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JOGOS COOPERATIVOS X JOGOS COMPETITIVOS E SUAS RELAÇÕES COM O PROCESSO DE ENSINO – APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR INFANTIL

Camila Hentges

 

RESUMO

A educação apresenta a cada dia uma nova forma para trabalhar a aprendizagem do aluno. As inovações são frequentes e todos têm a preocupação de melhor desempenho da criança. O presente estudo buscou analisar qual é a importância dos jogos cooperativos e dos jogos competitivos no ensino - aprendizagem do aluno na perspectiva do professor de Educação Física na Educação Infantil. Os jogos cooperativos e os jogos competitivos também entram nesse contexto auxiliando os professores de forma geral. Segundo assim exposto, qual é a importância dos jogos cooperativos e dos jogos competitivos no ensino - aprendizagem do aluno na perspectiva do professor de educação física na Educação Infantil?

 

Termos: Jogos. Educação infantil. Educação física.

 

SUMMARY

Education presents every day a new way to work on student learning. Innovations are frequent and all are concerned about the best performance of the child. The present study aimed to analyze the importance of cooperative games and competitive games in teaching - student learning from the perspective of the Physical Education teacher in Early Childhood Education. Cooperative games and competitive games also enter this context by assisting teachers in general. As set out, what is the importance of cooperative games and competitive games in teaching - student learning from the perspective of the physical education teacher in Early Childhood Education?

 

Terms: Games. Early childhood education. Physical education.

 

  1. INTRODUÇÃO

     

O trabalho da educação física nas séries iniciais do ensino fundamental é importante, pois possibilita aos alunos terem, desde cedo, a oportunidade de desenvolver habilidades corporais e de participar de atividades culturais, como jogos, esportes, lutas, ginásticas e danças, com finalidades de lazer, expressão de sentimentos, afetos e emoções (BRASIL, 1997, p.15).

Significado de cooperação: ajuda no compartilhamento, trabalhar em conjunto visando um objetivo comum, facilitando a obtenção de resultado em benefícios de todos. Há interesse especial quando a cooperação envolve grande número de componentes.

Segundo Barreto (2007), tinha por objetivo desenvolver brincadeiras cujo resultado não se desse sempre nos termos do binômio vencedor/perdedor.

Significado de competição: é um processo de interação social, em que os objetivos são mutuamente exclusivos, as ações são isoladas ou em posição umas às outras, e os benefícios são destinados somente para alguns (BROTTO, 2001).

Os jogos cooperativos juntamente com os jogos competitivos são apresentados como uma nova e importante proposta para o cotidiano da educação física escolar. Primeiramente vamos definir o significado das palavras cooperação e competição.

A cooperação é um processo onde todos têm os mesmos objetivos, as mesmas ações e os resultados são benéficos para todos. Já a competição é um processo onde os objetivos são individuais e os resultados beneficiam apenas os vencedores. A competição e a cooperação parece se dar apenas na esfera social, porém não pode ser dissociada da prática subjetiva (especialmente dos valores e juízos) e da prática produtiva, sendo muitas vezes determinada por esta. Estas duas dimensões estão presentes na história da sociedade, e na história dos jogos especificamente.

 

  1. OBJETIVO

 

Verificar pelo olhar do Professor de Educação Física, quais são as dificuldades encontradas para trabalhar com os Jogos Cooperativos e com os Jogos Competitivos em suas aulas e quais são os benefícios que essas atividades desenvolvem em seus alunos.

 

  1. METODOLOGIA

 

Foram usados como métodos de pesquisa livros, artigos e informações retiradas de sites da internet

 

  1. RESULTADO E DISCUSSÕES

 

Muitas vezes o jogo é associado apenas à competição. Provavelmente isso se intensificou na transição do modo de produção feudal para o modo de produção capitalista, com a mudança de valores onde o “escolhido” não era mais espaço o destinado por Deus, mas aquele que era mais forte, mais poderoso ou com mais posses. E também pela grande valorização do esporte olímpico na nossa sociedade. Esta ideia está sendo quebrada ou pelo menos ganhando outras possibilidades pelo aumento de pesquisa no campo dos jogos cooperativos nos últimos anos.

Segundo Terry Orlick (1982, apud BROTTO, 2001) o jogo cooperativo “começou a milhares de anos, quando membros das comunidades tribais se uniam para celebrar a vida”. Pesquisas apontam para a importância da inserção de jogos em um projeto de sociedade mais humana.

Os jogos cooperativos seriam aqueles onde os objetivos só seriam alcançados coletivamente, todos ganham cada jogador tem sua importância independente da sua habilidade, todos se divertem, há senso de unidade, há colaboração entre os participantes.

Os jogos cooperativos, ao promoverem um tipo de relação com o outro baseado não na competição, mas antes na capacidade de cooperar, poderão constituir um valioso instrumento na formação do cidadão.

Na educação infantil, o professor de educação física desempenha um papel muito importante no desenvolvimento intelectual, afetivo, cognitivo e físico da criança, apresentando as atividades recreativas e atividades direcionadas de forma lúdica onde possibilita a criança vivenciar novas experiências.

A Educação Física Infantil, de acordo com Basei (2008)

 

Tem um papel fundamental na Educação Infantil, pela possibilidade de proporcionar às crianças uma diversidade de experiências através de situações nas quais elas possam criar, inventar, descobrir movimentos novos, reelaborar conceitos e ideias sobre o movimento e suas ações. Além disso, é um espaço para que, através de situações de experiências – com o corpo, com materiais e de interação social – as crianças descubram os próprios limites, enfrentem desafios, conheçam e valorizem o próprio corpo, relacionem-se com outras pessoas, percebam a origem do movimento, expressem sentimentos, utilizando a linguagem corporal, localizem-se no espaço, entre outras situações voltadas ao desenvolvimento de suas capacidades intelectuais e afetivas, numa atuação consciente e crítica. (p. 1)

 

A educação física nuca recebeu um lugar de destaque na educação, mas é tão importante quanto as demais áreas educativas. É impossível desenvolver a criança integralmente sem desenvolver seu lado motor.

De acordo com o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (Brasil, 1998) as atividades lúdicas permitem a criança ter liberdade em suas ações, o que contribui para que ela possa se expressar de forma livre e desenvolver suas habilidades sociais, cognitivas e afetivas tomando suas próprias decisões em relação as situações que irão surgir tanto no contexto escolar como em sua vida cotidiana.

 

Nesse sentido, é importante que o trabalho incorpore a expressividade e a mobilidade próprias às crianças. Assim, um grupo disciplinado não é aquele em que todos se mantém quietos e calados, mas sim um grupo em que vários elementos se encontram envolvidos e mobilizados pelas a atividades propostas. Os deslocamentos, as conversas e as brincadeiras resultantes desse envolvimento não podem ser entendidos como dispersão ou desordem, e sim como uma manifestação natural das crianças. Compreender o caráter lúdico e expressivo das manifestações da motricidade infantil poderá ajudar o professor a organizar melhor a sua prática, levando em conta as necessidades das crianças. (Vol. 3, p. 19)

 

Para demostrar a importância da disciplina Educação Física na Educação Infantil, compreender a criança da educação infantil, entender a Educação Física no processo educacional e verificar o papel da Educação Física e o papel do professor de Educação Física no contexto da Educação Infantil.

A presente pesquisa se justifica pela importância de se trabalhar os jogos cooperativos e os jogos competitivos na escola, pois essa atividade recreativa é importante para o desenvolvimento global da criança, principalmente nas séries iniciais, onde seu projeto educativo reconhece as singularidades e as potencialidades de cada criança num espaço escolar lúdico, criativo, promovendo assim a interação entre as mesmas. E é nesse contexto que a educação física contribui como eixo norteador da proposta lúdica com a função de ensino – aprendizagem e não o simplesmente o brincar pelo brincar.

Na perspectiva de um contexto histórico, um dos fatores principais para o surgimento e organização das instituições direcionadas à educação da criança foi a introdução da mão-de-obra feminina no mercado de trabalho (ALENCAR, OLIVEIRA 2017).

Segundo Kuhlmann Jr. (2007), o início da história da educação brasileira é notada pela chegada dos jesuítas no país, tendo como objetivo primeiro combater a expansão do protestantismo e, depois, educar os índios para a submissão por meio do catolicismo. O objetivo dos jesuítas era mais de catequizar do que de instruir os indígenas, pois a educação jesuítica era reservada aos filhos dos colonizadores ou à preparação dos futuros sacerdotes.

Anda para o autor o objetivo dos jesuítas era criar colégios por todo o território brasileiro e oferecer cursos de nível secundário e nível superior para criar uma elite onde somente os brancos e ricos teriam acesso, e somente os meninos tinham esse acesso, as meninas ainda eram vistas e tratadas como futuras esposas, mães e donas de casa. O estudo que era lhes oferecido era apenas para lhe ensinar boas maneiras e dotes domésticos.

Aos negros, aqueles que sobrevivam, pois eram retirados muito cedo de suas mães, apenas restava o trabalho escravo no campo, mas alguns serviam de companhia para os filhos dos mais ricos onde eram tratados apenas como objetos ou como um animal de estimação.

Kuhlmann Jr. (2007) Somente os mulatos, a partir do século XVI, por meio da autorização do rei de Portugal, podiam ter o direito à educação. Alencar e Oliveira (2017) relatam que durante a primeira metade do século XVIII, tornaram-se grandes produtores coloniais. Com esse poder passou a gerar conflitos entre a colônia e a metrópole. No Brasil, a autoridade patriarcal dos colonos considerava negativa a influência dos jesuítas sobre suas famílias e subordinados. Em Portugal, já se processava o declínio dos jesuítas, pois, naquele momento, sua obra educacional era considerada obsoleta e obscurantista. No ano de 1759, Marques de Pombal expulsa os jesuítas da Metrópole e das colônias portuguesas.

Essa expulsão representou um grande retrocesso no sistema educacional brasileiro. Segundo Kuhlmann Jr. (2007), citado por Alencar e Oliveira (2017), no início do século XIX, a criança branca, com seis anos de idade, inicia a entrada nos colégios religiosos, onde eram ensinados o latim, a gramática e boas maneiras. Para as crianças negras, a idade entre cinco e seis anos era o fim da fase de criança, pois já começavam a desenvolver tarefas auxiliares e, após os doze anos, já eram tratados como adultos.

Vasconcelos (2005) citado por Alencar e Oliveira (2017), menciona que as instituições de educação infantil começaram a ser criadas em meados do século XIX, primeiramente na França, onde as mulheres precisavam trabalhar para garantir o seu sustento. O Brasil seguiu a mesma ideia de finalidade e funcionamento das instituições francesas, liberando a mão de obra da mãe pobre, que no caso era a escrava ou ex-escrava.

A creche era para as crianças de 0 a 3 anos e foi o modo de substituir as Casas de Expostos que era casas onde as mães que não tinham condições que criar seus filhos os abandonavam ainda pequenos, incentivando assim as mães ao não abandono de seus filhos.

Segundo Kramer:

 

Eram as creches que surgiam, com caráter assistencialista, visando afastar as crianças pobres do trabalho servil que o sistema capitalista em expansão lhes impunha, além de servirem como guardiãs de crianças órfãs e filhas de trabalhadores. Nesse sentido, a pré-escola tinha como função precípua a guarda de crianças (1987, p. 23).

 

Ainda segundo os autores, no ano de 1899, foram inauguradas duas instituições assistencialistas no Rio de Janeiro, o Instituto de Proteção e Assistência à infância do Rio de Janeiro e a creche da Companhia de Fiação e Tecidos Corcovado, que era própria para os filhos de operários. A primeira foi fundada pelo médico Arthur Moncorvo Filho. Esse instituto tinha a preocupação com o atendimento médico da criança e das famílias mais carentes. A segunda instituição foi criada para atender os filhos dos empregados da Tecelagem para que seus pais pudessem trabalhar. Era vista como uma prestação de serviços e um ato de caridade.

Vasconcelos (2005) citado por Alencar e Oliveira (2017), as instituições pré - escolares privadas brasileiras tinham como estratégia a utilização do termo pedagógico, como meio para atrair os ricos e diferenciá-la das creches para os pobres. Nesse caso, considera-se como jardim de infância apenas o conhecido como Kindergarten, criado e dirigido por Froebel. Este construiu o primeiro jardim de infância, pensando na criança como um planta a ser regada. Para isso era preciso promover diferentes atividades para o desenvolvimento de suas potencialidades.

Froebel privilegia as atividades lúdicas por perceber o significado funcional do jogo para o desenvolvimento sensório-motor, as habilidades são aperfeiçoadas por meio de métodos lúdicos por ele inventados.

Segundo Conrad:

 

O jardim de infância de Froebel foi sustentado pelo pressuposto de que a comunhão das crianças pequenas entre si já oferece grande potencial educativo. A educação escolar deve ser antecipada pelo cuidado especial das forças mentais da criança pequena, Froebel dá continuidade aos pensamentos de Pestalozzi de uma educação materna. Ele estuda e pesquisa leis da natureza e tenta com isto interpretar o desenvolvimento do homem. Como filósofo e pedagogo procura aplicar ao homem a vida da natureza. Todas as aparências representam uma totalidade divina, que por sua vez se desenvolve nas particularidades. Somente quem chegou a conhecer o todo, pode se dedicar às partes, em que ele enxerga a totalidade última, Deus (2000, p. 45).”

 

Em meados do século XVIII e ao longo do século XIX, a criança passou a ser o centro de interesse educativo dos adultos. Segundo Oliveira:

 

[...] a [criança] começou a ser vista como sujeito de necessidades e objeto de expectativas e cuidados situados em um período de preparação para o ingresso no mundo dos adultos, o que tornava a escola [pelo menos para os que podiam frequentá-la um instrumento fundamental (2005, p.62).

 

Somente os mais ricos tinham acesso a essa educação centrada na aprendizagem do indivíduo. Segundo Pinto:

 

[...] a infância constitui uma realidade que começa a ganhar contornos a partir dos séculos XVI e XVII. [...] As mudanças de sensibilidade que se começam a verificar a partir do Renascimento tendem a deferir a integração no mundo adulto cada vez mais tarde e, a marcar, com fronteiras bem definidas, o tempo da infância, progressivamente ligado ao conceito da aprendizagem e de escolarização. Importa, no entanto, sublinhar que se tratou de um movimento extremamente lento, inicialmente bastante circunscrito às classes mais abastadas (1997, p. 44).

 

Os debates sobre as instituições de educação infantil foram polêmicos, pois existiam estudiosos da época que não concordavam com a implantação destas instituições. No entanto, durante a Exposição Pedagógica foi instituída uma comissão para tratar dos jardins de infância e Bastos fez a seguinte afirmação:

 

O jardim de infância é antes de tudo uma escola de educação. Auxilia o desenvolvimento físico dos meninos por meio de exercícios apropriados a sua idade, anima os primeiros esforços de sua inteligência, oferecendo-lhes alimento à curiosidade, pondo - lhes debaixo das vistas séries graduadas de objetos, para os quais a sua inteligência é atraída e que lhes proporcionam facilmente e sem fadiga conhecimentos elementares com que se enriquece de dia em dia sua memória. A necessidade de movimentos peculiares aos meninos é satisfeita com marchas e contramarchas que acompanham seus exercícios ao compasso do canto ou dos sons de um instrumento (2001, p.64).

 

Segundo Marafon (2009), em 1981, o MEC lança o Programa Nacional de Educação Pré-Escolar, integrando Secretarias de Estado da Educação e o MOBRAL. Segundo Souza e Kramer – este programa teve uma rápida ascensão, sendo responsável por 50% do atendimento pré-escolar público no país em 1982.

Ainda segundo a autora, com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação 9394/96, muda-se o sentido de educação infantil, passando está a ser responsabilidade da Secretaria de Educação, sendo um nível de ensino, exigindo profissionais da educação infantil, ou seja, professores. Sobre sua função podemos afirmar segundo Nascimento:

 

Enquanto a LDB afirma que o caráter escolar da creche, os documentos produzidos em órgãos de planejamento e execução política educacional enfatizam que é no binômio educar e cuidar que devem estar centradas as funções complementares e indissociáveis dessa instituição (1999, p.104).

 

Pensar em uma mudança profunda e integral de que a educação infantil melhorou e tornou-se a primeira etapa da educação básica, nos remete às palavras de kuhlmann Jr, ao afirmar que:

 

[...]é neste contexto que a educação passou a ser vista como o oposto da assistência. Olhávamos para o cotidiano das creches e ali víamos – como ainda hoje podemos ver em muitas delas – que elas funcionavam como depósito de crianças. (2001, p.198)

 

Reavaliar o percurso da Educação Infantil podemos perceber os avanços e retrocessos. Vamos ver a seguir que as políticas voltadas para o ensino infantil em âmbito geral estão muito aquém do que poderíamos chamar de avanços significativos. A dissociação entre legislação e realidade não é de hoje. A inconformidade é um aspecto permanente quando nos referimos à Educação Infantil.

 

    1. EDUCAÇÃO INFANTIL NA ATUAL CONSTITUIÇÃO

 

A educação infantil vêm sendo tratada como um dos assuntos prioritário de governo, organismos internacionais e organizações da sociedade civil. No Brasil, a Educação Infantil - isto é, o atendimento a crianças de zero a seis anos em creches e pré-escolas - é um direito assegurado pela Constituição Federal de 1988. A partir da aprovação da Nacional, em 1996, a Educação Infantil passa a ser definida como a primeira etapa da Educação Básica (BARROS, 2008).

Na década de 1960, com o aumento da industrialização e a urbanização no país há um grande aumento de mulheres no mercado de trabalho, havendo assim uma grande procura pelas creches, onde os filhos dessas mulheres ficariam de forma integral para que as mesmas pudessem trabalhar nas fabricas.

Neste período foi aprovada a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 4024/61), pela primeira vez, incluindo os jardins de infância no sistema de ensino. A referida lei estabelecia que:

 

Art. 23 – A educação pré-primária destina-se aos menores de até 7 anos, e será ministrada em escolas maternais ou jardins de infância.

Art. 24 – As empresas que tenham a seu serviço mães de menores de sete anos serão estimuladas a organizar e manter, por iniciativas próprias ou em cooperação com poderes públicos, instituições de educação pré-primária (LDB, 1961).

 

A educação da criança pequena começa a se alterar com o governo militar, pós-64, pois para Oliveira:

 

Novas mudanças na Consolidação das Leis de Trabalho, ocorridas em 1967, trataram o atendimento aos filhos das trabalhadoras apenas como questão de organização de berçários pelas empresas, abrindo espaço para que outras entidades, afora a própria empresa empregadora da mãe, realizassem aquela tarefa por meio de convênios. O poder público, contudo, não cumpriu o papel de fiscal da oferta de berçários pelas empresas. Assim, poucas creches e berçários foram nelas organizados (2002, p.108).

 

Com a Lei 5692, aprovada em 1971, novamente é mencionada a educação infantil, onde é ressaltado o que já estava no artigo 24, da Lei 4024. O parágrafo 2º, do art. 19, afirma que:

 

Os sistemas valerão para as crianças de idade inferior a 7 anos que recebam conveniente educação em escolas maternais, jardins de infância ou instituições equivalentes. (LDB 5692/71)

 

Em 1990, foi criado o Estatuto da Criança e do Adolescente que veio reafirmar no capítulo IV, artigo 54, inciso IV o direito das crianças de 0 a 6 anos de idade ao atendimento em creches e em pré-escola.

Com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação 9394/96, a educação infantil passou a fazer parte do sistema nacional de ensino, ficando referenciado como a primeira etapa da educação básica, tendo como finalidade o desenvolvimento integral da criança de 0 a 6 anos de idade, definindo no título V, capítulo II, seção II, Art. 30 que a educação infantil será oferecida em: “I – creches, ou entidades equivalentes, para crianças de 4 a 6 anos de idade”. (LDB, 1996) (MARAFON, 2009).

Ainda Segundo a autora, em 1998, foi criado o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI). É um documento que sofreu várias críticas a respeito de sua construção, pois a proposta para educação infantil deve ser construída pelos seus sujeitos. O Referencial, em sua introdução deixa claro seu objetivo:

 

Este documento constitui-se em um conjunto de referências e orientações pedagógicas que visam contribuir com a implantação ou implementação de práticas educativas de qualidade que possam mover e ampliar as condições necessárias para o exercício da cidadania das crianças brasileiras (1998, p.13).

 

Segundo Barros (2008), baseado nesses dados, pesquisas realizadas nos anos de 1980, demostravam que os seis primeiros anos de vida são essenciais para o desenvolvimento humano e a formação da personalidade e da inteligência do indivíduo, porém, até 1988, a criança brasileira com idade inferior a 7 anos de idade não tinha direito a educação. Foi então que a atual Constituição assentiu pela primeira vez a Educação Infantil como um direito da criança, opção da família e dever do Estado.

A partir desse momento, a Educação Infantil deixou de estar vinculada exclusivamente a política de assistência social passando assim a integrar a política nacional de educação.

Ainda Segundo Barros (2008):

 

Constituição Federal criou a obrigatoriedade de atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a seis anos de idade em seu artigo 208 , inciso IV . Entretanto, até a presente data esse sonho do legislador constituinte de 1988 ainda não virou realidade. O artigo 211, § 2º, dispõe que os Municípios atuarão prioritariamente no ensino fundamental e na Educação Infantil. Para tanto, preceitua o artigo 212 que a União aplicará, anualmente, nunca menos de 18% (dezoito por cento) e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios 25% (vinte e cinco por cento), no mínimo, da receita resultante de impostos, compreendida a proveniente de transferências, na Educação. Estabelece ainda no artigo 23, inciso V, a competência comum de proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação e à ciência e, destes entes político-administrativos, somente os Municípios estão impedidos de legislar sobre Educação e proteção à infância, segundo dispõe o seu artigo 24, incisos IX e XV, respectivamente. De outro lado, através do artigo 209, incisos I e II, submete as instituições educacionais privadas que atendam crianças de zero a seis anos de idade, à supervisão e fiscalização do Poder Público. Tal regra encontra ressonância no artigo 22, inciso XXIV, que dispõe sobre a competência legislativa privativa da União de legislar sobre diretrizes e bases da educação nacional. 

 

O projeto que está inserido no artigo 205 da Constituição, é ousado, porém não é uma prioridade, e para que o mesmo seja cumprido ainda há muito que fazer em relação a políticas públicas direcionadas a educação de qualidade, onde possa ser efetivado e tornar-se necessária a existência da escola de qualidade para todos.

Hoje No Brasil, dispomos de legislação avançada na área da educação, introduzida pela Constituição Federal de 1988: o "Estatuto da Criança e do Adolescente(ECA)"- Lei nº 8.069 , de 13 de julho de 1990, e a" Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB)"- Lei nº 9.394 , de 20 de dezembro de 1996, Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil (RCNEI) criado em 1998,os Parâmetros Curricular Nacional (PCNs) ( A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) aprovada em 2017, o Plano Nacional de Educação (PNE, 1997) que promulgou em 2014 Lei nº 13.005/2014. Além dessa legislação nacional específica, temos acesso a pesquisas internacionais e nacionais que apontam os benefícios do investimento público na Educação Infantil.

Além dessa legislação nacional específica, temos acesso a pesquisas internacionais e nacionais que apontam os benefícios do investimento público na Educação Infantil.

Seguimos com um breve relato sobre cada um dos parâmetros que regem a Educação do nosso país voltada especificamente para a Educação Infantil.

 

    1. ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE (ECA)

 

O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) – Lei nº 8.069/90, de 13/07/1990, concretiza o paradigma da doutrina da proteção integral que expressa notável avanço democrático, ao regulamentar as conquistas relativas aos direitos das crianças e adolescentes, sendo elo entre a Constituição Federal (consubstanciadas no Artigo 227) e a Convenção Internacional dos Direitos da Criança, aprovada pela Assembleia Geral das Nações Unidas, em 1989 (VIEIRA et al. 2015).

Busca-se, através da Constituição Federal e do Estatuto da Criança e do Adolescente, a garantia do direito à educação. As condições para a construção de uma sociedade democrática, com justiça social, dependem da universalização do ensino básico com qualidade, garantindo a todos, especialmente crianças e adolescentes, nas unidades escolares.

Segundo o Capitulo IV do direito à educação, à cultura, ao esporte e ao lazer, Art. 53 A criança e ao adolescente têm direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho, assegurando-se lhes:

 

I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;

II - direito de ser respeitado por seus educadores;

III - direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer às instâncias escolares superiores;

IV - direito de organização e participação em entidades estudantis;

V - acesso à escola pública e gratuita próxima de sua residência.

Parágrafo único. “É direito dos pais ou responsáveis ter ciência do processo pedagógico, bem como participar da definição das propostas educacionais.

 

Assegurando esses direitos, o Estatuto pretende que todas as crianças e adolescentes tenham uma escola pública gratuita, que realmente seja aberta e democrática, de boa qualidade e que tenha a capacidade de preparar o educando para o pleno e completo exercício da cidadania.

O parágrafo único do mesmo art. 53 assegura aos pais e responsáveis não somente ter ciência do processo pedagógico, mas, e principalmente, influir na elaboração e na prática das propostas educacionais, o que é de todo enfatizar em uma escola democrática.

 

  1. CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Os jogos cooperativos são: divertidos para todos, todos os jogadores tem um sentimento de vitória, todos se envolvem independentemente de sua habilidade, aprende-se a compartilhar e a confiar, entre outros. E os jogos competitivos são: divertidos apenas para alguns, alguns jogadores tem o sentimento de derrota, alguns jogadores são excluídos por sua falta de habilidade, aprende-se a ser desconfiado, egoístas ou se sentirem melindrados com os outros.

Como educadores não podemos desanimar e nem desacreditar da nossa capacidade de transformação, pois somos seres inacabados em processo de humanização. Temos que considerar o aluno como um ser que pensa, sente, ama e que é capaz de criar sua própria história.

 

REFERENCIAS

 

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BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Lei n 4.024. Brasília: MEC, 1961.

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BROTTO, Fabio. Jogos cooperativos: o jogo e o esporte como um exercício de convivência. Santos: Editora Projeto Cooperação, 2001.

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