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A IMPORTÂNCIA DE BRINCADEIRAS E JOGOS NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO INFANTIL

Daiane Caroline Campagnolo Coppetti1

 

Orientadora:
Andréia Paula Gregol2

 

RESUMO

Meu objetivo neste trabalho é demostrar a importância de brincadeiras e jogos nas escolas de educação infantil, uma vez que os jogos e brincadeiras desenvolvem nas crianças diversos conhecimentos, elas experimentam sensações, resolvem conflitos e aprendem a conviver e a respeitar os diferentes sentimentos que cada um possui. Toda criança brinca, isso já faz parte dela e de seu cotidiano. Enquanto a criança brinca, ela pensa, se desenvolve e aprimora outros fatores como o pensamento crítico. O brincar e os jogos são uma maneira natural de despertar atenção. Os jogos devem ser apresentados por meio simples tais como jogos de brincar, aprimorando a observação, imaginação, reflexão e comparação. Ainda, as crianças desenvolvem a linguagem oral, o raciocínio e a atenção, identificando suas potencialidades e os seus conhecimentos. Portanto, quanto mais a criança se diverte, mais conhecimento ela adquire, ficando mais espontânea e inteligente, e é isso que nós educadores queremos, despertar a curiosidade para que elas mesmas descubram suas próprias habilidades.

 

Palavras-chave: Brincar. Aprendizagem. Desenvolvimento. Educação.

 

1 INTRODUÇÃO

 

O interesse pelo tema foi despertado gradativamente, ante o grande resultado obtido entre a ligação entre brincar e aprender. Esta pratica vêm sendo adotada há muito tempo, de fato podemos apreciá-la inúmeras vezes embora ainda não lhe atribuíssemos o devido valor, tanto por falta de informações e por imaginar que se tratava apenas uma forme de entretenimento da criança. Nosso interesse se intensificou diante de como o fenômeno vem se disseminando em âmbitos internos e externos do processo educacional.

A importância do brincar no desenvolvimento e aprendizagem na educação infantil, tem como objetivo conhecer o significado do brincar, conceituar os principais termos utilizados para designar o ato de brincar, tornando-se também fundamental compreender o universo lúdico, onde a criança comunica-se consigo mesma e com o mundo, aceita a existência dos outros, estabelece relações sociais, constrói conhecimentos, desenvolvendo-se integralmente, e ainda, os benefícios que o brincar proporciona no ensino-aprendizagem infantil.

Ainda, este estudo traz algumas considerações sobre os jogos, brincadeiras e brinquedos e como estes influenciam na socialização das crianças. Portanto, para realizar este trabalho, utilizamos a pesquisa bibliográfica, fundamentada na reflexão de leitura de livros, artigos, revistas e sites, bem como pesquisa de grandes autores referente a este tema. Desta forma, este estudo proporcionará uma leitura mais consciente acerca da importância do brincar na vida do ser humano, e, em especial na vida da criança. Brincar é uma importante forma de comunicação, é por meio deste ato que a criança pode reproduzir o seu cotidiano.

A educação infantil proporciona regras para que as crianças, ao conviverem com as outras, aprendam a se respeitar e acordar quando há conflito, para que a diversão se torne não semente um passa tempo, mas sim, também um aprendizado.

Nossa escola está inserida em um convívio social de pessoas em sua maioria trabalhadoras, assalariada e oriunda de bairros afastados do centro com inúmeros problemas de cunho familiar, onde os mesmos convivem com certos tipos de violência e uso de entorpecentes. Os sinais de forças estão relacionados as atitudes dos pais, querendo e exigindo que seus filhos estudem, até mesmo porque o mundo das drogas e da violência está cada vez mais presente em nosso meio, e assim a escola significa uma forma de crescimento intelectual onde as crianças possam crescer pesquisando e tendo acesso aos meios de informação e tecnologia educacional. Assegurar um ensino de qualidade, garantindo o acesso e a permanência do aluno na escola, formando cidadãos críticos, sensíveis, dotados de valores morais e éticos, capazes de transformar a realidade.

Para o desenvolvimento deste trabalho, foi necessária leitura dos livros oferecidos pela faculdade, pesquisas em sites, leitura de artigos como também grupo de estudos, tele aulas e reflexões sobre os temas abordados.

Dentro desse enfoque, nossas observações ocorreram a partir da atuação dos sujeitos dentro da instituição escolar, sua organização e o convívio, os diálogos, e o espaço do pedagogo na escola, ponderando sempre se nessa atuação que pode ser correta ou não, poderemos melhorar o futuro da sociedade.

A utilização de brinquedos e instrumentos pedagógicos nas escolas vem sendo cada vez mais objeto de constantes pesquisas e estudos nas escolas, este estudo refere-se a importância do lúdico no processo de ensino e aprendizagem é uma análise desta temática, o auxílio de concepções psicológicas e pedagógicas valorizando a construção de conhecimento. O uso contínuo de brincadeiras pedagógicas remete-nos para a relevância desse instrumento de ensino-aprendizagem e de desenvolvimento infantil. O papel destes instrumentos no ensino deve ser visto como forma descontraída de aprender, sempre procurando desenvolver no educando o espírito crítico e investigador, bem como os sentimentos de disciplina, seriedade e respeito mútuo.

 

2 A IMPORTÂNCIA DE BRINCADEIRAS E JOGOS NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO INFANTIL

 

Quando a criança brinca, sem saber fornece várias informações ao seu respeito, o brincar pode ser útil para estimular seu desenvolvimento. Na visão de Vygotsky (1998) o jogo simbólico é como uma atividade típica da infância e essencial ao desenvolvimento infantil, ocorrendo a partir da aquisição da representação simbólica, impulsionada pela imitação. Desta maneira, o jogo pode ser considerado uma atividade muito importante, pois através dele a criança cria uma zona de desenvolvimento proximal, com funções que ainda não amadureceram, mas que se encontra em processo de maturação, ou seja, o que a criança irá alcançar em um futuro próximo.

Aprendizado e desenvolvimento estão inter-relacionados desde o primeiro dia de vida, é fácil concluir que o aprendizado da criança começa muito antes de ela frequentar a escola. Todas as situações de aprendizado que são interpretadas pelas crianças na escola já têm uma história prévia, isto é, a criança já se deparou com algo relacionado do qual pode retirar experiências.

Brincar é uma excelente forma de comunicação que a criança pode reproduzir em seu cotidiano, considerado como processo espontâneo, prazeroso e de comprometimento.

Alguns brinquedos, jogos e brincadeiras tradicionais tem origens surpreendentes, tanto dos povos que deram origem à nossa civilização (o índio, o branco, o negro), como do longínquo Oriente. Num mundo cada vez mais urbanizado, industrializado e informatizado, a tendência é que muitas das brincadeiras tradicionais percam espaço nas preferências infantis. Mesmo assim, jogos e brinquedos como a peteca, a amarelinha, a ciranda, a pipa e a cama de gato têm um valor cultural inestimável, e o lugar dessas brincadeiras já está garantido no folclore.

Os jogos e as brincadeiras são uma atividade, consequentemente tomada como não séria e exterior à vida habitual, mas ao mesmo tempo capaz de absorver o jogador de maneira intensa e total. É uma atividade desligada de todo e qualquer interesse material, com o qual não se pode obter qualquer lucro, praticado dentro de limites espaciais e temporais próprios, segundo certa ordem e certas regras. Desde a década de sessenta educadores e investigadores têm-se dedicado mais aos fatores que influenciam o desenvolvimento da criança por meio do trabalho com jogos. Em datas recentes, observa-se o aprofundamento em relação aos estudos referentes as particularidades do material pedagógico como o jogo e a sua influência sobre o comportamento lúdico das crianças de diferentes idades (NETO, 1999).

O jogo é considerado como uma importante atividade na educação da criança, uma vez que pode permitir o desenvolvimento afetivo, motor, cognitivo, moral e a aprendizagem de conceitos, pois jogando a criança experimenta, descobre, inventa, exercita e confere as suas habilidades. O jogo estimula a curiosidade, a iniciativa e a autoconfiança proporcionando aprendizagem no desenvolvimento da linguagem, do pensamento e da concentração da atenção sendo indispensável para a saúde física, emocional e intelectual da criança (SEED, 1999). A criança, ao manipular o brinquedo, de acordo com a sua faixa etária e o seu desenvolvimento psicomotor vai descobrindo novas aprendizagens. Através do brinquedo a criança descobre, experimenta, reinventa, analisa, compara, cria imaginação, desenvolve suas habilidades e estimula a linguagem e o aumento de vocabulário. Segundo Oliveira:

 

Em estágio mais avançado, as crianças aprendem a lidar com situações mais complexas (jogos com regras) e passam a compreender que as regras podem ser combinações arbitrárias que os jogadores definem; percebem também que só podem jogar em função da jogada do outro (ou da jogada anterior, se o jogo for solitário). Os jogos com regras têm um aspecto importante, pois neles o fazer e o compreender constituem faces de uma mesma moeda, uma vez que a participação em jogos de grupos a representa uma conquista cognitiva, emocional, moral e social para crianças e um estimulo para o desenvolvimento de seu raciocínio lógico.

(...) a criança quando brinca aprende a se expressar no mundo criando ou criando novos brinquedos e, com eles, participando de novas experiências e aquisições. No convívio com outras crianças trava contato com a sociabilidade espontânea, ensaia movimentos do corpo, experimenta novas sensações. (Oliveira, 1984, p.43)

 

Na construção desses conhecimentos é importante que a criança se faça presente na escola desde a Educação Infantil para que o aluno (a) possa desencadear todo o processo de aprendizagem, se comunicando e se expressando por meio de atividades lúdicas.

A brincadeira é o exercício físico mais completo de todos e é através dela que agregamos valores e virtudes à nossa vida. A falta de valorização do brincar, contribuiu para a realidade que vivemos hoje: as brincadeiras estão entrando em extinção. Brincar, porém, é um momento sagrado. É através das brincadeiras que as crianças ampliam os conhecimentos sobre si, sobre o mundo e sobre tudo que está ao seu redor. Elas manipulam e exploram os objetos, comunica-se com outras crianças e adultos, desenvolvem suas múltiplas linguagens, organizam seus pensamentos, descobrem regras, tomam decisões, compreendem limites e desenvolvem a socialização e a integração com o grupo. E todo esse aprendizado prepara as crianças para o futuro, onde terão de enfrentar desafios semelhantes às brincadeiras.

O adulto, ao permitir-se brincar com as crianças, sem envergonhar-se disto, poderá ampliar, estruturar, modificar e incrementar as experiências das crianças. Ao participar junto com as crianças, ambos aprendem através da interação, constroem significados, apropriando-se dos diversos bens culturais.

Na escola, esse resgate pode ser feito de duas formas: nas aulas de educação física e em gincanas recreativas, que deveriam ser muito mais frequentes nas escolas de hoje. Em casa, o brincar pode acontecer do amanhecerem à hora de dormir, envolvendo pai, mãe, avós, tios e até os animais de estimação. Também centros religiosos, podem contribuir para que os filhos de sua congregação tenham uma infância mais feliz, oportunizando momentos e espaço para brincadeiras e recreação.

De um modo geral, os educadores infantis reconhecem a importância do jogo no desenvolvimento infantil, percebendo seu papel na construção do Eu e das relações interpessoais. Brincar é algo inerente ao ser humano, tão natural que até os bebês já nascem sabendo. Na infância, ele assume papel de destaque, uma vez que permeia todas as relações da criança com o mundo. Estudos sobre o assunto revelam, inclusive, que crianças que brincam tornam-se adultos mais ajustados e preparados para a vida. As brincadeiras não são apenas uma forma de divertimento. Mas são meios que contribuem e enriquecem o desenvolvimento intelectual.

Sabemos que para manter o seu equilíbrio a criança necessita brincar, jogar, criar e inventar. Assim compreendendo a importância das mesmas no desenvolvimento da criança é que chegamos à elaboração desse relatório de observação da prática de um profissional de uma instituição de Educação Infantil durante uma semana, descrevendo o ambiente, os sujeitos envolvidos, pontuando os limites e as possibilidades do trabalho pedagógico, pois este tem por objetivo de promover à criança, uma aprendizagem de forma lúdica, a partir da rotina, do tempo e do espaço, onde atividades com jogos e brincadeiras venham permitir um desenvolvimento pleno.

Há muito tempo já se desconstruiu a ideia de que o brincar era uma perda de tempo. Atualmente graças aos trabalhos e estudos de psicólogos e educadores como Piaget e Vigostsky, há uma firme convicção de que o brincar é de suma importância para o desenvolvimento social, afetivo e cognitivo da criança.

Brincar é mais que uma atividade sem consequência para a criança. Brincando, ela não apenas se diverte, mas recria e interpreta o mundo em que vive, se relaciona com este mundo. Brincando, a criança aprende. Geralmente consideramos como sinônimo de jogo, recreação e mais nada. No entanto, atividade lúdica não se define naquilo que a criança está fazendo e sim no que sente naquele momento. Não podemos dizer que acriança está desenvolvendo uma atividade lúdica porque está brincando.

Toda criança tem necessidade de se expressar, de colocar exteriorizar o que ela sente e pensa. Através da atividade lúdica a criança demonstra o que é, o que sente, deixando transparecer aspectos de sua personalidade, assim todos os seus desejos e necessidades, toda a sua imaginação e fantasia, seus conflitos e tensões são manifestados através do brinquedo. Para Wajskop apud Vigotsky, a brincadeira cria na criança uma nova forma de desejos. Ensina-a a desejar, relacionando os seus desejos a um “eu” fictício, ao seu papel na brincadeira e suas regras. Dessa maneira, as maiores aquisições de uma criança são conseguidas no brinquedo, aquisições que no futuro tornar-se-ão seu nível básico de ação e moralidade (1995: 95).

Para a criança o brinquedo é uma atividade muito séria. A criança quando brinca experimenta-se, constrói-se, é uma forma de comunicação e de estar no mundo. É brincando que ela convive com os medos com as raivas, com ansiedades e estabelece o equilíbrio entre o mundo interno e externo, conseguindo com isso o auxílio para o desenvolvimento de sua personalidade.

É de suma importância que antes de iniciar a atividade, o professor e as crianças estabeleçam juntas as normas de como realizá-la, afim de que todos participem, salientando que uma vez estabelecida uma norma, esta deve ser cumprida. Tal procedimento exige uma coerência muito grande por parte do professor e das próprias crianças. Durante a atividade lúdica é importante a presença do professor. Neste momento, ele é o companheiro que brinca, incentiva e desafia as crianças, levando-as experimentar e descobrir suas habilidades, pois se é um trabalho coletivo e de aprendizagem é necessário que o professor interaja junto aos alunos. A atividade lúdica deve ser planejada com a criança de acordo com seus interesses, pois o ato de brincar só é válido quando nasce da necessidade da criança. É no brincar que ela se sente mais leve e experimenta seu processo de construção, assim, devemos aproveitar este momento para auxiliar a criança na construção do conhecimento.

Podemos elencar alguns princípios básicos para uma atividade bem-sucedida, tanto momentânea como a longo prazo:

 

1- Crianças aprendem com aquilo que está ao seu redor.

2- Se você critica muito uma criança, ela aprenderá a julgar.

3- Se você elogia uma criança com frequência, ela aprenderá a valorizar.

4- Se a criança é tratada com hostilidade, ela aprenderá a brigar.

5- Se você for justo com a criança, ela aprenderá a ser justa.

6- Se você frequentemente ridicularizar a criança, ela se transformará em uma pessoa tímida.

7- Se a criança cresce sentindo-se segura, aprenderá a confiar nos outros.

8- Se você denigre a criança com frequência, ela desenvolverá um sentimento de culpa que não é saudável.

9- Se as ideias da criança são aceitas regularmente, ela aprenderá a se sentir bem consigo mesma.

10- Se você for condescendente com a criança, ela aprenderá a ser paciente.

11- Se você elogia o que a criança faz, ela conquistará autoconfiança.

12- Se a criança vive em uma atmosfera amigável, sentindo-se necessária, aprenderá a encontrar o amor no mundo.

13- Não fale mal de seu filho ou filha quando ele ou ela estiver por perto, nem mesmo se estiver longe.

14- Concentre-se em desenvolver o lado bom da criança, de maneira que não sobre espaço para o lado mau.

15- Escute sempre seu filho e o responda quando ele quiser fazer uma pergunta ou comentário.

16- Respeite seu filho mesmo que ele tenha cometido um erro. Deixe para corrigi-lo depois.

17- Esteja disposto a ajudar quando seu filho estiver procurando algo, mas esteja também disposto a passar despercebido se ele já encontrou o que procurava.

18- Ajude a criança a assimilar o que ela não conseguiu. Faça isso enchendo o espaço que o rodeia com cuidado, discrição, silêncio oportuno e amor.

19- Quando se dirigir a seu filho, faça isso da melhor maneira possível. Dê a ele o melhor que há em você.

Durante muito tempo, a criança esteve sob a responsabilidade da família, era no convívio com os adultos e outras crianças que ela participava das culturas e construía as normas da sua cultura.

Hoje, a criança tem a oportunidade de frequentar um ambiente de socialização, convivendo e aprendendo sobre sua cultura mediante diferentes interações, especialmente na instituição de educação infantil, que é a primeira etapa da educação básica, e destina-se a crianças de zero a cinco anos e onze meses, visando a proporcionar-lhes condições adequadas de desenvolvimento físico, psicológico, intelectual e social, promovendo a ampliação de suas experiências e conhecimentos.

A partir dos dois anos, a criança se refere às pessoas e objetos pelo nome e nessa atividade há um aumento considerável de seu vocabulário. A criança de dois a quatro anos possui sua atividade motora muito ativa, gosta de correr, pular, arrastar, puxar e empurrar. Quanto à linguagem, há uma melhor organização, o que permite à criança falar mais facilmente, articulando melhor as palavras.

A educação infantil, como toda o processo educacional, teve alguns avanços e retrocessos, e hoje busca a qualidade na organização do trabalho pedagógico. Sendo a educação infantil um campo em constante reflexão e reconstrução, de conquista na legislação brasileira, o desafio a se enfrentar é a definição de qual é a fase da infância reportada, quais as instituições e as culturas que foram produzidas e geradas nesse caminho e, sobretudo, do professor de crianças pequenas, seus saberes e identidades.

Estes fatores buscam indicar a melhoria da qualidade do atendimento oferecido às crianças brasileiras, em instituições de educação infantil, melhoria que incide diretamente sobre a qualificação do profissional para que este, por meio de um currículo/proposta pedagógica, faça valer o direito social e humano das crianças de serem educadas e cuidadas e, assim, de viverem plenamente a infância.

A evolução da prática e da consciência da regra pode ser dividida em três etapas:

1- A etapa da anomia. Crianças de até cinco, seis anos de idade não seguem regras coletivas;

2- A etapa da heteronomia. Nota-se, agora, um interesse em participar de atividades coletivas e regradas;

3- A etapa da autonomia.

 

Em primeiro lugar, as crianças jogam seguindo as regras com esmero. Em segundo lugar, o respeito pelas regras é compreendido como decorrente de mútuos acordos entre os jogadores, cada um concebendo a si próprio com possível legislador, ou seja, criador de novas regras que serão submetidas à apreciação e aceitação dos outros. Deve-se acrescentar que a autonomia demonstrada na pratica da regra aparece um pouco mais cedo do que aquela revelada pela consciência da mesma, vejamos:

 

Brincando (...) as crianças aprendem (...), a cooperar com os companheiros (...), a obedecer as regras do jogo (...), a respeitar os direitos dos outros (...) a acatar a autoridade (...), a assumir responsabilidade, a aceitar penalidades, que lhe são impostas (...), a dar oportunidades aos demais (...), enfim, a viver em sociedade. (Kichimoto,1993 p.110)

 

Quando abordamos assuntos relacionados à Educação Infantil, sabemos que se trata da faixa etária de zero a cinco anos de idade, conforme recente definição da Lei n.11.114, de 16 de maio de 2005, e que essa faixa etária compreende a primeira etapa da educação básica.

A inserção da criança na instituição da Educação Infantil representa uma das oportunidades para que ela amplie os seus conhecimentos na sua nova fase de vida, ela vivência aprendizagens inéditas que passam a compor seu universo, que envolve uma diversidade de relações e de atitudes; maneiras alternativas de comunicação entre as pessoas; o estabelecimento de regras e de limites e um conjunto de valores culturais e morais que são transmitidos a elas. A aceitação e a utilização de jogos e brincadeiras como uma estratégia no processo de ensinar e do aprender têm ganhado força entre os educadores e pesquisadores nesses últimos anos, por considerarem, em sua grande maioria, uma forma de trabalho pedagógico que estimula o raciocínio e favorece a vivência de conteúdos e a relação com situações do cotidiano.

O jogo como estratégia de ensino e de aprendizagem em sala de aula deve favorecer a criança na construção do conhecimento científico, proporcionando a vivência de situações reais ou imaginárias, propondo à criança desafios e instigando-a a buscar soluções para as situações que se apresentam durante o jogo, levando-a a raciocinar, trocar ideias e tomar decisões.

O brincar é, portanto, uma atividade natural, espontânea e necessária para criança, constituindo-se em uma peça importantíssima na sua formação e seu papel transcende o mero controle de habilidades, sendo imensamente mais abrangente. Sua importância é notável, já que por meio dessas atividades, a criança constrói o seu próprio mundo (SANTOS, 1995, p.4). Em sua visão é pela brincadeira que a criança aprende sobre a natureza, os eventos sociais, a dinâmica interna e a estrutura de seu corpo. A criança que brinca livremente, no seu nível, à sua maneira, não está apenas explorando o mundo ao seu redor, mas também comunicando sentimentos, ideias, fantasias, intercambiando o real e o imaginário. O brincar está relacionado ao prazer. Uma brincadeira criativa ou não deve sempre proporcionar prazer à criança. Além disso, enquanto estimula o desenvolvimento intelectual da criança, também ensina, sem que ela perceba, os hábitos mais necessários ao seu crescimento, como persistência, perseverança, raciocínio, companheirismo, entre outros. Dessa forma, o brincar e o jogar, na Educação Infantil, devem ser vistos como uma estratégia utilizada pelo educador e deve privilegiar o ensino dos conteúdos da realidade, tendo o brincar um lugar de destaque no planejamento pedagógico.

Uma vez que o professor é responsável pela orientação, seja teórica, metodológica e técnica, pode-se considerar que, nesse sentido, ele é um agente transformador, tendo em vista que contribui para a transformação dos seus alunos. Tal realidade exige, portanto, consciência crítica de todos os que trabalham com a educação. Questão importante é se ter o discernimento de que ainda hoje, não se pode esquecer essa consciência crítica, de questionar as políticas educacionais existentes. Para Ruiz (2003, s/p), o profissional da educação precisa ter uma posição muito clara, isto é, primar pela mudança. Para autora:

 

Os papéis dos profissionais de educação necessitam ser repensado. Esses não podem mais agir de forma neutra nessa sociedade de conflito, não pode ser ausente apoiando-se apenas nos conteúdos, métodos e técnicas, não pode mais ser omisso, pois os alunos pedem uma posição desses profissionais sobre os problemas sociais, mas como alguém que tem opinião formada sobre os assuntos mais emergentes e que está disposto ao diálogo, ao conflito, à problematização do seu saber. (RUIZ, 2003, s/p).

 

O professor pode ser sim um agente de transformação, principalmente em situações que exigem um posicionamento firme de sua parte. Não apenas na sala de aula, mas na sociedade, no ambiente escolar ou universitário e estar atento as discussões no que se refere ao mundo a sua volta. É importante participação em grupos de estudos, envolver-se em pesquisas, incentivar seus alunos a buscarem sempre maior conhecimento. Infelizmente, o professor, ao invés de ser um agente de transformação nos processos de ensino e aprendizagem, é utilizado como instrumento a serviço de interesses que regem os modelos educacionais instituídos nas escolas e nas universidades. Com isso, aqueles profissionais preocupados com a melhoria do ensino e com a educação, são tidos como problema, tendo em vista à concepção conservadora predominante ainda na sociedade.

O professor tem que partir de experiências e conhecimentos dos alunos e oferecer atividades significativas, favorecendo a compreensão do que está sendo feito por intermédio do estabelecimento nas relações entre escola e o meio social. Uma grande parte dos educadores da faixa de 0 a 5 anos utiliza o jogo e as brincadeiras como prática pedagógica diária, defendendo seu uso como um excelente recurso à aprendizagem e desenvolvimento das crianças.

Porém, algumas vezes o jogo é entendido como certo equívoco pelas instâncias educativas, principalmente pelos professores, quando confundem o conceito de jogos, em que na maioria das vezes a criança fica solta, escolhendo o que quer fazer, sem suporte de um adulto. Em outra ocasião, ainda alguns professores tratam o jogo como elemento facilitador de aprendizagem, mas exercem estremo controle da criança por meio de jogos e brincadeiras (OLIVEIRA, 2002). O fato é que, qualquer uma dessas concepções afasta o professor da parceria, da interação com seu aluno e é isso que precisamos ter extremo cuidado, pois uma proposta que contemple jogos para a Educação Infantil, deve ter o cuidado de oferecer as atividades específicas (jogos e brincadeiras), mas também as interações entre crianças e entre as crianças e seus professores.

Assim, podemos afirmar que o brincar auxilia muito o processo de aprendizagem das crianças e facilita a construção da reflexão, da criatividade, estabelecendo, uma relação estreita entre jogo e aprendizagem. Ressaltamos a importância do brincar para o desenvolvimento integral do ser humano nos aspectos físico, social, efetivo, emocional, faz necessário conscientizar os pais e a sociedade sobre à ludicidade que deve estar sendo vivenciada na infância, ou seja, de que o brincar faz parte de uma aprendizagem prazerosa não sendo somente lazer, mas sim, um ato de crescimento.

 

2.1 METODOLOGIA

 

Para realizar este trabalho visitei várias escolas e conclui que as mesmas formas de ensinar, articulada a proposta pedagógica com as práticas diárias, aliada a bons profissionais que realizam práticas de acordo com a proposta da escola, derivam aulas mais produtivas, pois há sentido nas atividades desenvolvidas.

Alguns profissionais não cumprem com o projeto político pedagógico PPP da escola, resistindo a mudanças. Há profissionais que não aceitam as mudanças na organização dos currículos e formas de avaliação escolar.

Considerando o educando como pessoa singular e única a ser encaminhada a assumir a sua própria personalidade através da realidade cultural de que é herdeira e do contexto social de que participa e está chamada a modificar, permitindo assim que o ser humano assuma o seu papel de agente transformador, capaz de discernir e optar pelos valores que contribuam para a construção de uma sociedade mais humana, justa e solidária, ao mesmo tempo, que os ensine a cuidar do planeta em que vivemos de forma sustentável.

Um ambiente saudável, que proporcione bem-estar aos que ali trabalham e estudam, faz com que o aluno se sinta bem, fazendo com que se motive para aprender. Ao se criar um espaço para que os professores possam refletir sobre ensinar e aprender, proporcionar situações de aprendizagem, vivenciando os valores morais, auxilia os indivíduos na formação de uma sociedade mais justa e humana.

Nesse sentido grande é o papel do professor, pois cabe instruir e valorizar o educando na interação humana, no desenvolvimento do seu raciocínio lógico. Assim a aprendizagem do seu efeito positivo se vincula ao prazer e a relação afetiva nas ações pedagógicas.

A escola enquanto instituição de formação deve ajustar sua proposta pedagógica voltada às diversas alternativas de ensinar de modo a auxiliar os alunos a desenvolverem suas capacidades e habilidades possibilitando adequação às várias vivências a que são expostas em seu universo cultural, potencializando o desenvolvimento de todas as capacidades do aluno, tornando o ensino mais digno e humano.

 

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

No desenvolvimento desta pesquisa foi possível conhecer e refletir sobre definições sobre as brincadeiras e jogos no contexto da educação infantil, ensino e pesquisa, pesquisa enquanto princípio educativo e a evolução dos fundamentos pedagógicos. A relevância dos assuntos tratados neste trabalho provocou a conscientização para a prática pedagógica de fundamentos da pedagogia, através de estudos de livros oferecidos pela faculdade, pesquisa em sites, leituras, que possibilitaram uma motivadora busca do conhecimento e o desejo de ser um indivíduo pesquisador.

Pode-se concluir que os objetivos alcançados durante esta pesquisa foram de fato ainda mais satisfatórios que se previa antes de sua conclusão, pois foram muitas as pesquisas, diálogos, partilhas, encontros e sensações de que estou desenvolvendo uma aprendizagem-significativa.

Cada profissional precisa de formação para atuar na área de sua escolha, por isso desejamos que todos procurem aperfeiçoamento, atendendo a todos com satisfação, dedicação, fazendo a diferença no seu período de trabalho com respeito, solidariedade e ética profissional e social.

Vivenciei de muitos momentos de harmonia entre professores e alunos, onde o professor exerce seu papel com muita dedicação e os alunos se concentram no conteúdo que o professor passa.

Os projetos analisados neste estudo mostram que o jogo acontece na vida da criança e do jovem como fonte de conhecimento extremamente prazeroso. Neste sentido é importante que as atividades de Educação infantil tenham a atitude lúdica e cultural/local dos alunos. Este estudo possui limitações de ordem metodológica na medida em que buscou elucidar um processo qualitativo de análise de conteúdo dos projetos desenvolvidos. É preciso considerar que as experiências nesta disciplina ainda são novas e passam por momentos de reorganização. Nesta perspectiva, foi possível notar que a brincadeira estabelece um vínculo entre aluno-professor e aluno-escola. Intercâmbios que na própria escola vão surgindo, a partir das diferentes histórias de vida das crianças, dos pais e dos professores.

Através deste trabalho pretendeu-se mostrar que os jogos e brincadeiras são fundamentais no desenvolvimento da criança. Estes estão inseridos na vida do indivíduo desde o seu nascimento, no contexto social, como também, no seu comportamento. A criança desenvolve-se pela experiência social, nas interações que estabelecem desde cedo com a experiência sócia histórica dos adultos e do mundo por eles criado. Dessa forma, os jogos e as brincadeiras são atividades humanas nas quais as crianças são introduzidas a uma nova realidade, constituindo-se em um modo de assimilar e recriar a experiência sociocultural dos adultos.

 

REFERÊNCIAS

 

DE MELLO, Alessandro. URBANETZ, Sandra Terezinha. TCC Estágio em pedagogia. Curitiba: Editora IBPEX, 2009.

 

PORTAL EDUCAÇÃO. A importância do jogo e da brincadeira na Educação Infantil. Disponível em <www.portaleducacao.com.br/pedagogia/artigos/53362/a-importancia-do-jogo-e-da-brincadeira-na-educacao-infantil>. Acesso em 11 jan.2015.

 

 

http://revista.fundacaoaprender.org.br/index.php?id=148

 

https://brasileirinhos.wordpress.com/brincadeira

 

http://pedagogiaaopedaletra.com/brincar-conhecer-e-ensinar-de-forma-ludica/

 

http://incrivel.club/…/19-mandamentos-da-pedagoga-maria-mo

 

http://anoticia.clicrbs.com.br/sc/geral/noticia/2013/11/educacao-infantil-e-oportunidade-de-a-crianca-interagir-com-o-mundo-4321275.html

 

http://www.jornaldaeducacao.inf.br/index.php?option=com_content&task=view&id=1520#myGallery1-picture(10)

 

http://www.efdeportes.com/efd108/jogos-e-brincadeiras-a-sistematizacao-do-trabalho-pedagogico.htm

1 Licenciada em Pedagogia - Centro Universitário Internacional UNINTER. Artigo apresentado como Trabalho de Conclusão de Curso. 01- 2016.

2 Professora Orientadora no Centro Universitário Internacional UNINTER.