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ALFABETIZAÇÃO LÚDICA NAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM

Nilza Maria Centa Fávero
Márcia Hoffmann
Léia Mazuchine Almeida

 

RESUMO

O presente estudo teve como objetivo conhecer a importância de trabalhar o lúdico para reduzir as dificuldades de aprendizado na Educação Infantil, tendo como ponto de partida os trabalhos realizados no contexto escolar. Buscou como problemática saber de que forma a ludicidade pode contribuir para alfabetizar crianças com deficit de aprendizagem. Na busca de compreender tal temática, foi formulado um questionário no qual se aplicou a um grupo de professores que atuam em salas de aulas com alunos da Educação Infantil que possuem deficit na aprendizagem. Para dar subsídios à pesquisa, vários autores foram referenciados para compreender a importância de envolver, na prática pedagógica, atividades lúdicas.

 

Palavra-chave: Alfabetização - Lúdica - Déficit – Aprendizagem

 

INTRODUÇÃO

 

Por muito tempo da nossa história, os jogos infantis adquiriram um papel importante no que diz respeito às atividades diária das crianças, embora houvesse restrições feitas por parte dos adultos, estas por sua vez não abandonavam suas brincadeiras que se manteve a cada etapa de seu desenvolvimento físico e mental. Entretanto, na escola e pelas próprias famílias, os jogos na infância eram interpretados como atividades programadas para atender determinadas datas, para recreação, encerramento de ano letivo, etc. Diante de uma nova visão em relação à ludicidade, educadores e pesquisadores estimulam a prática dessas atividades como jogar e brincar como condição para melhorar o aprendizado de crianças que apresentavam dificuldades em aprender.

 

IMPORTÂNCIA DA LUDICIDAE NA ALFABETIZAÇÃO DE CRIANÇAS COM DEFICIT DE APRENDIZAGEM

 

Na perspectiva de inclusão de todos os alunos, independente de características físicas, intelectuais ou sensoriais, a escola deve promover respostas pedagógicas de acordo com as necessidades de cada aluno. A convivência de forma lúdica e prazerosa com a criança com deficit de aprendizagem deve proporcionar uma aprendizagem que contemple relações cognitivas nas atividades e experiências vivenciadas em sala de aula, bem como relacioná-las as demais produções culturais e simbólicas criadas e vivenciadas na escola, porém, sempre de acordo com procedimentos metodológicos compatíveis a essa pratica.

 

A aprendizagem é vista como um processo que se dá no vínculo entre o ensinam-te e o aprendem-te em uma inter-relação. Este processo inicia-se quando a pessoa nasce e com seus primeiros ensinastes aqueles que lhe dão a sobrevivência, e continua ao longo da vida com aquelas pessoas que intervém na sua história e lhe transmitem significações. (FERNÁNDEZ, 1991 , p.20)

 

Dentro desse contexto, a escola precisa se organizar nas diferentes situações de aprendizagem, considerando as diferenças no ensino e nos apoios que a integram, desenvolvendo assim, uma aprendizagem que garanta a participação efetiva de todos os envolvidos nas práticas educativas, ou seja, família, escola, professores e comunidade. A democratização do ensino implica que todas as crianças sejam ou tornem-se iguais, padronizadas inteligentes. Sendo assim, para a criança fazer a transposição entre a língua oral e a escrita, é necessário trabalhar primeiramente o concreto, pois para ela a alfabetização torna-se mais fácil através da ludicidade.

Argumentando sobre essa ideia Schneider (2002) diz que:

 

Os pais preocupam-se com a aprendizagem que não acontece, a escola insiste em lhe passar conhecimentos que lhe possibilite igualar-se aos outros sem perceberem o perigo de um condicionamento que pode aumentar e prejudicar a dificuldade de aprendizagem, que a criança já possa estar apresentando. (SCHNEIDER 2002, p.27).

 

A escolarização pode ser caracterizada como um elemento eficaz para a construção de uma sociedade democrática, pois não se trata apenas de transmitir conhecimentos, mas sobretudo, de articular uma educação mais eficiente, que ofereça novos projetos pedagógicos, nos quais a educação tenha a função de democratizar e igualar as oportunidades para todos perante a sociedade. Sabe-se que através de atividades físicas lúdicas, a criança forma conceitos, seleciona ideias, estabelece relações logicas, integra percepções, faz estimativas compatíveis com o crescimento físico para desenvolver-se socialmente. Para Vygotsky (1989). "o auxílio prestado à criança em suas atividades de aprendizagem é valido, pois aquilo que a criança faz hoje com o auxílio de um adulto ou de outra criança maior, amanhã estará realizando sozinha". Articulando com a teoria de Vygotsky, Piaget (2000), enfatiza o valor da interação e das relações sociais no processo de aprendizagem afirmando que:

 

Uma ligação estreita e continuada entre os professores e os pais leva, pois a muita coisa mais que a uma informação mútua: este intercâmbio acaba resultando em ajuda recíproca e, frequentemente, em aperfeiçoamento real dos métodos. Ao aproximar a escola da vida ou das preocupações profissionais dos pais, e ao proporcionar, reciprocamente, aos pais um interesse pelas coisas da escola, chega-se até mesmo a uma divisão e responsabilidade. (VYGOTSKY, PIAGET, 2000, p.50).

 

Interpretando as afirmações do autor, pode-se entender que muitas das dificuldades de aprendizagem são demonstradas pela criança quando a mesma s sente rejeitada ou abandonada, tanto pela escola quanto pela família. Ou seja, cabe então a ambos enfatizar o valor da interação e das relações sociais no processo de aprendizagem, pois, para que a criança possa aprender.

 

O exercício de pensar o tempo de pensar a técnica, de pensar o conhecimento enquanto se conhece, de pensar o que das coisas, o para que, o como, o em favor de que, de quem o contra o que, o contra que; são exigências fundamentais de uma educação democrática à altura dos desafios do nosso tempo. (FREIRE, 1996, p.102).

 

Enfim, a concepção do lucido precisa sempre ser pensada e planejada como recurso pedagógico que contemple tanto o desenvolvimento psicomotor, bem como outros aspetos físicos e psicológicos de todas as crianças, relacionadas à interação das mesmas, buscando sempre inseri-las em todas as práticas que contribuam para o seu autoconhecimento, com uma atenção especial ao aluno que apresenta deficit de aprendizagem.

 

Várias são as razoes que levam os educadores a recorrer às atividades lúdicas e a utilizá-las como um recurso no processo de ensino-aprendizagem. Segundo a autora o lúdico apresenta valores específicos para todas as fases da vida humana. Assim, na idade infantil e na adolescência a finalidade é essencialmente pedagógica. A criança e mesmo o jovem opõe uma resistência à escoa e ao ensino, porque acima de tudo ela não é lúdica, não é prazerosa. TEIXEIRA 1995 (apud) NUNES (2014).

 

No entendimento de Vygotsky (1991), a aprendizagem é mais um processo do que um resultado. Portando, o aluno que lê aprende com facilidade criando oportunidade de leitura que lhe oportuniza, uma maior capacidade de interação com a escrita. Porem diante dessas informações é imprescindível considerar o entendimento de Ferreiro e Teberosky, (1991), que dizem:

 

A escola procede com ambiguidade, muitas vezes assinalada, pensando o problema em termos exclusivamente metodológicos, enquanto atribui implicitamente, à criança, uma serie e noções sem preocupar-se de investigar se elas adquiriram. (FERREIRO e TEBEROSKY, 1991, p.276).

 

Dentro desta perspectiva, se faz necessário que o professor considere a importância da ludicidade como atividade que tem valor educacional construtivo, capaz de ajudar na percepção do professor, da escola, da família e muito principalmente do aluno, trabalhando às dificuldades apresentadas pela criança, onde além desse valor que lhe é inerente, todos possam dispor de recursos pedagógicos adequados para investigar e trabalhar estas dificuldades.

 

A chamada sociedade inclusiva desestabiliza concepções estruturais sociais cristalizadas e denuncia atitudes de preconceito marginalização a grupos minoritários, como é o caso de pessoas com deficiência. (Fernandes, 2007, p.16).

 

De acordo com o pensamento da referida autora, muitas vezes, na educação, questiona-se teorias e práticas focando um aluno ideal, chamando assim, a responsabilidade todos os educadores para que tenham compromisso com uma educação de qualidade. Porém, para que isso aconteça se faz necessária uma diferenciação curricular que contemple as adaptações necessárias para planejamento das atividades e do ato educativo em si. Sobre este pensamento cabe citar Souza que diz:

 

Trata-se, na verdade, de um ambiente educativo multimediatizado, no qual a criança é situada em um contexto de aprendizagem delimitado por uma série de atividades lúdico-pedagógicas voltadas para sua estimulação no sentido amplo do termo e que não se restringem ao uso do computador como meio de comunicação pedagógica. (SOUZA, 2003, p. 03).

 

Significa portanto, que haja uma flexibilização no currículo, de modo que o mesmo possa sustentar a pratica pedagógica de forma inclusiva, porém, não estagnada no repasse de conteúdos a todos os alunos, independentemente de sua capacidade de entendimento e absorção. Portanto, deve-se permear todo o processo de alfabetização num trabalho lúdico objetivo, contemplando as diferentes possibilidades de entendimento de cada aluno.

 

REFERÊNCIAS

 

FERNANDES, S. Fundamentos para educação especial. Curitiba: Ibpex, 2007.

 

PIAGET, J. Para onde vai a educação. Rio de Janeiro: José Olympio, 2000.

 

SCHNEIDER, N. Aprendizagem e subjetividade: a aventura do sujeito infantil

 

no processo de estruturação e aprendizagem. Ijui: Unijui, 2002.

 

VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1989.

 

FERREIRO, E & TEBEROSKY, A. Psicogênese da língua escrita. Porto Alegre: Artes Médicas, 1991.

 

MITTLER, P. Educação Inclusiva: contextos sociais. Porto Alegre: Artmed, 2003.

 

KISHIMOTO, T. M. O Jogo e a educação infantil. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 1994.

 

Professoras:

 

Léia Mazuchine Almeida – Pedagoga

 

Márcia Hoffmann – Pedagoga e AEE Atendimento Educacional

 

Especializado

 

Nilza Maria Centa Favero – Pedagoga Pós graduada em

 

Psicopedagogia, Educação Infantil e Alfabetização