Buscar artigo ou registro:

 

 

O PROCESSO DE ENSINO ATRAVÉS DO LÚDICO PARA OS ALUNOS AUTISTAS EM ESCOLA REGULAR

Alda Mendes
Patrícia Fávero de Oliveira
Keli Cristina Ferreira da Cunha
Silvana Silva de Paula
Rosecarla Batista Vieira Arnaldo

               

 

RESUMO

O presente trabalho teve o objetivo de descrever novas metodologias pedagógicas para ensino e aprendizagem de alunos com autismo em escola regular. A metodologia utilizada foi de revisão bibliográfica, e para sua formação foi baseada em uma pesquisa qualitativa e descritiva através de livros, artigos, revistas, do período de 1999 a até 2017, sobre variados assuntos voltado a espectro do autismo. Quais alternativas pedagógicas que podem ser utilizadas para desenvolver a inclusão buscando o aprendizado do aluno com autismo? Foi realizada uma reflexão sobre o desenvolvimento e aprendizagem de alunos autistas, uma vez que o nosso sistema educacional é tradicional e os professores muitas vezes não estão preparados para receber o aluno autista, e se deparam com as dificuldades em sala de aula, sendo que se percebeu que precisa haver uma capacitação para que os mesmos possam saber trabalhar com estes alunos. Diante disso justifica-se o tema o processo de ensino através dos alunos com algum transtorno, enfrentam dificuldades o que acaba os desmotivando e muitas vezes fazendo com que se se isolam e assim haja uma fuga do ensino regular. Com isso, a pesquisa vem contribuir e colaborar com professores da educação regular onde a ludicidade é de suma importância, e que esta seja de caráter positivo, contemplando o desenvolvimento, o aprendizado e as potencialidades da criança em uma relação de prazer nas atividades de aprendizado.

 

Palavras – chave: Autismo. Educador. Metodologia. Escola.

 

 

  1. INTRODUÇÃO

Este estudo fez uma reflexão sobre o desenvolvimento e aprendizagem de alunos autistas, uma vez que o sistema educacional é tradicional e os professores muitas vezes não estão preparados para receber o aluno autista, e se deparam com as dificuldades em sala de aula, sendo que precisa haver uma capacitação para que os mesmos possam saber trabalhar com estes alunos. O Autismo infantil está em um grupo de transtornos do neuro desenvolvimento que são chamados de: Transtornos Globais do Desenvolvimento (TGDs), as particularidades do Autismo variam, afetando diversas capacidades como a comunicação, a socialização, e o comportamento do indivíduo (COSTA, 2017).

Abrangendo os alunos Autistas como um todo, explorando e verificando as novas alternativas que estão sendo estudadas e colocadas em prática em todos os âmbitos escolares.

Este trabalho teve como tema “O processo de ensino para os alunos autistas em escola regular”, o que possibilitou refletir sobre as novas metodologias pedagógicas que estão presentes em sala de aula e assim buscar o entendimento sobre o autismo, uma vez que esta necessidade especial pode abranger dificuldade na relação social. Almeja-se melhor inclusão de alunos Autistas, visando desenvolver melhora da comunicação através de novas alternativas de aprendizado, e destacando a importância da atualização dos profissionais da educação para melhor interação com alunos com síndrome.

Pergunta-se: Quais alternativas pedagógicas que podem ser utilizadas para desenvolver a inclusão buscando o aprendizado do aluno com autismo? Justificaram-se assim os alunos com algum transtorno, enfrentam dificuldades o que acaba os desmotivando e muitas vezes fazendo com que se se isolem e assim haja uma fuga do ensino regular. O que de algum modo seria possível resolver através de diferentes medidas de acolhimento aos alunos especiais, para melhor interação em desenvolvê-los.

O objetivo desta pesquisa consistiu em descrever novas metodologias pedagógicas para ensino e aprendizagem de alunos com autismo em escola regular. A capacitação dos educadores para atuação na metodologia de aprendizagem de alunos com necessidades educacionais especiais, é o ponto de grande relevância para atuar em sala, deve-se ter domínio sobre educação inclusiva, sendo capaz de analisar a necessidade, e ocorrer flexibilização de procedimentos didáticos e buscar alternativas adequadas para melhor se desenvolver a formação dos alunos. (RESOLUÇÃO Nº 2/2001).

A atualização de currículo do corpo docente das escolas tem como intuito principal a eliminação das barreiras que impedem a escolarização de muitos alunos com algum tipo de necessidade especial. Porém é responsabilidade dos estados e municípios a organização de algum setor voltado para educação especial, para os educadores conseguirem desenvolver seu trabalho nas escolas. A escassez de profissionais preparados para atuação inclusiva nas escolas contenta aspectos desde sua formação, a conhecimento básico com todo tipo de heterogeneidade de cada aluno.

Os objetivos específicos consistiram em caracterizar o autismo e ressaltar a importância do papel do professor frente o processo de ensino e aprendizagem; Descrever as metodologias pedagógicas utilizadas para o ensino dos alunos Autistas; Evidenciar as novas propostas do ensino aprendizagem que estão se aplicando em sala de aula com os alunos Autistas, bem como as ações práticas na convivência diárias.

Este trabalho foi desenvolvido utilizando o método de revisão bibliográfica, baseada em uma pesquisa qualitativa e descritiva através de livros, artigos, revistas, do período de 1999 a até 2017, sobre variados assuntos voltado a espectro do autismo. Através das seguintes palavras chaves: novas práticas pedagógicas, dificuldade dos autistas no ensino regular, educação inclusiva, Transtorno do Espectro Autista.

 

  1. A CARACTERIZAÇÃO DO AUTISMO E A IMPORTÂNCIA DA CAPACITAÇÃO DO PROFESSOR FRENTE AO PROCESSO DE ENSINO DO ALUNO

Constata-se que não ocorre a definição correta sobre o (TEA) Transtorno do Espectro Autista, pois as habilidades e potencialidades presentes em cada criança são muito variáveis, o que dificulta a definição sobre o espectro. De acordo com Bosa, Baptista (2002, p. 12) “por Leo Kanner, ninguém, hoje, sabe dizer ao certo e de forma indiscutível o que é autismo”.

Kanner e Asperger (1997) foram os primeiros médicos a conseguirem diagnosticar e diferenciar os autistas dos esquizofrênicos ocorria esse equívoco de diagnóstico, pois as habilidades comportamentais do espectro eram semelhantes os dos esquizofrênicos, e somente em 1943, o espectro começou a se chamar de fato Autismo. Desde então, do conhecimento da existência dessa síndrome, ocorre a inevitabilidade de buscar intervenções a serem aplicadas no âmbito de desenvolver as habilidades das crianças, visando melhorar competências relacionadas a interação, uma vez que o TEA era marcado pela dificuldade de comunicabilidade, e hoje se sabe que é um distúrbio neurológico (COSTA, 2017).

           O autista tende a ser entendido como se vivesse em um mundo só seu, devido à dificuldade que ele apresenta de comunicabilidade, pois sua atenção e concentração são difíceis de ser obtidas, uma vez que qualquer distração ou barulho acaba o desconcentrando, assim ele acaba fugindo de estímulos externos, buscando sempre estar em seu universo interior.

 

Muitas vezes, a criança se “ausenta” do ambiente que a cerca e das pessoas circunstantes a fim de bloquear os estímulos externos que lhe parecem avassaladores. Ela deixa de explorar o mundo à sua volta, permanecendo em vez disso em seu universo interior. (GRANDIN; SCARIANO 1999, p.18)

 

            As crianças com autismo são extremamente sensíveis aos barulhos que são normais no cotidiano de uma escola, atividades e atitudes simples para TEA acaba se tornando uma barreira, como conversar com outros alunos, sinais sonoros, ventilador e até mesmo barulho de portas, atrapalha sua interação com os demais colegas de sala de aula, tendendo-se a ficar isolado em seu mundo (Kanner, 1997).

 

2.1   Metodologia utilizada pelo professor para se trabalhar com alunos autistas

 

           Para o autista é complicado, pois o mesmo chega numa sala de aula onde é tudo novo para ele, para que o professor possa trabalhar com este aluno, em primeiro lugar precisa fazer uma entrevista com a mãe do mesmo para saber o que o aluno gosta de fazer, qual o programa da televisão que ele mais gosta isso pode ajudar muito o professor a preparar as suas aulas, criar um vinculo com ele, quanto mais souber sobre este aluno é melhor.

            Para isso é bom estabelecer uma comunicação alternativa, isso é muito importante, e sabe-se que muitos autistas se adaptam com libras, saber sobre o comportamento deste aluno, como ele fica se ele é agressivo quando às vezes falam não para ele, como ele reage a isso. E quando o aluno está feliz como ele reage, se ele anda pela sala, ele pode mostrar que ele está feliz de uma maneira diferente que o professor não está acostumado, este é os pontos principais que o professor precisa saber.

 

Na atual organização das políticas públicas de educação especial, o atendimento educacional especializado se materializa como um dos serviços pedagógicos complementares ou suplementares a escolarização, uma vez que estará trabalhando diretamente com as singularidades específicas de cada criança, embora apresentem o mesmo diagnóstico, são únicas em todos os âmbitos de suas vidas, precisando, portanto, de uma atenção diferenciada (GOMES E MENDES, 2010; BAPTISTA, 2011).

 

         É de suma importância que o professor neste primeiro momento saiba sobre a alimentação do aluno autista. Muitos alunos autistas não comem nada na escola eles preferem alguns tipos de alimentos e odeiam outros. Agora quanto às atividades o professor precisa antecipar o que vai acontecer e como vai ser se vai ser educação física, ou artes, matemática e assim por diante. Se o professor colocar muitas atividades para o aluno autista, dependendo o grau de autismo do aluno, com certeza irá ficar meio cansado e estressado. O professor precisa ficar atento para ver se o aluno consegue fazer as tarefas, se ele conseguir, gradativamente vai aumentando as tarefas para um grau mais difícil para que este aluno vá se adaptando na escola.

           O professor poderá trabalhar com figuras ou fotos porque assim se o aluno esquecer ele poderá olhar, pois ficará pendurada no alcance do aluno, para ele visualizar o que vem na sequência, isso é muito importante. O aluno autista ele tem uma dificuldade em se organizar no tempo, ele faz muitas perguntas.

O aluno sente a necessidade de olhar cada cantinho da sala e da escola. As vezes ele entra na sala e logo em seguida quer sair. As trocas de móveis na sala de aula ou na escola influenciam muito no dia a dia do aluno. Para ele isso é muito importante, é um controle do aluno. Se o aluno autista estiver acostumado do jeito dele, tranquilo, ele vai para a sala de aula sem nenhum problema.

 

É por meio de outros, por intermédio do adulto que a criança se envolve em suas atividades. Absolutamente, tudo no comportamento da criança está fundido, enraizado no social. Assim, as relações da criança com a realidade são, desde o início, relações sociais. Neste sentido, poder-se-ia dizer que o bebê é um ser social no mais elevado grau. (VYGOTSKY 2010, p.16)

 

            Em relação aos aspectos educacionais do autista, observa-se que o indivíduo autista requer do sistema educacional diversidade e personalização. No processo de inclusão dos educandos portadores de autismo no ambiente escolar, observa-se uma necessidade urgente de um planejamento das práticas pedagógicas de acordo com as particularidades do seu desenvolvimento e do ritmo de aprendizado por eles apresentado.

            Camargo (2005) enfatiza que a educação de uma criança autista é uma experiência que leva o docente a buscar sempre novos conhecimentos e refletir todo o tempo sobre sua forma de trabalhar, seus princípios, sua competência profissional e suas ideias. Trabalhar com um aluno autista provavelmente e a maior experiência e a mais enriquecedora que possa ter um professor. É importante ressaltar que os estudos permanecem continuamente para que novos projetos possam surgir, partindo das novas experiências vivenciadas e confrontando com outros métodos já implantados, visando assim a um melhor desenvolvimento do indivíduo com autismo.

            A flexibilidade é a base, pois a variação de habilidades entre os alunos é vasta, o que provoca dificuldades de interação entre os mesmos, havendo assim a necessidade do conhecimento das potencialidades de cada um, então deve ser feita uma análise de potencial, ocorrendo de maneira imperceptível e natural, pois mudança repentina na rotina pode acarretar situações indesejáveis, dificultando a boa relação escolar entre os alunos com o espectro (SILVA et al., ALMEIDA, 2012).

A rotina e organização tem um papel importante um bom andamento de atividades trabalhadas em sala, métodos como TEACCH (Tratamento e Educação para Autistas e Crianças com Limitações e YAP (Programa de princípios comportamentais) são bastante utilizados na pré-escola, podendo ser adaptado ao ensino regular. Smith, (2008), p.369) apresenta os Métodos TEACCH e YAP:

 

O TEACCH enfatiza o uso de um ensino estruturado. O ensino estruturado envolve a adaptação de materiais e ambientes para ajudar as crianças a entenderam o mundo. Uma vez que novas habilidades são adquiridas, as crianças são ensinadas a utilizá-las cada vez com mais independência [...]. O programa Young Autism Program, é um intensivo (normalmente em 40 horas semanais), o qual utiliza os princípios da análise de comportamento aplicada, objetivo é ensinar as crianças habilidades para participar com independência de todos os aspectos da vida diária [...].(FONSECA e CIOLA, 2014, p. 34).

          

O modelo (TEACCH) Tratamento e Educação para Autistas e Crianças com Limitações se baseia em desenvolver a técnica que conciliando atividades, espaço, tempo, material, sendo capaz de adequar-se a sensibilidade cognitiva de cada indivíduo, o método organiza uma estrutural mental, com o intuito de proporcionar maior segurança e confiança e uma vida adulta independe e auto governança, promovendo melhor desenvolvimento de si (MORAIS, 2012).

           A independência da pessoa com autismo é de difícil evolução, uma vez, que quem possui esse transtorno, não possui empatia com outras pessoas, não entendendo, por exemplo, quando uma pessoa para de desenvolver determinada função (aposentadoria), ou a dor de algum tipo de perda tanto emocional quanto material.

  • A educação continuada dos educadores e sua importância na construção de uma escola mais humana.

 

           Os professores tem tido muitas capacitações para se especializarem para entender melhor o autismo. Isso fica claro na menção de sua importância em uma quantidade significativa de documentos oficiais, inclusive de maneira incisiva na Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 1996. No entanto, as discussões acadêmicas atuais têm evidenciado algumas problemáticas de como estas ações estão sendo aplicadas. 

           Leandro Amargós Defacio ao relatar sua experiência no artigo “A oficina de criatividade na formação de professores” (2008) questiona se a formação atual dos educadores abrange obstáculos como a “distância (ou abismo) entre o trabalho como ele deve ser e a realidade do trabalho; o distanciamento afetivo dos colegas; a falta de participação nas decisões (...)” (DEFACIO, 2008, p. 206). Por essa razão o autor reforça a necessidade possibilitando o desenvolvimento da capacidade reflexiva e autônoma por parte dos educadores.

              No entanto a formação docente é de suma importância, em especial a continuada, considerando a intensa jornada de trabalho, no processo de formação continuada do professor brasileiro. A formação continuada é constantemente debatida, mas ainda podemos observar o que Nóvoa (2009) chama de excesso de discursos e pobreza de práticas, como se ao repetirmos determinados discursos, a realidade fosse automaticamente alterada.

           O autor ainda afirma que, mesmo quando a formação continuada acontece, precisa haver um processo reflexivo tão fundamental nesse processo. Partindo da ideia de que diferentes estratégias podem contribuir com a formação de professores.

             

“Atendimento escolar de alunos com necessidades educacionais especiais: um olhar sobre as políticas públicas de educação no Brasil” cita alguns resultados esperados da formação dos educadores: capacitação para que os mesmos analisem “os domínios de conhecimentos atuais dos alunos (PRIETO, 2006, p. 58)

 

           O professor precisa saber que o Transtorno Espectro Autismo, ainda é um desafio para a Ciência. As causas ainda são mal conhecidas. Sabe-se que a genética tem um papel importante e os métodos de diagnósticos disponíveis hoje permite identificar um número maior de casos. Professores se perguntam e tem a curiosidade sobre a criança autista, o que se passa na cabeça da criança autista, porque são tão diferentes, porque algumas não aprendem em falar outras desenvolver habilidades geniais.

            As crianças autistas são fascinadas por movimentos circulares, eles ficam até horas observando algo que gira cata-vento ou ventiladores, algumas crianças têm como o ventilador como seu melhor amigo, é intolerante aos sons e ruídos altos, estas pessoas encontram um enorme constrangimento social, para elas o olhar dos outros, os sons, os movimentos os falatórios, provocam um curto circuito que as deixam inseguras e desorientadas.

 

O brincar é um importante processo psicológico, fonte de desenvolvimento e aprendizagem. Ele envolve complexos processos de articulação entre o já dado e o novo, entre a experiência, a memória e a imaginação, entre a realidade e a fantasias sendo marcado como uma forma particular de relação com o mundo, distanciando-se da realidade da vida comum, ainda que nela referenciada. A brincadeira é de fundamental importância para o desenvolvimento infantil, na medida em que a criança pode transformar e produzir novos significados. O brincar não só requer muitas aprendizagens como também constitui um espaço de aprendizagem (RODRIGUES, 2009, p. 19).

 

           Para que se possa entender um pouco mais sobre o lúdico e de como funciona, é importante considerar que o termo lúdico tem origem na palavra latina ludus, se designava ao jogo propriamente dito: jogo infantil, de azar e competitivo. Por sua vez, existia no latim vulgar a palavra jocus, que designava a palavra burla broma, que eram utilizadas indistintamente com as palavras jogo e brinquedo. Conhecer e compreender o significado da palavra jogo é muito importante. Trata-se de um conceito muito rico e amplo, o que torna difícil sua categorização, mas se reconhece o seu valor funcional e, consequentemente, sua importância para o desenvolvimento e crescimento do sujeito humano, pois:

 

O jogo é uma atividade ou ocupação voluntária, exercida dentro de certos e determinados limites de tempo e de espaço, segundo regras livremente consentidas, mas absolutamente obrigatórias, dotado de um fim em si mesmo, acompanhado de um sentido de tensão e de alegria e de uma consciência de ser diferente da “vida cotidiana” (HUIZINGA, 2000, p. 33)

 

            Assim, analisa-se que as brincadeiras antes eram aplicadas aos poucos entre os adultos e crianças, foram construindo este espaço entre as pessoas nas escolas para as crianças. Sendo que o brinquedo foi constatado que é uma ligação para esta socialização do autista para com o mundo. A criança começou a ter um espaço para brincar junto ao brinquedo, que torna possível sua inserção no mundo lúdico (Kishimoto, 2003).

           Percebeu-se que o brincar é uma atividade muito antiga pela qual se usa a imaginação, o faz de contas enfim para que a criança possa viver no mundo da fantasia e realidade tendo as possibilidades de expressões. Assim o autista tem novas formas de construir relações sociais com outras pessoas.              

Conforme Decreto nº 8.368 de 02 de Dezembro de 2014:

 

Art. 4º É dever do Estado, da família, da comunidade escolar e da sociedade assegurar o direito da pessoa com transtorno do espectro autista à educação, em sistema educacional inclusivo, garantida a transversalidade da educação  especial desde a educação infantil até a educação superior. [...] § 2 o Caso seja comprovada a necessidade de apoio às atividades de comunicação, interação social, locomoção, alimentação e cuidados pessoais, a instituição de ensino em que a pessoa com transtorno do espectro autista ou com outra deficiência estiver matriculada disponibilizará acompanhante especializado no contexto escolar. (BRASIL, 2014)

 

            O autismo é um transtorno global que faz com que o individuo tenha limitações quanto à interação social, ou seja, dificuldades na linguagem para lidar com jogos simbólicos e faz com que tenha restrições e repetições de comportamentos.  No autismo muitas vezes afeta o cérebro e a linguagem onde a criança autista fala pouco, são pessoas muito inteligentes e brilhantes, pessoas que adoram músicas, notou-se que o autista tem um neuro desenvolvimento e o que ocorre vai afetar o comportamento, a cognição, linguagem cada caso é uma síndrome muito heterogênea, sendo que hoje a classificação englobou todos estes transtornos.  

 

2.3 O espaço atual da criança autista na escola.

 

            Muito se discute sobre o melhor espaço das crianças com autismo na escola, há quem defenda as classes especiais como um meio de preparo e adaptação antecipada para a sua entrada as classes regulares, outros priorizam o primeiro acesso já nessas classes para o desenvolvimento social, cognitivo e da linguagem. A educação especial passou a ser difundida depois de muitos séculos, a princípio em meados do século XIX por repararem a grande predominância das doenças hereditárias (os higienistas se preocuparam,), pois diziam que as doenças mentais estariam sendo causada por consequência de contaminação, a única solução foi fazer campanhas para a segregação dos deficientes (Defacio, 2008).

        Então as primeiras instituições educacionais foram de intervenção pedagógica para crianças que frequentavam somente hospitais e essas instituições já passaram por várias transformações, ainda hoje se percebe modificações dentre nomenclaturas e estruturas educacionais para receber crianças com autismo, mas este espaço ainda precisa ser debatido e principalmente, deve haver uma luta para que garanta seus direitos.

            De acordo com Rodrigues (2012), a escola ainda passa por transformações e tem se modificado, mas não o suficiente para atender esta criança na construção do seu processo de aprendizagem autônoma, construção criativa e social. A criança com autismo ainda permanece no quadro que marca, modela, configura, classifica e mede, ainda é um ensino segregado onde a educação deve ser igual para todos e esse é o grande obstáculo para seu desenvolvimento.

            Os professores ainda carregam consigo concepções de ensino metodológico, crianças autistas estão condicionadas a se relacionarem com o meio e se desenvolverem por métodos comportamentais que estigmatizam e limitam experiências do mundo e o meio em que se vive. No espaço educacional encontramos muitas metodologias como o (TEACCH) Tratamento e Educação para Autistas e Crianças com limitações, (ABA) Applied Behavior Analysis, tratamento nos casos mais graves, (PECS) Picture Exchange Communication System, comunicação através de figuras, para alguns casos podem ser apropriados a número de crianças que se encontram na escola ou fora da escola.

          De fato esse é o espaço em que se encontram as crianças com autismo, ambiente que deveria ser acolhedor, enriquecedor de aprendizagens e de trocas mútuas, mas que infelizmente segue em passos lentos na mudança e no olhar de alteridade.

            De acordo com Rodrigues (2012) a escola necessita estar aberta para compreender o outro seja pelos saberes, seja pelas experiências, independente das diferenças, ela deve estar livre e ser totalmente comprometida para que seja incluída. Precisamos de práticas que estudem o sujeito individual e coletivamente, práticas humanas e plurais.

 

Uma pedagogia precisa verdadeiramente ser na escola, ou seja, reconhecer a singularidade de cada sujeito e assim planejar, construir alternativas para potencializar a curiosidade das crianças, adolescentes, jovens, adultos e/ou idosos e principalmente, possibilitar criação, socialização, aprendizagem e autonomia com corresponsabilidade na escola. (RODRIGUES, 2012. p. 69)

 

            Então, o educador é peça-chave nesse epílogo difundido na educação que modela e transforma o sujeito em patologia, desta maneira é fundamental que este profissional imagine e entenda os princípios de como a criança com autismo se constitui e sempre emendar ideias - mudanças as suas práticas pedagógicas. Então, qual a melhor maneira de se trabalhar com a criança com autismo? Quais práticas pedagógicas?

             Sabe-se que não existe receita e as respostas para essas perguntas começam internamente, é necessário sair da zona de conforto e estar predispostos a uma nova postura educacional. Depois, é crucial desmistificar as fontes metodológicas existentes como única e exclusiva fórmula de ensinar a criança com autismo.

             “Uma formação baseada apenas nas questões metodológicas não garantem o efetivo exercício de alteridade” (RODRIGUES, 2012, p. 69-70).

             As práticas precisam considerar as necessidades, experiências e alteridade. Uma tríade que deve ser unida a partir da construção de saberes onde haverá trocas e Assim possibilidades de desenvolvimento e aprendizagem mais íntegra, justa, leve e significativa. Nesse caso, é aparentemente simples, a prática se faz quando o reconhecimento singular da criança lhe é fundamental e significativo, logo existirá espaço para professor e aluno ser nos processos de aprendizagem.

              Para isso, a escuta atento é o primeiro passa a ser dado, “escutar significa viver a intensidade da alteridade, diferença e de histórias singulares que na cadeia significante de cada sujeito fazem seu próprio sentido” (RODRIGUES, 2012, p. 72). O educador deve estar ciente do quão primordial é a escuta em seu fazer pedagógico.

 

 

  1. CONSIDERAÇÕES

           Quanto ao processo de inclusão pode-se afirmar que as escolas, independente da clientela atendida, estão incluindo todos os alunos independentes da sua deficiência, pois todos tem o mesmo direito e isso é garantido pela constituição. As escolas passaram a organizar o seu espaço para atender esses alunos de acordo com a necessidade dos mesmos e que as diferenças existentes nos alunos especiais devam ser respeitadas.             

             Ao realizar leitura referente ao tema, foram constatadas algumas dificuldades para que o processo de inclusão do aluno especial aconteça de fato, como: conhecer a deficiência e como lidar com ela no cotidiano escolar. Percebe-se também que, no primeiro momento, ambos não estavam preparados para atender a essa necessidade, desta forma, foi preciso buscar auxílio, procurando suporte junto a Secretaria de Estado e Educação, para assim contribuir no desenvolvimento de cada educando. É notório a grande preocupação de cada educador com seu cotidiano escolar.

             Com a pesquisa foi possível identificar ainda diversas dificuldades em trabalhar com os alunos autistas, portanto, entende-se que a inclusão se efetiva a partir da matrícula de todos os alunos, independente da sua raça, cor, classe social ou até mesmo deficiência. Desta forma, a escola precisa ser um espaço educacional a ser usufruído por todos.

             Os alunos devem usufruir de todos os ambientes de forma que estejam adaptados para eles também. Deste modo, a política da inclusão defende que o sistema educacional regular deve atender a diversidade existente na sociedade e, por isso, toda comunidade escolar precisa se unir para que de fato a inclusão ocorra dentro de seus espaços educacionais.

                                           

 

   REFERÊNCIAS

 

 

BAPTISTA Claudio Roberto; BOSA, Cleonice. Autismo e educação: reflexões e propostas de intervenções. Porto Alegre: Artmed, 2002. 2ª edição  53 p.

BRASIL, Resolução de nº 22001, de 11 de setembro de 2001. Institui Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica. Diário Oficial da União, Brasília, 14 de setembro de 2012. Seção 1E, p. 39-40.

 

CAMARGO, Pimentel Höher; BOSA, Cleonice Alves. Competência social, inclusão escolar e autismo: revisão crítica da literatura. Psicologia & Sociedade, v. 21, n. 1, p. 65-74, 2005.

 

CHABALGOITY, D. Ontologia do oprimido: construção do pensamento filosófico em Paulo Freire. Jundiaí, SP: Paco Editorial, 2005.

COSTA, Fihama Brenda Lucena Da Costa. o processo de inclusão do aluno autista na escola regular: análise sobre as práticas pedagógicas. 2017, Monografia Licenciatura em Pedagogia - Universidade Federal Do Rio Grande Do Norte, CAICÓ, 2017.

 

DEFACIO, L. A.. A oficina de criatividade na formação de professores. In: Cupertino, C. M. B. (org). Espaços de Criação em Psicologia: oficinas na prática. São Paulo. Annablume, 2008.

 

FREIRE, Paulo. Pedagogia da esperança: um reencontro com a pedagogia do oprimido. 4 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2003.

 

GOMES, Camila Graciella Santos; MENDES, Enicéia Gonçalves. Escolarização Inclusiva de Alunos com Autismo na Rede Municipal de Ensino de Belo Horizonte. Rev. Bras. Ed. Esp., Marília, v.16, n.3, p.375-396, Set.-Dez., 2010.

GRANDIN, Tempe; SCARIANO, Margaret M. Uma menina estranha: autobiografia de uma autista. São Paulo: Cia. das Letras, 1999, 200 p. 2ª edição.

 

HUIZINGA, Johan. Homo ludens: o jogo como elemento da cultura. 5edição. São Paulo: Perspectiva, 2007.

 

KANNER, Leo. Autismos In: ROCHA, Paulina Schmidtbauer (org). São Paulo: Editora Escuta; Recife, PE: Centro de Pesquisa em Psicanálise e Linguagem, 1997, p.111-170.

MORAIS, Telma Liliana De Campos. Modelo Teacch - Intervenção Pedagógica Em Crianças Com Perturbações Do Espetro Do Autismo. 2012 Dissertação de Mestrado (Ciências da Educação) - Escola Superior de Educação Almeida Garrett, Lisboa, 2012.

 

NÓVOA A. Professores: Imagens do futuro presente. Lisboa: Educa, 2009.

 

PRIETO, R. G.. Atendimento de alunos com necessidades educacionais especiais: um olhar sobre as políticas públicas de educação no Brasil. In: Arantes, V. A. (org). Inclusão Escolar: pontos e contrapontos. São Paulo. Summus, 2006.

 

RODRIGUES, F.L.V. A experiência de acompanhar crianças com autismo na escola: o desafio de des-fiar a forma da formação de professores. Ciências & Letras, Porto Alegre, n. 52, p. 69-80, jul./dez. 2012.

SILVA, Francisca da Silva. ALMEIDA, Amélia Leite de. Atendimento educacional especializado para aluno com autismo: Desafios e possibilidades. Florianópolis, v. 1, n. 1, 2012.

SILVA, Lívia Ramos de Souza, REIS, Marlene Barbosa de Freitas, Educação Inclusiva: O Desafio Da Formação De Professores. REVELLI – Revista de Educação, Linguagem e Literatura da UEG-Inhumas. Inhumas, v. 3, n.1 –– p. 07-17, mar de 2011.

SMITH, Deborah Deustch. Introdução à educação especial. 5 ed. Porto Alegre: Artmed, 2008. 480 p.

 

VYGOTSKY, Lev Simionovich. Coleção educadora –MEC. Massagana. 2010.