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USO DE ESTERÓIDES ANABOLIZANTE EM PRATICANTES DE MUSCULAÇÃO

Rogério Henrique Jr Gouveia Dos Santos[1]

 

RESUMO:

Os seres humanos desde seus primórdios procuram formas de melhorar seus rendimentos físicos e cognitivos com drogas ou psicotrópicos. Com o avanço da ciência na década de 30 foi sintetizada uma substância esteroide anabolizante androgênica, conhecida popularmente como anabolizante. Após isso correu uma revolução no meio esportivo, ao ponto que o comitê internacional do esporte passou a classificar como doping, uma forma de trapacear, pois a substância melhoraria a força, agilidade e resistência dos atletas. Não se imaginava que haveria efeitos colaterais a curto, médio e longo prazo. Posteriormente, na década de 70 com a expansão da musculação e do fisiculturismo pelo mundo, o uso dessas drogas ficou mais evidente e não era restrito somente entre atletas de elite, mas também as pessoas comuns que visam o estético sem obter informações, o que torna esse, um problema de saúde pública. 

 

PALAVRAS-CHAVE: Esteroides. Efeitos colaterais. Musculação.

 

ABSTRACT:

Humans from their earliest days look for ways to improve their physical and cognitive performance with drugs or psychotropes. With the advancement of science in the 1930s, an androgenic anabolic steroid, popularly known as anabolic, was synthesized. After that there was a revolution in sports, to the point that the international committee doesport came to classify as doping, a form of cheating, because the substance would improve the strength, agility and endurance of athletes. It was not imagined that there would be short, medium and long term side effects. Later, in the 1970s with the expansion of bodybuilding and bodybuilding around the world, the use of these drugs became more evident and not restricted only among elite athletes, but also the ordinary people who aim aesthetically without information, which makes this a problem. public health.

 

KEYWORDS: Steroids. Side effects. Bodybuilding.

 

INTRODUÇÃO

 

O consumo da testosterona com a finalidade de restaurar a ‘vitalidade’ datam de 1889, quando Bronw-Sequard relatou retardo no seu processo de envelhecimento após autoaplicação de um extrato de testículos (DUMBAR, 1889).

Foi sintetizada pela primeira vez, em 1935, desde então os andrógenos se tornaram disponíveis para o consumo visando fins terapêuticos e experimentais. Inicialmente houve pouco interesse por partes dos pesquisadores nas determinações dos efeitos das substâncias sobre desenvolvimento, manutenção e restabelecimento da força muscular em indivíduos jovens e idosos (UCHIDA et al., 2004; DUMBAR, 1889).

No início da década de 50, o fisiculturismo também conhecido como culturismo é o desporto que se baseia no uso de exercícios de resistência progressiva para controlar e desenvolver os músculos do corpo, a melhor formação muscular, e o halterofilismo que é a prática da ginástica ou do esporte competitivo de levantamento de pesos e halteres; halterofilismo, levantamento de peso, esses esportes foram os primeiros a fazerem a utilização de Esteroides Anabolizantes Androgênicos (EAA), com o intuito de melhorar a estética corporal e o desempenho como atleta. Este uso vem aumentando desde a década de 70, e se alastrou drasticamente entre os indivíduos praticantes de outras modalidades esportivas. A despeito de serem considerados substancias de uso proibido pelo comitê olímpico internacional (COI), e por federações desportivas nacionais e internacionais (NEVES, 2012; MOTTRAM, GEORGE, 2003; CARLINI-COTRIM, BARBOSA, 1993).

O consumo dos EAA não acompanhados por médicos, alcançaram proporções alarmantes e atingem diversos seguimentos das populações, tais como de academia de ginástica, até mesmo estudantes de nível médio (LINDSTRÖM et al., 1990; LAMBERT et al., 1998; EVANS, 1997; MAHARAJ et al., 2000; YESALIS, BAHRKE, 2000).  

Os EAA são derivados da testosterona utilizada por fins terapêuticos e do controle de diversas doenças, patologias que se pode adquirir por meios genéticos ou meio externos ao decorrer da sua vida. Sua comercialização e uso servem basicamente ao tratamento de paciente com queimaduras, doenças psicológicas, em recuperação de grandes cirurgias e para restabelecer o peso corporal dos sobreviventes da segunda guerra mundial. Na atualidade, os EAA estão sendo utilizados terapeuticamente no tratamento de diversas patologias, como alguns tipos de anemia, vírus da imunodeficiência humana (HIV), cirroses hepáticas, osteoporose, queimaduras e melhoria no ganho muscular em pessoas acamadas (FERREIRA et al, 2007; HANTGEM KEUPERS, 2004; BASARIA, WAHLSTROM, DOBS, 2001).

Entretanto os efeitos colaterais podem ocorrer mesmo em dosagens terapêuticas, sendo diversos fatores que influenciam nos benéficos e risco, como: quadro clínico do paciente, histórico familiar, produto consumido e sua dosagem, e seu tempo de exposição a substância e por fim, via que é feita a administração sendo algumas delas oral, intramuscular, epidérmica entre outras (BHASIN et al., 1998).       

Com base nos escritos acima o objetivo deste estudo de revisão é compreender, os aspectos gerais dos EAA, padrões de uso do EAA, seus mecanismos de ação e sua toxicidade no organismo como tais hepático, cardiovascular, gônadas e dermatológico.

 

METODOLOGIA

 

O trabalho trata-se de um artigo de revisão bibliográfica, de caráter descritivo e exploratório com apresentação de analises qualitativas. A pesquisa iniciou-se no mês de março de 2019.

O primeiro passo para a realização do trabalho foi selecionar textos teóricos para a aplicação dos conhecimentos sobre o assunto, logo após foi escolhido o problema pesquisa: “Quais os aspectos do uso de esteroides anabolizantes em praticantes de musculação?”. Em seguida foram selecionados alguns artigos científicos que esboçasse o assunto de forma mais especifica

Os artigos científicos foram pesquisados nas bibliotecas virtuais principalmente na Electronic Library online (Scielo), foram selecionados os materiais de artigos e livros disponíveis que visavam solucionarem o problema de pesquisa, e possibilitar a realização deste artigo de revisão.

 

DESENVOLVIMENTO

 

Os EAA são hormônios produzidos pelo córtex da supra- renal, ou gônadas, que são incumbidos por diversos encargos do organismo, tais como, controle metabólico ou características sexuais e utilizadas em clinicas medicas, mas também no meio esportivo devido a sua ação anabólica que são acrescentadas nestas substancias (DUMBAR, 1889).

A testosterona exerce efeitos androgênicos e anabólicos em diversos tecidos alvos, incluindo sistema reprodutor, sistema nervoso central, a glândula pituitária, sistema renal, hepático, cardíaco, muscular e esquelético (CUNHA et al., 2004).

 

TIPOS DE EAA

Os EAA são normalmente divididos em dois aspectos, os EAA sintéticos e os naturais cada possui um aspecto particular (LISE et al., 1999).

As substâncias EAA sintéticas vêm com propriedades de estimular a massa muscular e outros tecidos do corpo, dá-se o nome de anabolizante – essa denominação vem de anabolismo, que é o processo através do qual o corpo constrói músculos mais fortes e maiores (LISE et al., 1999).

Os anabolizantes naturais são produzidos a partir de compostos naturais (vitaminas) e a sua função é a mesma dos esteroides, que é a construção de músculos, queima de gordura e energia. São ricos em aminoácidos, ervas minerais e vitaminas, que contribuem para a manutenção dos tecidos. Um anabolizante natural gera uma ação anabólica que ajuda a estimular a produção natural de hormônios, como a testosterona e o hormônio do crescimento. O objetivo é fazer o organismo da pessoa, produzir mais daquele hormônio próprio e não ingerir ou aplicar um hormônio sintético extra ao corpo (LISE et al., 1999).

Os esteroides anabolizantes sintéticos e semissintéticos, foram desenvolvidos a partir de alterações químicas da testosterona, seus precursores e metabólicos, e introduzido nas terapêuticas em meados do século XX para uso de diversas patologias, as alterações na estrutura original visaram diminuição efeitos androgênicos e aumento a capacidade anabolizante (PEDROSO, 2013)

Os esteroides anabolizantes naturais, são conhecidos como endógenos, entre os quais a testosterona é a mais importante, são responsáveis pelo desenvolvimento das características masculinas, no homem adulto e nos adolescentes, a androstenedionas, testosterona, di-drotestosterona, são secretadas pelos testículos a concentração varia de 0,2 e 1,0ug\dl no plasma sendo produzido diariamente entre 2 a 10 mg (PEDROSO, 2013).

 

PADRÃO DE USO DOS EAA

O consumo de drogas a fim de melhorar o desempenho físico é muito antigo, pode ser observado em diversos momentos da história da humanidade, com intuído de superar limites. Também vemos relatos do uso de plantas, ervas e cogumelos, com a intuição de favorecer o desempenho dos atletas são encontrados desde as olimpíadas na Grécia antiga, que foram iniciadas em 800 a.C. (ROSA, 2014).

Na atualidade o fator que induziu usuários e ex-usuários de esteroides a praticarem musculação foi à possibilidade de melhora na estética corporal (82%), seguido da manutenção da saúde (41%). Não usuários de EAA declararam ter essas mesmas motivações distribuídas entre 69% e 67%, respectivamente. O principal incentivo para o uso de esteroides foi à melhoria da aparência, com a mesma incidência de 82% (SILVA, MOREAU, 2003).

Os EAA utilizados pela maioria dos usuários e ex-usuários, são estanozolol e decanoato de nandrolona. Alguns produtos são preferidos pelos usuários, como os ésteres de testosterona e oximetolona, enquanto que outros só foram relatados por eles, como metandrostenolona, oxandrolona, trembolona e mesterolona, só foram relatados pelos usuários. Preferencialmente os usuários (53%) utilizam dois tipos de esteróides durante uma série (período de administração que varia de 6 a 12 semanas). Cinco ou mais compostos foram utilizados por 24% dos usuários, seguido de três tipos de EAA por 12% dos mesmos (SILVA, MOREAU, 2003).

No mínimo, 64% dos usuários e ex-usuários fazem uso de outros produtos em associação com EAA. Dentre eles, os mais citados foram efedrina e clembuterol. De maneira geral, usuários associam outros produtos com maior frequência do que faziam os ex-usuários. A tendência dos usuários é utilizar principalmente efedrina e, em segundo lugar, clembuterol, inversamente em relação aos ex-usuários. Também utilizam com maior frequência o tamoxifeno e outros produtos que não foram utilizados pelos ex-usuários (SILVA, MOREAU, 2003).

 

MECANISMOS DE AÇÃO DOS EAA

O mecanismo de ação dos EAA até o momento, ainda possui algumas controvérsias.  Os EAA substanciam sintéticas, equivalente a testosterona, pode ser consumida oral ou injetável. Esta substancia pode atuar diretamente em alguns receptores específicos, sendo que uma vez na circulação, são transportados pela corrente sanguínea como mensageiros, na forma livre ou combinada as moléculas transportadoras, mas somente em sua forma livre se difunde através da membrana plasmática de células- alvo liga-se a receptores proteico intracelular por isso só, gera maior produção de ampc (adenosina monofosfato cíclico). Aumentando assim o metabolismo (LISE et al., 1999).

FIGURA 1.  Desenvolvimento de um esteroide. FONTE: ROCHA, AGUIAR, RAMOS, 2014.


Os hormônios esteroides desenvolvem (figura 1), um núcleo básico derivado da estrutura química do colesterol, portanto são hormônios de natureza lipídica. A biossíntese dos hormônios esteroides é restrita a poucos tecidos, como o córtex das glândulas adrenais e gônadas, os quais demonstram diferentes formas do complexo enzimático P-450, responsável pelo processamento da molécula de colesterol. Os andrógenos são hormônios sexuais masculinos e representam uma das classes de hormônios esteroides, são produzidos, pelos testículos e, em menores proporções, pelas adrenais. O principal hormônio produzido pelo testículo é a testosterona (BIANCO, RABELO, 1999). 

 

EFEITOS TERAPÊUTICOS DO EAA

Os EAA são um grupo de compostos naturais e sintéticos formados a partir da testosterona ou um de seus derivados, cuja indicação terapêutica clássica está associada a situações de hipogonadismo e quadros de deficiência do metabolismo proteico, são utilizados no tratamento da AIDS, anemia, queimaduras e melhoria no ganho muscular em pessoas idosas ou acamadas (CUNHA et al., 2004).        

Em pacientes com AIDS, o hipogonadismo é manifestação endocrinológica mais frequente, chegando a ocorrer em até 50% dos homens com AIDS. Manifesta-se clinicamente por diminuição da libido, impotência progressiva e alterações na composição corporal, com diminuição da massa magra. A reposição com derivados de testosterona está indicada para os pacientes com deficiências hormonais documentadas laboratorialmente, devendo haver correlação clínico laboratorial. O tratamento medicamentoso, em geral se associa com retorno da libido e da potência, assim como o ganho da massa muscular, devendo ser monitorizada a função hepática, devido ao risco de hepatite medicamentosa (PONTE, GURGEL, MONTENEGRO, 2009).

Se tem conhecimento de que esteroides anabolizantes possuem um alto potencial de estimular a produção de glóbulos vermelhos do sangue, e por essa razão em alguns casos de anemia como a anemia falciforme podem ser tratados com EAA. Também são utilizados em quadros agudos queimaduras em que os pacientes podem apresentar deficiência no metabolismo proteico (CUNHA et al., 2004).

Tratando-se de substâncias hormonais, idosos com cerca de 80 anos apresentam um declínio de níveis de testosterona e andrógenos com a idade, existindo uma relação entre queda de testosterona e declínio de massa e força muscular evidenciado por estudos epidemiológicos, por essa razão o uso de EAA no tratamento da perca da massa muscular é eficiente (GODOY et al., 2017; SILVA et al., 2006).

Apesar de ser usado terapeuticamente os EAA possuem efeitos adversos tóxicos, por essa razão devem ser utilizados acompanhados de um profissional médico (CUNHA et al., 2004).

 

PRINCIPAIS EFEITOS TÓXICOS DOS EAA

 

Musculoesquelético

Os EAA podem ocasionar, em crianças e adolescentes o fechamento antecipado das epífises, causando diminuição no crescimento (LAMBERT; TITLESTAD, SCHWELLNUS, 1998)

Em pauta às mudanças no aparelho locomotor, o uso indiscriminado de EAA pode aumentar drasticamente o risco de lesões musculotendíneas, pois a estrutura osteoarticular não consegue acompanhar a evolução muscular, inibindo a síntese de colágeno em ligamentos e tendões do usuário de EAA (FERREIRA et al., 2007; HOFFHMAN, RATAMESS, 2006).

Horn, Gregory e Guskiewicz (2009), citam sobre o índice de lesões musculoesqueléticas em ex-jogadores de futebol americano, usuários e não usuários de EAA. Os dados apontam maior tendência de lesões nas articulações, cartilagens, meniscos e ligamentos no grupo que possui um consumo de EAA.

Uma pesquisa de acontecimentos, atribuiu maior possibilidade de rompimento bilateral do tendão do quadríceps em fisiculturistas após uso abusivo e prolongado de EAA e outras substancias por, aproximadamente, 10 anos (DAVID et al., 1995).

 

Hepático

Os efeitos hepáticos decorrentes do consumo de esteroides anabolizantes estão entre os mais cotidianos e graves, dentre os quais podemos destacar aumento dos níveis de marcadores enzimático de toxicidade no fígado, podendo ocasionar pato-toxidade, além de hepatomegalia, adenoma hepatocelular (tumor de origem epitelial) entre outros (SCHWINGEL et al., 2011; VIEIRA et al., 2008).

Um estudo publicado na Liver Internacional realizado por pesquisadores brasileiros avaliou a prevalência de doenças hepáticas gorduras não alcoólicas, através ultra cenografia abdominal em 85 sujeitos do sexo masculino que tinha histórico de uso intramuscular de EAA, pelo período superior de dois anos.  Revelaram casos de hepatomegalia em 12,6% e esteatose hepática (deposito de gordura no fígado) em 13,7% dos sujeitos pesquisados (SCHWINGEL et al.,2011)

O risco para problemas hepáticos parece estar mais relacionado ao consumo abusivo relacionado principalmente, o uso abusivo dos EAA, orais (17a–alquilados) por serem mais tóxicos e resistentes ao metabolismo hepático. (HOFFHMAN; RATAMESS, 2006)

 

Cardiovascular

O risco cardiovascular destaca-se a hipertrofia do ventrículo esquerdo acima dos graus fisiológicos, como um fator de risco independente para mobilidade e mortalidade. Esse risco tem sido relacionado à arritmia ventricular e a morte súbita (DORNAS; OLIVEIRA; NAGEM, 2008; FINESCHI et al., 2001).

Verificaram que uso de EAA associado ao treinamento aeróbico em ratos gerou adaptações negativas no sistema cardiovascular, como hipertrofia cardíaca patológica, caracterizada pela diminuição das funções diastólica (CARMO et al., 2011). 

Encontraram, inicialmente, 74mmhg na pressão arterial diastólica e, após 10 semanas de automedicação e altas doses de EAA a mesma aumentou para 86mmhg (KUIPERS et al., 1991).    

Não encontraram diferenças significativas em relações aos valores das pressões artérias diastólica e sistólica em compararem não usuários, usuário, ex usuários de EAA. Porem 8% do grupo dos não usuários, 29% dos usuários e 37% dos ex-usuários eram hipertensos (O’SULLIVAN et al., 2000).

Confrontando os achados á cima, vários autores não constataram diferenças significativas na morfologia cardíaca de fisiculturistas por meio do exame de eco cardiograma, após a administração de diversos EAA pelo período de dois anos. Essas divergências na literatura parecem dependerem das condições de vários fatores como; tipo de EAA a ser utilizado, associações com outras drogas (insulina e estimulantes) pré disposição genéticas, entre outros fatores (CARMO et al., 2011; BONETTI et al., 2008; DORNAS; OLIVEIRA; NAGEM, 2008; FINESCHI et al., 2001).

 

Hipogonadismo

Em relação ao sistema geniturinário, os EAA podem ocasionar ao homem diminuição dos espermatozoides (oligospermia), atrofia testicular a radicalização espermatozoides na ejaculação (azoospermia) por inibição da secreção de gonadrofina, bem como também a conversão dos androgênicos em estrogênios, alem de ocasiona uma ereção dolorosa e persistente, denominada priapismo (BONETTI et al., 2008; ABRIL et al., 2005).

Ao avaliar esta realidade masculina em ex usuários EAA observa que em 80,9% ocorreu a zospermia e oligosperma, mas ocorrendo uma melhora no quadro clinico em 6,3 meses após parar o uso (ABRIL et al., 2005).           

Em nove atletas de fisiculturismo que utilizavam EAA por mais de três anos os resultados do espermograma, mostraram um quadro compatível com infertilidade (GUERRA, BION, ALMEIDA, 2005).

Uma pesquisa com atletas fisiculturistas que nunca tiveram contato com EAA e posteriormente, iniciaram a administração dessas drogas, revelou- se, que após dois anos de acompanhamento, redução significativamente do volume testículo esquerdo p<0,001 e o direito p<0,05, assim como casos de azoospermia e oligosperma em alguns atletas (BONETTI et al., 2008).

Os efeitos no aparelho reprodutor feminino incluem redução dos níveis circulatório do hormônio luterizante, hormônio folículo- estimulante, dos estrogênios e da progesterona, inibição da ovulação; alterando o ciclo menstrual (IP et al., 2010).

Alguns efeitos nas mulheres são irreversíveis tais como: hipertrofia do clitóris aumento dos pelos faciais e corporais a alterações no timbre de voz, levando consideração que a testosterona sintética logo a mulher adquira características masculinas como quais se denomina masculinizarão (IP et al., 2010; FERREIRA et al., 2007; HOFFHMAN; RATAMESS, 2006).

 

Dermatológicos

A acne parece ser um dos efeitos mais cotidianos e comuns relacionado ao uso abusivo e descriminado dos EAA. Um estudo revelou prevalência de 63,4% de acne em usuários de EAA (PARKISON; EVANS, 2006; O’SULLIVAN et al., 2000; LAMBERT; TITLESTAD; SCHWELLNUS, 1998; EVANS, 1997).

Provavelmente causa desses efeitos adversos estarem relacionado a estimulo das glândulas sebáceas em produzir mais óleo. Os locais mais comuns a ser afetadas são face e as costas (HOFFHMAN; RATAMESS, 2006).

Outro efeito colateral bem comum são as estrias, atingindo normalmente a região axilar e deltopeitoral (EVANS, 1997)

As estrias estão relacionadas ao rápido crescimento muscular. A única maneira de evitar essas marcas é aumentar, de forma fisiológica, a sessão transversa do tecido musculoesquelético, contribuído assim, para uma melhor adaptação do tecido epitelial. (PARKINSON; EVANS, 2006).

 

CONCLUSÃO

 

A testosterona foi sintetizada pela primeira vez em 1935 para fins terapêuticos, porém na década de 50, atletas de categorias esportivas como o fisiculturismo e halterofilismo começaram a utilizar esses esteroides com intuito de melhorar seu desempenho e estética corporal como atleta, esse uso se alastrou drasticamente até chegar em atletas de outras modalidades esportivas.

A drástica disseminação do uso indiscriminado dos EAA sem acompanhamento médico alcança proporções alarmantes, o que levou essa droga a ser considerada uma substância de uso proibido pelo comitê olímpico internacional (COI), e além de atletas já estava sendo utilizado popularmente, deixando a situação cada vez mais grave.    

Com o acompanhamento médico os EAA possuem efeitos benéficos como no tratamento da AIDS, anemia, queimaduras e melhoria no ganho muscular em pessoas acamadas, mas mesmo como acompanhamento terapêutico os efeitos colaterais são relatados.

Apesar dos EAA possuírem efeitos terapêuticos atualmente o fator que mais induz o uso de esteroides, é a possibilidade de melhora na estética corporal, o que representa a maioria dos casos de efeitos colaterais independentemente do tempo de uso sendo de curto, médio ou longo prazo, o uso dessa substancia pode causar problemas renais, cardiovasculares, hipogonadismo, problemas hepáticos e dermatológicos.

Salienta-se que o uso com orientação médica é benéfico apesar dos efeitos adversos, porém o uso indiscriminado caracteriza um problema de saúde pública.

 

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

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[1] Faculdade de Colíder – FACIDER. O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.