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ESTUDO SOBRE PSICOMOTRICIDADE: UM ESTUDO SOBRE SUA IMPORTÂNCIA NO DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR ATRAVÉS DOS JOGOS E BRINCADEIRAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Guiomar Luiz Lopes[1]

Maria Luiza Gomes[2]

 

RESUMO

Esse trabalho tem por objetivo fazer algumas considerações sobre a importância dos jogos e das brincadeiras na Educação Infantil, visando o equilíbrio e o desenvolvimento psicomotor da criança. Essa pesquisa tem o caráter analítico, baseada na pesquisa bibliográfica que tem como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais claros, e assim entendemos o conceito de psicomotricidade, como ela está vinculada os jogos e brincadeiras e suas contribuições para a aprendizagem das crianças. Visto que, a estrutura da educação psicomotora é a base fundamental para o processo de aprendizagem da criança. Dessa maneira, compreendemos que os jogos e brincadeiras vinculados à psicomotricidade contribuem para o desenvolvimento global da criança, em seus aspectos: físico, afetivo e cognitivo.

Palavras-chave: Jogos. Brincadeiras. Educação Infantil, Psicomotricidade.

 

ABSTRACT

This paper aims to make some considerations about the importance Of the games and play in kindergarten, seeking balance and psychomotor development of children. This research has the analytical character, based on the literature that aims to provide greater familiarity with the issue, in order to make it clearer, and so understand the concept of psychomotor, as it is linked games and games and its contributions for children's learning. Since the structure of psychomotor education is the fundamental basis for the child's learning process. In this way, we understand that the fun and games linked to psychomotor contributes to the overall development of the child (physical, emotional and cognitive).

Keywords: Games. Play. Early Learning. Psychomotricity.

 

INTRODUÇÃO

 

Estamos acostumados a saber que é dever do Estado e da Família com a educação, e o que rege na (Lei de Diretrizes de Base da Educação Nacional) LDB e na constituição Federal de 1988, no (art 2º, LDB). A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. No artigo 205, da Constituição Federal, o primeiro agente responsável pela educação é o Estado ou o Poder.  Na educação, diz a LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais. (Caput, artigo 1º, LDB ou Lei 9.394/96).

Para que aconteça de fato esse desenvolvimento integral é preciso que tenhamos profissionais conscientes da importância da psicomotricidade na primeira etapa da educação básica a educação infantil.

A psicomotricidade e considerada como a ciência que envolve toda a ação realizada pelo indivíduo, equilíbrio, concentração, movimento, desafios e vários benefícios que represente suas necessidades e permitem suas relações com os demais, principalmente na fase da pré-escolar da criança.

A brincadeira consiste num conjunto de elementos que organiza a vida social de toda criança. As crianças que pertencem á educação infantil costumam repetir todo o tipo de movimento que lhes dão prazer. Mas como os movimentos são feitos de modo sincrético, essas atividades aparecem como os primeiros exercícios sensoriais simples ou combinações de ações sem finalidade aparente. Puxar um carrinho, fazer rodar um arco, tentar emitir um som, arremessar um objeto, são gestos que se prolongam até a vida adulta, mas nessa fase implicam em poucas aquisições novas porque não requerem aquela complexidade, por isso tendem a abandonar rapidamente e diminuir a intensidade por que não o faz chegar ao seu fim. No entanto a recomendação é para que nessa fase envolvamos as crianças em brincadeiras ou atividades lúdicas leves e moderadas, que dispensem a aceleração e a precisão dos movimentos. O jogo é a maneira como os professores dirigem o brincar, e desenvolvem o psicológico, intelectual, emocional, físico-motora e socialmente as crianças, e por isso os espaços para se jogar são imprescindíveis nos dias de hoje. No entanto o presente trabalho busca identificar de que maneira os jogos e brincadeiras contribuem para o desenvolvimento da criança de educação infantil.

 

1.1         DESENVOLVIMENTO

 

JOGOS E BRINCADEIRAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL

 

Quando falamos de jogos e brincadeiras, podemos pensar em algo voltado somente para a diversão, porém, esta dupla vai muito além, através dos jogos e brincadeiras desenvolvemos em nossas crianças momentos de prazer, aprendizagem, diversão e valorização da cultura na qual está criança está inserida. Assim, a brincadeira, apoiada nos estudos de Brougère (2008), necessita de um ambiente sociocultural para haver relações e trocas entre os atores sociais, adaptando e estruturando as capacidades e possibilidades do meio em que a criança vive. O ambiente no qual a criança vive dentro do contexto escolar, as práticas educativas precisam favorecer um espaço onde estas relações de trocas possam ser bem socializadas na construção do cognitivo.


...as teorias e práticas educativas das brincadeiras e jogos na educação infantil na medida em que estas promovam a construção da noção de si na formação da identidade o conhecimento a familiarização e a contemplação do próprio corpo. (GOMES, p.12 )

 

 

A proposta dos jogos e brincadeiras na educação infantil não significa apenas “brincar”, mas é também o momento quando a criança se comunica com consigo mesma e com o mundo. Quando bebês os pais interagem com eles (cantando ou embalando-os ao som de cantigas e parlendas, acionando jogos variados com cores, luzes, timbres, etc.) e dessa forma espontânea inicia-se inconscientemente o ato lúdico. De acordo com os interesses próprios da faixa etária, conforme as necessidades de cada criança e também com os valores da sociedade a qual pertence, o ato de brincar assim se desenvolve como uma pratica educativa.

Com a chegada da tecnologia as brincadeiras tradicionais vêm cada vez mais perdendo seu espaço, pois hoje em dia nossas crianças têm uma infinidade de brinquedos modernos e descolados, tudo embasado em tecnologia, são: vídeo game, carrinhos eletrônicos, jogos computadorizados, bonecas falantes, jogos eletrônicos, dentre muitos outros. Esta infinidade de brinquedos vem fazendo com que nossas crianças fiquem cada vez mais presas dentro de casa, interagindo pouco com outras crianças, sendo que este contato, com pessoas novas é de extrema importância para o seu desenvolvimento e nas brincadeiras e jogos tradicionais tem esse contato mais próximo. Friedmann (1996) define o jogo tradicional:


O jogo tradicional é aquele transmitido de forma expressiva de uma geração a outra, fora das instituições oficiais, na rua, nos parques, nas praças, etc., e é incorporado pelas crianças de forma espontânea, variando as regras de uma cultura a outra (ou de um grupo a outro); muda a forma, mas não o conteúdo do jogo tradicional. O conteúdo é constituído pelos interesses lúdicos particulares ligados a tal ou qual objeto (bonecas, animais, construções, máquinas, etc.), que é o objetivo básico do jogo; a forma é a organização do jogo do ponto de vista dos materiais utilizados, do espaço, do número de jogadores etc. Esses jogos são imitados ou reinterpretados, perpetuando-se sua tradição. (FRIEDMANN, 1996, p. 43).

 

 

Devemos considerar, porém, que recebendo brinquedos eletrônicos, embalagens e propaganda convenientes à mídia, tais brincadeiras perderam suas características regionais e, principalmente, tiraram da criança a oportunidade de passar pelas diversas operações de construção do lúdico, proporcionado pelos jogos e brincadeiras que norteia todo o processo de desenvolvimento da criança no início de sua fase de escolaridade. Na educação infantil existe uma diversidade de práticas lúdicas que contribuem para o desenvolvimento de habilidades psicomotoras, cognitivas, afetiva, e a interação social, estabelecendo laços de amizade entre o professor/aluno e aluno/aluno. É nas brincadeiras e jogos que as crianças vivenciam sentimentos de (amor, confiança, solidariedade, união, proteção, inveja, frustrações, rejeição, entre outros). A finalidade dos jogos e brincadeiras na educação infantil, é proporcionar o desenvolvimento integral da criança em todos os seus aspectos físicos, intelectual, linguístico, psicomotor, afetivo e social, buscando complementar a educação recebida na família e em toda a comunidade em que a criança está inserida.

 

O QUE É PSICOMOTRICIDADE?

 

Para entendermos melhor a importância da psicomotricidade, precisamos saber exatamente o que essa ciência quer nos orientar. Historicamente, o termo “psicomotricidade” aparece a partir do discurso médico, mais precisamente neurológico, quando foi necessário, no final do século XIX, nomear as zonas do córtex cerebral situadas mais além das regiões “motoras”.

No entanto, a história da psicomotricidade, na realidade, sua “pré-história”, começa desde que o homem é humano, quer dizer, desde que o homem fala, já que a partir desse instante falará de seu corpo.

Apesar da psicomotricidade se desenvolver como uma prática independente no século XX, seu nascimento no momento em que o corpo deixa de ser pura carne para transformar-se num corpo falado.

Resumidamente podemos descrevê-la como a integração psiquismo-motricidade, visto que a motricidade pode ser definida como resultado da ação do sistema nervoso sobre a musculatura e o psiquismo como o conjunto de sensações, percepções, imagens, pensamentos, afeto, etc.

A função psicomotora é a unidade onde se integram a incitação, a preparação, a organização temporal, a memória, a motivação, a atenção, etc.

O movimento é de fundamental importância no desenvolvimento físico, intelectual e emocional da criança. Estimula a respiração e a circulação.

No início a psicomotricidade foi introduzida nas escolas especializadas como um recurso psicopedagógico que visava corrigir distúrbios no desenvolvimento das crianças especiais.

Nesta abordagem, surgiram os exercícios conhecidos da maioria dos professores: coordenação viso-motora, ritmo, orientação espacial, esquema corporal, lateralidade, etc. Já na década de 70, se percebia a necessidade de dar um lugar ao corpo e ao movimento na escola.

A pré-escola começava a se orientar pela ideia de partir da ação para o pensamento.

A nova abordagem teórico-prática de Lapierre ampliou o aspecto preventivo da educação psicomotora nas escolas regulares.

Começava a brotar a ideia de se criar na escola um espaço para a expressão da criança através de suas atividades psicomotoras espontâneas.

A educação psicomotora deixa de lado a postura mais rígida, de reabilitação, terapia, para dar lugar à expressão da criança.

Esta nova compreensão da educação psicomotora levou os psicomotricistas a repensar sua prática e estabelecer novas relações com a escola. Elas deixaram as salas de psicomotricidade, à parte das salas de aula, e ingressaram em um diálogo mais próximo com a equipe pedagógica.

O trabalho em equipe proporciona o espaço para discussão a respeito dos aspectos do desenvolvimento da criança. A partir daí, proporcionar maior espaço pra as atividades livres se torna uma intervenção importante para a observação dos alunos.

Em nível institucional também seria necessário agir para tornar possível a abertura de um espaço mais livre na escola, permitindo à criança desenvolver-se e elaborar espontaneamente os conflitos do crescimento.

Neste espaço a criança teria acesso a um encontro consigo mesma, através de atividades psicomotoras livres, jogos criativos e dramatizações inseridas numa relação mais inteira e afetiva entre ela e o educador.

Assim, a criança de 2 – 3 anos, ao entrar na escola, perde o prazer dos cuidados do corpo a corpo direto com a mãe, mais conquista sua autonomia, cresce e pode elaborar suas angústias de separação.

O período pré-escolar, de 3 a 6 anos, testemunha uma verdadeira reconstrução do mundo da criança. Ela passa por mudanças cognitivas. Vai do conhecimento prático sensório-motor, para o pensamento e organização do universo representativo. Sua linguagem evolui permitindo-lhe estruturar melhor suas aquisições cognitivas, o que lhe possibilita falar de sua história, expressar suas ideias e emoções, ou seja, o espaço das relações interpessoais lhe é desvendado.

Nessa idade, a exploração do mundo e de si mesma através da ação associada à representação do vivido leva a uma atividade incessante. Tal movimentação é característica desta etapa e só vai decrescer em intensidade a partir dos 6 anos. Para David L. Gallahue o desenvolvimento motor está associado às áreas cognitiva e afetiva do comportamento humano:

 

O desenvolvimento motor está relacionado às áreas cognitiva e afetiva do comportamento humano, sendo influenciado por muitos fatores. Dentre eles destacam os aspectos ambientais, biológicos, familiar, entre outros. Esse desenvolvimento é a contínua alteração da motricidade, ao longo do ciclo da vida, proporcionada pela interação entre as necessidades da tarefa, a biologia do indivíduo e as condições do ambiente. (GALLA HUE, 2005, p. 03).

 

 A prática psicomotora educativa tem um caráter profilático porque favorece a maturação psicomotora, ela estimula a comunicação, a expressão, a simbolização, que são aspectos fundamentais para o acesso pela criança ao pensamento operatório. Portanto essa prática interessa às crianças da escola maternal. O objetivo fundamental da prática psicomotora é favorecer a maturação das representações e dos afetos e do grupo de crianças.

O psicomotricista educador permanece um dinamizador da comunicação, também está sempre atento à resolução dos conflitos no grupo, pelo diálogo e pela firmeza, de forma que possa garantir uma autoridade estruturante ao grupo de crianças.

A atitude permanente é de favorecer com suavidade o prazer de agir, de transformar e de criar junto, como base da comunicação e do desenvolvimento, do sentimento de solicitude de uns para com os outros, ele lembra regras de funcionamento, ele se ajusta às ações e aos jogos, mas propõe também: favorecer jogos de reassegura mento e os jogos de identificação, propondo torres para destruição, lugares para se desequilibrar, para cair, mas também um lugar para ser cuidado após jogos de acidente (hospital), ajuda a construir, a fantasiar-se, a envolver-se. Ele pode regulamentar o material para evitar confusão e pode reduzir sua utilização, se este estimula a instabilidade ou a agressividade.


1.3 A Importância da Psicomotricidade na Educação Infantil

 

A educação infantil tem uma preocupação maior com o desenvolvimento da psicomotricidade por perceber a sua importância na vida das crianças e as suas influencia no decorrer da existência. Para Kolyniak Filho (2007) existem dois elementos centrais atribuídos a motricidade.


Primeiro, a motricidade refere-se exclusivamente ao ser humano, diferentemente do movimento que é um conceito físico aplicado a qualquer corpo, bem como de motilidade, conceito da biologia aplicável a todo ser vivo que possui a capacidade de se mover. Segundo, a motricidade é resultante das heranças biológicas e histórico sociocultural. Terceiro, a motricidade implica intencionalidade e, portanto, é produtora e portadora de significados. Quarto, a motricidade representa a forma concreta de interação do ser humano coma a natureza e o semelhante. (p. 62, 63)

 

Desenvolver a educação física na educação infantil com a possibilidade de psicomotricidade, é denunciar os métodos de confinamento e engorda aluídos por Freire (2010) quando diz que a metodologia mais frequente nas escolas é a do traseiro, com crianças confinadas em salas e carteiras mais em imóveis que porcos e galinhas em seu habitats de engorda. Quando a instituição de educação infantil não leva em consideração a psicomotricidade da criança, negligenciando o direito, a liberdade das ações corporais e sociais, levando as crianças a se transformar o mais rápido em adultos produtivos, e não para crianças normais. Todas as crianças ditas normais correm, faz barulho, é bondosa, conversa, ri, chora, é maldosa, em fim toda criança exercita a sua psicomotricidade o tempo todo de acordo com a realidade na qual está inserida. É essa a postura de um aluno na educação infantil. Segundo Vayer (1986)


Considera que cada indivíduo interage com o mundo de acordo com suas experiências, seus sentimentos, suas emoções, seu ambiente físico e social. Interesses e experiências anteriores orientam e dirigem a atividade
perceptiva – este reagir diferentemente denomina se “diferença individual”, pode-se afirmar que não existem duas pessoas exatamente iguais. (VAYER 1986 p. 31).

 

Todo ser humano inclusive as crianças é um sujeito complexo, por isso não pode ser ensinado de uma única forma ou em partes separadas, a psicomotricidade não permite isso e sim como trabalhar todo o corpo da criança. Sabemos que o ser humano não aprende sozinho aprende com o corpo, imaginação, sensibilidade etc. No entanto não se podemos propor apenas o comportamento dos alunos. Na educação infantil as crianças se relacionam não só com as outras da mesma faixa etária, mas com outras, professores, vigias, secretaria, coordenadora, diretora, com uma multiplicidade relacional. Moreira (2008, p.88) para a formação profissional em motricidade:


Viver é conviver, e na convivência não nos relacionamos apenas com a mesma faixa etárias ou com os mesmos grupos sociais. Nosso dia a dia é permeado de relações múltiplas, de gênero, de grupos de interesse, de localizações geografias de moradia, de deslocamento para o trabalho... assim, a área da Motricidade Humana em sua formação profissional, desse propiciar uma aprendizagem que leve em consideração esta diversidade. (MOREIRA 2008. p. 88)

 

Se os professores de educação física na educação infantil refletir sobre essas questões com certeza estarão ensinando de uma forma lúdica e significativa para o aluno. Brincadeiras, jogos é mais do que regras é o princípios para a construção da autonomia, interação, socialização e outros. Esses requisitos são indispensáveis para um professor de educação física na educação infantil.

 

 

Brincadeiras e jogos nos dias atuais direcionados pelo professor de educação física na educação infantil

 

 

Não parecer tão difícil aceitar que o brincar é uma atividade espontânea da criança, e que permite uma aprendizagem mais prazerosa ora como atividade livre, ora orientada. Na educação infantil as brincadeiras são responsáveis pelo desenvolvimento físico, moral, cognitivo, mas em certos momentos a criança necessita de orientação.


A brincadeira é uma atividade espiritual mais pura do homem neste estágio e, ao mesmo tempo, típico da vida humana enquanto todo – da vida natural/interna do homem e de todas as coisas. Ela dá alegria, liberdade, contentamento, descanso externo e interno, e paz com o mundo... A criança que brinca sempre, com determinação auto ativa, perseverando, esquecendo sua fadiga física, pode certamente tornar-se um homem determinado, capaz de auto sacrifício para a promoção de seu bem e dos outros... O brincar, em qualquer tempo, não é trivial, é altamente sério e de profunda significação “(KISHIMOTO, 1999, apud Froebel, p.23).

 

Nos dias atuais, percebi que os jogos estão sendo deixados cada vez mais de lado por vários motivos, inclusive por considerar que há outras coisas mais importantes a serem trabalhadas na escola, não sobrando tempo assim para os mesmos. Por esse motivo, discordando dessa triste realidade, e por esse motivo foi feito este estudo, pois, em minha opinião os jogos e as brincadeiras são muito importantes, principalmente na Educação Infantil para se atingir o desenvolvimento cognitivo, afetivo e social da criança.


Na escola “não dá tempo para brincar”, justificam os educadores, Porquê? Há evidentemente um programa de ensino a ser cumpridos e objetivos a serem atingidos, para cada faixa etária. Com isso, o jogo fica relegado ao pátio ou destinado a “preencher” intervalos de tempo entre aulas. Entretanto, o jogo pode e deve fazer parte das atividades
curriculares, sobretudo nos níveis pré-escolar e de 1º grau, e ter um tempo preestabelecido durante o planejamento, na sala de aula. (FRIEDMANN, 1996, p.15)

 

 Não sei se e por falta de conhecimento por parte de alguns professores ao considerar apenas as atividades formais como importantes. Na verdade é mais fácil se apoiar na falta de conhecimento, continuando com as “velhas atividades” de sempre do que buscar o conhecimento e novas metodologias. Almeida (2000) comenta sobre essa falta de conhecimento:



É muito comum ouvirmos dizer que “os jogos não servem para nada e não têm significação alguma dentro das escolas, a não ser na cadeira de educação física”. Tal opinião está muito ligada a pressupostos da pedagogia tradicional, que excluía o lúdico de qualquer atividade educativa séria ou formal. Percebe-se claramente que há uma restrição do lúdico, isto é, uma falta de conhecimento compreensão de seu verdadeiro sentido. (ALMEIDA, 2000, p. 59).

 

 Na rotina da educação Infantil escolar o brincar acontece de duas maneiras: livre e coordenado. Para compreender melhor é preciso explicitar cada um deles, apesar de muitas vezes eles acontecerem de maneira interligadas. O brincar livre acontece de forma espontânea, onde a criança por si só ou em pequenos grupos decide a brincadeira sem a mediação do professor. Nesse momento e que o ato de brincar acontece espontâneo proporciona a manipulação de materiais, a imaginação, onde a criança torna-se capaz de não só imitar a vida como também de transformar e aprender a lidar com o mundo, formando assim sua personalidade.

Nas brincadeiras coordenadas, o papel do professor deve ser o de mediador proporcionando a socialização do grupo, a integração e participação das pessoas envolvidas e o desenvolvimento da psicomotricidade favorecendo atitudes de respeito, aceitação, confiança, desafios e conhecimento mais amplo da realidade social e cultural. Além de oportunizar situações de aprendizagens específicas e aquisição de novos conhecimentos, dando condições para que a criança explore diferentes materiais, objetos e brinquedos. É importante que o professor planeje os objetivos que quer atingir, bem como o tempo e o espaço que a brincadeira deve acontecer.

Após abordar o desenvolvimento infantil, e sua relação com as teorias que abordaram os jogos e as brincadeiras se faz necessário aqui um estudo do Referencial Curricular Nacional (1998) para darmos continuidade à abordagem da problemática desse estudo, que se volta para as formas usuais de ensino e a desconsideração das formas usuais de aprendizagem pelas crianças em determinadas fases.

 

Referencial Curricular Nacional

 

Como este capítulo abordará os jogos e brincadeiras no contexto educacional e como a intenção principal é analisar a aplicação dos mesmos na Educação Infantil, veremos a seguir o que os Referenciais Curriculares Nacionais(RCN) (1998) trazem a respeito desses temas.


As brincadeiras de faz de conta, os jogos de construção e aqueles que possuem regras, como os jogos de sociedade (também chamados de jogos de tabuleiro), jogos tradicionais, didáticos, corporais etc., propiciam a ampliação dos conhecimentos infantis por meio da atividade lúdica. (Referencial Curricular Nacional, Introdução, volume 1, p.28).

 

Para tanto, fica claro que o RCN dá importância aos jogos e brincadeiras e se ele, como o próprio nome já diz, um referencial para os professores de Educação Infantil, nota-se que muitas vezes o mesmo é deixado de lado, ou pelo menos parte dele não é utilizada. O RCN aborda também o papel do professor, mostrando que ele pode usar desses instrumentos em sua prática e tirar proveito disso, basta o mesmo saber trabalhar com eles:


A intervenção intencional baseada na observação das brincadeiras das crianças, oferecendo-lhes material adequado, assim como um espaço estruturado para brincar permite o enriquecimento das competências imaginativas, criativas e organizacional infantis. Cabe ao professor organizar situações para que as brincadeiras ocorram de maneira diversificada para propiciar às crianças a possibilidade de escolherem os temas, papéis, objetos e companheiros com quem brincar ou os jogos de regras e de construção, e assim elaborarem de forma pessoal e independente suas emoções, sentimentos, conhecimentos e regras sociais. (RCN, Introdução, volume 1, p. 29).

 

O documento deixa claro, que ao utilizar os jogos e brincadeiras, o professor tem que estabelecer os seus objetivos. Caso o seu objetivo seja observar seus alunos em seu comportamento social, por exemplo, como ele interage com os colegas. Portanto se o objetivo do professor for trabalhar um conteúdo, por exemplo, utilizando um jogo, é importante que o professor dirija esta atividade e que interfira sempre que necessário, e não, deixar os alunos livre somente por se tratar de uma atividade lúdica. Conclui que o professor deve agir de acordo com os seus objetivos diante da aplicação da atividade.


É preciso que o professor tenha consciência que na brincadeira as crianças recriam e estabilizam aquilo que sabem sobre as mais diversas esferas do conhecimento, em uma atividade espontânea e imaginativa. Nessa perspectiva não se deve confundir situações nas quais se objetiva determinada aprendizagens relativas a conceitos, procedimentos ou atitudes explícitas com aquelas nas quais os conhecimentos são experimentados de uma maneira espontânea e destituídos de objetivos imediatos pelas crianças. Pode-se, entretanto, utilizar os jogos, especialmente àqueles que possuem regras, como atividades didáticas. É preciso, porém, que o professor tenha consciência que as crianças não estarão brincando livremente nestas situações, pois há objetivos didáticos em questão. (Referencial Curricular Nacional, Introdução, volume 1, p. 29).

 

Na Educação Infantil, a criança, devido ao seu nível de desenvolvimento, necessita de vários materiais palpáveis e também de ações concretas para compreender o que está sendo ensinado. Por esse motivo, é essencial que os professores, especialmente os da Educação Infantil, utilizem de diversas metodologias e materiais para atingir não só a aprendizagem do conteúdo ensinado, mas sim, o desenvolvimento pleno dos alunos.

 

Considerações Finais

 

No decorrer da pesquisa foram observados que o bom desenvolvimento motor contribui futuramente para o desenvolvimento não só físico, mas afetivo e cognitivo da criança. Como isso foi possível verificar como os jogos e brincadeiras proporcionam à criança a oportunidade de realizar as mais diversas experiências e preparar-se para atingir novas etapas em seu desenvolvimento.

Cabe aos professores estarem atentos ao desenvolvimento e aprendizado do aluno cumprindo a função integradora, dando oportunidade para a criança desenvolver seu papel na sociedade, através de atividades em grupos, brincadeiras recreativas e jogos.

Utilizar jogos e brincadeiras como um meio de aprendizagem pode vir a ser um passo muito importante para a educação de crianças que habitam as nossas escolas. Precisamos tomar consciência, e ao mesmo tempo utilizar como instrumento curricular, descobrindo nele fonte de desenvolvimento psicomotor da criança.

Ao longo deste artigo foi possível destacar, a importância em propiciar às crianças situações de jogos e brincadeiras para que se apropriem de forma lúdica de conhecimentos diversos. A educação infantil é o espaço onde a criança recebe estímulos e se desenvolve nos diferentes aspectos, afetivo, motor, cognitivo, entre outros. Diante de tudo que foi pesquisado mostra a importância do ensino infantil, como uma das etapas mais importante para o desenvolvimento integral da criança.

 

 

REFERÊNCIAS

 

ALMEIDA, P.N. Educação Lúdica: técnicas e jogos pedagógicos. São Paulo: Edições Loyola, 2000.

BRASIL, Referencial curricular nacional para a educação infantil. Brasília, 1998.

DEMO, P. Metodologia científica em ciências sociais. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1989.Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 30, n.2, p. 291 maio/ago. 2004

FRIEDMANN, A. Brincar: crescer e aprender - O resgate do jogo infantil. São Paulo: Moderna, 1996.

GALLAHUE, David L; OZMUN John C. Compreendendo o desenvolvimento motor: bebês, crianças, adolescentes e adultos. 2. ed. São Paulo: Phorte, 2005

GOMES, Cleomar Ferreira. Brinco, Logo Existo: Algumas Reflexões Sobre a Brincadeira na Educação Escolar. In: GRANDO, Beleni S. Corpo, Educação e Cultura: práticas sociais e maneiras de ser. Ijuí: Ed. Unijuí, 2009.

KISHIMOTO, T. M. (apud Froebel). Jogo, brinquedo, brincadeira e educação. 3ª ed. São Paulo: Cortez, 1999.

KISHIMOTO, Tizuko M. Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. São Paulo: Cortez, 2002.p.146.

MOREIRA, W.W. Corporeidade e formação profissional: a importância da teoria da Motricidade Humana para a educação física. In: GOLIN, C. H. et al. (Org.) Educação Física e motricidade: discutindo saberes e intervenções. Dourados: Seriema, 2008.

VAYER, P.A Criança Diante do Mundo. – Porto Alegre: Ed. Artes Médicas, 1986.p.31. VYGOTSKY, L. S. A Formação Social da Mente. 6. ed. São Paulo: Martins Fontes Editora LTDA, 1998.p.2.



[1] Atua na área educacional.

[2] Atua na área educacional.