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O LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL: O LÚDICO E SUA IMPORTÂNCIA NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM E NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL 

Euzeli Dos Anjos Manfré Guevara

Solimar Aparecida dos Santos Silva

 

RESUMO 

Ao longo dos anos a educação tem passado por diversas mudanças e todas elas com o propósito de melhorar o processo de ensino. Inúmeros estudos têm sido desenvolvidos no sentido de compreender os aspectos relacionados ao processo de ensino e as dificuldades enfrentadas pelo educador no exercício de sua profissão. Estudos apontam o uso do lúdico como aliado do processo de ensino. Sendo assim, esse trabalho teve como objetivo: Verificar se o uso da ludicidade no processo de ensino da criança, favorece o seu crescimento escolar e facilita o desenvolvimento físico, motor, psicológico, intelectual, social e cultural da criança. Foi possível constatar que o lúdico tem sido um instrumento eficaz no processo de ensino, e que por fazer parte da vida de todos os indivíduos e acontecer de forma natural, torna-se um instrumento de fundamental importância no processo de ensino. Ao utilizar o lúdico no ensino, a aprendizagem se torna muito mais significativa e prazerosa, facilitando a assimilação de conteúdo, tornando o desenvolvimento da criança em uma divertida tarefa, levando-a a se interessar cada vez mais pelo aprendizado e colaborando diretamente no alcance dos objetivos com a educação. Nesse contexto, pode-se afirmar que o lúdico é eficaz e colabora positivamente com o processo de desenvolvimento infantil quando utilizado como instrumento facilitar do processo de ensino infantil. 

 

Palavras-chave: Brincar. Lúdico. Desenvolvimento. 

 

 

INTRODUÇÃO 

 

Em meio a tantas dificuldades encontradas no processo de ensino atualmente é importante compreender os aspectos relacionados ao processo de ensino, e adotar métodos que visem facilitar o processo de ensino do aluno.  

A docência na educação infantil tem sido um desafio enfrentado por educadores que anseiam colaborar com o desenvolvimento do aluno de forma mais eficaz. Considerando esse e outros aspectos, optou-se por trabalhar com a educação infantil, abordando o uso da ludicidade no processo educacional. 

Dentre todos os desafios enfrentados por educadores, destacam-se: estruturas sucateadas, falta de recursos didáticos, salário insatisfatório, salas superlotadas por falta de estruturas físicas que comportem a demanda de alunos, ausência da presença dos pais na vida escolar da criança, e crianças com históricos familiares que interferem diretamente no processo de aprendizagem. Diante dessa situação é sumamente importante que o educador possa lançar mão de um método que facilite o processo de ensino aprendizagem e colabore mais eficazmente no desenvolvimento social, cultural e intelectual da criança. Nesse contexto, o lúdico tem se destacado em diversas pesquisas, sendo apontado como grande facilitador do processo de ensino aprendizagem da criança, e portanto, fundamental para o educador que visa atender aos objetivos e colaborar com o desenvolvimento da mesma.  

Com vistas a compreender melhor a temática, surgem as seguintes perguntas: O uso do brinquedo e de métodos lúdicos podem colaborar com o desenvolvimento educacional da criança? O lúdico pode ser um instrumento eficaz no processo do ensino? Ao usar o lúdico o educador obterá maior êxito no processo de ensino e promoverá o devido crescimento intelectual, social e cultural do aluno? 

O objetivo principal desse trabalho é: Verificar se com o uso da ludicidade no processo de ensino, a criança se desenvolve em seu processo escolar e facilita o desenvolvimento intelectual, social e cultural da criança. 

Nesse contexto, esse trabalho está subdividido em três capítulos, onde o primeiro indica como surgiu o uso do lúdico e sua importância no desenvolvimento infantil. O segundo capítulo aponta o lúdico como facilitador do processo de ensino e como o brinquedo pode colaborar com o desenvolvimento da criança e facilitar a aprendizagem da mesma. O terceiro capitulo da maior ênfase ao lúdico como instrumento facilitador do ensino, e aponta as fases de desenvolvimento infantil. 

Por meio deste trabalho, espera-se colaborar com a compreensão sobre a temática discutida, e sua importância no desenvolvimento infantil, facilitando o processo de ensino, sendo um eficiente método na educação da criança. Assim, esse trabalho é indicado ao leitor que busca conhecimentos que o leve a ampliar os horizontes quanto ao processo de ensino da criança.  

 

 LÚDICO 

 

 História e conceitos do lúdico 

 

Os registros históricos apontam Melanie Klein, uma psicanalista como uma das primeiras a utilizar o lúdico como uma estratégia que facilitasse o processo de análise comportamental de crianças, e passou a entender que "se o brinquedo não fosse apenas 'brinquedo,' uma atividade casual e gostosa, mas fosse também a manifestação de aspectos da personalidade, então teria ele algum sentido" (SIMON, 1986), e poderia revelar alguns aspectos da situação em que vivia a criança. Klein chegou, portanto, à conclusão que "o brincar é uma linguagem que a criança fala” (KLEIN, apud PETOT, 1987). 

A princípio, sua ideia a respeito do lúdico foi rejeitada, entretanto com o passar dos anos, mais e mais estudiosos passaram a observar a relação de todos os indivíduos com o brincar e a imaginação da criança ao se colocar no lugar de um adulto em uma brincadeira, se passando por alguém que lhe foge à realidade, porém com a qual a criança passa a reproduzir comportamentos e consequentemente, aprender por meio do faz-de-conta (SEGAL, 1975). 

Do latim a palavra ludus é usada ao referir-se a toda a rede de significados do jogo. De acordo com Huizinga (2008, p. 41), “ludus abrange os jogos infantis, a recreação, as competições, as representações litúrgicas e teatrais e os jogos de azar”. Entretanto, deve-se reforçar que o significado vai além das ações da criança, incluindo também as ações dos adultos e os efeitos resultantes dessas ações (MASSA, 2015). 

Nesse contexto, se observa que a ludicidade está presente não apenas na vida da criança, mas também na vida do adulto, o qual de forma diferente ainda utiliza do lúdico para se divertir, ensinar, aprender e comunicar-se, sendo portanto um comportamento presente na vida de todos os indivíduos, independentemente da idade do mesmo. 

 

 A importância do lúdico 

 

A ludicidade faz parte do cotidiano de todos os indivíduos desde seus primeiros meses de vida, e é tão natural quanto respirar. Tão importante quanto se alimentar, pois por meio do brincar a criança passa a vivenciar situações e a aprender princípios que irão colaborar com seu desenvolvimento como um todo. 

Segundo Oliveira (2002, p. 34),  

 

Por meio da brincadeira, a criança pequena exercita capacidades nascentes, como as de representar o mundo e distinguir entre pessoas, possibilitadas especialmente pelos jogos de faz de conta e os de alternância, respectivamente. Ao brincar a criança passa a compreender características dos objetos, seu funcionamento, os elementos da natureza e os acontecimentos sociais. 

 

Por intermédio do brincar a criança aprende, vivencia novas experiências, se permite adentrar um novo mundo, o qual para ela é desconhecido, porém com uma proposta de diversão e aprendizado constante, no qual ela vive uma realidade imaginaria onde não se sente sob pressão de responsabilidades, deveres ou obrigações diárias; apenas momentos agradáveis em que sua imaginação flui e lhe possibilita ser o que lhe bem aprouver. Segundo Huizinga, (2008, p. 33), 

 

O jogo é uma atividade ou ocupação voluntária, exercida dentro de certos e determinados limites de tempo e de espaço, segundo regras livremente consentidas, mas absolutamente obrigatórias, dotado de um fim em si mesmo, acompanhado de um sentimento de tensão e de alegria e de uma consciência de ser diferente da vida quotidiana. 

 

Desse modo, observa-se que o jogo é de grande importância ao desenvolvimento infantil, pois por intermédio dele a criança aprender que as regras são importantes e que são parte importante da vida de todos os indivíduos, sobretudo, quando se vive em comunidade, onde se tem obrigações, direitos e deveres a serem cumpridos e respeitados. 

De acordo com Chaparro (2007, p. 17),  

 

A Brincadeira infantil constitui uma situação social onde, ao mesmo tempo em que há representações e explorações de outras situações socais, há formas de relacionamento interpessoal das crianças ou eventualmente entre elas e um adulto na situação, formas estas que também se sujeitam a modelos, a regulações, e onde também está presente a afetividade: desejos, satisfações, frustrações, alegria, dor. 

 

Segundo Oliveira (1993, p. 160), é por intermédio do brincar que a criança pequena exercita suas capacidades, vivenciando situações por meio de jogos e faz-de-conta. Brincando a criança passa a entender as características dos objetos, funcionamento, texturas, cores, sons, bem como a conhecer os elementos da natureza e comportamentos sociais. Assim, nota-se que o lúdico é de fundamental importância ao desenvolvimento da criança, e por esse motivo deve fazer parte do cotidiano da criança, promovendo seu desenvolvimento e aprendizado de forma eficaz e prazerosa.  

  

 O lúdico e a educação 

 

A educação tem ao longo dos últimos anos, enfrentado muitos desafios, onde o educador tem buscado investir cada vez mais em especializações e reciclagens com o intuito de compreender os aspectos envolvidos no processo de ensino bem como as dificuldades apresentadas pelo mesmo. Nesse contexto, inúmeros estudos têm sido desenvolvidos visando compreender qual a metodologia mais apropriada para o processo de ensino, de modo a atender a demanda educacional de todas as crianças, sem, no entanto, deixar de atender aos direitos da criança no que diz respeito ao processo de ensino-aprendizagem, propondo as mesmas o ensino que lhes garanta o desenvolvimento como um todo. 

Dentre os aspectos a serem uma das garantidos pela instituição de ensino é o direito de se expressar, movimentar-se e ter no processo de aprendizagem propostas que lhes permitam desenvolver-se de modo geral. De acordo com o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil – RCNEI,   

 

Ao movimentar-se, as crianças expressam sentimentos, emoções e pensamentos, ampliando as possibilidades do uso significativo de gestos e posturas corporais. O movimento humano, portanto é mais do que simples deslocamento do corpo no espaço: constitui-se em uma linguagem que permite às crianças agirem sobre o meio físico e atuarem sobre o ambiente humano, mobilizando as pessoas por meio de seu teor expressivo (RCNEI, 2002, p. 15). 

 

Andar correr, arremessar, saltar são resultados de interações sociais e da relação que os homens praticam com o meio em que vive, e todas essas atitudes são formas de linguagem. 

A partir desse pressuposto as instituições devem desenvolver atividades com qualidade, bem como trabalhar sempre com profissionais experientes e que desenvolvem seu trabalho com amor, pois seus esforços se refletirão às crianças confiança, respeito e dedicação, visto que todas as crianças têm do direito de ter acesso à educação sem preconceitos e com liberdade de expressar suas opiniões e interesses. 

De acordo com o parecer 022/98 CNE/CEB/MEC:  

 

Todas as crianças, sem preconceitos ou discriminação, sejam consideradas como sujeitos de direitos: de afeto, de aprender, de brincar, de querer, de não querer, de receber atenção e cuidados que preservem sua vida com dignidade, além do direito de expressar-se livremente, emitindo seus interesses e opiniões. 

 

As atividades deverão ser direcionadas à formação da criança levando em consideração suas especificidades nos mais variados aspectos, de maneira que possam desenvolver suas habilidades física, mental, etc.; de maneira que possa se desenvolver como ser humano na relação social, na saúde e educação. 

Segundo alguns autores, brincar é uma linguagem infantil que ocorre no plano da imaginação, articulando a imitação da realidade. 

De acordo com o Parecer, 22/98 CNE/CEB/MEC: 

 

Os programas a serem desenvolvidos em centros de Educação Infantil, ao respeitarem o caráter lúdico, prazeroso das atividades e o amplo atendimento às necessidades de ações planejadas, ora espontâneas, ora dirigidas, ainda assim devem expressar uma intencionalidade e, portanto, uma responsabilidade correspondente, que deve ser avaliada, supervisionada e apoiada pelas Secretarias e Conselhos de Educação especialmente as municipais, para verificar sua legitimidade e qualidade. 

 

Segundo a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) 9394/96 – seção II artigo 29, a educação infantil, que constitui a primeira etapa da educação básica, visa o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, e deve atender a sua demanda educacional em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, de modo a complementar as ações da família e da comunidade na qual a criança está inserida (Lei 9394/96, artigo 29) (OLIVEIRA, 2002, p. 49). 

Desse modo, as instituições de ensino devem propor um ensino que atenda a demanda educacional do aluno e se ajuste as suas necessidades tanto individuais quanto coletivas, bem como uma estrutura física que favorece um desenvolvimento saudável e completo da criança. Assim, as instituições de educação, 

 

[...] devem favorecer um ambiente físico e social onde as crianças se sintam protegidas e acolhidas, e ao mesmo tempo seguras para se arriscar e vencer desafios. Quanto mais rico e desafiador for esse ambiente, mais ele lhes possibilitará a ampliação de conhecimentos acerca de si mesmas, dos outros e do meio em que vivem (RCNEI, 2002, p. 15). 

 

Considerando essas recomendações do RCNEI, nota-se a necessidade de as instituições de ensino propor uma educação que insira cada vez mais a ludicidade em seu currículo e plano de ensino, de modo que os direitos da criança sejam garantidos, e consequentemente, ela possa vivenciar o desenvolvimento nos âmbitos social, intelectual, físico, cultural, psicológico e moral, tornando-se um indivíduo com capacidade de defender suas opiniões e princípios, tendo senso crítico e capaz de tomar decisões por conta própria. 

 

PROCESSOS DE APRENDIZAGEM, COMO O LÚDICO PODE AUXILIAR NESTE PROCESSO 

 

 A contribuição do lúdico na Educação infantil 

 

Brincar é um comportamento natural do ser humano, e por se tratar de algo peculiar, torna-se imprescindível e indissociável à vida de todos os indivíduos, e quando se trata da educação infantil, uma fase importante na aquisição do prazer pelo aprendizado, e esse comportamento pode se tornar um instrumento de fundamental importância no processo de ensino. 

Segundo Santos e Cruz, (2001, p. 115) “[...] brincar é viver, e as crianças brincam porque esta é uma necessidade básica, assim como a nutrição, a saúde, a habitação e a educação”. Desse modo, o educador infantil tem a sua disposição uma forma prazerosa de ensinar a criança, promovendo-lhe ao mesmo tempo, o prazer em se divertir, e satisfação em aprender. 

Por se tratar de um instrumento eficaz, e promover o desenvolvimento de várias habilidades, o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, defende que: 

 

As [...] as brincadeiras envolvem aspectos ligados à coordenação do movimento e ao equilíbrio. [...] as crianças precisam coordenar habilidades motoras como velocidade, flexibilidade e força, calculando a maneira mais adequada de conseguir seu objetivo (BRASIL, 1998, p. 34).  

 

O aprender pode ficar muito mais prazeroso e viabilizar a socialização entre crianças quando se utilizar da ludicidade no processo de ensino. Valle (2010, p. 51), afirma que utilizar os jogos como elementos no auxílio da socialização da criança tem sido uma excelente possibilidade de promover o aprendizado de forma lúdica, onde a criança aprende brincando. 

Entretanto, é importante que o educador saiba como explorar as inúmeras possibilidades quando se utiliza do lúdico no ensino. Ele deve atentar para seu real objetivo com a atividade, e utilizar a ludicidade como um instrumento que lhe auxilie a alcançar sua proposta de ensino, ano mesmo tempo que proporciona aos alunos, momentos de prazer e eficaz aprendizado. De acordo com (LOPES, 2010, p. 58), “De nada adianta conhecer a brincadeira ou o jogo psicomotor, se não souber aplicá-lo com significados no processo de ensino-aprendizagem”.  

Nesse contexto, observa-se o quanto o lúdico pode ser eficaz no processo de ensino, e colaborar com o desenvolvimento da criança, facilitando o ensino-aprendizagem da mesma. Volpato, (2002), pontua que é importante que a brincadeira esteja inserida no processo de ensino nas mais variadas situações e sob as mais diversas formas, incluindo as series iniciais, ou seja, na educação infantil.  

O objetivo da educação infantil no processo de desenvolvimento da criança, segundo a LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, na Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, no Art. 29º é “[...] o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade” (BRASIL, 1996, p. 12). Desse modo, a educação infantil tem papel fundamental no desenvolvimento da criança, e deve atender as necessidades mais básicas do aluno, de modo a propiciar-lhe o crescimento individual e formação intelectual, explorando suas capacidades e atendendo a demanda educacional de cada um. 

Nessa ótica, “o professor deve refletir sobre as solicitações corporais das crianças e sua atitude diante das manifestações da motricidade infantil, compreendendo seu caráter lúdico e expressivo” (BRASIL, 1998, p. 38).  

Colaborando com a discussão, Aroeira, (1996, p. 72), afirma que “O papel do professor é estimular, orientar e acompanhar o aluno na exploração dos jogos”. Assim, a proposta do educador deve contemplar as mais diversas áreas do desenvolvimento infantil, e incluir em seu plano de ensino, atividades lúdicas que colaborem com a construção do saber de forma mais ampla e funcional, tendo como instrumento didático o lúdico, explorando as possibilidades que os jogos oferecem. 

Segundo Perez et al., (1993, p. 126), 

 

O jogo libera os sentidos, deflagra mil possibilidades de ver uma certa coisa, aqui e agora, ontem, depois, no infinito; produz escolhas ou recusas; dá sentido; potencializa o indivíduo pela vivência inventada, construída, e pela capacidade, a partir dessa vivência, inferir novas projeções lúdicas, vislumbrar novas projeções relacionais. 

 

Valle, (2011, p. 31), contribui com a discussão, e afirma que “a brincadeira desenvolve a motricidade, permite experiências de afeto, além de funcionar como estímulo para a linguagem e outras funções cognitivas”. Desse modo, evidencia-se que os jogos, são uma estratégia que auxilia no processo de ensino-aprendizagem e favorece positivamente o desenvolvimento da criança, e por esse motivo, deve fazer parte do plano de ensino do educador para a educação infantil. 

Segundo o RCNEI, deve-se organizar planejamentos onde haja: 

 

Participação em brincadeiras e jogos que envolvam correr, subir, descer, escorregar, pendurar-se, movimentar-se, dançar etc., para ampliar gradualmente o conhecimento e controle sobre o corpo e o movimento. 

Utilização dos recursos de deslocamento e das habilidades de força, velocidade, resistência e flexibilidade nos jogos e brincadeiras dos quais participa. 

Valorização de suas conquistas corporais. 

Manipulação de materiais, objetos e brinquedos diversos para aperfeiçoamento de suas habilidades manuais (BRASIL, 1998, p. 36). 

 

Conforme se observa, a ludicidade é definitivamente uma estratégia tem sido uma grande aliada no ensino, e que tem sido amplamente abordada por estudiosos, os quais apontam a importância da mesma para o ensino, visto que a ludicidade promove o desenvolvimento intelectual motor, físico, logico e social a criança (MACCRINE, 2010, p. 27).  

 

  O lúdico como facilitador da aprendizagem 

 

A ludicidade tem sido apontada como uma forma divertida, motivadora e eficiente de ensinar, e favorecendo o desenvolvimento infantil como um todo, sendo uma aliada no processo de ensino-aprendizagem na educação infantil. Por se tratar de um método que utiliza de jogos, brinquedos e brincadeiras, a ludicidade tem colaborando de forma significativa com o aprendizado em instituições de ensino, sobretudo, quando se trata da educação infantil, que envolve uma faixa etária que demanda atividades atrativas visando despertar o interesse da criança.  

Aroeira (1996, p. 69) afirma que: 

 

Por ser essencialmente dinâmico, o jogo permite comportamentos espontâneos e improvisados, uma vez que os padrões de desempenho e as normas podem ser criados pelos participantes. Há liberdade para a tomada de decisões, e a direção que o jogo assume é determinada pelas crianças considerando o grupo e o contexto. 

 

Os jogos facilitam a aprendizagem pois, trazem em seu contexto, uma abordagem mais acessível a criança, e lhe possibilita aprender brincando, ou seja, a aprendizagem é mais significativa para o aluno, e colabora com melhor assimilação do conteúdo estudado. 

Perez et al., (1993, p. 126), afirmam que por intermédio do jogo a criança desenvolve sua capacidade imaginativa, bem como o pensamento abstrato em relação as coisas. Pontuam que o jogo ocupa um papel específico no processo de desenvolvimento da criança e que por esse motivo deveria ser visto por educadores como um importante recurso pedagógico, e não apenas como um meio explorado com o propósito de permitir que a criança descarregue suas energias. 

O professor deve trabalhar multidisciplinarmente, ampliando a aplicabilidade e eficiência da tarefa proposta, e por meio da flexibilidade, facilitar a compreensão e assimilação dos conteúdos abordados. 

De acordo com Pilleti (1998, p. 105), “a seleção e organização de conteúdos não podem ser concebidas segundo uma programação única a qual corresponda um único modelo de excussão pedagógica, mas pode ter pontos de partida variados e modalidades de realizações multiformes”. 

A ludicidade é essencial no desenvolvimento e aprendizagem da criança, indo muito além de uma diversão; é uma inteiração entre a criar, executar e internalizar cada situação e lição aprendida ao longo de todo o processo. 

Segundo Coquerel (2011, p. 102 e 103),  

 

Os avanços na aprendizagem derivam de processos de assimilação de conceitos e sua acomodação e, nesse ínterim, o jogo é entendido como meio propício para desencadear processos de aprendizagem, devido às suas alternâncias e oposições entre os mundos interno e externo do indivíduo. 

 

Dentre outras coisas, o uso da ludicidade promove o desenvolvimento psicomotor, que segundo Lopes, (2010, p. 27) “[...] diz respeito à interação existente entre o pensamento, consciente ou não, e o movimento efetuado pelos músculos, com o auxílio do sistema nervoso”. Ou seja, além de assimilar o conteúdo, ser moldado intelectualmente, ainda há os benefícios físicos resultantes tanto de atividades com menor demanda de esforço, quanto das atividades que maior esforço físico. 

Nesse contexto, o educador deve abordar temas que são tidos como mais maçantes, de forma lúdica, e despertar na criança o desejo de aprender, visto que o método de abordagem tornará o envolvimento mais prazeroso e eficiente em atividades como por exemplo, a prática da leitura. 

Segundo Volpato, (2002, p. 98), “[...] em todo lugar onde se consegue transformá-lo em iniciativa de leitura ou de ortografia observa-se que as crianças se apaixonam por essas ocupações tidas como maçantes”. Assim, a leitura se tornará motivadora pois o lúdico despertará na criança o desejo de continuar mergulhada na imaginação de cada situação em que acessa por meio da leitura. 

Corroborando o assunto, Coquerel (2011, p. 103 e 104), afirma que: 

 

[..]... nos jogos de exercício, a criança pequena chuta a bola e corre atrás dela; nos jogos simbólicos, ela chuta, corre, defende, ataca, entre outras coisas, porém, com um forte componente de fazer de conta. E nos jogos de regras, é o jogo propriamente dito, regrado compartilhado de forma comum entre todos os participantes. 

 

Segundo Valle, (2010, p. 59), há “[...] nos jogos a possibilidade de desenvolvimento do respeito mútuo, na interação com adversários. [...] as crianças desenvolvem suas capacidades de justiça e também de injustiça. [...] atitudes de solidariedade e dignidade”. Dessa forma a criança aprenderá a respeitar regras, a ser solidário, ter espírito desportivo e compreender que na vida nem sempre se ganha, mas que, por meio das experiências vivenciadas ao não vencer em todas as atividades, entenderá que saber lidar com situações de perda também é importante, pois as mesmas preparam a criança para a vida enquanto adulto. 

Ressalta-se que as atividades selecionadas pelo educador, devem ter objetivo, e começo, meio e fim, com o propósito de ensinar, e seguir uma ordem que favoreça o desenvolvimento da criança como um todo, assimilando o conteúdo programado, dentro do tempo estipulado e de forma organizada. 

 Segundo Santos e Cruz (2001, p. 33): “Os acontecimentos, quando são totais, vão estabelecendo gradativamente as bases para a capacidade de domínio do tempo. A experiência deve ser desfrutada de uma ponta a outra”. 

Com base na discussão, observa-se o quanto o lúdico pode ser útil no processo de ensino-aprendizagem, colaborando com o crescimento intelectual, motor, social e cultural, e quando utilizado na educação infantil, facilita a assimilação do conteúdo, e favorece o desenvolvimento da criança. 

 Valle, (2011, p. 31 e 32), afirma que “Sob o ponto de vista da educação infantil, o ato de brincar contribui para o processo de apropriação de conhecimento”; ainda corroborando com essas considerações (SANTOS e CRUZ, 2001, p. 114) ressaltam que “do ponto de vista pedagógico, o brincar tem-se revelado como uma estratégia poderosa para a criança aprender”.  

Portanto, acredita-se que o mesmo deve ser usado com frequência, no intuito de colaborar com o ensino e alcance dos objetivos do educador, facilitando a aprendizagem a criança. 

  

 O brinquedo como instrumento de aprendizagem 

 

As brincadeiras, os brinquedos e os jogos são atividades lúdicas essenciais para a criança, no entanto ainda existe muita falta de clareza a respeito do significado dos termos jogo, brinquedo e brincadeira. Eles têm a mesma finalidade, que é a atividade lúdica, porém alguns jogos se diferenciam das brincadeiras por envolverem regras, que em sua maioria são implícitas, ao contrário das brincadeiras, onde as regras estão estabelecidas de forma espontânea, no momento do brincar. 

Os brinquedos e as brincadeiras sempre foram e espera-se que continuem a ser, os instrumentos e as formas mais naturais com que às crianças exercem o prazer da imaginação e a necessidade de descobrir, criar, relacionar-se, competir e cooperar. 

Segundo Bomtempo apud Friedmann (1992, p.77), “brincadeiras e jogos são considerados fatos universais, pois sua linguagem pode ser compreendida por todas as crianças do mundo. Assim, se queremos conhecer bem as crianças, devemos conhecer seus brinquedos e brincadeiras”. Nesse sentido podemos dizer que, realmente, brincar é viver e as crianças brincam porque esta é uma das necessidades básicas, assim como a nutrição, a saúde, a educação e o amor. 

O brinquedo favorece a imaginação, a confiança, a autoestima, e aguça a curiosidade, também proporciona a socialização com outras crianças de forma cooperativa, além de propiciar o desenvolvimento da linguagem, do pensamento, da criatividade e da concentração. “As maiores aquisições de uma criança são conseguidas no brinquedo, aquisições que no futuro tornar-se-ão seu nível básico de ação real e moralidade”, (VIGOTSKY, 1998, p. 36). 

Para a criança os brinquedos são muito importantes, haja vista que ilustram um mundo do tamanho da sua imaginação. O brinquedo é um companheiro fiel das crianças, e fazem parte de suas aventuras, sonhos e fantasias, e também dos seus medos, angústias e frustrações, sintomas com os quais a criança convive, e que ajudam na formação de uma base sólida para a sua personalidade. 

Vigotsky (1998, p. 109), ainda afirma que: 

 

[...] é enorme a influência do brinquedo no desenvolvimento de uma criança. É no brinquedo que a criança aprende a agir numa esfera cognitiva, ao invés de uma esfera visual externa, dependendo das motivações e tendências internas, e não por incentivos fornecidos por objetos externos.  

 

Dessa forma podemos perceber que o brinquedo é a forma de comunicação da criança com a realidade desde a mais tenra idade, pois o brincar ajuda a criança a superar suas necessidades mais primitivas e imediatas. O brinquedo funciona também como um atendimento às necessidades não realizáveis imediatamente para a criança, pois ao brincar ela se envolve num mundo imaginário onde satisfaz seus desejos. 

O jogo possibilita a criança desenvolver a capacidade de perceber suas atitudes de cooperação, oferecendo a ela oportunidades de descobrir seus próprios recursos e testar as suas habilidades. No jogo a criança também pode representar e experimentar vários papéis, usando a imaginação e a fantasia do faz-de-conta. Nesse sentido a criança pode expressar seus sentimentos e suas emoções, por meio de gestos e falas que elas mesmas criam. “O jogo é sério, é um instrumento de afirmação e é o melhor momento de equilíbrio na criança, assegurando a base de sua personalidade” (SANTOS, 2000, p. 158). 

Isso significa que o jogo é uma ferramenta ideal para a criança, pois ajuda ela a construir novas descobertas, enriquecer sua personalidade e habilidade além de aprender a conviver com os colegas nessa interação. Como nos diz Kishimoto (1993, p. 11), “[...] o jogo e a criança caminham juntos desde o momento em que se fixa a imagem da criança como ser que brinca [...]”. 

Para a criança o jogo é um momento em que elas se divertem, sentem-se livres para se expressar, viver no seu mundo de fantasias. Cada atividade tem seu significado próprio, único para cada um que joga. A interação com amigos ou colegas torna esse momento mais gostoso e mais divertido. 

A brincadeira é a melhor forma de a criança comunicar-se, e de relacionar-se com outras crianças. Na brincadeira aprende a se conhecer melhor e a aceitar a existência do outro, organizando assim, suas relações emocionais e afetivas. Durante a realização das brincadeiras, a criança cria seu mundo lúdico, sua história. A criança também aprende, se diverte, enfrenta desafios, interage com o meio e com o seu interior. 

Segundo Maluf (2004, p. 13), 

 

[...] Por meio das brincadeiras podemos desenvolver nosso senso de companheirismo: brincando individualmente ou em grupos, vivemos uma experiência que enriquece nossa sociabilidade e nossa capacidade de nos tornarmos mais criativos. Aprendemos a conviver, aprendemos a ganhar ou perder, a esperar nossa vez, lidamos melhor com possíveis frustrações, aumentamos a nossa motivação e conseguimos uma participação satisfatória. 

 

Em suma, penso que na sala de aula, na rua, no pátio de casa ou na praça, os jogos e as brincadeiras, das mais antigas as mais atuais, devem continuar fazendo parte do cotidiano de nossas crianças, integradas com a sua realidade e seus interesses. O ato de brincar é mágico, é único, prazeroso e inesquecível, pois as lembranças de nossa infância guardaremos sempre conosco. 

 

 

 O LÚDICO E SUA IMPORTÂNCIA NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL 

 

 O lúdico no desenvolvimento da criança 

 

Como é de conhecimento de todos, desde os primeiros meses de vida a criança passa a vivenciar situações que para ela são de fundamental importância na construção de seu aprendizado. Por meio da ludicidade, com por exemplo, ouvir histórias, a criança passa a ter contato com sons, cores, formatos, texturas, etc., que lhe favorecerão o desenvolvimento, e dessa forma, o lúdico torna-se imprescindível ao desenvolvimento da mesma. 

Por intermédio do brincar a criança passa a vivenciar experiências que proporcionam o enriquecimento de seus conhecimentos, e favorecem de forma positiva sua aprendizagem. Segundo Silva (2003, p. 01), 

 

Brincadeiras, geralmente envolvem emoções, afetividade, laços com outras pessoas, ligações entre as pessoas. Uma brincadeira ou um jogo onde participem mais de uma pessoa, geralmente implica trocas, partilhas, confrontos e negociações. Além do mais, brincar constitui auxílio na boa formação infantil, nas esferas emocional, intelectiva, social e física. 

 

Ainda segundo a autora, o desenvolvimento infantil se encontra vinculado ao brincar, sendo a brincadeira a linguagem própria da criança, através da qual lhe será possível o acesso à cultura e sua assimilação, o que torna o brincar fundamental à vida da criança, melhorando seu desenvolvimento cognitivo e motor, (SILVA, 2003, p. 01). 

Através da brincadeira a criança passa a criar situações, projetando sua visão a respeito de atividades realizadas pelos adultos, imita-os sejam reações, comportamentos, falas, dentre outras coisas que despertam a atenção da criança. 

Nas palavras de Chaparro (2007, p. 09), 

 

A fértil imaginação existente na cultura infantil lhe permite transformar algo presente no contexto real para o mundo da fantasia, do simbólico. Daí, a magia do brincar da criança e como num passe de mágica conseguem transformar: o pinguinho de tinta em gaivota, o toquinho de madeira em carro, o cabo de vassoura em cavalo, o pedaço de trapo em bonecas, tornam-se mães, pais, professoras, policiais, mocinhos, bandidos, médicos, enfermeiras. Enfim, assim é o universo infantil. 

 

Com base no exposto acima, fica claro a grande importância do brinquedo no desenvolvimento da criança, já que é através dele que a criança passará a obter conhecimento de mundo, dentro de suas limitações, porém com grande liberdade de criar e recriar situações.  

É através do brinquedo e do faz de conta que a criança desenvolve sua capacidade cognitiva, motora dentre outras, tornando-a capaz de compreender a realidade que enfrentará nos próximos anos quando se tornar adulta.  

Oliveira (2007, p. 16) nos diz que: O brincar do bebê tem uma importância fundamental na construção de sua inteligência e de seu equilíbrio emocional, contribuindo para sua afirmação pessoal e integração social. 

Através do brincar o bebê começa a adquirir o conhecimento de mundo que nesta fase de sua idade será mais limitado, porém de grande importância ao seu desenvolvimento. 

Segundo Craidy (2001, p. 104), 

 

Com esta forma lúdica de brincar com o corpo ou com os materiais que estão ao alcance dos bebês, se estará possibilitando o sugar, pegar, bater, agarrar... E através do outro pela sua voz, seu gesto, seu toque, sua palavra, gesto ou canção que o bebê será convidado a perceber, descobrir e conhecer de forma prazerosa o mundo que a rodeia. 

 

Percebe-se que através do brincar a criança, aprende a distinguir seus desejos e fantasias da realidade. Aprende a escolher, a decidir, a ter autonomia e iniciativa, numa atividade em que até certo ponto, segue seus próprios caminhos, seleciona seus companheiros, o tipo de brinquedo, a forma de brincar, o lugar e a hora de fazê-lo. Este é o melhor remédio para descarregar energia, e permite à criança dominar e resolver situações difíceis e conflitos provocados pelos adultos. 

 

É brincando que a criança mergulha na vida, sentindo-a na dimensão de suas potencialidades. No espaço criado pelo brincar nessa aparente fantasia, acontece a expressão de uma realidade interior que pode estar bloqueada pela necessidade de ajustamento às expectativas sociais e familiares, (CUNHA apud FRIEDMANN, 1992, p. 32). 

 

Para Maluf, (2003, p. 21): Toda criança que brinca vive uma infância feliz além de tornar-se um adulto muito mais equilibrado física e emocionalmente, conseguirá superar com mais facilidade, problemas que possam surgir no seu dia-a-dia. Através das brincadeiras ela irá se desenvolver permeada por relações cotidianas, e assim vai construindo sua identidade a imagem de si e do mundo que a cerca. 

Sendo assim, a autenticidade de criar e brincar, presente nas crianças desde a mais tenra idade, clareia nossa percepção para a importância das atividades lúdicas no processo de construção de conhecimentos, identidade, segurança e autonomia, repletos de valores, sentidos e significados. 

  

 A importância do brincar 

 

Ao contrário do que se pode imaginar, brincar é muito mais do que uma simples diversão para as crianças. Em todas as idades a brincadeira tem funções específicas para ajudar o desenvolvimento motor, sócio afetivo e cognitivo delas. É através das brincadeiras, da interação com o mundo externo, que as crianças vão se desenvolver social, motora e emocional. 

[...] A brincadeira é considerada a primeira conduta inteligente do ser humano; ela aparece logo que a criança nasce e é de natureza sensório-motora [...], (SANTOS, 2000, p. 13); 

Segundo Oliveira (2007, p. 04), 

 

As brincadeiras fazem parte do patrimônio lúdico-cultural, traduzindo valores, costumes, forma de pensamentos e aprendizagem. Os jogos e as brincadeiras fornecem à criança de sete a dez anos a possibilidade de ser um sujeito ativo, construtor do seu próprio conhecimento, alcançando progressivos graus de autonomia frente às estimulações do seu ambiente. 

 

Para a autora, através do brincar e as gratificações efetivas que acompanham esta atividade, a criança dá vazão à sua ânsia de conhecer e descobrir. Ao brincar a criança sabe que está representando um objeto, uma situação ou um fato, porém, ao mesmo tempo, não tem consciência de que sua representação diz respeito a algo muito maior e mais complexo, e que lhe está fora do campo de sua compreensão (OLIVEIRA, 2007, p. 02). 

De acordo com Eissmann (2006, p. 05), 

 

A criança brinca porque assim como nutrição, saúde, habitação e educação, brincar é uma necessidade básica, são vitais para o desenvolvimento infantil. Para manter o equilíbrio com o mundo, a criança precisa criar e inventar. Essas atividades lúdicas são mais significativas à medida que se desenvolve, inventando e construindo. 

 

Segundo Chateau (1987) apud Eissmann (2006, p. 06) destaca que: “uma criança que não sabe brincar, [...] será um adulto que no futuro não saberá pensar”.  

A partir da imitação a criança passa a ter domínio de outras sensações antes desconhecidas, e passa a possuir conhecimento de mundo mais amplo. 

De acordo com Rego (1995) apud Eissmann (2006, p. 10), ao brincar, 

 

A criança passa a criar uma situação ilusória e imaginária, como forma de satisfazer seus desejos não realizáveis. Esta é, aliás, a característica que define o brinquedo de um modo geral. A criança brinca pela necessidade de agir em relação ao mundo mais amplo dos adultos e não apenas ao universo dos objetos a que ela tem acesso.  

 

As crianças não brincam por falta do que fazer, não é mera diversão. Brincar é uma necessidade vital e insubstituível na infância. Percebe-se que as brincadeiras servem como linguagem para a criança, um simbolismo que substitui as palavras.  

A criança experiência na vida muita coisa que ainda é incapaz de expressar verbalmente, e deste modo, utiliza a brincadeira para formular e assimilar aquilo que vivencia. 

Não importa com o que a criança está brincando se com um material rústico ou com um brinquedo um pouco mais elaborado, a criança aprende e se desenvolve com cada palavra proferida, cada ato praticado. 

Segundo Uitdewilligen (2002, p. 03), 

 

Brincar é brincar, seja com um graveto, um carrinho, uma tampa de panela, com uma boneca ou sem nada mesmo, molhar-se em qualquer poça d’água, correr contra ou a favor do vento, soltar pipa, pintar-se e pintar tudo o que vê, e isso os pequenos sabem como fazer. Os únicos cuidados que cabe aos pais são de cuidar para que não se machuquem e de não atrapalhar a imaginação que corre solta nestas horas. Pois, é com ela que as crianças conseguem entrar no universo dos símbolos e da linguagem, para criar formas autênticas de se relacionar com a vida e com os outros. 

 

Para muitos o brincar não tem importância alguma, porém baseando-se em estudos, pode-se afirmar que o brincar faz parte do desenvolvimento cotidiano da criança. De acordo com Uitdewilligen (2002, p. 04), 

 

Através do brincar, a criança está a conhecer o mundo, a testar as suas capacidades físicas (correr, saltar), a conhecer as funções sociais (ser o construtor, a enfermeira, a secretária), a aprender as regras, a colher os resultados positivos ou negativos do que faz (ganhar, perder, cair), a registrar o que deve ou não repetir nas próximas vezes (ter mais calma, não ser teimoso), a desenvolver a sua coordenação motora e as suas capacidades visuais e auditivas, o seu raciocínio criativo e a sua inteligência, ficando assim com elementos para desenvolver atividades mais elaboradas no futuro. 

 

É se exercitando que a criança se desenvolve, amplia sua capacidade, e cria uma visão de mundo que de outra maneira não o poderia fazer.  

Através dos jogos a criança passa a aprender o funcionamento das coisas, a se relacionar com os outros, dentre outros aspectos que darão a criança a possibilidade de desenvolver raciocínio lógico e pensamentos que a ajudará a melhor se adaptar no mundo real futuramente. 

É através da imitação que a criança constrói conceitos fundamentais para o desenvolvimento da autonomia. Autonomia emocional, motora e cognitiva. É imitando o adulto que a criança aprende a falar, internaliza valores, conceitos e papéis sociais. 

Segundo Maluf (2003, p. 21): 

 

A criança é curiosa e imaginativa, está sempre experimentando o mundo e precisa explorar todas as suas possibilidades. Ela adquire experiência brincando. Participar de brincadeiras é uma excelente oportunidade para que a criança viva experiências que irão ajudá-la a amadurecer emocionalmente e aprender uma forma de convivência mais rica. 

 

Como nos fala Craidy (2001, p. 105): é através do faz-de-conta que a criança tem a possibilidade de experimentar diferentes papéis sociais que conhece e vivência no cotidiano de suas histórias de vida. 

Ao imaginar o papel da mãe, do pai, do tio, avós dentre outros, vivenciando uma determinada situação, a criança passa a desenvolver através da observação de situações que observou em seu dia-a-dia e a partir desta brincadeira de faz-de-conta ela estará desenvolvendo sua capacidade de criar, imaginando situações das quais estará se inserindo dentro da mesma, sentindo-se na condição de dar ordens, receber ordens, e muito mais, principalmente quando brinca acompanhada, onde aceita que o parceiro de brincadeira tome decisões, ou dê ordens, dentre outros aspectos.  

Neste contexto percebe-se que o imaginário é um dos principais contribuintes no desenvolvimento do equilíbrio da criança. Vigotsky (1998, p. 125), afirma que: 

 

Sempre que há uma situação imaginária no brinquedo, há regras - não as regras previamente formuladas e que mudam durante o jogo, mas aquelas que têm sua origem na própria situação imaginária. Portanto, a noção de que uma criança pode se comportar em uma situação imaginária sem regras é simplesmente incorreta. Se a criança está representando o papel de mãe, então ela obedece às regras do comportamento maternal. O papel que a criança representa e a relação dela com um objeto (se o objeto tem seu significado modificado) originar-se-ão sempre das regras. 

 

Na tentativa de formar uma criança com senso do que é reto, certo, direito aos olhos dos demais, os adultos tentam fazer com que as crianças sejam responsáveis, dando-lhes atividades, inscrevendo-os em cursos tais como aulas de dança, aulas de música, natação, dentre outros, não percebendo eles que ao brincar a criança estará desenvolvendo o senso de compromisso, responsabilidade, dentre outros aspectos importantes que certamente farão parte de seu dia-a-dia futuramente. 

Segundo Cunha apud Friedmann (1992, p. 36), 

 

Os adultos querem que a criança se sociabilize, que aprenda, que se desenvolva, que seja equilibrada e responsável, que preste atenção no que está fazendo, que se acostume a trabalhar, mas... afinal, tudo isto não é exatamente o que uma criança faz quando está brincando? 

 

Conforme se observa, a ludicidade é de fundamental importância ao desenvolvimento infantil, e é parte importante da construção do indivíduo, colaborando com a formação dos conceitos que lhes serão norteadores de suas tomadas de decisões em sua vida enquanto indivíduo que faz parte de uma sociedade. 

  

 Fases do desenvolvimento 

 

Ao estudar as obras de Piaget (1973), observa-se que o ser humano se desenvolve de forma que sua infância é dividida em fases, sendo que todos os indivíduos passam por essas fases, podendo até mesmo variar as idades em que ocorre de acordo com cada indivíduo.  

Segundo Jean Piaget, o desenvolvimento infantil se constitui de três períodos: sendo: Período sensório motor: 0 a 2 anos; Período pré-operatório: 2 a 7 anos; e Período operatório formal: 12 a 16 anos (PIAGET, 1973). 

Período sensório motor: 0 a 2 anos:  nessa fase a criança começa a desenvolver-se por meio da percepção e dos movimentos, onde os reflexos são uma constante no recém-nascido. A criança passa a desenvolver novas habilidades motoras como andar, olhar, pegar, apontar, segurar objetos, dentre outras. Segundo o autor, com o passar do tempo, nesse estágio a criança substitui os reflexos por esquemas e símbolos lúdicos, e o desenvolvimento continua (PIAGET, 1973). 

O período pré-operatório 2 a 7 anos: no início desse período surge a linguagem oral da criança, e a mesma por meio do conhecimento adquirido na fase anterior, passa construir informações mais complexas por esquemas representativos ou simbólicos. Ou seja, ela poderá fazer uma análise dos objetos com os quais tiver contato, e imaginar como poderá substituir outo objeto, como por exemplo, o uso de cabo de vassoura como cavalo, ou balde como pandeiro, dentre outros. Assim, entende-se que o pensamento pré-operatório indica inteligência seguida de ações. Nessa fase a criança passa a realizar jogos que não fazem necessariamente parte de seu contexto de esquema simbólico, sendo portanto uma representação de situações que lhes pareçam agradáveis e passíveis de representação lúdica (PIAGET, 1973). 

Período operatório formal: 12 a 16 anos: nessa fase ocorre a passagem do pensamento concreto para o abstrato e formal, onde ela começa a dominar a capacidade de generalizar e abstrair. Assim, cria teoria sobre tudo no mundo real, apresenta suas ideias e reformula o que acredita que deve, inserindo sua forma de pensar (PIAGET, 1973). 

Nessa fase, quando a criança compreende a necessidade e importância de refletir sobre o mundo real, ela começa a atingir um equilíbrio entre realidade e pensamento. Nesse contexto, por meio do pensar ela manipula ideias, palavras, símbolos matemáticos, dentre outras, coisas, passando agora a ter uma visão mais ampla do mundo real onde vive, e tendo maior percepção das consequências de suas atitudes e decisões sobre si e sobre os demais que estão à sua volta (PIAGET, 1973). 

Em todas essas fases, bem como nas demais, os indivíduos se desenvolvem tendo contato com a ludicidade, sendo que esse contato promove o desenvolvimento do indivíduo de forma física, cultural, social e intelectual, preparando-o para o mundo como um ser crítico com sua própria personalidade, defendendo seus objetivos e princípios.  

 

 CONSIDERAÇÕES FINAIS  

 

Muitos têm sido os desafios dos educadores no que diz respeito ao alcance dos objetivos esperados. São diversos os problemas que acabam por repercutir diretamente na vida escolar da criança, e consequentemente no desempenho do educador no processo de ensino. 

Nesse contexto, são inúmeros os estudos voltados à compressão dessa temática, com o objetivo de propor ações ou medidas que auxiliem a criança a melhor se desenvolver, e obter êxito em sua vida estudantil. Assim, diversos autores têm defendido o uso do lúdico no processo de ensino, enfatizando que essa é uma forma de tornar o estudo mais prazeroso e maximizar a fixação do conteúdo apresentado pelo professor em sala de aula. 

Verificou-se que a ludicidade faz parte do cotidiano de todos os indivíduos, e eu ele acontece naturalmente nas mais diversas situações, com propósitos diferentes, por indivíduos das variadas faixas etárias. 

Verificou-se que o RCNEI defende que a criança tenha seus direitos garantidos, e pontua que as suas necessidades básicas devem ser respeitadas, e que a proposta das instituições ensino atendam a demanda educacional de todas as crianças, promovendo seu desenvolvimento como um todo. 

Por meio do estudo literário foi possível verificar que o lúdico tem sido um instrumento muito eficaz no processo de ensino, e facilita a aprendizagem da criança, promovendo seu desenvolvimento físico, motor, psicológico, intelectual, social e cultural da criança.   

Com base no exposto, acredita-se que os objetivos foram alcançados, e indica-se este tema a todos quantos queiram descobrir e vivenciar o prazer e satisfação em ser imprescindível no desenvolvimento de uma criança. Também se sugere o estudo dessa temática, pois trata-se não apenas de um método que facilita o processo de ensino, mas principalmente, de uma necessidade básica da criança – brincar. 

 

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