aprendizagem. Discurso é falado sobre a inclusão do deficiente nas escolas, que a escola está preparada para receber essa clientela, estar preparada significa ter os elementos que serão necessários ao deficiente.

A inclusão de pessoas com surdez na escola comum requer que as mesmas busquem meios que venham beneficiar sua aprendizagem seja ela na sala regular como na sala do Atendimento Educacional Especializado. Devem construir uma prática pedagógica assumindo uma abordagem bilíngue voltada para a potencialidade e o desenvolvimento das pessoas surda sendo a escola uma instituição que deve estar preparada para atender essas diferenças.

 

A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (2008) vem ao encontro do propósito de mudanças no ambiente escolar e nas práticas/institucionais para promover a participação e aprendizagem dos alunos com surdez na escola comum. Muitos desafios precisam ser enfrentados e as propostas educacionais revistas, conduzindo a uma tomada de posição que resulte em novas práticas de ensino e aprendizagem consistentes e produtiva para a educação de pessoas com surdez, nas escolas públicas e particulares. (Alves, Ferreira e Damásio, 2011, p.8)

 

Graças às inovações decorrentes no ensino regular surge a proposta bilíngue oferecidas pelas as escolas para alunos surdos como a mais adequada para o ensino de criança com essa deficiência. Essa proposta é considerada a de sinais como a natural, partindo dai em diante para o ensino da língua escrita. Segundo a definição da UNESCO (1945, apud BOTELHO, 2002) “é direito que tem as crianças que utilizam uma língua oficial de serem educadas na sua língua”. Pra isso é necessário conhecer a língua oficial do surdo, conhecer as abordagens e principalmente aquela que melhor lhe convém.

A educação para pessoa surda se fundamenta em três abordagens diferentes: a oralista, a comunicação total e a abordagem por meio do bilinguismo, a abordagem por meio do bilinguismo corresponde à necessidade do aluno com surdez e visa capacitar a pessoa para a utilização de duas línguas no seu cotidiano escolar e na vida social. Nessa abordagem ela propõe um ensino que estimula e nomeia o acesso e uso das duas línguas. Sobre as três tendências educacionais: a oralista, comunicação total e a abordagem por meio do bilinguismo posicionam:

 

As escolas, visam à capacitação da pessoa com surdez para que possa utilizar a língua da comunidade ouvinte na modalidade oral, como única possibilidade linguística, de modo que seja possível o uso da voz e da leitura labial[...] a comunicação total considera as características  da pessoa com surdez utilizando todo e qualquer recurso possível para a comunicação, a fim de potencializar as interações sociais considerando as áreas cognitivas, linguísticas e afetivas dos alunos[...] Por outro lado, a abordagem educacional por meio do bilinguismo visa capacitar a pessoa com surdez para a utilização de duas língua no cotidiano escolar e na visa social, quais sejam: a Língua de Sinais e a língua da comunidade ouvinte. (Alvez, Ferreira e Damázio, 2011, p.)

 

A opção à abordagem bilíngue favorece a pessoa surda, o ensino da língua de sinais como a primeira e a língua portuguesa como a segunda língua. O aprendizado de outra língua é importante para o aprendizado e possibilita o fortalecimento das estruturas linguísticas, favorecendo seu desenvolvimento cognitivo e o pensamento criativo, permitindo maior acesso de comunicação. Vários autores fazem discussões acerca do bilinguismo é uma abordagem que os defendem como ideal por dar oportunidade ao aluno aprender duas línguas.   Fernandes e Moreira (2009, p.226).

 

O bilinguismo para surdos, e seus desdobramentos político-pedagógicos, é um fato novo no cenário educacional para os profissionais da educação. O tema passa a ser incorporado na agenda das políticas públicas brasileiras apenas na última década, decorrente da pressão dos movimentos sociais, das contribuições de pesquisas nas áreas da linguística e educação e da incorporação desses novos conhecimentos e tendências às agendas governamentais. (Fernandes e Moreira 2009, p.226.)

 

Realmente a proposta bilíngue é pouco conhecida pelos profissionais da educação, por não terem recebido nenhum curso especifico na área em sua formação o que dificulta o trabalho com o aluno porque como vou ensinar algo que não se sei. No ponto de vista de Fernandes (2012) “o individuo bilíngue é, portanto, um agente que usa e utiliza dois sistemas simbólicos distintos, com signos distintos objetivando representar conceitos”.    Aprender uma nova língua envolve tempo, muita dedicação e esforço. Para professores que recebem o aluno surdo sem nenhuma habilitação é uma tarefa bastante complicada, uma vez que vai exigir do educador mais tempo para estudar, interesse, motivação e estratégias de ensino para que ocorra a aprendizagem. Segundo Fernandes (2012) “as crianças surdas têm tido pouco acesso á língua de sinais brasileira tardiamente, pois as escolas não oportunizam o encontro adulto surdo-criança surda”. Não vejo que escola não dê oportunidades para atender essa clientela o motivo é a falta de profissionais preparados para desenvolver um trabalho que venha de encontro com a sua necessidade. Não sabendo libras o educador acaba trabalhando somente o ensino da língua portuguesa.  Os níveis de ensino em Português sugerem:

 

Para a aprendizagem do Português, proposta didático-pedagógica, em um primeiro nível de ensino deve iniciar-se com os processos de letramento, que perpassam a educação infantil e o ciclo de alfabetização no decorrer do ensino fundamental (...). No terceiro nível, os conhecimentos do português escrito devem recair sobre o uso da língua oficial na leitura e na produção de textos mais complexos. (SILVA,2007, p.19).

 

Conforme Faria (2001), “o ensino de língua portuguesa para surdos deve ser desmembrado em dois momentos distintos: língua portuguesa oral e língua portuguesa escrita.” E um outro momento para a aquisição da língua de sinais e deve receber apoio especializado na sala de recursos multifuncional. A sala para o atendimento Educacional Especializado AEE é ofertada em escolas publicas para alunos com necessidades especiais matriculados na sala regular de ensino, sendo atendido pela sala de Recursos multifuncional em horário oposto da sala regular. Esse atendimento deve ser articulado com metodologias diferenciadas de ensino que estimule vivencias, que proporcione ao aluno com surdez a aprender a aprender numa abordagem bilíngue, ou seja, que utilize a Língua de sinais e Língua Portuguesa.

 

O planejamento do atendimento Educacional Especializado é elaborado e desenvolvido conjuntamente pelos professores que ministram aulas em Libras, professor de classe comum e professor da Língua Portuguesa para professores com surdez. O planejamento coletivo inicia-se com a definição do conteúdo curricular, o que implica que os professores pesquisem sobre o assunto a ser ensinado. [...] (SILVA, 2007, p,26).

 

No Atendimento Educacional Especializado em Libras os professores devem estar bem preparados, como dito anteriormente, selecionar metodologias individual diferenciada respeitando as diferenças que serão utilizadas com essa clientela. A escola é um lugar de aprendizagem importante para a formação humana em todos os seus aspectos. É um ambiente que visa à troca de conhecimentos atendendo a todos sem distinção a fim que fracassos escolares não aconteçam. A grande maioria das crianças surdas chegam à escola sem o conhecimento da língua de sinais sendo que a maioria vem de famílias ouvintes que não sabem se comunicar através da língua de sinais, por isso é tão importante o ensino de libras na escola desde a Educação Infantil.

 

A maior parte das crianças surdas nasce em famílias ouvintes, que desconhecem a língua de sinais, têm dificuldade de aceita-la e, por consequência, de usá-la com seus filhos. Nas suas interações familiares, as famílias privilegiam a linguagem oral, inacessível aos filhos surdos, que resulta na exclusão deles das conversas, e, finalmente, no seu isolamento na família. (Pereira et al.,2011, p. 26)

 

Porém não basta dizer que a escola dispõe dessas oportunidades é preciso que haja adequação curricular, professores preparados e apoio de profissionais especializados para favorecer surdo e ouvintes. SKLIAR (2005) fala sobre esse assunto mencionando: “Usufruir da língua de sinais é um direito do surdo e não uma concessão de alguns professores e escolas”. É um dia direito, mas para algumas pessoas esta camuflada e nada é feito para que o surdo possa usufruir do que deveria ser comum o acesso. Aprender libras não é fácil, agora imagina como é a realidade da maioria de nossas escolas que recebe o aluno surdo e não tem curso algum para ajudar no desenvolvimento da criança.

 

A libras é adotada de uma gramática constituída a partir de elementos Constitutivos das palavras ou itens lexicais e de um léxico que se estruturam a partir de mecanismos fonológicos, morfológicos, sintáticos e semânticos que apresentam também especificidades, mas seguem também princípios básicos gerais.[...]. A libras é a língua utilizada pelos surdos que vivem em cidades do Brasil, portanto não é uma língua universal. Salles 2004),

 

A escola deve proporcionar diferentes maneiras de aprendizagem para crianças surdas elencando propostas que devem fazer parte das politicas-pedagógicas adotadas pela mesma, ela deve apresentar alternativas voltadas a necessidades linguísticas do aluno com surdez. A proposta da educação bilíngue proporcionará condições a pessoa surda para adquirir e desenvolver a língua de sinais.

 

... que além da oposição à prática educativa tradicional dada ao surdo, o bilinguismo é considerado como um reconhecimento político da surdez como diferença, que tem em conta o grupo linguístico e cultural no qual o surdo está inserido. (Skliar, 1999).

 

 A educação para surdos passou por profundas transformações e algumas digamos traumatizantes para a pessoa surda, não respeitando a sua cultura e língua, hoje se percebe maior preocupação com o ensino e como será ministrado. Por isso vejo a importância de as escolas elaborarem currículos que levem em consideração as reinvindicações, respeitando sua cultura, enfim que a escola cumpra com o seu papel de mediar no desenvolvimento de conteúdos e proporcione uma proposta bilíngue. Fernandes e Moreira (2009) discursa que os indivíduos surdos são considerados bilíngue quando dominam duas línguas legitimamente brasileiras, sabendo as duas línguas compartilham com outras pessoas elementos culturais nacionais como valores, crenças e modos de vida.

 

CONCLUSÃO

 

Baseados em estudos bibliográficos e no objetivo que foi de expandir o conhecimento e o atendimento ao aluno surdo, abordando a realidade existente na escola Chapeuzinho Vermelho, oportunizando o aprendizado a língua brasileira de sinais através da comunicação e dos conhecimentos específicos na educação de surdos, foi possível entender que a língua de sinais é de grande importância para o desenvolvimento da pessoa surda em seu incremento cognitivo e na sua aprendizagem. Contudo o que vem ocorrendo no contexto pedagógico é que o aluno surdo não domina a língua oral e os educadores por sua vez não sabem usar a língua de sinais e não recebem ajuda de profissionais habilitados na área para orientá-los. Fica evidente através das leituras que quando a criança aprende através da língua de sinais ela tem maior desenvolvimento intelectual, social e é de grande importância que a escola introduza a língua de sinais brasileira de sinais (libras) na alfabetização desde o período da pré-escola.

Torna-se necessária a formação de professores para atuar, adequação do sistema educacional com o propósito de estimular o ingresso do aluno surdo em classes com alunos ouvintes, mudanças nas políticas educacionais. Ainda que a escola tenha professores capacitados que conheçam a cultura surda e a língua de sinais não é suficiente, porque não existe uma mesma língua compartilhada circulando em sala de aula ou em outro meio onde esse aluno possa se comunicar com todos.

Conclui-se que para a alfabetização do aluno surdo é necessário que primeiro o aluno apropria-se da língua de sinais (libras) isso facilitará na aprendizagem da segunda língua (Língua Portuguesa), o objetivo é ser bilíngue e há necessidade de primeiramente entender todo seu beneficio para o alunado traçando algumas ações como: qualificação dos professores ouvintes; planejamento de parcerias e ações em conjunto com secretarias de educação, saúde e serviços sociais. A interação escola com os familiares é importante e poderá resultar em beneficio de sua alfabetização, como a participação do aluno surdo na sala de Recursos Multifuncionais com profissionais capacitados com metodologias de ensino diferenciadas que estimulem vivencia e que leve o aluno a aprender dando condições necessárias numa proposta bilíngue.

 

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