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A IMPORTÂNCIA DA AVALIAÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Solange Ferreira Cavalcante
Carla Arce de Deus
Selma Francisco Jatobá
Roseana Silva de Arruda
Thais Maria da Silva Fernandes

 

RESUMO

Este artigo visa trazer à tona a importância de uma avaliação formativa e dos portfólios na Educação Infantil. No entanto os resultados foram adquiridos através de referenciais teóricos, por meio de leituras e pesquisas durante o desenvolvimento do referido artigo. Entende-se que a avaliação é de suma importância, bem como o comprometimento do educador neste processo, e a reflexão de sua prática como ponto de partida, auxiliando a diagnosticar o desempenho dos alunos no âmbito escolar. A educação infantil por ser o início da trajetória escolar da criança, requer um novo olhar por parte de todos os agentes do processo educativo, enfim, na educação infantil o portfólios se torna um instrumento de grande relevância, pois é nele que vem constituir todos os registros das atividades das crianças e ainda pode garantir a participação dos pais, no desenvolvimento e aprendizado de seus filhos.

 

1. INTRODUÇÃO

 

A avaliação faz parte de nossas vidas, avaliamos e somos avaliados de algum modo em diversas situações do dia a dia. Quando recebemos um elogio ou uma crítica, por exemplo, é porque fomos avaliados de alguma forma. Ao observar as atitudes e comportamentos das pessoas, tirando nossas conclusões e fazendo nossos comentários, também estamos avaliando.

Assim devemos tomar cuidado ao avaliarmos algo ou alguém, pois ela deve promover a reflexão e ir além do que se é capaz de reproduzir. Deve-se considerar a capacidade de criar, construir e transformar, para que ela seja de fato um meio de promoção de melhorias, tanto paras as pessoas que estão a nossa volta, quanto aos saberes que precisam estar sempre em transformação.

A avaliação não pode ser entendida como algo pronto e acabado, mas perceber a diversidade como um fator primordial no espaço educativo, que embora almejem o mesmo objetivo tem suas particularidades que não pode ser alheias ao olhar do professor, pois o ato avaliativo tem a finalidade de propor uma educação de qualidade que possa contribuir de maneira positiva na sociedade existente.

Necessita ser focada nas crianças enquanto sujeitos e coautoras de seu desenvolvimento através dos fazeres pedagógicos, essa avaliação busca saber seus efeitos na aprendizagem das crianças, a fim de medir a qualidade de ensino ofertado. A educação infantil é avaliada por meios de registros de observações individuais dos alunos, a grande questão que os docentes da educação infantil sofrem é sobre a definição dos critérios a serem observados e avaliados.

Nessa expectativa percebe-se que o professor é a peça fundamental nesse processo, pois ele que deve contribuir de maneira relevante no aprendizado dos educando, ou seja, reflexão constante de sua prática docente, e assim propor a todos o direito de ampliar seus conhecimentos que é fundamental para a sociedade como um todo.

Esse artigo busca discutir a importância de se fazer uma avaliação na educação infantil com coerência e significado. Tomando por base LDB (1996), Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Infantil (2009), HOFFMANN (2010), VASCONCELOS (2004). Inicialmente aborda o que é avaliação da aprendizagem na educação infantil contextualizando com as bases legais que abordam a temática, bem como os tipos de avaliações empregadas.

 

1.1 Concepções de Infância

É sabido que historicamente, a criança era educada e avaliada, sob o comando da família e na interação com outras crianças, esse sistema permeou por séculos, no qual essa convivência influenciava em seu desenvolvimento, dessa forma, o aprendizado acontecia e se desenvolvia na sua própria cultura.

Porém no decorrer da revolução industrial essas crescentes mudanças favoreceu o ingresso da mulher no mercado de trabalho, no qual modificou a maneira da família cuidar e educar seus filhos.

Sendo assim a criança passa a conviver em outro espaço, onde é voltada para educar, cuidar e o brincar, contribuindo em seu desenvolvimento psicológico, físico e social, nesse sentido fará que a educação reconheça essa criança como um ser pensante e autônomo.

Na atualidade em que vivemos, a criança tem novas possibilidade de interações, pois está sempre descobrindo e aprendendo coisas novas pelo contato com seus semelhantes e pelo domínio sob o meio em que vive.

Nesta expectativa percebe-se a importância de propor um trabalho que venha a favorecer o aprendizado de fato da criança, onde a prática docente tem o papel fundamental, dessa forma significa dizer que é necessário que haja uma reorganização da prática pedagógica desempenhada pelo professor.

Embora os avanços tenham ocorrido de forma significativa, percebe-se que ainda há muito que se fazer no que tange a educação infantil, pois pesquisa vem sinalizando uma grande contradição entre o fazer, ensinar e aprender.

Relatar sobre a melhoria da educação infantil, não é tarefa fácil, porém tentador, por ser um processo no qual a criança se descobre e se apropria dos conhecimentos, desde o mais simples ao mais complexo, e, é isso que lhe garante a sobrevivência e a integração na sociedade como ser participativo, crítico e criativo.

Nesse contexto a autora Raizer afirma que:

 

Voltar o olhar atento e curioso para a criança a fim de entendê-la e compreendê-la se constitui uma grande tarefa. Não apenas olhá-la com olhos superficiais, mas com o desejo grande de vê-la enquanto criança, protagonista da sua própria história. Compreendê-la no sentido amplo, de perceber suas necessidades, prioridades, medos e frustrações. (Raizer, p.2, 2009)

 

A criança aqui é considerada como sendo um ser humano pleno e em desenvolvimento, que elabora hipóteses genuínas acerca do mundo que a rodeia como produtor cultural e sujeito de sua ação, construindo seu próprio conhecimento, que desde o seu nascimento as crianças constroem hipóteses, tateiam, experimentam, testam, reajustam suas ações. Sendo vista como sujeito que constrói conhecimento de forma ativa, desenvolvendo suas estruturas de inteligência e reconstruindo suas aquisições continuamente.

 

1.2 Avaliações da Aprendizagem na Educação Infantil

 

A Educação Infantil é uma etapa da educação básica que compreende o atendimento às crianças de 0 a 5 anos de idade, dividida em modalidades: creches (0 a 3 anos) e pré-escolas (4 a 5 anos). Logo a proposta curricular da avaliação do aprendizado e desenvolvimento dos educandos nessa etapa escolar necessita de clareza da proposta e quais instrumentos se encaixam melhor, como propõe a Lei de Diretrizes e Bases (1994), não cabem aqui práticas classificatórias ou seletivas, e sim diagnósticas e mediadoras, mediante o acompanhamento e registro do desenvolvimento da criança, com finalidade do desenvolvimento integral considerando aspectos físico, psicológico, intelectual e social, em consonância com a ação da família e da comunidade.

De acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Infantil a avaliação é uma forma de reflexão da prática pedagógica.

 

A avaliação é um instrumento de reflexão sobre a prática pedagógica na busca de melhores caminhos para orientar as aprendizagens das crianças. Ela deve incidir sobre todo o contexto de aprendizagem: as atividades propostas e o modo como foram realizadas, as instruções e os apoios oferecidos às crianças individualmente e ao coletivo de crianças, os agrupamentos que as crianças formaram o material oferecido e o espaço e o tempo garantidos para a realização das atividades. (DCNEI, 2009, p. 16)

 

No espaço educacional o processo de avaliação se Faz necessário, porém é preciso um novo olhar dos agentes educativo, pois ao se referir a educação infantil a avaliação deve ser continua e cumulativa no qual deve possibilitar o seu desenvolvimento de maneira integral.

Entender que o âmbito escolar é um espaço complexo de diversidade, e que cada um tem suas particularidades, se torna fundamental para uma prática educativa comprometedora com o desenvolvimento de todos que almejam uma educação inovadora.

No entanto na escola, a avaliação é de fato necessária, tanto a avaliação dos alunos, quanto a avaliação da Instituição, do corpo docente, das práticas pedagógicas. O processo de avaliação institucional, quando bem realizado, permite elucidar os problemas e desafios, promovendo espaços para se encontrar coletivamente soluções construtivas.

Reconhecer é compreender com clareza, e se reconhecer como agente transformador que não medi esforços em propor um trabalho significativo e promissor, contribuindo de forma relevante na formação de sujeitos consciente e críticos, de seus direitos e deveres diante da sociedade, pois na construção de um país democrático é de suma importância o respeito e valorização mutuo entre todos os participantes, fatores fundamental que influenciara de maneira positiva para o desenvolvimento de uma sociedade justa e igualitária.

 

A observação crítica e criativa das atividades, das brincadeiras e interações das crianças no cotidiano; Utilização de múltiplos registros realizados por adultos e crianças (relatórios, fotografias, desenhos, álbuns etc.); A continuidade dos processos de aprendizagens por meio da criação de estratégias adequadas aos diferentes momentos de transição vividos pela criança (transição casa/instituição de Educação Infantil, transições no interior da instituição, transição creche/pré-escola e transição pré-escola/Ensino Fundamental); Documentação específica que permita às famílias conhecer o trabalho da instituição junto às crianças e os processos de desenvolvimento e aprendizagem da criança na Educação Infantil; A não retenção das crianças na Educação Infantil. (RCNEI, 2009)

 

No entanto para que haja condição de avaliar a criança, se faz necessário está observação crítica e criativa que deve vir do professor e família, uma vez que ela demonstra sua evolução e entendimento do que estão sendo ensinado, através dos desenhos, relatos, argumentos e sua interação nos assuntos e registros que faz parte de seu meio, confirmando assim o fundamento da ligação deste trio: Professor, família e aluno.

A família que tem uma participação ativa nas propostas educacionais da instituição escolar e que oferece apoio à criança nos desafios e atividades propostas pelos professores, está contribuindo para uma educação que fará a diferença na formação e transformação de um ensinar almejado a todos, é entender que a escola não provoca o avanço na vida da criança sozinha, e sim, com o apoio e participação da família e sociedade como um todo. Diante do exposto, a avaliação é de fato necessária, tanto a avaliação dos alunos/família, quanto à avaliação da Instituição, do corpo docente e práticas pedagógicas.

Enfim, propor uma educação de qualidade requer a conscientização do projeto político pedagógico que tem como proposito de diagnosticar a comunidade que se fará presente no âmbito educacional, comprometimento que dará significado verdadeiro para todos os níveis de ensino que deve perpassar toda fase educativa.

 

 

... a uma proposta pedagógica que vise levar em conta a diversidade de interesses e possibilidades de exploração do mundo pela criança, respeitando sua própria identidade sociocultural, e proporcionando-lhe um ambiente interativo, rico em materiais e situações a serem experienciadas; (b) um professor curioso e investigador do mundo da criança, agindo como mediador de suas conquistas, no sentido de apoiá-la, acompanhá-la e favorecer lhe novos desafios; (c) um processo avaliativo permanente de observação, registro e reflexão acerca da ação e do pensamento das crianças, de suas diferenças culturais e de desenvolvimento, embasador do repensar do educador sobre o seu fazer pedagógico (HOFFMANN, 2010, p. 20).

 

Essas diversidades de grupos de pessoas vão passar a interagir entre si, e vão conhecer realidades de vidas diferentes das suas e esse processo de interação resulta em socialização, a escola é o espaço que tem como finalidade transmitir valores culturais, morais, civis e políticos, como uma de suas funções sociais é valorizar a ação de socialização dos educandos, pois é na escola, um dos primeiros locais que as pessoas passam a ter contato com outros grupos, e assim proporcionando interação entre eles.

Na escola que eles vão receber uma orientação educacional padrão que seja favorável para conviver em sociedade, onde cada um vai respeitar o direito e dever do próximo, o professor como mediador da aprendizagem, deve incentivar a busca de novos saberes, sendo detentores do senso crítico, conhecendo profundamente o campo da aprendizagem, que pretende ensinar, além de ser capaz de produzir novos conhecimentos através da realidade que o cerca.

 

Observação da criança fundamentada nas características do seu desenvolvimento; Oportunização de novos desafios com base na observação e reflexão teórica; Registro das manifestações das crianças e de aspectos significativos de seu desenvolvimento; Diálogo frequente e sistemático entre os adultos que lidam com a criança e os pais ou responsáveis; Utilização constante do relatório de avaliação do aprendizado e do desenvolvimento da criança para comunicar os pais e/ou responsáveis sobre este processo. (VASCONCELLOS, 1994, p. 59)

 

Faz parte da educação infantil instrumentos como: relatórios e portfólios, documentos este que visa registrar todo o desenvolvimento da criança no decorrer do tempo inserido no espaço educativo, no qual relatam as estratégias realizadas pelo professor, bem como o avanço do aluno, os portfólios é uma ferramenta de avaliação formativa por permitir que todos venham a compreender o processo do seu próprio desenvolvimento e aprendizagem ou até mesmo visualizar os problemas que possam ocorrer neste processo.

As educações provem da relação entre professor e aluno na sala de aula, onde permite construir saberes para gerenciar diversas possibilidades e oportunidades de aprendizagem que visa atingir o objetivo a ser alcançado. Cabe ao professor buscar subsídios que venha a contribuir no aprendizado de cada aluno, respeitando suas diferenças e individualidades, a qual todos participem na aprendizagem proposta, no entanto o educador não deve agir como detentor do conhecimento nem tão pouco ver o aluno como mero receptor, e sim entender que juntos são sujeitos de construções e reconstruções dos saberes.

Nesse cenário se torna fundamental uma prática educativa reflexiva, a qual o professor amplie seus conhecimentos constantemente, para que possa estruturar procedimentos que venha a contribuir para uma educação significativa. Nesse sentido, a avaliação que é direcionada através do portfólio possibilita a participação dos pais e melhor entendimento com o professor, bem como a compreensão das crianças em seu aprendizado, fatores fundamental para o desenvolvimento na educação infantil.

Portanto, o portfólio e os relatórios servem para a avaliação da aprendizagem dos alunos em salas de aulas, que consistem na avaliação de seus trabalhos como fotos, anexos, recortes e colagens, também com suas atividades.

 

2 CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Entender por qualidade na educação aquela que contribui para formação dos estudantes nas dimensões que envolvem recursos humanos, materiais, organizacionais, e também os desempenhos dos alunos através de uma sociedade democrática e inclusiva que proporcione condições necessárias para que aprendizagem ocorra. No entanto a necessidade do aspecto qualitativo sobre o quantitativo, que deve analisar todos os fatores que influenciam no desenvolvido cognitivo do aluno levando em consideração as condições de vida e o meio social que ele pertence.

Logo a avaliação não se limita meramente a instrumento de promoção ou retenção, mas demonstra que na educação infantil a avaliação é feita mediante o acompanhamento e registro do desenvolvimento das crianças que comprovem os processos de aprendizagens, no qual é na educação infantil, que a Família e professor, farão a diferença no desenvolvimento físico, psicológico, intelectual e social da criança, pois os registros de avaliação se da de forma qualitativa por meio de relatórios, portfólios e documentos que comprovem os processos de desenvolvimento e aprendizagem da criança, assim o acompanhamento e suporte da família fará com que os mesmos se desenvolvam com mais eficiência.

Assim, a avaliação traz esse parâmetro do caminho a seguir, é a busca constante de que todos os estudantes possam ter direito a uma educação de qualidade. É também importante envolver toda a comunidade escolar, desde os pais, alunos, professores, gestores, funcionários e colaboradores para pensar nos desafios coletivos, o que facilita a busca de soluções e das ações necessárias para assim promover mudanças. Tudo isso só será possível se haver um plano de avaliação constante e comprometida por parte de todos os envolvidos nesta missão tão importando que é o educar.

 

REFERENCIAS

 

BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação Básica. Resolução Nº 05/ 2009: fixa as Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Infantil. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 18 de dezembro de 2009, Seção 1, p. 18.

 

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Brasília.

 

 

HOFFMANN, J. Avaliação mediadora: uma prática em construção da pré-escola à universidade. Porto Alegre: Mediação, 2010.

 

Raiser, Cassiana Magalhães. Organização e didática na educação infantil. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009.

 

 

VASCONCELLOS, C. dos S. Avaliação da Aprendizagem. Práticas de Mudança. São Paulo: Libertad, 1994.