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OS ESTABELECIDOS E OS OUTSIDERS POSSÍVEIS CORRELAÇÕES COM UM OBJETO DE PESQUISA[1]

Caryna Paes Barreto[2]

 

RESUMO

Este artigo representa um esforço inicial em apresentar um objeto de pesquisa: A presença do Negro no Empreendedorismo em Cuiabá-MT. Tal esforço será empreendido a partir de uma resenha do livro de Norbert Elias e John. L. Scotson “Os Estabelecidos e os Outsiders – Sociologia das relações de poder a partir de uma pequena comunidade”. Serão abordadas algumas discussões apontadas no livro, e pertinentes ao tema da pesquisa a ser realizada, sem a pretensão de exaurir tal tema, mas de possibilitar expor compreensão e buscar dar respostas às seguintes questões: Como é abordada e definida a relação entre estabelecidos e outsiders no livro? Quais outras situações pode-se definir como uma relação entre estabelecidos e outsiders? Qual a história do empreendedorismo? O que é empreendedorismo? Como alguns autores definem empreendedorismo? No Brasil fala-se em empreendedorismo a partir de quando?  Quais as características de um empreendedor? Qual a situação do negro no mercado de trabalho?

Palavras Chaves: Estabelecidos e Outsiders. Empreendedorismo. Trajetória profissional.

 

ABSTRACT

This article represents an initial effort to present a research object: The presence of the Negro in Entrepreneurship in Cuiabá-MT. Such an effort will be undertaken from a review of the book by Norbert Elias and John. L. Scotson "The Established and the Outsiders - Sociology of power relations from a small community". It will be approached some discussions pointed out in the book, and pertinent to the subject of the research to be carried out, without the pretension of exhausting such subject, but of making possible to expose understanding and seek to give answers to the following questions: How the relationship between established and outsiders is approached and defined in the book? What other situations can be defined as a relationship between established and outsiders? What is the history of entrepreneurship? What is Entrepreneurship? How do some authors define entrepreneurship? In Brazil, we talk about entrepreneurship from when? What are the characteristics of an entrepreneur? What is the situation of the black man in the labor market?

Keywords: Established and Outsiders. Entrepreneurship. Professional trajectory.

 

Introdução

As palavras establishment e established (em inglês), designam grupos e indivíduos que ocupam posições de poder e prestígio. Um grupo que se auto percebe e que é reconhecido como uma “boa sociedade”. Outsiders é o termo que fica do outro lado nesta relação, refere-se aos que não pertencem ao grupo da “boa sociedade”, são pessoas unidas por serem um grupo social menos coeso e com laços sociais menos intensos do que os que unem os establishment. É a relação de poder gerada na analogia estabelecidos e outsiders, observada entre os habitantes do povoado de Winston Parva que vai nortear a pesquisa elucidada na obra resenhada que será neste artigo apresentada.

Desta forma, um objeto de pesquisa que ainda está em andamento é apresentado, a pesquisa a ser realizada pretende identificar a Presença do Negro no Empreendedorismo em Cuiabá/MT, deseja assinalar quais as características de um empreendedor, o que é o empreendedorismo, qual a trajetória profissional e educacional dos empreendedores que serão entrevistados, quais as possíveis relações de poder entre as exigências para permanência no mercado de trabalho e as possíveis relações que podem influenciar direta ou indiretamente estes empreendedores negros, como se dá o processo de inserção do negro no mercado de trabalho, como ocorre a inserção do negro empreendedor em Cuiabá/MT e o perfil empreendedor dos entrevistados. Vale ressaltar que, o interesse nesta pesquisa, se deu através da dificuldade em encontrar informações sobre a presença de negros empreendedores e suas trajetórias, enquanto facilmente encontrava-se informações referentes aos outros empreendedores em Cuiabá/MT.

Como o livro “Os Estabelecidos e os outsiders” é resultado de uma pesquisa, trabalho de campo de aproximadamente 3 anos. No decorrer deste livro, os autores tratam de diversas fontes de pesquisas. Verifica-se a importância desta variedade de tratamento onde é possível compreender os laços de interdependência capazes de unir, separar e hierarquizar os indivíduos e grupos sociais (formação de uma figuração social à partir de um conjunto de pontos de vista). Essa característica da sociologia de Elias faz com que seja atual o livro e sugere caminhos para criticar e reformular algumas das questões que estão presentes na vida cotidiana, expressões como “violência” ou “exclusão”, por exemplo.

Este artigo está estruturado em três partes, sendo a primeira esta introdução, a segunda como desenvolvimento está subdividida nos tópicos: Resenha do livro “Os Estabelecidos e os Outsiders – Sociologia das relações de poder a partir de uma pequena comunidade”, contexto histórico do empreendedorismo, o empreendedorismo no Brasil, as características do empreendedor, o negro no mercado de trabalho, a presença do negro no empreendedorismo em Cuiabá/MT. A terceira e última parte é constituída pelas considerações finais.

 

Resenha do livro “Os Estabelecidos e os Outsiders- Sociologia das relações de poder a partir de uma pequena comunidade”.

            Norbert Elias (1897-1990), sociólogo, estudou medicina, filosofia e psicologia nas Universidade de Breslau e Heidelberg. Abandonou a Alemanha em 1933, indo para a França e depois para a Inglaterra, onde foi professor da Universidade de Leicester (1945-62); lecionou mais tarde, como professor visitante em universidades na Alemanha, Holanda e Gana. John L. Scotson era professor de uma escola primária na cidade perto de Leicester, onde foi realizado este estudo. Na época desenvolvia pesquisas relativas à delinquência juvenil (ELIAS e SCOTSON, 2000).

            O livro “Os estabelecidos e os Outsiders”, foi editado pela primeira vez em 1965, enquanto Norbert Elias era professor da Universidade de Leicester. É resultado do estudo realizado na cidadezinha de Winston Parva (nome fictício), localizada no interior da Inglaterra, no final da década de 1950 e início de 1950. É resultado de aproximadamente três anos de trabalho de campo.

            Winston Parva, apesar de aparentar homogeneidade como comunidade, pois não apresentava diferenças entre renda, educação e tipo de ocupação nos indicadores sociológicos, mas, aqueles que moravam ali não percebiam desta maneira, o povoado estava claramente dividido entre os estabelecidos (moradores mais antigos) e os outsiders (famílias recém-chegadas). (ELIAS e SCOTSON, 2000).

            Vale ressaltar que primeiramente a intenção dos autores era pesquisar a “delinquência” apresentada de forma sistemática em um dos bairros do povoado, e que ao iniciar as pesquisas, viu-se necessário pesquisar as diferenças de caráter dos bairros e para as relações entre eles. Interessante que não há discussões puramente teóricas no desenvolvimento da pesquisa e sim demonstrações empíricas, capazes de fazer compreender, e tornar o caminho privilegiado para tomar distância das formas já consagradas de enunciar problemas em ciências sociais. Essa característica, da sociologia de Elias faz com que seja atual o livro e sugere caminhos para criticar e reformular algumas das questões que estão presentes na vida cotidiana, expressões como “violência” ou “exclusão”, por exemplo.

            A referida pesquisa, portanto, tem a intenção de esclarecer os processos sociais e inclusive a maneira que um grupo de pessoas é capaz de monopolizar as oportunidades de poder e utilizá-las para marginalizar e estigmatizar os membros de outro grupo semelhante, e como isso é vivenciado nas imagens do “nós” em ambos os grupos e em suas autoimagens coletivas. O instrumento de fofoca, analisado por Elias é por exemplo uma forma de estigmatização e manutenção da relação estabelecidos e outsiders, na comunidade de Winston Parva.

            Em Winston Parva, uma povoação da classe trabalhadora, estabelecida desde longa data em relação aos membros de uma nova povoação de trabalhadores em sua vizinhança, os indivíduos “superiores” podem fazer que os indivíduos inferiores se sintam, carentes de virtudes se julgando humanamente inferiores. Como isso se processa? De que forma os membros de um grupo mantem entre si a crença em que são não apenas mais poderosos, mas também serem humanos melhores que os outros? Que meios utilizam eles para impor a crença em sua superioridade humana aos que são menos poderosos?

            Os moradores que viviam na área em que moravam as “famílias antigas”, consideravam-se humanamente superiores aos residentes da parte vizinha da comunidade de formação mais recente. Se recusavam a manter qualquer contato social com eles, exceto o exigido por suas atividades profissionais, os consideravam como inferiores. Os de fora, os recém-chegados pareciam aceitar, uma resignação e perplexidade, estabelecidos-outsiders o grupo estabelecido atribuía a seus membros do outro grupo do contato social não profissional com seus próprios membros. Fofocas elogiosas e depreciativas eram as formas que mantinham o tabu em torno dos contatos.

            Variando a natureza das fontes de poder, mesmo assim a superioridade social e o sentimento de superioridade humana do grupo estabelecido em relação a um grupo de fora, a própria figuração estabelecidos-outsiders mostra, características comuns e constantes. Um exemplo destas constantes em Winston Parva, é que o grupo de estabelecidos tende a atribuir ao conjunto do grupo de outsiders as características “ruins” de sua porção “pior”, há sempre algum fato para provar que o próprio grupo é “bom” e o outro é “ruim”.

            Uma abordagem figuracional, fazia-se necessária na pesquisa. Há uma tendência em discutir o problema da estigmatização social como se fosse uma simples questão de pessoas que demonstram, individualmente, um desapreço acentuado por outras pessoas.             O preconceito é um modo conhecido de conceituar esse tipo de observação e classificá-la como tal. Só que isso é discernir apenas no plano individual, sem que perceba no nível grupal. É comum ver o preconceito individual e não distinguir e relacionar com a estigmatização grupal. Viam-se membros estigmatizando os de outro, não por suas qualidades individuais, mas por pertencerem a um grupo diferente e inferior ao próprio grupo. Nessa figuração, a peça central é a instabilidade do equilíbrio de poder, com as tensões que são próprias. Segundo Elias (2000), um grupo só pode estigmatizar outro com eficácia quando está bem instalado em posições de poder das quais o grupo estigmatizado é excluído.

            Rótulos de “valor humano inferior” é uma das formas utilizadas pelos grupos superiores para manter sua superioridade social. O estigma social colocado aos outsiders pelos estabelecidos, costumeiramente penetra na autoimagem dos outsiders a ponto de enfraquecê-lo e desarmá-lo. Quando um grupo deixa de estar em condições propícias e favoráveis na manutenção do seu monopólio de poder numa sociedade e de excluir, a capacidade de estigmatizar diminui ou até se inverte. Quando diminuem as capacidades de forças, a desigualdade de equilíbrio de poder passa a existir. Os antigos grupos outsiders tendem a retaliar, apelam para a contra-estigmatização, como os negros na América, povos antes submetidos a dominação europeia na África e como os operários da indústria, classe subjugada na Europa.

            O problema para exploração não é saber qual dos lados é errado ou certo, e qual tem razão, mas sim quais características da comunidade ligavam dois grupos de tal maneira que os membros de um deles sentiam-se impelidos, a tratar os outros com desprezo, como pessoas menos educadas e de valor humano inferior, em comparação a eles.

            Em Winston Parva, a expressão sociológica que definia era a coesão, existia uma diferença acentuada na coesão dos dois grupos. Acredita-se que é provável que os diferenciais de coesão e integração, como uma faceta dos diferenciais de poder não tenha recebido a atenção que merecem. Em Winston Parva, sua importância como fontes de desigualdades de forças revelou-se com muita clareza. O valor humano superior, carisma do grupo atribuído a si mesmo pelos estabelecidos, e as características “ruins”, desonra grupal que era atribuída aos outsiders. Não havia coesão entre os recém chegados, pois além de não conhecerem os antigos residentes, também não eram conhecidos entre eles, desta forma era difícil travar um enfrentamento e cerrar as fileiras e revidar. Trata-se de uma barreira emocional, essa barreira afetiva responde pela rigidez, amiúde extrema, da atitude dos grupos estabelecidos para com os grupos outsiders.

            Os outsiders não só em Winston Parva como em outros locais, são vistos como anômicos, desorganizados. O medo do contato com os outsiders, denominam-se “medo de poluição”, como os outsiders são vistos/tidos como anômicos, o grupo dos estabelecidos veem a ameaça de uma “infecção anômica”, os membros que tentarem o contato podem ser vistos pelo seu grupo como suspeitos de romperem com as normas e tabus do seu grupo. Os grupos estabelecidos que dispõem de uma grande margem de poder tendem a vivenciar seus grupos outsiders, como não sendo particularmente limpos. Os conceitos utilizados para estigmatizar outros membros de um grupo diverso, tem sentido somente no contexto em que estão inseridos, sendo de difícil compreensão se utilizados fora do contexto específico.

            Os termos estigmatizantes dos estabelecidos sobre os outsiders tem o poder de ferir emocionalmente, que por sua vez não tem equilíbrio de poder para revidar e “reagir” as ofensas recebidas. Seus termos se forem utilizados, não terão poder de ferir. Mas quando esses termos passam a ser insultuosos, é sinal de inversão de forças (as forças estão mudando). Quando o diferencial de poder é grande, o valor humano é mais elevado (visão dos estabelecidos com relação ao poder superior), e os outsiders consequentemente vivenciam a inferioridade de poder como sinal de inferioridade humana. (ELIAS e SCOTSON, 2000).

            Depende da situação global, a transformação em apatia paralisante a vergonha dos recém-chegados, resultado da estigmatização do grupo estabelecido, ou em normas agressivas e anarquias. Destacou Elias (2000, p.30):

As crianças e adolescentes da minoria desprezada do loteamento habitacional eram evitados, rejeitados e tratados com frieza pelos colegas “respeitáveis” da “aldeia”, com um rigor e crueldade ainda maiores do que os reservados a seus apaís, porque o “mau exemplo” que davam era uma ameaça Às defesas dos jovens “respeitáveis” contra seus próprios impulsos internos de desregramento; e, como a minoria mais rebelde dos jovens sentia-se rejeitada, procurava revidar, portando-se mal de maneira ainda mais deliberada. Saber que, sendo barulhentos, destrutivos e insultuosos, eles conseguiam incomodar aqueles por quem eram rejeitados e tratados como párias funcionava como um incentivo adicional para o “mau comportamento”. Eles gostavam de fazer exatamente as coisas que lhes eram censuradas, como um ato de vingança contra aqueles que os censuravam.

           

            Adquiriu-se como hábito explicar as relações de grupo como resultado de diferenças raciais, étnicas, religiosas, mas nenhuma destas se encaixava no caso de Winston Parva. A materialização do estigma, por muitas vezes é atribuída ao estigmatizado como um estigma social que é coisificado. Surge como uma coisa objetiva, implantada nos outsiders pela natureza ou pelos deuses. A referência à cor da pele, quando diferente, e outras características biológicas do grupos que são ou foram tratados como inferiores, por grupos estabelecidos, tem a mesma função objetificadora.

            Quanto maior a consciência da equação emotiva entre grande poder e grande valor humano, maior é a probabilidade de uma avaliação crítica e de uma mudança. O choque de realidade pode demorar muito a se impor.

            O grupo de estabelecidos extremamente coeso, em que sua situação de superioridade em relação aos outsiders ainda é plenamente mantida, é o que encontramos em Winston Parva, a circulação de fofocas depreciativas, são traços constantes desse tipo de figuração. Um escritor norte americano é citado por Elias, ao dizer que ele falou dos intelectuais negros como “ávidos por um gosto de poder”, sendo que por um longo período os brancos norte-americanos usavam sua própria superioridade como meio de excluir os descendentes de escravos da participação nos instrumentos de poder que monopolizavam. (ELIAS e SCOTSON, 2000).

            Por muitas vezes ao se discutir as relações estabelecidos-outsiders o termo “raciais” é discutido. Coloca em foco o grande processo onde grupos humanos se desenvolveram em diferentes partes da Terra, com adaptações a diferentes climas, condições físicas, entrarem em contato após grande período de isolamento, na situação de conquistadores e conquistados.

            Sobre o método, consideravam problema de método o fato da cidade ser pequena, com uma comunidade relativamente pequena (em torno de 5000 mil habitantes). Um dos autores/pesquisadores trabalhava lá há alguns anos.            As entrevistas e fichas de registro permitiram analisar dados quantitativos e apresentar alguns deles como tabelas estatísticas. Mas não podiam explicar através apenas de “variáveis” como se cada um deles existisse e variar-se por si, independente de uma configuração social. As respostas individuais eram partem integrante das crenças e atitudes comuns, mantidas por várias formas de pressão e controle sociais, sobretudo na Zona 2, onde a coesão entre os vizinhos era relativamente alta, e também pelas pressões de uma situação comum, especialmente na Zona 3, onde a coesão era menor. (ELIAS e SCOTSON, 2000).

            Analisar a pesquisa de forma apenas estatística restringe a análise puramente estatística e a pesquisa configuracional, faz uma análise sociológica. A análise ou separação dos elementos em uma pesquisa é meramente temporária numa pesquisa que requer a complementação por outra pela integração ou sinopse dos elementos. A simples descoberta de relações quantitativas por mais precisa que fosse, não levaria a respostas adequadas, era necessário compreender também como as configurações se relacionavam e afetavam a população existente.

            Em Winston Parva a significação estatística e sociológica eram diferentes. Os dados sociais podem ser sociologicamente significativos sem ter significação estatística, e podem ser estatisticamente significativos sem ter significação sociológica. Os métodos estatísticos não podiam por si só levar a um esclarecimento das diferenças estruturais resultantes de sua “antiguidade” ou “novidade”, o significado das diferenças numéricas para a relação entre os bairros de Winston Parva e particularmente para as diferenças de status entre as duas zonas operárias só pode ser evidenciado e explicado quando os números referentes às diferenças quantitativas foram tratados como indicadores de diferenças na estrutura das duas zonas, como resultante da maneira que os bairros haviam se desenvolvido, e com precisão só teriam expressão como diferenças configurativas, de formas não quantitativas.

            Charles Wilson fundou Wilson Parva, em 1880. A área mais antiga de Winston Parva construída por Charles, sua parte mais antiga correspondia a Zona 2. Seus 80 anos de existência eram bastante para dar as famílias que ali habitavam um forte sentimento de pertença, a mais antiga, denominavam-se “aldeia”.

            A zona 1 ficava ao norte da “aldeia”, praticamente todas as casas haviam sido erguidas entre 1920 e 1930. Com o decorrer do tempo, alguns dos prósperos operários mudaram-se para a zona 1, pois haviam acumulado riqueza. A zona 3 havia sido construída na década de 30 por uma empresa particular de investimentos, num terreno situado entre a via férrea principal e um ramal secundário ao norte do canal. Os antigos residentes diziam que essa área não tinha sido desenvolvida por Charles Wilson, porque era pantanosa e infestada de ratos. Os aldeões se referiam a ela como “beco dos ratos”. Bolsões de imigrantes trabalhadores foi uma das razões para se atribuir o status inferior ao loteamento como um todo, na classificação feita (singular) pelas zonas vizinhas. (ELIAS e SCOTSON, 2000).

            A conquista inicial de um dos bares pelos recém-chegados foi um sintoma do que causa dos atritos entre os residentes antigos e novos. Aos olhos dos aldeões, a chegada dos forasteiros era uma intromissão importuna. Os aldeões formavam um grupo relativamente fechado, tradições e padrões próprios. Quem não cumpria essas normas era excluído como sendo de qualidade inferior. Se afastaram do bar, onde os imigrantes escolheram como ponto de encontro, usando as armas características dos estabelecidos em relação aos recém chegados, que não se adaptavam a suas normas e tradições. Cerraram fileiras, contra os intrusos. Esnobaram-nos, excluíram de todos os postos de poder social, política local, associações beneficentes, qualquer outra organização onde a influência fosse predominante. Essa atitude não houve plano dos aldeões é preciso deixar explicado, foi uma reação involuntária a uma situação especifica conforme toda a estrutura, tradição e visão do mundo da comunidade aldeã.

            É comum que as pessoas sejam extremamente sensíveis com relação a tudo que possa ameaçar sua posição, desenvolvam angústias ligadas ao status. Termos como “velhos” e “antigos” não eram simplesmente referência ao tempo em que moravam no lugar, mas sim a uma configuração social específica. Pode-se considerar como um modelo geral, uma configuração que pode ser comparada com similares.

            Em Winston Parva a coesão, solidariedade, uniformidade de normas, autodisciplina, foram fatores que ajudaram a manter o monopólio, que reforçava as características grupais. A maioria dos recém-chegados não compreendiam porque os velhos moradores os tratavam com desprezo e os mantinham distantes. Mas o papel de grupo inferior em que foram colocados, com o tempo fez com que fossem desestimulados a reagir sob qualquer tentativa de estabelecer contato mais estreito com os mais antigos. (ELIAS e SCOTSON, 2000).

            Com o tempo é possível que se construa novos quadros a partir de investigações empíricas como a realizada na “aldeia” e que seja mais realista. Um conceito de mobilidade social que englobe os múltiplos tipos de mobilidade social e alto grau do que encontramos nas sociedades industrializadas.

            Preconceito foi um rótulo possível de se discutir com a pesquisa da relação entre a “aldeia” e o loteamento, sendo que alguns dos problemas que os geraram foram criados em parte pela crescente mobilidade social. Estuda-se atualmente o conceito preconceito isoladamente, crenças deturpadoras, e as percepções das formações sociais mais poderosas são usadas para manter subjugadas ou afastadas as formações menos poderosas, com as quais convivem ou mantem alguma forma de interdependência. Não se discutem, ou mal chegam a ser concebidas como preconceitos as distorções e percepções não realistas.

            Problemas reunidos sob o título de “anomia”, revelam-se nos grupos outsiders. O conceito de “anomia”, apesar de sua conexão intensamente valorativa, no decorrer do tempo as condições sociais que nos referimos por esse termo tornam-se cada vez menos específicas. Foi utilizada por Durkheim como palavra-chave, relacionada a uma hipótese explicativa e hoje o termo é comumente empregado como se fosse a última explicação de formas de condutas sociais, ou relações sociais.

            Se o óbvio não é visto com clareza, é porque a escolha dos problemas considerados dignos ou indignos de estudo costuma ser ditada pelo engajamento do investigador nos problemas imediatos da sociedade como um todo. A escolha do tema de pesquisa é influenciada por juízos de valor externos e tidos como “ruim” tende a ser preferido como tema de pesquisa ao que é visto como “bom”. Há sempre uma preocupação como o que está correndo com dificuldades, não se dando tanta importância ao que parece estar correndo bem.

            No livro não se teve a meta de avaliar o quanto foi possível, explicar os seres humanos em configurações independente de sua bondade ou maldade. A configuração das pessoas do loteamento teria sido incompreensível se não tivessem sido observadas as pessoas da “aldeia”. Eles só puderam se encaixar nos papéis de estabelecidos e outsiders por serem interdependentes. É pelo fato de as ligações na vida social, muitas vezes, serem ligações entre fenômenos que, no mundo do observador, recebem valores diferentes e seu reconhecimento exige um grau de distanciamento.

            O reconhecimento de que as configurações limitam o âmbito das decisões do indivíduo e, sob muitos aspectos, tem uma força coercitiva, ainda que esse poder não resida fora dos indivíduos, como muitas vezes se acredita, mas que é resultado da interdependência entre eles.  A possibilidade de privação da sua liberdade através apenas da afirmação, os indivíduos podem ter poder coercitivo sobre outros indivíduos é um dos principais fatores que impedem os seres humanos de reduzir essa força, pois somente compreendendo a natureza é que poderemos ter esperança de adquirir algum controle sobre a natureza. Uma melhor compreensão das forças coercitivas que atuam na configuração estabelecidos-outsiders talvez seja uma forma que possamos conseguir com o tempo conceber medidas práticas capazes de controla-las. (ELIAS e SCOTSON, 2000).

 

Contexto histórico do empreendedorismo

“A palavra empreendedor origina-se da palavra entrepreneur que é francesa, literalmente traduzida, significa Aquele que está entre ou intermediário” (HISRICHS, 1986, p. 96).

Com o passar o tempo novas definições foram dadas ao termo empreendedor, o contexto econômico mundial tornou-o mais complexo. O termo empreendedor vem do francês (entrepreneur) que significa, uma pessoa assume um risco ao implementar ideias novas, que busca oportunidades ao começar algo novo, um vislumbre do fazer diferente, antecipa-se aos fatos e assume os riscos calculados.

Desde a Idade Média, o termo empreendedor era utilizado para a pessoa que administrava ou participava dos projetos de produção, mas os recursos eram fornecidos pelo governo. O empreendedor então era o clérigo – pessoa que cuidava do fazer as obras dos castelos, catedrais, prédios públicos. (HISRICHS, 1986).

Mais uma característica foi agregada ao empreendedor no século XVII, a do risco, pois nesse período a pessoa que assumia um contrato com o governo era o empreendedor, ele forneceria um produto ou serviço. Como o contrato com o governo tinha valor fixo para qualquer resultado, ele assumia os riscos de lucro ou prejuízo.

Destaca-se neste período o escritor Richard Cantillan, que também era economista e que ao analisar o fracasso de Joh’n Law, um empreendedor francês que findou uma empresa comercial (Mississipi Company), desenvolveu uma de suas primeiras teorias. Cantillan em sua análise, constatou que Law tentou aumentar o valor das ações da empresa para mais que o seu patrimônio; então o empreendedor era alguém que corria riscos, pois “compram a um preço certo e vendem a um preço incerto, portanto operam em riscos”. (BURR e IRWIN, 1985, p.16-23).

 

            Durante os séculos XIX e XX, os empreendedores foram analisados e confundidos com os gerentes ou administradores, pois eram analisados somente pelo ponto de vista econômico (aquele que organiza a empresa, paga os salários, planejam as técnicas) sempre servindo a um capitalista, o que não se aplica a um empreendedor que planeja, organiza tudo com seus próprios investimentos, sem a intervenção de um capitalista investidor.

No final do século XIX e no início do século XX, a definição do empreendedor passou a ser vista por perspectiva econômica. Dito deste modo prevê, o empreendedor organiza e opera uma empresa para lucro pessoal. Paga os preços atuais pelos materiais consumidos no negócio, pelo uso da terra, pelo serviço de pessoas que emprega e pelo capital de que necessita contribuindo com sua própria iniciativa, habilidade e engenhosidade no planejamento, organização e administração da empresa. Também assume a possibilidade de prejuízo e de lucro em consequência de circunstancias imprevistas e incontroláveis. O resíduo líquido das receitas anuais do empreendimento, após o pagamento de todos os custos, são retidos pelo empreendedor. (ELY e RESS, 1937, p.488).

 

Houve a associação do empreendedor com o inovador em meados do século XX. O conceito de inovação também foi integrado como mais uma característica do empreendedor.

A função do empreendedor é reformar ou revolucionar o padrão de produção explorando uma invenção ou, de modo geral, um método tecnológico não experimentado para produzir um novo bem ou um bem antigo de maneira nova, abrindo uma nova fonte de suprimento de materiais ou uma nova comercialização de produtos, e organizando um novo setor. (SHUMPETER, 1952, p. 72.).

 

            Atualmente, três autores conceituam os termos empreendedorismo e empreendedor, sendo eles os conceitos mais utilizados na atualidade. Albert Shapero (1975), Karl Vesper (1975) e Robert C. Ronstadt (1984), assim os define:

Em quase todas as definições de empreendedorismo há um consenso de que estamos falando de uma espécie de comportamento que inclui: (1) Tomar iniciativa, (2) organizar e reorganizar mecanismos sociais e econômicos a fim de transformar recursos e situações para proveito prático, (3) aceitar o risco ou o fracasso. (SHAPERO, 1975, p.187) Para o economista, um empreendedor é aquele que combina recursos, trabalho, materiais e outros ativos para tornar seu valor maior do que antes; também é aquele que introduz mudanças, inovações e uma nova ordem. Para um psicólogo tal pessoa é geralmente impulsionada por certas forças – a necessidade de obter ou conseguir algo, experimentar, realizar ou talvez escapar a autoridade dos outros. Para alguns homens de negócios, um empreendedor pode ser um aliado, uma fonte de suprimento, um cliente ou alguém que cria riqueza para outros, assim como encontrar melhores maneiras de utilizar recursos, reduzir desperdício e produzir empregos que outros ficarão satisfeitos em conseguir. (VESPER,1975, p.2). O empreendedorismo é o processo dinâmico em criar mais riquezas. A riqueza é criada por indivíduos que assumem os principais riscos em termos de patrimônio, tempo e/ou comprometimento com a carreira ou que proveem valor para alguns produtos ou serviço pode não ser novo ou único, mas o valor deve de algum modo ser infundido pelo empreendedor ao receber e localizar as habilidades e os recursos necessários. (ROSTANDT, 1984, p.28.).

 

O empreendedorismo no Brasil

Na década de 90, o Brasil passou por uma grande mudança em sua economia. O governo passou ter uma abertura econômica a novas empresas, o que impulsionou o surgimento neste período no Brasil de novos empreendedores. Estes novos empreendedores tinham aflorado o espírito empreendedor, característica presente nos brasileiros. Esta característica por muitas vezes dá muito certo e por outras não, porque um fator determinante causador do insucesso ou sucesso é o planejamento. (BISPO, et. al., 2013).

Vale ressaltar que o Brasil é citado como um dos países mais criativos do mundo e onde mais se desenvolvem empreendedores. E como esses novos empreendedores não detinham os conhecimentos para administrar seus próprios negócios, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE, começou a dar suporte técnico a esses novos empreendedores.

Entidades criadas como SEBRAE e Sociedade Brasileira para Exportação de Software - SOFTEX alavancaram o desenvolvimento do empreendedorismo no Brasil, pois antes (deste período) os empreendedores não encontravam informações suficientes para o desenvolvimento de seus negócios.

O movimento do empreendedorismo no Brasil começou a tomar forma na década de 1990, quando entidades como SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequena Empresas) e SOFTEX (Sociedade Brasileira para Exportação de Software) foram criadas. Antes disso, praticamente não se falava em empreendedorismo e em criação de pequenas empresas. (DORNELAS, 2005, p. 26.).

 

Outras iniciativas/programas também deram suporte ao empreendedorismo no Brasil: Sociedade Brasileira para Exportação de Software (SOFTEX); Empreendedores y Tecnologia – EMPRETEC (sigla de um programa da ONU para promoção de habilidades empreendedoras e de pequenos negócios); Brasil Empreendedor (Governo Federal – visa a melhor capacitação do profissional empreendedor); Incubadoras de empresas tradicionais, tecnológicas e mistas; Ensino do empreendedorismo nas universidades; Crescimento de Franquias; Opções/Alternativas de financiamento: Fapesp, Finep.

 A partir de uma pesquisa do Global Entrepreneuship Monitor (GEM), a evolução do empreendedorismo no Brasil foi analisada, e constatou que existe dois tipos de empreendedorismo no Brasil, o empreendedorismo de oportunidade e o de necessidade.          

O empreendedorismo de oportunidade, onde o empreendedor visionário sabe aonde quer chegar, cria uma empresa com planejamento prévio, tem em mente o crescimento que quer buscar para a empresa e visa a geração de lucros, empregos e riquezas. (DORNELAS, 2005, p.28).

O empreendedorismo de necessidade, em que o candidato a empreendedor se aventura na jornada empreendedora mais por falta de opção, por estar desempregado e por não ter alternativas de trabalho. (DORNELAS, 2005, p.28).

 

As características do empreendedor

Define-se empreendedores como profissionais inovadores que modificam e são capazes de modificar qualquer área do conhecimento humano com sua forma de agir e dedicação as atividades de uma organização, administração e execução; na transformação de conhecimentos e bens em novos produtos.

O empreendedor é a pessoa que consegue fazer as coisas acontecerem, pois é dotado de sensibilidade para os negócios, tino financeiro e capacidade de identificar oportunidades. Com esse arsenal, transforma ideias em realidade, para benefício próprio e para benefício da comunidade. Por ter criatividade e um alto nível de energia, o empreendedor demonstra imaginação e perseverança, aspectos que, combinados adequadamente, o habilitam a transformar uma ideia simples e mal- estruturada em algo concreto e bem-sucedido no mercado. (CHIAVENATO, 2007, p.21.)

 

Para Schumpeter, o empreendedor é no mundo a essência da inovação, tornando as antigas maneiras de fazer negócios obsoletas. O autor amplia o conceito dizendo que:

“O empreendedor é a pessoa que destrói a ordem econômica existente graças à introdução no mercado de novos produtos/serviços, pela criação de novas formas de gestão ou pela exploração de novos recursos, materiais e tecnologias. (SCHUMPETER, 1947. p.149.).

 

O empreendedor detecta uma oportunidade e a partir dela consegue capitalizar, criando um negócio e assumindo os riscos. Segundo Chiavenato (2007), três características identificam o espírito empreendedor, são elas: 1) Necessidade de realização- algumas pessoas necessitam de altas realizações, e outras se contentam com pouco que conquistam; 2) Disposição para assumir riscos – o empreendedor assume vários riscos (financeiros, familiares, psicológicos...); 3) Autoconfiança- quem tem autoconfiança enfrenta os desafios e tem domínio sobre os problemas.

O empreendedor é o fundador de uma empresa que cria aquilo que ainda não existe ou aquilo que já existe só que com inovações.

Segundo pesquisa realizada com proprietários de micro, pequenas e médias empresas de todos os setores, potenciais empreendedores e jovens e adultos que não pretendem abrir um negócio, realizada pela organização líder no apoio a empreendedores de alto impacto ao redor do mundo (Endeavor) e pelo Instituto Brasileiro de Opinião Púbica (Ibope) em 2013, o principal problema do empreendedorismo está no bolso. Quando se fala em investir no próprio negócio, daqueles que acham pouco provável empreender no futuro, 66% acham que a falta de recursos financeiros é a principal razão, este índice comparado com outros países é o maior do mundo.

 

O negro no mercado de trabalho

O mercado de trabalho diante das políticas sociais adotadas apresentou uma evolução positiva e a população negra se beneficiou. Houve um pequeno aumento de renda que é reflexo da redução da desigualdade racial com melhores acessos que os negros tiveram a melhores ocupações. Porém, é indiscutível que as características da ocupação e da remuneração ainda são para os negros onde encontram as maiores desvantagens, pois as condições de inserções ainda são reflexos dos efeitos do racismo e da discriminação. Os negros ainda recebem remunerações menores, ocupam posições mais precárias e são mais afetados pela desocupação.

Segundo reportagem publicada na folha UOL em 2008, referente aos indicadores sociais da população negra. Os índices de escolaridade, renda e pobreza da população negra registraram melhoras entre 1996 e 2006.

Especialistas na questão da desigualdade racial concordam entre si com a raiz histórica da diferença econômica entre brancos e negros. A herança deixada por séculos de escravismo e uma tradição de ocupar empregos de pouco prestígio social estão entre as causas da diferença.

Segundo reportagem publicada na Carta Capital em outubro de 2015, referente a Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) que descreve trajetória da população negra comparada à branca e aponta demandas por políticas públicas. Observa-se no estudo do IPEA que há início de um processo de mudança em como as pessoas se veem. As pessoas passam a ter menos vergonha de dizer que são negras, não buscam se branquear para se legitimar socialmente, e essas mudanças estão em um processo linear e aberto, indica que ainda não terminou.

O IPEA apresenta ainda, na medida em que o debate da identificação racial ganha as páginas dos jornais e a sociedade vê que é um tema real, e que nas telenovelas os negros são apresentados como personagens poderosos e não apenas como inferiores, quando o negro é visto compondo o Supremo Tribunal Federal e ocupando os mais diversos cargos na política, não significa que o Brasil está se tornando uma nação de negros, mas está se assumindo como tal.

                    

A presença do Negro no Empreendedorismo em Cuiabá/MT

A proposta de pesquisa que espera identificar a presença do negro no empreendedorismo em Cuiabá/MT, através de pesquisa de campo e entrevista com os sujeitos da pesquisa, pretende utilizar a abordagem qualitativa (não se preocupa com a representatividade numérica, mas sim, com o aprofundamento da compreensão de um grupo social, de uma organização, etc.). Compreendendo que a abordagem qualitativa não pode pretender apresentar a verdade, o que é certo ou errado, mas ter como preocupação primeira a compreensão lógica que media a prática que se dá na realidade. Acredita-se que esta é a metodologia adequada para a pesquisa proposta.

Identificar o que é o empreendedorismo, quais as características de um empreendedor, qual a trajetória profissional dos empreendedores que serão entrevistados, pretende-se dentro da rede de contatos da entrevistadora identificar a presença de empreendedores negros em Cuiabá/MT, visto que são dados que ainda não foram abordados como proposto, e que podem ser de importante relevância para os estudos nos campos da administração e no campo da educação na linha das relações raciais e a sociedade.

 

Considerações finais

O livro dialoga com a proposta de pesquisa, pois pretende-se inicialmente identificar a Presença do Negro no Empreendedorismo em Cuiabá/MT, por meio de pesquisa de campo e entrevista com os sujeitos da pesquisa, utilizando a abordagem qualitativa (não se preocupa com a representatividade numérica, mas sim, com o aprofundamento da compreensão de um grupo social, de uma organização, etc...), compreendendo que esta abordagem, não pretende apresentar a verdade (o que é certo, ou errado) mas sim ter como foco de preocupação a compreensão lógica que media a prática que se dá na realidade.

Posteriormente compreender se durante o processo de inserção no mercado de trabalho, especificamente como empreendedor, houve preconceito racial. No livro, Elias afirma que é certo que nada se poderá fazer se estudarmos isoladamente o preconceito, é preciso que seja estudado em que configuração ele ocorre. São hipóteses que permearão futuramente a execução da pesquisa proposta.

 

Referências

BISPO, Cláudio dos Santos; SOUZA, Diego de Jesus; ARAÚJO, Felipe Pascoal de; CARDOSO, Nayara Holanda; SILVA, Paula Sousa da; JUNIOR, Valmir Rosa dos Santos. In: PEREIRA, Aliger dos Santos; OLIVEIRA, Fabiano Viana (Orgs.). Administrando o Futuro Agora. 2013. Disponível em:<http://www.ibes.edu.br/aluno/arquivos/artigo_administrando_o_futuro_agora.pdf>. Acesso em: 25/08/2016.

 

UOL. Noticias e Cotidiano. Indicadores sociais da população negra têm melhoras, mas condições de vida seguem inferiores às dos brancos. 2008. Disponível em: <http://noticias.uol.com.br/cotidiano/2008/09/09/ult5772u769.jhtm>. Acesso em: 21/06/2016.

 

BURR, Ridge JL; IRWIN, Richard D. NEW Business Ventures and the Entrepreneurship. 1985, p. 16-23.

 

CHIAVENATO, Idalberto. Empreendedorismo: dando asas ao espírito empreendedor: empreendedorismo e viabilização de novas empresas: um guia eficiente para iniciar e tocar seu próprio negócio. 2ª ed. rev. e atualizada- São Paulo: Saraiva, 2007.

 

DORNELAS, José Carlos Assis. Empreendedorismo: transformando ideias em negócios. 2ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005.

 

ELIAS, Norbert e SCOTSON, John L.: Os estabelecidos e os Outsiders. Sociologia das relações de poder a partir de uma pequena comunidade. Rio de Janeiro, Zahar 2000.

 

ELY, Richards T. and RESS, Ralf H. Outline of economics.6ª ed. 1937, p.488.

 

HISRICH, Robert D. et al Entrepreneurship. 1986, p.96.

 

ROSTANDT, Robert C. Entrepreneurship, 1984, p.28.

 

SCHUMPETER, Joseph. A. The creative response in economic history. Journal of Economic History, Nov. 1947. P.149-159.

 

SCHUMPETER, Joseph. A. Can capitalism survive? 1952, p.72.

 

SHAPERO, Albert. Entrepreneurship and economic development, 1975, p.187.

 

VESPER, Karl. New venture strategies, 1975, p.2.

 



[1] Artigo produzido como resultado final da disciplina Pesquisa em Ciências da Educação. Disciplina do Mestrado - Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT.

[2] Aluna do Mestrado em Educação pela Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT. Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Relações Raciais e Educação (NEPRE). Bacharel em Administração de Empresas pela Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT. E-mail: O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. Curriculum lattes: http://lattes.cnpq.br/0114195433377989