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AVALIAÇÃO NA EDUCAÇÃO: AVALIAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Patrícia Fávero de Oliveira
Keli Cristina Ferreira da Cunha
Alda Mendes
Edinéia Silva Macedo
Eluiza da Silva

 

RESUMO

Este trabalho tem por finalidade nortear a tarefa do professor, enquanto avaliador no processo ensino aprendizagem, esclarecendo como pode ser feita a avaliação dos alunos na educação infantil. A pergunta é, com que objetivos estamos avaliando? A criança é um ser social com capacidade afetiva, emocional e cognitiva, tem o desejo e a vontade de aprender, precisa ser estimulado para isso, o trabalho do professor precisa ser bem planejado e elaborado, mediando o contexto da aprendizagem e das atividades realizadas. O docente deve estar atento ao modo como foi executada a tarefa e o que norteou os procedimentos, a saber: o ambiente, os materiais, as escolhas, enfim, tudo que cerca o momento da realização da atividade. O trabalho foi realizado por meio da pesquisa bibliográfica, citando alguns estudos de autores renomados, dentre eles, Gelfer e Perkins (1998), Gronlund (1998), LDB (1996), RCNEI (1998) entre outros.

Palavras-chave: Avaliação. Procedimentos. Educação Infantil. Ensino- aprendizagem. Instrumentos.

 

ABSTRACT

The purpose of this work is to guide the teacher's task as an evaluator in the teaching-learning process, clarifying how the evaluation of students in early childhood education can be done. The question is, what are we aiming for? The child is a social being with affective, emotional and cognitive capacity, has the desire and the will to learn, needs to be stimulated for it, the teacher's work needs to be well planned and elaborated, mediating the context of learning and the activities performed. The teacher should be aware of how the task was performed and what guided the procedures, namely: the environment, the materials, the choices, in short, everything that surrounds the moment of accomplishment of the activity. The work was carried out through bibliographic research, citing some studies by renowned authors, among them Gelfer and Perkins (1998), Gronlund (1998), LDB (1996), RCNEI (1998) and others.

  

Key words: Evaluation. Procedures. Child education. Teaching-learning. Instruments.

 

1          INTRODUÇÃO

 

            O interesse pelo tema surgiu decorrente das atividades acadêmicas, em especial dos estágios realizados na educação infantil.  Tendo como ponto de partida a dificuldade do professor em avaliar a aprendizagem dos alunos. Começamos falando do objeto principal deste estudo que é a criança. Toda criança tem direito a educação infantil que compreende a primeira etapa da educação básica, creche e pré-escolas. Desde 2009 com a alteração na constituição o ensino passou a ser obrigatório a partir dos 4 anos de idade.  

            A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei n° 9.394/96, declara no art. 30, no capítulo II, seção II que: “A educação infantil será oferecida em: I- creches ou entidades equivalentes para crianças de até 3 anos de idade; II- pré-escolas, para as crianças de 4 a 6 anos de idade”, estabelecendo vínculo de atendimento a crianças de 0 a 6 anos e a educação. 

            A família é a primeira etapa de formação fundamental na vida das crianças, elas recebem dos pais uma educação informal, aquela aleatória sem intenção definida, que é aprendida pelo convívio em família, igrejas e na comunidade em geral. Sendo assim a escola se constitui como segunda etapa, entendemos que é dever da escola, integrar e socializar a criança através do ensino formal.

 

2          DESENVOLVIMENTO

 

            Hoje em dia as crianças estão ingressando cada vez mais cedo nas creches e pré-escolas, com isso aumenta a preocupação dos profissionais da educação, em trabalhar com conteúdo adequado a cada faixa etária. Segundo Piaget          , cada criança passa por estágios de desenvolvimento diferenciados conforme a idade:

  • Estágio Sensório-Motor (0 á 2 anos).
  • Estágio Pré-operatório (02 á 7 anos).
  • Estágio Operatório Concreto (07 á 11 anos).
  • Estágio Formal (12 anos em diante).

            Para Piaget, a aprendizagem ocorre quando provocada por situações externas ao sujeito, mediante experiências do sujeito sobre o meio. Cada estágio na vida da criança requer do professor um conhecimento adequado para saber reconhecer cada fase e assim mediar o ensino aprendizagem. 

 

O trabalho direto com crianças pequenas exige que o professor tenha uma competência polivalente. Ser polivalente significa que ao professor cabe trabalhar com conteúdos de naturezas diversas que abrangem desde cuidados básicos essenciais até conhecimentos específicos provenientes das diversas áreas do conhecimento. Este caráter polivalente demanda, por sua vez, uma formação bastante ampla do profissional que deve tornar-se, ele também, um aprendiz, refletindo constantemente sobre sua prática, debatendo com seus pares, dialogando com as famílias e a comunidade e buscando informações necessárias para o trabalho que desenvolve. São instrumentos essenciais para a reflexão sobre a prática direta com as crianças a observação, o registro, o planejamento e a avaliação (RCNEI, p.41).

 

            Sabendo que cada aluno aprende a seu tempo e de maneiras diferenciadas, o professor assim tem um grande desafio ao assumir uma turma, tudo começa com o planejamento que deve ser flexível e pensado para o aluno. O professor deve refletir sobre sua prática todos os dias, se tem algum aluno que não está aprendendo ou não consegue acompanhar os demais faz se necessário então que o professor avalie o que esse aluno sabe sobre determinado assunto e o que ele entendeu do que lhe foi ensinado, assim o professor poderá fazer modificações no seu planejamento pensando nesse aluno e em qual a melhor maneira de ajudá-lo a chegar a tal conhecimento. 

 

A avaliação é instrumento de reflexão sobre a prática pedagógica na busca de melhores caminhos para orientar as aprendizagens das crianças. Ela deve incidir sobre todo o contexto de aprendizagem: as atividades propostas e o modo como foram realizadas, as instruções e os apoios oferecidos às crianças individualmente e ao coletivo de crianças, a forma como o professor respondeu às manifestações e às interações das crianças, os agrupamentos que as crianças formaram o material oferecido e o espaço e o tempo garantidos para a realização das atividades. (Brasil, 2009, p. 16- 17)

 

            É muito importante o olhar do professor sobre o aluno, pois na educação infantil a avaliação deve ser realizada por meio de observação crítica, das brincadeiras, da interação com colegas e professores, do meio ambiente, dos materiais, da criatividade ao realizar as atividades empregando múltiplos registros. Segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (DCNEI), a avaliação nessa etapa e modalidade não deve servir para promoção ou classificação dos alunos, mesmo para o acesso ao ensino fundamental (Brasil, 1996).

 

Art. 10. As instituições de Educação Infantil devem criar procedimentos para acompanhamento do trabalho pedagógico e para avaliação do desenvolvimento das crianças, sem objetivo de seleção, promoção ou classificação, garantindo: I - a observação crítica e criativa das atividades, das brincadeiras e interações das crianças no cotidiano; II - utilização de múltiplos registros realizados por adultos e crianças (relatórios, fotografias, desenhos, álbuns etc.). (Brasil, 2009, p. 18). 

 

            Todo trabalho do professor deve ser registrado e também o desenvolvimento das crianças, para que o professor juntamente com a equipe gestora e a família consigam discutir e traçar metas para o desenvolvimento da criança em parceria uns com os outros, já que o interesse pelo aprendizado dos alunos é mútuo. A intenção da avaliação nessa etapa é justamente alinhar o planejamento do professor ao aprendizado do aluno. Para o (RCNEI,1998).

 

A avaliação é entendida, prioritariamente, como um conjunto de ações que auxiliam o professor a refletir sobre as condições de aprendizagem oferecidas e ajustar sua prática às necessidades colocadas pelas crianças. É um elemento indissociável do processo educativo que possibilita ao professor definir critérios para planejar as atividades e criar situações que gerem avanços na aprendizagem das crianças. Tem como função acompanhar, orientar, regular e redirecionar esse processo como um todo.

 

             A avaliação deve ser processual e contínua, nesse caso o professor poderá atuar cada vez mais, de forma intencional, auxiliando no processo e fortalecendo assim a autoestima da criança.  Mas o que muitas vezes nós observamos é o professor se utilizando da avaliação para punir os alunos, utilizando se de notas, conceitos, carimbos com carinhas tristes e alegres, figuras, estrelas. Esses procedimentos não são corretos, pois a finalidade da avaliação é outra, exatamente o contrário. Apontar erros não é a solução, isso pode causar um sentimento de impotência e fracasso. Outro ponto importante é a representação de como a criança constrói a avaliação, positiva ou negativamente. Por isso, o professor precisa refletir ao fazer uso de tais métodos.

            Na educação infantil é comum o uso de portfólio, com o objetivo de registrar, fotografar, gravar e acompanhar o desenvolvimento dos alunos. O portfólio é considerado hoje, uma das formas mais eficazes de avaliação, porém não é apenas um procedimento de avaliação, mas uma maneira mais prática de organizar e acompanhar o desenvolvimento infantil e o trabalho pedagógico a ser desenvolvido durante o ano letivo. Esse processo pedagógico avaliativo permite ao professor, observar, diagnosticar, acompanhar todas as etapas do desenvolvimento da criança durante as atividades propostas, verificando suas habilidades, percebendo seus avanços e suas possibilidades de superação das dificuldades. É uma forma contínua e diária de avaliação. Gelfer e Perkins (1998, p.44).  

 

Afirmam que portfólios são mais que simples arquivos ou uma coleção de performances dos alunos. Um portfólio pode ser considerado como um arquivo em expansão dos trabalhos do estudante. Pode ser estruturado de acordo com a área de interesse, conhecimento, habilidades, temas e progressos diários.

 

            O portfólio é constituído de atividades desenvolvidas pelos alunos, onde a professora observa todos os aspectos que envolvem a aprendizagem como: coordenação motora fina, oralidade, expressão corporal, socialização, linguagem, aspectos visuais, auditivos, atenção, concentração, entre outros.

            O portfólio mostra o grau de desenvolvimento do aluno no início, meio e fim do ano letivo, através de comparações das atividades desenvolvidas e com isso pode se analisar e refletir para melhorar cada vez mais a prática pedagógica. De acordo com Gronlund (1998), o portfólio é a maneira mais congruente para se obter a documentação que permite o acompanhamento real do trabalho realizado. Cabe ao professor fazer uso de registro diário das atividades que realiza com a turma, para que assim seja possível contribuir com o ensino e aprendizado dos alunos. 

 

3          CONSIDERAÇÕES FINAIS 

 

            O objetivo e a finalidade deste trabalho foi entender que o professor não pode avaliar todos os alunos da mesma maneira igualando os saberes, e que toda a criança aprende de acordo com seu tempo e idade de desenvolvimento, também pudemos perceber a importância da reflexão do professor sobre a sua prática pedagógica.

            Ficou claro que a avaliação é um processo contínuo, diário, progressivo e indissociável da prática pedagógica, mas ainda precisamos quebrar com a barreira de que para ser avaliado é preciso atribuir notas ao aprendizado do aluno, é necessário um esclarecimento para que os pais e alunos aceitem e compreendam essa nova forma de avaliar.

            O objetivo de se avaliar não deve ser julgar e rotular os alunos, mas ajudar a criar caminhos fáceis e mais curtos, que levem os alunos a aprendizagem de forma clara e objetiva. 

 

REFERÊNCIAS

 

Disponível em: < http://agenciabrasil.ebc.com.br/educacao/noticia/2016-07/estatuto-da-crianca-atualiza-idade-para-educacao-infantil > Acesso em: 14/Nov/2017.

Disponível em: < http://bibliotecadigital.puc-campinas.edu.br/services/monografias/Wania%20C.%20T.%20Rampazzo.pdf> Acesso em: 14/Nov/2017.

 Disponivel em: < http://coral.ufsm.br/lec/02_00/Cintia-L&C4.htm > Acesso em: 14/       Nov/2017

Disponível em: < http://penta.ufrgs.br/~marcia/estagio2.htm#esm > Acesso em: 14/Nov/2017.

Disponível em: < http://portal.mec.gov.br/ultimas-noticias/211-218175739/18563-criancas-terao-de-ir-a-escola-a-partir-do-4-anos-de-idade > Acesso em: 14/Nov/2017. 

Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/rcnei_vol1.pdf> Acesso em: 15/Nov/2017.

 Disponível em: <http://www.fcc.org.br/pesquisa/publicacoes/eae/arquivos/1281/1281.pdf> Acesso em: 15/Nov/2017.

GELFER, J. I.; PERKINS, P. G. Portfolios: focus on young children. Teaching Exceptional Children, v. 31, n.2, p. 44-47, Nov./Dez. 1998.

Disponível em: < https://gestaoescolar.org.br/conteudo/74/avaliacao-na-educacao-infantil> Acesso em: 15/Nov/2017.

 GRONLUND, G. Portfólios as an assessment tool: is collection of work enough? Young Children, v.53, n.3, p. 4-10, May, 1998.

 

PIAGET, Jean. Epistemologia Genética: tradução Álvaro Cabral, 4ª edição – São Paulo. Editora WMF Martins Fontes, 2012.

Disponível em: <https://novaescola.org.br/conteudo/286/avaliar-para-crescer> Acesso em: 15/Nov/2017.

Disponível em:<http://serra.multivix.edu.br/wp-content/uploads/2015/06/ARTIGO_VERUSKA_VIEIRA_SANTOS_ped.pdf> Acesso em: 15/Nov/2017.  (VER COM A PROF)