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A INCLUSÃO DA CRIANÇA PORTADORA DA SÍNDROME DE DOWN NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Ariane Bruna dos Santos Silva[1]
Lenir Santos[2]
Mariluce dos Santos Silva[3]
Vanessa Korgut Ribeiro[4]
Iolanda de Oliveira Guerra de Melo[5] 

RESUMO

Na realização desta pesquisa na área da educação infantil foi necessário estabelecer-se de forma compreensiva, abrindo-me para apreender a fala informacional subjacente ao fenômeno, levando em conta toda a sua complexidade e particularidade. A importância da educação especial para a formação e desenvolvimento de crianças portadoras de síndrome de Down, a análise dos dados coletados dos autores evidencia que os professores percepcionam a inclusão como um aspecto positivo. Porém, referiram algumas preocupações que devem ser, urgentemente, combatidas para aperfeiçoar o sucesso destes alunos. Para finalizar o trabalho foi enfatizado o papel da família para as aquisições e ressaltar a importância deles na aprendizagem das crianças, que em toda bibliografia pesquisada, a importância da família nos processos de construção da linguagem é citada.

 

Palavras-chave: Educação infantil. Inclusão. Síndrome de Down.

 

Introdução

 

Esse artigo trata da temática das possibilidades concretas da inclusão educacional de crianças com Síndrome de Down. Ao longo dos tempos tem-se assistido a uma mudança nos comportamentos perante indivíduos com Síndrome de Down, verificando-se um progressivo interesse por parte dos investigadores sobre as suas características e possibilidades a nível escolar e social.

Tem sido uma preocupação constante dos professores, pais e comunidade em geral em integrar/incluir crianças/alunos com Síndrome de Down de forma a torná-los sujeitos ativos e dinâmicos tanto no desempenho das atividades curriculares bem como na sociedade. Hoje em dia o papel dos professores é mais complexo porque vivemos num tempo de mudança em que tudo ocorre e transforma-se rapidamente. Para isso o professor deve conhecer e perceber quais são os fatores que estão envolvidos no processo de mudança para que possa usar estratégias que ajudem a contrariar a tendência natural para a “rejeição à mudança”.

Esta problemática tem características próprias e específicas, enquadrando-se na deficiência mental.

As dificuldades em lidar com esta problemática vêm desde a capacidade que a família tem em aceitar a criança e ajudá-la no seu desenvolvimento bem como na sua inclusão no seio escolar e social. A pesquisa bibliográfica serviu para meu entendimento sobre a Síndrome de Down, sem essa pesquisa seria difícil obter tanto conteúdo. Foi através dessa pesquisa que entendi que é na escola que se abrem novas expectativas porque há um alargamento das relações, esperando-se que nesta nova vida se desenvolvam as competências de forma a ajudá-los para a inserção na sociedade.

Observar e registrar para acompanhar o desenvolvimento de cada criança, necessita que o professor conheça as etapas de seu desenvolvimento, para oportunizar novos desafios que ajudem seu desenvolvimento. Registrar tudo o que for significativo para a compreensão deste processo.

 

A integração e inclusão da criança com síndrome de down

 

A Integração Escolar é um movimento que surgiu com o intuito de acabar com a rejeição, favorecendo as integrações sociais de estudantes deficientes com estudantes considerados normais, já se tem resultados positivos no nível do ensino e da aprendizagem. Para Mantoan (1997, p.72)

 

A integração constitui uma via de mão dupla, onde os deficientes e não deficientes devem interagir na construção de um entendimento comum de que a unidade e a pluralidade podem amordaçar a existência humana em qualquer dos pólos da exclusão.

 

Assim todos deveriam andar juntos respeitando as diferenças e ajudando uns aos outros, pois se isso não acontece acaba dando resultados como o desrespeito e o preconceito.

O afastamento exagerado dos padrões socialmente estabelecidos como normais, a diferença representa apenas um dado a mais no universo plural em que vivemos, sem que isso signifique a perda vital de existência humana.

O grande problema da integração dos deficientes encontra-se no fato de não serem entendidos e assumidos como sujeito histórico e culturalmente contextualizados.

Mantoan (1997) acredita que para integração acontecer é preciso que a mesma se processe em três níveis:

Nível Social: faz-se necessário que os deficientes tenham acesso aos bens sociais como educação, saúde, trabalho e lazer;

Nível político: não basta que os deficientes tenham acesso só a bens sociais, é preciso que possam participar dos centros decisórios;

Nível Cultural: não bastam só as questões anteriores, é preciso que os deficientes se façam membros reais da cultura, afetando esta e sendo afetadas por ela.

De acordo com a política educacional no Brasil, está assegurado o ingresso do aluno portador de deficiência e de condutas típicas em turmas, sempre que possível, mas poucos alunos especiais têm tido oportunidade de frequentar sala de aulas regulares, e as escolas tem poucos recursos e conhecimentos para garantir o sucesso e a permanência destes alunos. A falta destes recursos contribui para frustração do aluno e sem dúvidas para a marginalização e retirada do mesmo da escola regular.

A inclusão supõe a aceitação da diversidade, do modo de ser de cada um. Trata-se, portanto de considerar a síndrome de Down na sociedade inclusiva como diversidade e não mais como doença, anormalidade ou inferioridade.

No modelo da inclusão que corresponde ao modelo social da deficiência, a sociedade necessita ser receptiva e estar preparada para desempenhar outro papel.

No caso da inclusão da criança com Síndrome de Down, é indispensável conhecer suas características gerais, as sequências evolutivas do seu desenvolvimento, para que se possa a partir daí desenvolver atividades respeitando sua evolução gradativa, bem como é importante que o professor tenha conhecimento das dificuldades de aprendizagem e problemas de conduta que a criança apresenta neste período, para que se possa pensar numa organização auxiliando a criança a ampliar suas potencialidades.

Já não se trata de devolver o deficiente à instituição ou à família caso ele não se adapte a ela, mas de incorporá-lo como cidadão comum, adaptando-se a ele e abrindo espaço para seu desenvolvimento.

A ideia de inclusão propõe que as crianças com necessidades especiais sejam educadas conjuntamente com as crianças comuns da forma mais semelhante, para favorecer seu desenvolvimento psíquico e físico. Os pais, de maneira geral, aprovam a ideia de inclusão, esforçam-se para dar a seus filhos oportunidades de convívio com as outras pessoas da sociedade, desde que sejam resguardados de maiores riscos.

Em muitos casos, muitas das crianças com síndrome de Down não estarão aptas para acompanhar prolongadamente o ensino na Escola Regular, porém não devem ficar à margem do processo inclusivo, porquanto poderão demonstrar capacidades do intelecto prático (VYGOTSKY, 1997, p.129). Desta forma, poderão desenvolver habilidades para o trabalho e desempenhar uma atividade dentro da sociedade em condições adaptadas às suas características.

Acreditamos que jamais haverá integração se a sociedade continuar se sentindo no direito de escolher quais as deficiências que poderão ser integrados, ou não em seu meio, só permitindo a inserção de quem se iguala ou se aproxima de um ideal de normalidade, julgado pelas pessoas.

Segundo Mantoan (1997, p.55), “a inclusão institui a inserção de uma forma mais radical, uma vez que o objetivo é incluir um aluno ou grupo de alunos que foram excluídos”, ou seja, a meta da inclusão é não deixar ninguém fora do sistema escolar.

Inclusão é o termo que foi encontrado para definir uma sociedade que considera seus membros como cidadão legítimo, onde cada membro tem seus direitos garantidos e que as diferenças sejam aceitas entre as pessoas como algo normal. Ela depende da mudança de nossos valores, é a vivencia de um novo padrão. O modelo inclusão tem o intuito de responder às necessidades pedagógicas de todos os alunos no mesmo contexto escolar através de atividades comuns, embora adaptadas.

Então inclusão se concilia com uma educação para todos e com um ensino especializado do aluno, não se consegue implantar uma inserção tão revolucionária sem enfrentar um grande desafio. Os recursos físicos e os meios materiais para a realização de um processo escolar de qualidade cedem sua prioridade ao desenvolvimento de novas atitudes e formas de integração, exigindo mudanças no relacionamento pessoal e social

 

A integração requer a promoção das qualidades próprias do indivíduo, sem estigmatização e sem segregação. Realizar pedagogicamente a integração significa, seja no jardim da infância, na escola ou no trabalho, que todas as crianças e adultos (deficientes ou não) brinquem/aprendam/trabalhem de acordo com o seu próprio nível de desenvolvimento em cooperação com os outros. (STEINEMANN, 1994, p.7).

 

A classe inclusiva permite aos alunos com necessidades especiais situarem-se em um contexto de aprendizagem mais significativa e emocionante, provocando mais esforços de colaboração do que a tradicional vivenciada por estes alunos.

A inclusão não é útil só para os alunos com necessidades especiais, ela representa uma transformação positiva da escola para todos os alunos. Fornecendo assim um contexto privilegiado para a construção de novos conhecimentos e estratégias. Além de implicar uma reforma na organização dos serviços destinados aos alunos. O professor da classe regular é responsável pelo ensino a fim de facilitar as interações sociais em torno das tarefas cognitivas e de trabalhar com os alunos, mas a maioria dos professores estão mal equipados para trabalhar com alunos especiais na sua própria classe.      

É preciso que a educação comum e especial assuma uma postura de mudança geral das práticas educacionais. Estruturando uma escola mais aberta, com profissionais preparados e com respeito às diferenças. Somente buscando estas condições poderemos garantir a integração de crianças especiais na escola regular e na sociedade geral.

Mantoan (1997,p.45) destaca ainda que a inclusão depende de professores que entendam que o processo de conhecimento é importante e que se deve respeitar o ritmo de aprendizagem e o traçado, que cada aluno elabora, a partir de seus sistemas de significação e de conhecimentos adquiridos anteriormente

 

A inclusão não prescreve a individualização do ensino para os alunos com deficiência intelectual tornando essa interação a mais equilibrada possível. O que é significativo para os alunos na escola é de que tem direito como pessoas, como cidadãos.

 

Portanto, os professores precisam analisar suas práticas de sala de aula e todo o ambiente de aprendizado, de forma que as atividades, os materiais e os grupos de alunos sejam levados em conta. Para certos propósitos, a habilidade será menos importante do que os estilos de aprender de cada aluno. A escola é desafiada todos os dias a adotar práticas inclusivas, práticas essas que garantam educação para todos, levando em consideração a diversidade existente em todo contexto escolar.              

A instituição que atende alunos com Síndrome de Down, na faixa etária de 4 a 6 anos de idade, necessita de organização e compreensão dos conceitos que regem a inclusão educacional, não é simplesmente inserir o aluno especial no ensino regular e tratá-lo como os outros alunos, cada criança possui sua diferença individual, cabe a escola e cada educador estar atento a elas e levá-las em consideração ao elaborar suas práticas pedagógicas, é uma tarefa complexa, mas é necessária para não haver exclusão entre os alunos atendidos. Sassaki (1997, p. 41) afirma que:

 

Nessa nova visão, a inclusão social passa a ser vista como um processo de adaptação da sociedade, que inclui as pessoas com necessidades especiais em todos os ambientes sociais. Isso torna possível que, ao mesmo tempo, essas pessoas se preparem para assumir seu lugar na sociedade, e para desempenhar os papéis adequados a cada situação.

 

Consequentemente, analisando a diversidade, nos deparamos com a heterogeneidade dos alunos, do mesmo modo, com os deficientes que também possui um desenvolvimento individual diferenciado de qualquer outro deficiente e/ou outra pessoa “normal”. A educação especial entra em ação, mas agora com uma nova significação.

A nova perspectiva de educação agora e a fusão do ensino regular com o especial onde dar-se a todo processo de inclusão, assim não haverá a exclusão de nenhuma categoria de ensino. Toda esta mudança visa à construção de um ensino especializado para o aluno.

De acordo com Fonseca (1995, p.209).

 

[...] A escola poderia fornecer mais objetivos comportamentais, mais instruções programadas, mais processos de gestão motivacional, mais currículos adequados, mais materiais didáticos, mais ajudas pedagógicas, mais processos de identificação precoce, mais e melhores meios de avaliação das necessidades educacionais das crianças, etc.

 

A inclusão do aluno com Síndrome de Down no ensino regular, significa mais do que apenas criar vagas e proporcionar recursos materiais, requer uma escola e uma sociedade inclusiva, atendimento educacional especializado, viabilizando o acesso e permanência, com qualidade, dos alunos com necessidades educacionais especiais na escola, assegurando igualdade de oportunidades a todos, contando com professores capacitados e compromissados com a educação de todos. Segundo Mancini, citado por Ziliotto (2007) a criança com Síndrome de Down possui.

Atraso na aquisição de habilidades motoras e na área da linguagem, bem como no desempenho cognitivo de crianças portadoras dessa síndrome, sendo manifestações desta condição genética. Entretanto, a qualidade de vida dessas pessoas tem sido melhorada significativamente e tem sido comum sua permanecia em escolas regulares e a inserção no mercado de trabalho. (ZILIOTTO 2007, p. 69 e 70)

Assim, é preciso mudanças e reestruturação do plano pedagógico da escola onde ocorrem adaptações curriculares que vão propiciar uma aprendizagem igualitária a todos os alunos. Essas adaptações devem prever e criar condições físicas, ambientais e materiais na escola, como também adaptações metodológicas e didáticas adotando métodos e técnicas de ensino-aprendizagem especifica para o aluno com SD, sempre propiciando ao aluno alcançar os objetivos comuns com os demais colegas, respeitando o ritmo do próprio aluno. De acordo com Pueschel (1993, p. 127).

 

É essencial auxiliar a criança com SD, desde cedo, a desenvolver os interesses e habilidades necessários para realização de uma variedade de atividades... que causam alegria e satisfação derivadas do uso efetivo do corpo... contribuirão no sentido de tornar as experiências futuras de vida da criança mais recompensadoras. (PUESCHEL 1993, p. 127)    

 

Assim quanto mais cedo se der a intervenção educacional, mais eficaz ela se tornará no decorrer dos anos, produzindo efeitos mais profundos sobre o desenvolvimento das crianças. Considerando as questões envolvidas no desenvolvimento e na aprendizagem dos alunos com Síndrome de Down, a articulação e a cooperação entre os setores da educação, garantirá o atendimento a diversidade humana é o grande avanço que a educação deverá produzir.

Para que a inclusão destes alunos nas classes regulares seja um sucesso é necessário adotar estratégias o mais precocemente possível de forma que a criança possa atingir o seu desenvolvimento.

Para que tudo isto aconteça e segundo Nielsen (1999), o professor deve dar aos alunos com Síndrome de Down oportunidades para serem bem-sucedidos; sensibilizar os outros alunos para os aceitarem como iguais e com o devido respeito; sensibilizar toda a comunidade educativa para que não limitem ou subestimem as capacidades destas crianças.

Segundo Trancoso e Cerro (2004), as crianças com Síndrome de Down têm evoluído “graças aos progressos realizados no âmbito da atenção que lhes é concedida durante as etapas mais prematuras da vida, em termos da intervenção precoce”.

A criança deve sentir prazer na aprendizagem, então essa aprendizagem precoce deve ser implementada de forma lúdica para ela sentir prazer em aprender.

Os alunos com Síndrome de Down levam mais tempo do que seus colegas para aprender as regras, geralmente seu mundo e mais confuso e menos maduro social e emocionalmente também. O foco principal da ajuda adicional nos primeiros anos deve ser aprender as regras do comportamento social adequado.

Muitas crianças com Síndrome de Down têm dificuldades na hora de brincar, porque os colegas não querem que eles façam parte das brincadeiras devido a algumas limitações que pode ocorrer, pois as crianças com Síndrome de Down de certa forma têm problema de saúde que pode vir a impedi-los de praticar algum exercício físico.

Uma questão bastante comum dos problemas de comportamento são estratégias para escapar das tarefas. Alguns alunos usam comportamentos antissociais para distrair a atenção dos adultos e escapar das tarefas, e parecem apenas aceitar fazer as tarefas que exigem muito pouco de sua capacidade cognitiva. Isso se dá por que as pessoas com síndrome de Down, segundo Pueschel (2000, p.1), são menos desenvolvidas física e mentalmente do que as crianças sem esta síndrome da mesma idade e, em sua grande maioria, apresentam a deficiência mental de nível moderado cujo QI, de acordo com a Organização Mundial de Saúde em 1976 é de 20 a 49. Isto significa que o prognóstico determinado para pessoas deste nível, como consta, corresponde a ser:

 

[...] improvável que possa adquirir suficiente aprendizagem na área de leitura, escrita e cálculo, apenas algumas palavras e números. É capaz de desenvolver habilidades relativas aos cuidados pessoais, vestir, desvestir, comer sozinho, asseio corporal e pequenas atividades de rotina de casa.

[...] É capaz de alguma utilidade econômica no lar ou em oficinas abrigadas, quando pode executar trabalhos simples, desde que com supervisão. (ASSUMPÇÃO JR.; SPROVIERI, 1991, p.110-111)

 

A criança portadora da Síndrome de Down tem fatores que facilitam seu aprendizado, cabe ao profissional que trabalha com essa criança reconhecê-los e explorá-los para que haja um bom desenvolvimento intelectual dessa criança. Além de despertar o prazer em estudar, afinal o profissional vai saber como cativar e chamar a atenção dessa criança para os estudos. Alguns desses fatores são: agilidade na hora de aprender e usar sinais e a escrita, forte reconhecimento visual e de aprendizado, gestos e apoio visual, habilidade para aprender e usar a palavra escrita, imita as atitudes e comportamento dos colegas e adultos com facilidade e tem um bom aprendizado quando se trabalha com um currículo prático e material com atividades de manipulação.

Existem alguns fatores que podem impedir o aprendizado das crianças com Síndrome de Down, mas que podem ser encontrados facilmente nas crianças dita normal, e que acaba prejudicando o seu aprendizado também, mas sabemos que se algo incomoda uma pessoa que está no seu desenvolvimento escolar com certeza essa pessoa será prejudicada nos estudos, começando pela falta de interesse de ir para escola, afinal é os bons resultados no aprendizado que incentiva e desperta o aluno para o meio escolar. Como já disse logo acima, também depende do profissional que trabalha com essas crianças observar suas dificuldades e trabalhar com elas dentro das suas limitações, para obter bons resultados. Os fatores que inibem o aprendizado são: Dificuldade de visão, dificuldade de audição, dificuldade de fala e de linguagem, sistema motor fino e grosso, capacidade de concentração mais curta, são facilmente distraídos, generalização, pensamento abstrato e raciocínio, onde suas habilidades são transferidas com dificuldade de uma situação para outra, retenção consolidação, estrutura e rotina.

As crianças com Síndrome de Down são muito amorosas, elas têm muito há ensinar com relação à afetividade para os profissionais que as rodeiam e para seus colegas, trocando experiências com seus colegas, que serão benéficas para ambas as partes. Além de aprenderem a respeitar as limitações de cada um e a respeitar as diferenças. Schwartzman destaca que:

 

A educação da criança com SD encontra-se no liminar de uma nova era, na qual o indivíduo com deficiência de qualquer natureza terá melhores oportunidades para ocupar seu lugar na sociedade, sem preconceito e discriminação. Assim que desejamos. (SCHWARTZMAN 1999, p 262)

 

Apesar de Schwartzman desejar que os portadores da Síndrome de Down tenham seus direitos adquiridos, sabemos que ainda é preciso lutar muito, não só pelo os direitos das crianças portadoras, mas também para que os professores possam se aperfeiçoar melhor estando mais preparados para receber essas crianças sem dificuldades e sem discriminação.

Dar visibilidade à pessoa com síndrome de Down é uma forma de informar sobre suas atitudes e possibilidades. As vivências de trabalho que faziam parte do programa curricular da escola em questão, eram “[...] experiências diretas em situações reais fora da escola.” (DECLARAÇÃO DE SALAMANCA, 1997, p.42).

Eram realizadas em parceria com empresários da comunidade, em locais onde os alunos podiam aprender a exercer algum trabalho. Isto colaborava muito para informar o público em geral sobre a síndrome. Trabalhando com a sociedade e o preconceito, esta atividade demonstra ser viável acreditar na atuação do deficiente mental, na medida de suas possibilidades, dentro do seu perfil, em as diferentes tarefas.

A prática pedagógica adaptada as diferenças individuais vêm sendo promovidas dentro das escolas do ensino regular. No entanto, requerem metodologias, procedimentos pedagógicos, materiais e equipamentos adaptados.

Professores informados, despidos de preconceito, e com apoio de recursos humanos e materiais, representam caminho aberto para a inclusão escolar e consequentemente, social. Não se trata simplesmente de tolerar o aluno diferente, mas de propiciar seu desenvolvimento, atendendo às suas necessidades e integrando na comunidade da escola.

Os professores precisam examinar suas práticas educativas e o ambiente de aprendizado como um todo, de forma que as atividades, os materiais e os grupos de alunos sejam levados em conta. Desta forma a metodologia de aprender será mais importante do que a habilidade de cada aluno. Aprender não se resume ao esforço que alunos fazem para estarem em sala de aula, eles carecem de condições e auxílios específicos para que possam se desenvolver, precisa de livre acesso, estímulos, e estruturas que permitam a interação.

É essencial que o professor saiba lidar com a turma em relação à aceitação, a fim de obter a compreensão de todos a respeito dos direitos das pessoas com deficiências em relação ao acesso a bens públicos e a uma educação de qualidade.

São requisitos para essa educação inclusiva de qualidade: rever os métodos de ensino-aprendizagem e de avaliação, ter a participação plena de todos como princípio fundamental, propiciar ambientes educacionais agradáveis e, principalmente, fazer com que as pessoas possam ver e tratar o tema da inclusão educacional com o devido cuidado, evitando a reprodução de práticas e ideais discriminatórios e preconceituosos.

O que não se pode omitir na escola inclusiva, segundo Fredericks (1999 p.187), o trabalho com a comunicação e a sociabilidade sempre cultivado na Escola Especial, de forma transdisciplinar. Também não se pode deixar de lado a estimulação para o desenvolvimento do pensamento abstrato, como recomenda Vygotsky (1997, p.26 e 131).

Luria, referindo-se ao desenvolvimento infantil em geral, diz:

 

[...] uma criança não se desenvolve em todos os aspectos no mesmo ritmo. Ela pode aprender e desenvolver formas culturais de enfrentar problemas em uma área, mas permanecer em níveis mais anteriores e mais primitivos quando se trata de outras áreas de atividade. Seu desenvolvimento cultural é frequentemente desigual e os experimentos indicam que traços do pensamento primitivo surgem muitas vezes em crianças bastante desenvolvidas. (Luria, 1988, p. 101)

 

Mazzotta (1982, p.4) aponta para o princípio orientador do atendimento às pessoas com deficiência dizendo que esse atendimento não se deve dar “em função das limitações, mas, principalmente da capacidade de desenvolvimento e mudança do ser humano”.

Melero (1997, p. 207) completa, afirmando que as pessoas, nas suas diferenças, têm uma maneira singular de captar e significar a realidade.

Quanto à dificuldade em elaborar operações numéricas, esta está ligada, segundo Flórez (1997, p.49), às alterações do hipocampo, podendo haver fatores ambientais e de mediação colaborando com essa limitação.

É necessário que se mobilize as famílias, a escola, a comunidade em geral, o governo, todos da sociedade para que coloquem seus apontamentos de uma forma que chegue ao objetivo previsto da Inclusão, mas isso precisa ser um compromisso assumido por todos, fazendo uma corrente com um só objetivo, o de fazer valer o direito de todos e a tão esperada democracia social.

A família deve ser orientada e motivada a colaborar e participar do programa educacional, promovendo desta forma uma interação maior com a criança. Também é fundamental que a família incentive a pratica de tudo que a criança assimila. "A qualidade da estimulação no lar e a interação dos pais com a criança se associam ao desenvolvimento e aprendizagem de crianças com deficiência mental". (CRAWLEY; SPIKER, 1988).

Assim é fundamental o aconselhamento a família, que deve considerar, sobretudo a natureza da informação e a maneira como a pessoa é informada, com o propósito de orienta-la quanto à natureza intelectual, emocional e comportamental.

Os pais e familiares do portador da Síndrome de Down necessitam de informações sobre a natureza e extensão da excepcionalidade; quanto aos recursos e serviços existentes para a assistência, tratamento e educação, e quanto ao futuro que se reserva ao portador de necessidades especiais.

No entanto, a informação puramente intelectual, é notoriamente insuficiente, pois o sentimento das pessoas tem mais peso que os seus intelectos. Portanto, auxiliar os familiares requer prestar informações adequadas que permitam aliviar a ansiedade e diminuir as dúvidas.

Como refere Alarcão (2000), a família é considerada como um meio importante para se desenvolver todas as dimensões significativas da interação desde os contatos corporais, a linguagem e a comunicação.

Como salientaram vários autores, nomeadamente, as relações próximas entre professor da educação especial e do regular são fundamentais para o bom sucesso, a integração/inclusão de forma a construírem programas de intervenção dentro da sala de aula do ensino regular.

Obviamente que a dificuldade de efetuar mudanças se explicita em todo conflito que se apresenta, principalmente quando as mudanças implicam sobre novos desafios e demandas socioculturais que dependem de resultados rápidos.

 

Considerações finais

 

Esse artigo cientifico foi um conjunto de pesquisa bibliográfica, onde no decorrer deste trabalho pude entender que o envolvimento com alunos com Síndrome de Down e com as tentativas de inclusão ou integração mostrou-me que, a questão que deixamos para futuras investigações é a de como evitar a exclusão e ao mesmo tempo incentivar a criança em seu desenvolvimento intelectual e emocional. O que sei é que os professores precisam estar conscientes de sua importância e da função que desempenham, caso tenham um aluno com Síndrome de Down em sala, pois é na relação concreta entre o educando e o professor que são fornecidos os elementos que possibilitam decisões educacionais mais acertadas.

De acordo com o estudo realizado, torna-se possível inferir que há possibilidade de inserção de pessoas com síndrome de Down numa sociedade que não lhes negue oportunidades e reconheça a diferença como diversidade e não como desigualdade. A educação especial é determinante no processo de estimulação inicial e cabe ao professor de turmas especiais trabalharem suas crianças desenvolvendo nestas capacidades de praticarem atividades diárias, participar das atividades familiares, desenvolver seu direito de cidadania e até mesmo desenvolver uma atividade profissional. Para isso os profissionais especializados e cuidados especiais devem ser tomados, a fim de facilitar e possibilitar um maior rendimento e desenvolvimento educacional dos portadores de tal síndrome. Finalizando esse artigo entendi que é fundamental a participação da família no âmbito escolar de seus filhos, pois com isso a aprendizagem deles é mais intensa.

 

 

REFERÊNCIAS

 

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[1] Pedagoga – Secretaria de Educação de Tapurah/MT. O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.

[2] Pedagoga – Secretaria de Educação de Porto dos Gaúchos/MT. O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.

[3] Pedagoga – Secretaria de Educação de Porto dos Gaúchos/MT. O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.

[4] Pedagoga – Secretaria de Educação de Tapurah/MT. O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.

[5] Pedagoga – Secretaria de Educação de Tapurah/O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.