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EDUCAÇÃO MATEMÁTICA E SUA CONTRIBUIÇÃO PARA A EDUCAÇÃO INCLUSIVA

Sandra Alice Figueiredo da Silva

RESUMO

O objetivo deste trabalho é destacar a importância da educação inclusiva da matemática. Desta forma busquei referencial ao qual destaco a importância da inclusão, ao referir sobre o tema faz com que o processo de ensino e aprendizagem desenvolva de forma abrangente e integral. A contribuição da matemática faz com que haja a interação e a socialização possibilitando ao aluno o convívio com as diferenças e fortalecendo a relação, através do respeito as diferenças e as limitações de cada um. Outro fator de grande importância é o vínculo de famílias e escolas caminhar juntos em busca de meios para que haja avanços desses alunos. A educação da matemática aliada ao processo de uma educação inclusiva é considerada fator importantíssimo para a construção do saber, e do desenvolvimento do aluno especial. No entanto usei como andaime para o desenvolvimento deste trabalho referências através de pesquisas para embasamento do mesmo.

 

Palavras-chave: Educação Inclusiva. Ensino da Matemática. Inclusão.

 

  1. INTRODUÇÃO

 

O presente trabalho tem por objetivo geral a busca de estudo com embasamento em uma busca inclusiva para alunos portadores de necessidades especiais mais especificamente na área da matemática, no entanto as metodologias de diversas formas buscam a auxiliar os estudantes durante o processo de ensino aprendizagem, que busca a inclusão e a igualdade entre os mesmo em ambiente escolar, tanto quanto na sociedade.

A sugestão de uma educação inclusiva refere-se não apenas em receber os alunos com necessidades educacionais especiais, mas sim o modo em que serão utilizados os recursos de materiais e o atendimento humanizado destes alunos, desta forma promovendo a interação a participação, o respeito das diferenças. Incluindo de uma forma abrangente todo o tipo de diversidade existente. A escola necessita dessa diversidade para dar oportunidade de socialização, convivência e aprendizagem, considerando a vivência, as dificuldades e a superação através da interação com o outro e com o meio.

A demanda e as formas para dar ênfase a esse tema, tornou-se uma necessidade na atualidade e na realidade do meio educacional, tendo em vista que a demanda está cada dia maior. Segundo estudos as taxas epidemiológicas da atualidade apontam um grande crescimento de pessoas especiais que em todo o mundo, no brasil temos aproximadamente segundo o senso demográfico de 2020 76% de pessoas com algum tipo de deficiência neste mesmo sendo abrange as deficiências visual, auditiva, física e intelectual.

Consideravelmente em algum período das nossas vidas iremos conviver e compartilhar momentos e convívio com alguma pessoa portadora de alguma destas deficiências, sendo assim a importância de elencar esse tema e enfatizar através da matemática a interação e socialização destas pessoas.

Também busco enfatizar a participação dos pais e familiares no convívio e na interação e ao apoio para que os ensinamentos através da matemática se torna significativo para as habilidades sociais da criança. Entretanto espero contribuir e esclarecer, em como deve ser a inclusão de alunos portadores de necessidades especiais e a contribuição da matemática para o desenvolvimento destes alunos na educação.

 

  1. EDUCAÇÃO INCLUSIVA

 

Ao percorrer a história da humanidade pessoas portadoras de necessidades especiais, eram vistas pela sociedade de modo geral através de olhares preconceituosos. No entanto na idade antiga os humanos buscavam representar os comportamentos diferentes como forma de associar a imagem do diabo, da bruxaria e do pecado, desta forma essas pessoas portadoras de deficiência eram isoladas e exterminadas, pois segundo eles se tratavam de forças sobrenaturais. Segundo Vieira Pereira (2003, p. 17).

 

Na antiguidade clássica as pessoas com deficiência foram consideradas possessas de demônios e de maus espíritos. [...]. Os modelos econômicos, sociais e culturais impuseram as pessoas com deficiência uma inadaptação geradora de ignorância, preconceitos, e tabus que, ao longo dos séculos e séculos, alimentaram os mitos populares da ‘ periculosidade’ das pessoas com deficiência mental e do seu caráter demoníaco, determinada atitudes de rejeição, medo e vergonha.

 

Estudos e pesquisas apontam que por volta do século XIX a medicina, passou a conquistar espaço e realizar estudos sobre as deficiências. Desta forma começaram a fazer descobertas de patologias e enquanto este estudo era realizado as pessoas portadoras de necessidades especiais continuavam sendo segregadas em instituições, hospitais e asilos. Somente no final da década de 60, começaram a dar início ao movimento de integração que seria ‘[...] inserir as pessoas com deficiência nos sistemas sociais gerais como a educação, o trabalho, a família e o laser [...]’, (SASSAKI, 1999P.31). A integração veio devido a necessidade de inserir o indivíduo na sociedade.

Em virtude da história da Educação inclusiva, tem-se observado a importância da inclusão e a valorização da diversidade, e o meio escolar não é diferente, desta forma a matemática vem para colaborar com a inclusão destes alunos. É notório que o contexto escolar democratizou, pois possui diferentes grupos sociais e especificidade, sendo sujeitos com diferentes características físicas, mentais e/ ou intelectuais, mas mesmos a frente deste quadro de diversidades, é utilizado a inclusão de forma igualitária. Para Lorenzato (2008), a linguagem matemática possui expressões, regras, vocábulos e símbolos próprios que são resultados de processo histórico e para que possam ser compreendidos e empregados corretamente é necessário que o aluno compreenda o significado de cada um. Muitas vezes, o professor acaba dando mais ênfase à utilização do algoritmo e acaba esquecendo-se da importância da compreensão do processo algorítmico.

Veiga (1998, p. 47) reforça que “os estudantes apresentam diferentes ritmos de aprendizagem e os professores estão despreparados para lidar com essas diferenças e com as limitações dos alunos”. A argumentação acerca da educação inclusiva através da matemática visa possibilitar aprendizagens através da interação, buscando realizar conexões com a realidade em que estes alunos vivem.

De acordo com Mantoan, Inclusão é a nossa capacidade de entender e reconhecer o outro e, assim, ter o privilégio de conviver e compartilhar com pessoas diferentes de nós. A educação inclusiva acolhe todas as pessoas, sem exceção. É para o estudante com deficiência física, para os que têm comprometimento mental, para os superdotados, para todas as minorias e para a criança que é discriminada por qualquer outro motivo. (2005, p.1). No entanto podemos observamos que a inclusão é de fato a aceitação das diferenças, e neste contexto ao uso da matemática vem de fato estabelecer uma relação de inclusão e respeito fortalecendo assim o aprendizado para alunos especiais em especial alunos portadores de deficiência visual e mental.

Entretanto busco desta forma destacar que existem diferentes metodologias de ensino da matemática para estudantes portadores de deficiência visual, quanto também para alunos com outras especificidades. Destaco os seguintes exemplos: jogos, modelagem matemática, projetos, material concreto, como material dourado, blocos lógicos entre outros, e esses buscam transmitir os conhecimentos matemáticos de forma lúdica e prática. Desta forma tem por importância os ambientes escolares e educacionais em adaptarem estes espaços para acolher estes alunos.

No entanto este esforço também é esperado pelas organizações de política publicas adequadas e de incentivos governamentais. Com a oferta de materiais adequados e que são indispensáveis para o atendimento educacional especializado, como o incentivo e projetos em que venham a valorizar e ofertar a formação continuada de professores matemáticos e também das diversas áreas da educação para que haja uma oferta qualificada, para o aperfeiçoamento dos trabalhos e recebimentos destes alunos. Sartoretto (2006, p.81) afirma que:

 

Uma nova escola é perfeitamente possível, porque muitos são os professores que, apoiados pelas famílias e assessorados por seus diretores e supervisores, estão acreditando em outros modos de pensar a educação e de fazê-la acontecer na sala de aula, em que cada um tem a sua identidade respeitada e velhas práticas possam ser transformadas em novas oportunidades de aprendizagem, para todos os alunos, mais ou menos deficientes. (2006, p.81)

 

A inclusão no âmbito educacional trabalha com as diferenças em processos de aprender e a ensinar, instigando para a investigações em estudos buscando reconhecer e considerar a adversidade. O ensino para alunos com deficiência visual ainda há uma grande carência, pois, as alternativas e os métodos para o processo do ensino da matemática. Mas ainda tem algumas alternativas como o manuseio do multiplano e suas formas diversas de desenvolver conceitos matemáticos para as operações dos números naturais, equações, tabuadas, proporção, funções e regra de três, sistemas lineares, trigonometria, geometria plana e espacial dentre outros. Segundo Mantoan, (2006, p.81)

 

Inclusão é a nossa capacidade de entender e reconhecer o outro e, assim, ter o privilégio de conviver e compartilhar com pessoas diferentes de nós. A educação inclusiva acolhe todas as pessoas, sem exceção. É para o estudante com deficiência física, para os que têm comprometimento mental, para os superdotados, para todas as minorias e para a criança que é discriminada por qualquer outro motivo.

 

O Multiplano é um material que foi desenvolvido por Rubens Ferronato que possibilita trabalhar diferentes conceitos matemáticos com crianças cegas, de baixa visão e também com crianças que possuem uma visão completa. Com o Multiplano o deficiente visual consegue fazer gráficos, figuras geométricas e cálculos avançados, além de entender melhor volume e distância. (FERRONATO, 2002, p. 25).

O material denominado Multiplano consiste, basicamente, em uma placa perfurada de linhas e colunas perpendiculares, onde os furos são equidistantes. Nos furos podem ser encaixados rebites, que devem ter a cabeça plana e circular, mas sem um de seus segmentos circulares, para facilitar ao cego a identificação correta do pino. Na superfície os pinos apresentam identificação dos números, sinais e símbolos matemáticos tanto em Braille, quanto em algarismos Hindu-arábicos, isso torna o material manipulável tanto por pessoas cegas quanto pelas que possuem capacidade de visão normal, sem que estas necessariamente conheçam a escrita em Braille.

Dessa forma, dentro de uma mesma classe os mesmos conteúdos matemáticos podem ser trabalhados com a turma toda, sem diferenciações e através dos mesmos métodos e procedimentos, pois o que vai propiciar ao aluno cego a leitura dos pinos é o toque de suas mãos na superfície dos mesmos e ao aluno vidente bastará a visualização dos algarismos de que ele necessita. Desta forma ao utilizar este recurso aliado ao processo de ensino estará usando a realidade mais próxima e contribuir para a interação e socialização dos alunos através do uso do material concreto.

 

    1. EDUCAÇÃO INCLUSIVA ATRAVÉS DO MATERIAL MONTESSORI

 

Após estudos realizados Maria Montessori (1926) desenvolveu um método de ensino para transferência de conhecimento. Desta forma, pode-se destacar: Barras com segmentos coloridos vermelho/azul - Consiste de 10 barras que entre si mantém uma relação de 1 a 10. A menor barra tem 10cm, e equivale ao primeiro segmento, é vermelha e representa o um como quantidade. A segunda barra tem 20cm, contém um primeiro segmento com 10cm na cor vermelha e um segundo segmento com 10cm na cor azul e equivale à quantidade dois.

A terceira barra de 30 cm possui o primeiro segmento de 10 cm na cor vermelha, o segundo de 10 cm na cor azul e o terceiro segmento de 10 cm na cor vermelha e equivale à quantidade três. E assim, sucessivamente, até a barra com um metro de comprimento que representa a quantidade dez. As barras confeccionadas por Montessori facilitam o cálculo porque, ao se colocar a barra indicativa de quantidade “um” ao lado da barra de quantidade “dois”, obtém-se um comprimento igual à barra de quantidade “três”, ao mesmo tempo que esta operação é realizada ocorre o processo de síntese, ou seja, o aluno efetua uma adição.

Algarismos em lixa: Servirão para o ensino dos dez numerais, além de proporcionar também a estimulação tátil. São constituídos de dez cartões sobre os quais estão colocados os algarismos confeccionados em lixa (0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9). Encaixes geométricos: É constituído de material plano com molduras correspondentes para o encaixe das figuras geométricas: quadrado, retângulo, círculo, triângulo, trapézio, etc.

Blocos lógicos São blocos que poderão ser grupados por atributos: forma, tamanho, espessura e cor. Material dourado é um material que auxilia o ensino da matemática, possibilitando ao aluno adquirir, de forma concreta, os conceitos matemáticos. Este material é constituído de um cubo com 10 cm de aresta representando um milhar, 10 peças com um centímetro de altura, 10 cm de largura e 10cm de comprimento representando as centenas,100 peças com um centímetro de altura, um centímetro de largura e 10 cm de comprimento representando as dezenas e 500 cubos com um centímetro de aresta representando as unidades.

O material dourado possibilita o ensino da ideia de número, do valor posicional dos algarismos, das classes e ordens de um número, da composição e decomposição de um 599 número, de números pares e ímpares, da adição, subtração, multiplicação e divisão, de números decimais e fracionários.

Busquei representar os seguintes materiais de Montessori com o objetivo de simplesmente demostrar que para usa-los tem-se um espera-se um grande desenvolvimento dos educandos pois através dos estímulos do material manipulado haja uma grande (estimulação visual, auditiva, tátil, sinestésica). Desta forma o uso destes recursos pedagógicos é um fator de grande importância e traz consigo grandes resultados para a aprendizagem para alunos especiais e também por alunos com alguma limitação. Pois os mesmos servem com estímulos e é fundamental para o auxílio do ensino da matemática tanto quanto para compreensão e resultados nas aprendizagens.

 

  1. CONCLUSÃO

 

Através deste trabalho é notório o compreender do papel da educação inclusiva aliada ao processo de ensino da matemática haja visto em que proporciona ao desenvolvimento do aluno e desperta o interesse e a socialização e fortalecimento para o desenvolvimento das aprendizagens. Os métodos de ensino da matemática para a inclusão trazem consigo o processo de ensino e proporciona que a aprendizagem seja alcançada, fazendo com que os alunos se sinta incluídos por meio das aprendizagens e através dos valores transmitidos a partir da socialização da qual favorece o desenvolvimento e o alcance de resultados esperados.

Desta forma a escola e a matemática de forma total tem papel importantíssimo durante este processo, facilitando o processo de inclusão. Ainda de acordo com Cunha (2015), a inclusão de pessoas com deficiência na escola precisa de fundamentos teóricos, como também da lida diária da pratica para estabelecer dados concretos que incentivem, guiem e deem segurança aos educadores. A educação inclusiva através da matemática tem por analise as necessidades de forma geral de cada aluno, trazendo consigo a sensibilidade e a responsabilidade em atuar em cada individualidade.

Entretanto é indispensável criar espaços de interação e convívio. Mantoan (2003, p33), destaca que; ‘incluir é não deixar ninguém de fora da escola comum, ou seja, ensinar a todas as crianças indistintamente’. Segundo Mantoan há diversos níveis de deficiências em uma sala inclusiva os alunos se desenvolvem melhor através da interação com os demais colegas, propiciando o aprendizado, o respeito com as diferenças e a convivência.

Apenas o ato de incluir e possibilitar essa convivência tem se demostrados o respeito para o nosso semelhante, através da inclusão são superadas as fraquezas, estimula o desenvolvimento e a igualdade elevando as potencialidades. Um ambiente escolar inclusivo é possível, no entanto sabemos que é uma tarefa árdua. Desta forma fica evidente que a contribuição da matemática estabelece através do aprendizado a interação social, como também transforma o indivíduo.

 

REFERÊNCIAS

 

. NBR 6024: numeração progressiva das seções de um documento. Rio de Janeiro, 2003.

 

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 6023. Informação e documentação – Referências – Elaboração. Rio de Janeiro, 2002.

 

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