IMPACTO DAS HISTÓRIAS INFANTIS NO PROCESSO ENSINO APRENDIZAGEM DAS CRIANÇAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL
Valdirene Viana Rocatto¹
RESUMO
O presente trabalho teve como objetivo central abordar os Impactos das histórias infantis no processo ensino aprendizagem das crianças da educação infantil, abordando em seu contexto como o processo histórico das histórias infantis, assim como a importância da literatura infantil para a aprendizagem das crianças. Relatando o que as histórias podem transmitir para a garotada, bem como quais sentimentos podem sentir ao ouvir uma narrativa. Na infância costuma ser expressa por meio da literatura e das brincadeiras. Por meio das histórias, as crianças aprendem a diferenciar o que é bom do que é ruim, aprendem a dar valor ao que realmente importa, aprendem sobre os valores sociais, éticos e econômicos, aprendem sobre a obediência, o respeito aos mais velhos, aos animais, estudam sobre as diferenças, a humildade, o amor fraternal, a generosidade, a compaixão e a lealdade. Os contos de fada são muito importantes, pois podem exercer influência benéfica na formação da personalidade, isso porque, com o desenrolar da história, as crianças aprendem que é possível vencer obstáculos e alcançar vitórias. Para que este artigo fosse possível, como caminho metodológico utilizou-se de pesquisas bibliográficas referentes ao tema por meio de monografias, artigos da internet que dá embasamento teórico às discussões proposta, a fim de colher informações de autores que já abordaram o assunto. As histórias infantis são importantes na educação infantil, pois despertam nas crianças desde pequenas, gostos e valores, pois quando se conta uma história têm-se vários objetivos entre eles, ensinar, instruir, educar e divertir
Palavras-chave: Crianças. Ensino Aprendizagem. Literatura infantil.
1 INTRODUÇÃO:
O presente trabalho buscou refletir sobre os impactos das histórias infantis no processo ensino aprendizagem por meio da literatura infantil, prática pedagógica que busca facilitar o ensino aprendizagem na alfabetização das crianças.
Falar do impacto da Leitura por meio das histórias no Processo Ensino Aprendizagem é abordar que todo conto é uma forma de expressão que busca transmitir as crianças o gosto pela leitura, contribuindo na aprendizagem e no conhecimento da meninada.
A escolha do tema se deu pelo simples fato de perceber que as histórias infantis é uma metodologia muito interessante para ser desenvolvida em sala de aula, pois as narrativas contadas, até os menores detalhes ficam guardados na memória das crianças.
As histórias infantis são importantes na educação infantil, pois despertam nas crianças desde pequenas, gostos e valores, pois quando se conta uma história têm- se vários objetivos entre eles, ensinar, instruir, educar e divertir. Contar histórias é promover e estimular a leitura, o escrever, o desenhar, o imaginar, o brincar. Através das histórias a criança sente diferentes emoções como alegria, medo, tristeza, bem- estar, insegurança, entre tantas outras, e assim ela aprende a lidar com seus sentimentos a sua maneira.
Por meio das histórias, as crianças aprendem a diferenciar o que é bom do que é ruim, aprendem a dar valor ao que realmente importa, aprendem sobre os valores sociais, éticos e econômicos, aprendem sobre a obediência, o respeito aos mais velhos, aos animais, estudam sobre as diferenças, a humildade, o amor fraternal, a generosidade, a compaixão e a lealdade.
Para que este artigo fosse possível, como caminho metodológico utilizou-se de pesquisas bibliográficas referentes ao tema por meio de monografias, artigos da internet que dá embasamento teórico às discussões proposta, a fim de colher informações de autores que já abordaram o assunto
Durante esse estudo, iremos investigar a importância das histórias assim como sua relação com a aprendizagem e os cuidados que o professor deve ter para preparar o antes, o momento e o depois da contação de histórias.
O primeiro capítulo trata de mostrar o surgimento da contação de histórias na educação infantil.
O segundo capítulo busca mostrar a importância da contação de histórias no processo ensino aprendizagem das crianças.
A abordagem do terceiro capítulo relata quais são os tipos de histórias que devem ser contadas as crianças e como contar.
2 DESENVOLVIMENTO:
- Surgimento da Contação de História:
Segundo Santos (2014) a contação de história surgiu antes mesmo da escrita, pois, desde o princípio a humanidade sentia a necessidade de repassar, através da oralidade, fatos históricos que faziam parte do passado de cada povo. Essa prática foi uma forma encontrada pela humanidade para expressar e transmitir suas experiências de geração em geração. Os contos exprimem os sentidos da vida, transmitem valores passados de geração para geração (Silva, 2017 apud MACHADO; SILVA & SILVA, 2021).
Segundo Patrini (2005, pág. 118) O conto oral é uma das mais antigas formas de expressão. E a voz constitui o mais antigo meio de transmissão. Graças à voz, o conto é difundido no mundo inteiro, preenche diferentes funções, dando conselhos, estabelecendo normas e valores, atentando os desejos sonhados e imaginados, levando às regiões mais longínquas a sabedoria dos homens experimentados. (Apud CRUZ, 2018)
Para Campos (2020) os contadores de histórias surgiram há muito tempo atrás, quando ainda se formavam rodas ao redor de uma grande fogueira e cada um contava seu conto, causo ou simplesmente para uma boa prosa.
Silva (2009) nos diz que:
A literatura infantil surgiu no século XVII com Fenélon (1651-1715), justamente com a função de educar moralmente as crianças. As histórias tinham uma estrutura maniqueísta, a fim de demarcar claramente o bem a ser aprendido e o mal a ser desprezado. A maioria dos contos de fadas, fábulas e mesmo muitos textos contemporâneos incluem-se nessa tradição
Pacheco (2021) também nos fala que:
Em uma audiência realizada pela corte do rei Luiz XIV (1638– 1715). (FARIAS, 2012) é proclamado a publicação de diversos textos sobre os contos de fada, uma variação do conto popular ou fábula, transmitida oralmente, que surge para transmitir conhecimento e valores culturais de geração para geração, onde o herói ou heroína tem de enfrentar grandes obstáculos antes de vencer o mal. [...].
No ano de 1697 Charles (1628-1703) Perrault traz a público Histórias ou contos do tempo passado, com suas moralidades: Contos de Mão Gansa. Ganham, então, forma editorial as seguintes histórias: A Bela Adormecida no bosque, Chapeuzinho Vermelho, O Gato de Botas, As Fadas, A Gata Borralheira, Henrique do Topete e O Pequeno Polegar. (SILVA, 2009)
Ainda segundo o autor Silva, os contos de fadas surgiram na França, ao final do século XVII, no qual foram editados novos contextos literários, pois o cunho literário das histórias infantis expressava passagens obscenas de conteúdo incestuoso e canibalismo. Assim, acredita-se que, antes do cunho pedagógico, houve o objetivo de leitura e contemplação pela mente adulta. Acredita-se também que a mitologia grega já possuía um modo particular de transmitir o contexto da história de “Chapeuzinho Vermelho”. Posteriormente, Charles Perrault trouxe a história moralizadora e mais adequada aos ambientes sociais que conviviam na época.
Perrault, utilizou antigos documentos como Fábulas de Esopo, na Grécia, e Fábulas de Fedro, em Roma, parábolas bíblicas e coletâneas orientais e medievais para reelaborar de forma literária, publicando sua conhecida coletânea 16 Fábulas de La Fontaine. O conteúdo denunciava aspectos negativos que ocorriam na sociedade da época, e foi fundamentado na natureza humana e princípios de sabedoria. Na Alemanha. (SOUZA, 2016, pág.15).
Coelho, (2012, p. 75 apud SOUZA, 2016) explana que:
Na Alemanha do século XVIII, dois irmãos, Jacob e Wilhelm Grimm, expandiram a literatura infantil pela Europa e América a partir de sua iniciativa de uma pesquisa linguística acerca do idioma alemão. Entre antigas narrativas, lendas e sagas apanhadas, os irmãos encontraram grande acervo de histórias maravilhosas, que selecionadas constituíram a coletânea conhecida por Literatura Clássica Infantil. Os contos foram publicados avulsos entre 1812 e 1822, e depois em volume único como Contos de fadas para Crianças e Adultos, hoje conhecidos por Contos de Grimm.
De acordo com Assis (2018) a literatura infantil tem início em meados do século XVIII, com base na concepção de criança naquela época, uma vez que a origem do segmento literário tem uma estreita ligação com a pedagogia, por isso, seu caráter artístico e sua função pedagógica são muitas vezes confundidos, muito embora essas duas vertentes e funções estejam presentes na literatura infantil.
Neste sentido, Santana (2018/2) relata que:
A história da literatura infantil não é antiga. Os primeiros livros para crianças foram produzidos no final do século XVII e início do século XVIII. Antes disso, não se escrevia para elas. A criança acompanhava a vida do adulto, participando também de sua literatura.
Ainda segundo o autor Santana (2018/2), a literatura infantil surge no momento em que as preocupações sociais se voltam para a criança. A partir de então as crianças passaram a ser considerada um ser com necessidades e características próprias, diferente do adulto. Percebeu-se a necessidade de se preparar a criança para a vida adulta, dando a ela uma educação especial, mais condizente com a sua idade.
Zilberman (2003, p. 16), aponta alguns acontecimentos na Idade Moderna que foram consolidados no século XVIII contribuíram para o surgimento de modalidades culturais como a escola, com seu modelo atual, e o gênero literário voltado ao jovem. (Apud SANTANA, 2018/2, pág.10)
2.2 A Importância da Leitura por meio das histórias no Processo Ensino Aprendizagem:
A contação de histórias é um instrumento muito importante no estímulo à leitura, ao desenvolvimento da linguagem, é um passaporte para a escrita, desperta o senso crítico e principalmente faz a criança sonhar. (CARDOSO & FARIA 2016)
Segundo Silva (2019) para muitas crianças, o contato com a leitura começa quando elas são ainda bem pequenas, pois a leitura da literatura infantil que as embala na hora de dormir, de comer, de brincar, realizada de forma clara e com um tom de voz adequado, ajuda a acalmá-las e faz com que já comecem a entrar no mundo da imaginação.
Segundo o autor Santos (2018, pag.1-2 apud SILVA, 2019) “a leitura do mundo mágico e das fantasias faz com que a criança associe ou diferencie os acontecimentos da sua vida real, fazendo suas preferências e formando seus próprios conceitos”.
Para Brasil (2013 apud RAMALHO, 2019, pág. 17) [...] ao ouvir a história, a criança desenvolve a compreensão do mundo e de si mesmo, o aumento e significativo quanto às referências e a comunicação social, além de estimular a criatividade e a imaginação.
Mediante estes conceitos, até os menores detalhes das histórias infantis, ficam guardados na memória das crianças como por exemplo: os personagens, a voz de quem conta, a entonação, os gestos e as emoções. (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2009, pág. 72 apud SILVA; CARVALHO & ROCHA, 2020).
Existem quatro estágios que marca a vida criança, no qual busca o desenvolvimento cognitivo dos mesmos. Estes estágios são: sensório-motor, pré-operatório, operatório-concreto e operatório-formal, sendo essa a ordem constante em que ocorrem esses estágios. Daremos ênfase ao estágio pré-operatório, tendo em vista que este estudo contempla a garotada da educação infantil. Segundo Assis (2018) O estágio Pré-Operatório marca o início do pensamento. Ocorre em idade aproximada de um, um e meio ou dois anos e vai até cerca de seis ou sete anos. As crianças começam a desenvolver as representações mentais internas ativamente, que tiveram início no fim do estágio anterior, o sensório-motor.
Por meio deste estágio a criança desperta-se para o mundo fascinante das fábulas e das histórias infantis, descobrindo assim um mundo imaginário e fantástico de aventuras e fantasias extraordinárias através da leitura.
Os contos de fada são muito importantes, pois podem exercer influência benéfica na formação da personalidade, isso porque, com o desenrolar da história, as crianças aprendem que é possível vencer obstáculos e alcançar vitórias. Bettelheim, (2002, p. 11) conta que:
O conto de fadas é orientado para o futuro e guia a criança em terrenos que ela pode entender, tanto na sua mente inconsciente como consciente, levando-a a abandonar seus desejos de dependência infantil e conseguir uma existência mais satisfatoriamente independente. (BETTELHEIM,2002, p. 11 apud RAMALHO, 2019).
Neste viés, Ribeiro (2010, p.7-8) relata:
Na educação infantil as histórias despertam nas crianças desde pequenas, gostos e valores, pois quando se conta uma história têm-se vários objetivos entre eles, ensinar, instruir, educar e divertir. [...] contar histórias é promover e estimular a leitura, o escrever, o desenhar, o imaginar, o brincar. Através das histórias a criança sente diferentes emoções como alegria, medo, tristeza, bem-estar, insegurança, entre tantas outras, e assim ela aprende a lidar com seus sentimentos da sua maneira (Apud Silva, 2019).
Por meio das histórias, as crianças aprendem a diferenciar o que é bom do que é ruim, aprendem a dar valor ao que realmente importa, aprendem sobre os valores sociais, éticos e econômicos, aprendem sobre a obediência, o respeito aos mais velhos, aos animais, estudam sobre as diferenças, a humildade, o amor fraternal, a generosidade, a compaixão e a lealdade, como expõe Ferreira em alguns contos:
Na história do Chapeuzinho Vermelho é possível trabalhar valores como: obediência, respeito aos mais velhos, aos animais e às diferenças, a humildade, o amor fraternal, generosidade, compaixão e lealdade; Através do conto da Cinderela é possível mostrar que a rivalidade fraterna é um fato comum na vida de todos e que nunca se pode desistir dos sonhos tentando sempre cultivar a esperança; a história dos três porquinhos mostra a importância do fazer todas as coisas bem feito, como o planejamento aliado a um trabalho árduo pode ser compensador; na história do Pinóquio mostra à importância de sempre dizer a verdade e mostrar que malefícios a mentira pode causar, entre outros contos infantis. (Ferreira 2021)
Segundo Coelho (2000, p.27 apud SILVA, CARVALHO & ROCHA, 2020) a literatura infantil é antes de tudo uma arte que transforma e enriquece a vida das crianças, fazendo seus sonhos mais impossíveis tornarem-se realidade através do imaginário, despertando seus desejos e emoções.
Com o contato direto com os clássicos infantis por meio da fantasia presente nas histórias faz com que a criança se identifique com os personagens e assim compreenda melhor seus sentimentos como amor, raiva, injustiça, medo, solidão, arrependimento, inveja, dentre outras emoções.
Os contos de fadas auxiliam a criança a se reconhecer, isto é, a se encontrar superando barreiras do dia-a-dia, assim como problemas mais graves como a perda de um ente querido, pois a realização dos personagens (rei, rainha, príncipe, princesa) passa a representar sua realização.
Portanto, a leitura dos clássicos infantis é importante desde que seja iniciada na primeira infância, principalmente, através de seus pais, pois o contato precoce com obras literárias infantis estabelece uma relação de prazer entre a criança e o hábito de ler. Assis (2018) aborda:
Estimular a criatividade, a imaginação, a oralidade, facilitar o aprendizado, desenvolver as linguagens visual e escrita, também promove o movimento global e fino, trabalha o senso crítico, valores e conceitos, colabora na formação da personalidade, trabalha as brincadeiras de faz de conta, proporciona o envolvimento afetivo e social da criança e explora a diversidade e a cultura
Sobre o mesmo assunto Assis (2018) também relata:
Se pensarmos na literatura infantil como uma ferramenta de texto atraente e envolvente, capaz de apresentar a arte de forma humanizadora, que apresenta ideias de forma diferente e peculiar, podemos deduzir que um professor que se proponha a incentivar os seus aprendizes ao hábito da leitura, encontrará na literatura infantil um instrumento excelente para atingir seu objetivo.
Segundo Cardoso & Faria (2016) A contação de histórias é um instrumento muito importante no estímulo à leitura, ao desenvolvimento da linguagem, é um passaporte para a escrita, desperta o senso crítico e principalmente faz a criança sonhar.
Para Ramalho (2016) “a contação de histórias é dentro da instituição escolar, uma atividade lúdica que resulta no despertar da curiosidade e o interesse do aluno pelo livro”.
De acordo com Silva (2019) a leitura nos dá a possibilidade de criar e ao mesmo tempo abrir novos rumos. Quem não lê não sabe o verdadeiro sentido de sonhar e de imaginar, pois, a leitura nos possibilita alcançar outros horizontes além do que imaginamos.
O período mais apropriado para desenvolver a leitura é na infância, como nos fala Moreira:
A infância é o período mais apropriado para o desenvolvimento da leitura, apresentando as construções no âmbito do aprendizado e assim, criando maior facilidade da criança no mundo da leitura. É bom destacar que quanto mais cedo iniciado essa experiência, mais profunda ela será na vida de quem a vivencia. (MOREIRA, 2017, p. 1 apud SILVA, 2019)).
Para Ramalho (2019) O uso da literatura no âmbito escolar é um dos desafios relacionados ao educador, pois aborda e permeia o comprometimento e desenvolvimento através da competência das capacidades intelectuais, afetivas e da relação existencial do aluno no momento da contação da história.
Souza aborda algumas atividades que permeia as capacidades intelectuais e afetivas das crianças.
Nada melhor do que ler e escrever para crianças textos em diferentes gêneros textuais, como fábulas, contos, gibis, poesias, e dentre outros. São atividades que proporcionam um maior desenvolvimento das habilidades leitoras e escritoras, dando uma oportunidade à criança de agir, de criar, de produzir e participar ativamente da sociedade em que vive, conhecendo e produzindo novo saberes. (SOUSA, 2016, p. 24 apud SILVA, 2019).
A contação de histórias é uma importante ferramenta para o ensino aprendizagem. Souza e Bernadino relata:
[...] a contação de histórias é um valioso auxiliar na prática pedagógica de professores da educação infantil e anos inicias do ensino fundamental. As narrativas estimulam a criatividade e a imaginação, a oralidade, facilitam o aprendizado, desenvolvem as linguagens oral, escrita e visual, incentivam o prazer pela leitura, promovem o movimento global e fino, trabalham o senso crítico, as brincadeiras de faz-de-conta, valores e conceitos, colaboram na formação da personalidade da criança, propiciam o envolvimento social e afetivo e exploram a cultura e a diversidade (SOUZA & BERNARDINO, 2011, 236 apud Silva, 2019)
Segundo Ramalho (2019) “é necessário que o educador tenha a dimensão do quão a contação de histórias pode proporcionar a criança momentos de aprendizagem e quanto isso contribui para a formação do indivíduo leitor e escritor”.
Quanto a dimensão da contação de histórias Freire expõe:
“A leitura do mundo procede a leitura da palavra”, através do conhecimento prévio do mundo que a criança já possui (sentimentos, emoções, culturas, falas, observação) aproxima-se e faz-se um paralelo desses fatos com a leitura se torne um hábito além dos muros da escola. (FREIRE 1998, p.8 apud RAMALHO, 2019)
De acordo com Ramalho (2019) A medida que a criança se desenvolve, ela aprende passo a passo a se compreender melhor, tornando-a capaz de entender os outros e eventualmente, pode relacionar-se de maneira mútua, satisfatória e significativa.
O documento da Base Nacional Comum Curricular também aborda o quanto é importante as histórias infantis para o ensino aprendizagem das crianças.
As experiências com a literatura infantil, propostas pelo educador, mediador entre os textos e as crianças, contribuem para o desenvolvimento do gosto pela leitura, do estímulo à imaginação e da ampliação do conhecimento de mundo. Além disso, o contato com histórias, contos, fábulas, poemas, cordéis etc. propicia a familiaridade com livros, com diferentes gêneros literários, a diferenciação entre ilustrações e escrita, a aprendizagem da direção da escrita e as formas corretas de manipulação de livros (BRASIL, 2018, p. 40 apud SILVA, 2018).
De acordo com a BNCC (BRASIL, 2018, p. 40) o convívio com textos escritos, faz com que as crianças construam hipóteses sobre o que foi revelada na leitura. Essa construção começa com rabiscos, desenhos e pinturas, que na medida em que vão sendo feitos, vão conhecendo as letras e desenvolvendo escritas espontâneas, que indicam a compreensão do que foi lido, já representando um sistema de linguagem “formal” (apud SILVA, 2018).
Para Ribeiro (2010, p.7-8) [...] é na infância quando a criança está nesta fase de desenvolvimento e descobertas que se deve proporcionar-lhe este contato com os livros, fazendo com que ela perceba que através deles ela pode aprender a escrever, a imaginar, a pensar e a descobrir o mundo. Contar histórias é promover e estimular a leitura, o escrever, o desenhar, o imaginar, o brincar. [...] (apud SILVA, 2018).
Ler histórias é proporcionar nas crianças o sorrir, a gargalhada, o rir, o imaginar, o sonhar. Abramovich conta:
Ler histórias para crianças, sempre, sempre... É poder sorrir, rir, gargalhar com as situações vividas pelos personagens, com a ideia do conto ou com jeito de escrever do autor e, então, poder ser um pouco cúmplice desse momento de humor, de brincadeira, de divertimento... É através da história que se pode descobrir outros lugares, outros tempos, outros jeitos de agir e de ser, outra ética, outra ótica... É aprender História, Geografia, Filosofia, Política, Sociologia, sem precisar saber o nome disso tudo e muito menos achar que tem cara de aula... Porque se tiver, deixa de ser literatura, deixa de ser prazer e passa a ser didática. (ABRAMOVICH, 1997, p.17 apud CARDOSO & FARIA, 2016).
Para Nóbrega (2009, p.20) os contos partem de uma organização simples e dinâmica, “mantém uma estrutura fixa, partem de um problema vinculado à realidade que desequilibra a tranquilidade inicial, buscam soluções no plano da fantasia e necessitam de elementos mágicos para, enfim, trazer de volta a realidade”, possibilitando à criança interação com um mundo bem próximo de seu modo de percepção do mundo (apud CARDOSO & FARIA, 2016).
Para Cardoso & Faria (2016) a Literatura infantil, em destaque os contos de fadas, passou a influenciar a formação das pessoas, dividindo as personagens em belas e feias, boas e más, poderosos e sem poder, ajudando na compreensão dos valores e crenças sociais sustentando os princípios morais e éticos da sociedade em que vivemos.
Incluir a narração de histórias na rotina da educação infantil, ajuda no desenvolvimento do trabalho do educador, pois auxilia na aprendizagem da criança, fazendo uso do lúdico no momento do ensino. Segundo Coelho (1999). O professor deve trabalhar a oralidade, a espontaneidade, a socialização e a coordenação motora da criança, valorizando os benefícios que esse trabalho pode proporcionar sendo um aliado no desenvolvimento da fala, da leitura e da escrita. [...] (apud CARDOSO & FARIA, 2016).
Segundo Lima (2012, p.1 apud Ramalho, 2019) “as instituições de Educação Infantil devem proporcionar as crianças saberes e experiências de forma lúdica e prazerosa através das brincadeiras e das interações em meios às várias linguagens”.
Para Ramalho (2019) O ato de contar histórias para alunos dos anos iniciais de ensino fundamental I está intrinsicamente, relacionado ao desenvolvimento psicológico, afetivo e intelectual do educando, trata-se de uma metodologia capaz de transformar a realidade, quando empregada e desenvolvida adequadamente.
Sobre a importância do conto de fadas, Ramalho conta:
Faz-se necessário conscientizar o educador sobre a importância que os contos de fadas exercem sobre a formação integral da criança, porque é através da fantasia que ela interpreta e assimila a realidade que a rodeia. É da identificação com as personagens que ela tira as lições que precisa, buscando não apenas compreender o universo que a rodeia, mas também a solução para os conflitos que se apresentam. (RAMALHO, 2019)
Segundo Silva (2019) a escola tornou-se um auxiliar da literatura, fazendo com que as crianças entrem em contato com boas histórias, e levando-as a um mundo utópico com diversas aventuras e possibilidades. Além disso, o professor (contador) será o instigador do desenvolvimento da leitura de cada aluno, fazendo-o gostar ou não da leitura.
Ao oferecer as diversas oportunidades didáticas e educativas às crianças, os docentes estão capacitando-as para o desenvolvimento de todas as potencialidades da sua língua materna.
2.3 Que Histórias Contar e como contar
Para contar uma história a criança é necessário levar em conta alguns fatores relevantes a respeito da obra literária. Silva (2019) relata que São vários os fatores que devemos levar em contar antes de escolher a história, fatores estes como: faixa etária de idade da turma, o grau de entendimento, a realidade do aluno, a motivação esperada por eles, quais os materiais que devem ser usados na aula, e dentre outros. As histórias devem ser um discurso direto, pois este tipo de narrativa dá maior realismo a cena, tornando o fato mais presente. Sendo também importantes o número, a frequência com que aparecem, as oposições entre eles e suas características; e o enredo precisa seguir uma linearidade, com o desfecho feliz. (COELHO, 2000 apud RAMALHO, 2019).
Quando se inova na contação de história procurando um jeito diferente de contar a narrativa, a criança prestará mais atenção, surtindo assim o efeito mágico do conto, o encantamento e a motivação na criança. Mateus et al (2014) expõe:
A forma como ler e contar uma história faz toda a diferença como já mencionado, não é apenas a história em si, mas o “jeitinho” de contar que vai surtir o efeito mágico do conto que vai encantar e motivar a criança. A inovação na arte de contar histórias transforma um momento em único e mágico, que atravessa gerações e gerações. Estas histórias podem ser lidas ou contadas, podem transformar ou curar, mas, para que isso aconteça, é necessário ter responsabilidade e sensibilidade na escolha (MATEUS et al., 2014, p. 65 apud SILVA, 2019)
Silva (2019) aborda alguns contos infantis que a criançada ama ouvir:
Joãozinho e Maria, Branca de Neve e os Sete Anões, A Gata Borralheira e Rapunzel, Peter Pan, Pinóquio, Sítio do Pica-Pau Amarelo, Jeca Tatu, A Menina do Narizinho Arrebitado, As Princesas Também Soltam Pum, Quem Tem Medo de Monstro, Mas Que Mula, etc
Segundo Ramalho (2019) em geral, as histórias para crianças apresentam as seguintes características: personagens com forma humana, embora com aparência frequentemente alterada, objetos, animais, monstros e fenômenos naturais; realidade e fantasia entrelaçadas, pois a fantasia ajuda a entender melhor a realidade; linguagem simples, descontraída, com possibilidades de transgressões gramaticais, com humor e brincadeira.
Portanto deve-se escolher histórias que estejam relacionadas com a realidade, sendo muito fundamental a criança, pois devemos mostrar nas histórias infantis o bem e o mal, a tristeza e a felicidade, o ganhar e o perder, a morte e a vida, o céu e o inferno, relacionando-as a determinadas situações e sentimentos da nossa vida. Uma vez que a comunicação por meio da narração/leitura de histórias fala as crianças mais profundamente do que a linguagem literal. (SOUZA & BERNARDINO, 2011, P. 242 APUD SILVA, 2019).
Segundo Ramalho (2019) é preciso estimular o prazer do texto; a brincadeira com as palavras; a imaginação a partir das cores, das imagens e do próprio texto; o interesse pela troca de ideias; a curiosidade por assuntos relacionados à leitura; a reflexão integrada sobre o texto escrito e as ilustrações; e a busca única e exclusiva do prazer de ler.
Ler uma história várias vezes para as crianças estimulará sua imaginação, pois ela sempre observa algo novo no conto narrado. Silva (2019) relata:
Muitas vezes pensa em contar algo novo para as crianças, mas a repetição da história que já foi contada é sempre positiva e atraente, pois a criança sempre observa algo novo após uma nova leitura ou contação, um detalhe que não foi visto na primeira vez que foi lida a história.
Para Ramalho (2019) as histórias infantis estimulam na criança a liberdade de pensamento, leva-a a uma visão mais madura e crítica da realidade, favorecendo seu crescimento interior e despertando-a para o exercício pleno e gratificante do viver.
A descrição das histórias infantis deve ser de uma linguagem simples, e de fácil compreensão. Silva diz:
[...] a narração deve ser previsível para a criança, de fácil linguagem e entendimento, com figuras que possibilitem ser exploradas posteriormente com o uso da ludicidade. As narrativas permitirão às crianças um melhor desenvolvimento da capacidade de produção e compreensão do que foi lido. [...] (Silva, 2019)
Deve-se sempre ter o cuidado na estrutura de narração dos contos infantis, pois a didática no contar das histórias deve ser motivante e enriquecedora, principalmente nas séries iniciais. Segundo Mateus et al, (2014.p.67 apud SILVA, 2019) utilizar livros que abordam as histórias infantis, como metodologia indispensável para o desenvolvimento dos sujeitos e melhoria de seu desempenho escolar, respondendo a necessidades afetivas e intelectuais pelo contato com o conteúdo simbólico das leituras trabalhadas.
Para se contar uma história deve-se levar em conta alguns pontos fundamentais, como nos fala Mateus et al:
1 - as histórias podem ser lidas ou contadas; o contador deve levar vida às histórias, preocupando-se com a entonação de voz e a postura do corpo; b) sensibilidade ao multiculturalismo para escrever e contar as histórias; c) considerar as diversas possibilidades de frases para começar e terminar um conto; d) utilizar acessórios e utensílios como, por exemplo, fantoches é um excelente recurso para o ouvinte e para o contador lembrar a sequência da história, mas é preciso que seja simples, porém atrativo, principalmente para aguçar a curiosidade de crianças menores; e) preparar o ambiente, considerar as idades, falar com clareza, começar e finalizar as histórias; direcionar uma por dia é fundamental para uma boa contação; f) é essencial que, ao final, seja feita uma avaliação de todo o processo. (MATEUS, et al, pág. 25 apud SILVA, 2019).
Portanto, o professor que insere as histórias infantis em sua prática pedagógica proporcionará a criança diversas possibilidades de compreensão quando assimilada a sua realidade, não restringirá a sua significância a compressão da linguagem, mas desenvolverá a imaginação.
CONCLUSÃO:
O trabalho é uma reflexão a respeito da importância do uso das histórias infantis na prática pedagógica e sua relevante contribuição no processo ensino aprendizagem. Além de ser uma metodologia inovadora e motivadora na formação das crianças e na construção do seu conhecimento.
Foi possível concluir que a leitura por meio das histórias infantis proporciona nas crianças sentimentos de alegria, tristeza, afeto, amor, bondade, raiva, ódio, entre outras emoções.
As histórias no processo ensino aprendizagem é uma metodologia muito importante, pois estimula os educandos à leitura, ao desenvolvimento da linguagem, sendo um passaporte para a escrita, no qual desperta o senso crítico e principalmente faz a criança sonhar.
Quando a criança ouve uma história, ela começa a desenvolver a compreensão do mundo e de si mesmo, o aumento e a significação quanto às referências desenroladas nos contos, assim como a comunicação social, além de estimular a criatividade e a imaginação.
Quando introduzida corretamente a contação de história no planejamento escolar, proporciona a criança diversas possibilidades de compreensão quando assimilada a sua realidade, não restringe a sua significância somente a compressão da linguagem, mas principalmente desenvolve a imaginação.
Com certeza, é o estímulo à leitura é que tornará a criança uma leitora para o resto da vida. Ter muitos livros não é obrigatoriedade para que a criança se vislumbre com eles, mas há necessidade de atraí-las para o mundo da leitura, contagiando a paixão da arte de contar histórias.
REFERÊNCIAS:
ASSIS, Leonardo José Nunes de. A Contação de Histórias nos Anos Finais da Educação Infantil e Suas Contribuições nos Processos de Ensino e Aprendizagem. IN: Universidade Federal Rural de Pernambuco, 2018. Disponível em: https://repository.ufrpe.br/bitstream/123456789/860/1/tcc_leonardojosenunesdeassis
.pdf. Acesso: 11/10/2021.
CAMPOS, Ana Maria Antunes de. A Arte de Contar Histórias. IN: Portal Educação, 2020. Disponível em: https://siteantigo.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/idiomas/a-arte-de-contar- historias/23875. Acesso: 11/10/2021.
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