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O ENSINO A DISTÂNCIA E O PERFIL DO ALUNO VIRTUAL

Flávia Santos Klein1

 

RESUMO:

O presente artigo procura estabelecer uma relação entre a sensibilidade do ensino a distância e o perfil do aluno virtual. Nesse sentido, para tratar da sensibilidade do ensino a distância foi preciso caracterizá-lo sobre os aspectos da Lei das Diretrizes Bases e a autora Maria Belloni que relata que esta modalidade de ensino aparece cada vez mais na sociedade contemporânea. Para descrever sobre o perfil do aluno, sobre o sujeito do aprendizado, foram utilizados alguns critérios que devem fazer parte do estudante virtual, pois estas características irão garantir a continuidade e a qualidade do estudo. Para tanto, os autores Morin, Moran e Delors ajudam a refletir sobre esse sujeito que procura a faculdade em busca de um curso que o profissionalize e ao mesmo tempo esse sujeito deverá ser autônomo e motivado para que seu aprendizado tenha sucesso. Para concluir, foi lembrado os quatro pilares da educação, pois esta premissa também faz parte da educação a distância e tem muito a contribuir no ensino-aprendizagem do país.

 

PALAVRAS-CHAVE: ensino a distância, perfil, aluno virtual, tecnologia da informação

 

Introdução

 

O presente artigo é resultado dos estudos bibliográficos realizados a partir das disciplinas da pós graduação com a temática “Estudo a distância e suas tecnologias”. A propósito, vale destacar que na atualidade o avanço da tecnologia da informação e o aumento do uso da internet na educação fez com que o EAD viabilizasse o ensino superior para aqueles indivíduos que desejam continuar os seus estudos e não tem o tempo e condições de locomover-se para os cursos presenciais. Nesse sentido, durante o desenvolvimento das disciplinas foi possível perceber que segundo (RIBEIRO, 2006), o EAD é uma fundamental modalidade do ensino, pois é um importante instrumento de articulação de conhecimento entre as diferentes comunidades virtuais e sociais de aprendizagem, e demonstra ter, um grande potencial pedagógico, pois, consegue alcançar as pessoas que estão distantes dos grandes centros universitários sejam eles públicos ou privados .

Para o desenvolvimento do artigo foram utilizados autores renomados que falam sobre o Ensino a Distância e sobre o perfil do aluno, assim como o que leva o aluno a buscar essa modalidade de instrução. Nessa perspectiva, para caracterizar o ensino a distância é necessário olhar para o documento da Lei de Diretrizes e Bases,que regulamenta essa modalidade de ensino. Além disso, é necessário vislumbrar as características do EAD e para descrever sobre esse assunto foi utilizado a autora Maria Luiza Belloni com sua obra intitulada Ensino a Distância onde relata que essa “modalidade aparece cada vez mais no contexto das sociedades contemporâneas, como uma modalidade de educação extremamente adequada e desejável para atender às novas demandas educacionais”, pois os discentes da atualidade necessitam de estratégias que os auxiliem e conciliem em com os horários e afazeres de sua vida sem perder de vista os objetivos e qualidade da formação que pretendem.

Nessa perspectiva, no que se refere ao estudante virtual é essencial que o estudante tenha algumas características peculiares no que tange o ensino a distância, haja vista que esse aluno deverá ter uma rotina de estudos guiando suas ações acadêmicas, conduzindo-o a um aprendizado em que ele não se sinta sozinho, estabelecendo uma relação de confiança com a faculdade, a qual busca as melhores didáticas pedagógicas e os melhores recursos tecnológicos para atender o seu alunado e garantir assim um aprendizado de qualidade. Ademais, quando o acadêmico percebe que as ferramentas educacionais estão contribuindo em seu processo de aprendizado, o curso torna-se acessível e compreensível facilitando o dia a dia de estudo. Portanto, para descrever sobre o perfil do alunado havemos de considerar o que o autor Moran, descreve sobre a autonomia da aprendizagem quando diz que cada necessita encontrar o seu próprio ritmo de aprendizagem. Também, somando-se a isso foi utilizado a autora Deleuse Azevedo que descreve em sua dissertação de mestrado especialmente sobre o perfil e motivação do aluno virtual e reflete que no campo da educação surgiu um individuo capaz de gerir o seu aprendizado desenvolvendo novas competências de disciplina e autonomia, diferente daquela que se vê nas aulas presenciais em que o estudante, na maioria das vezes, recebe o conhecimento e poucas vezes é instigado a ser protagonista do seu aprendizado.

Por fim, buscou-se traçar as características do aluno virtual e quais são as tecnologias da informação que esse alunado mais utiliza a fim de que o EAD continue evoluindo e alcançando os mais longínquos lugares e pessoas, pois a distância não pode ser um impedimento para alguém que deseja estudar e crescer na vida. Assim, foi necessário buscar os quatro pilares da educação para contribuir na reflexão.

 

1. A sensibilidade do Ensino a Distância e o sujeito da aprendizagem

 

O Ensino a Distância a cada ano ganha um espaço significativo na campo educacional, principalmente no que tange a cursos superiores. No entanto, o EAD não é novidade, pois segundo Rezende (2007), os primeiros registros dessa modalidade de ensino foram encontrados em um anúncio de jornal em Boston em meados do século XVIII, o qual dizia que quaisquer pessoa que quisesse estudar poderia receber as atividades em sua própria casa e estaria tão bem instruída como alguém que estivesse morando em Boston e estudando presencialmente. Portanto dessa forma, percebe-se que o Ensino a Distância já vem contribuindo a muito tempo no processo de aprendizado de muitas pessoas, haja vista às longas distâncias dos centros universitários e a dificuldade de conciliar o trabalho, a vida familiar e o estudo. Entretanto o avanço da tecnologia da informação permitiu que o EAD quebrasse as barreiras do impedimento da oportunidade de estudar e para aqueles indivíduos que buscam uma melhoria de vida ensejo foi essencial, tanto que a Lei de Diretrizes e Bases definida no Decreto nº 2.494/1998, regulamenta em seu Artigo 80 (Lei nº 9.394/1996),

 

Art. 80 da LDB: Uma forma de ensino que possibilita a auto-aprendizagem, com a mediação de recursos didáticos sistematicamente organizados, apresentados em diferentes suportes de informação, utilizados isoladamente ou combinados, e veiculados pelos diversos meios de comunicação (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA, 2006, p. 29).

 

Logo, percebe-se pela lei que o Ensino a distância tem muito a contribuir na educação, e tem adotado metodologias que colaboram para a aprendizagem do alunado. Nesse sentido as demandas relacionadas à educação devem estar de acordo com os aspectos sociais e a necessidade que o estudante tem de participar de um grupo é que são importantes. Assim, no viés das aulas do ensino a distância as pessoas mais importantes no processo são o aluno, o professor e a equipe de suporte técnico que auxiliará o acadêmico caso tenham alguma dificuldade em utilizar as tecnologias apresentadas para realizar os estudos. Dessa forma o autor Lévy em seu livro “Cibercultura” (1999) destaca que, nos novos ‘campos virtuais’, professores e estudantes põem em comum os recursos materiais e informacionais a sua disposição. Os professores aprendem ao mesmo tempo em que os estudantes e atualizam continuamente tento seus saberes ‘disciplinares’ quanto suas competências pedagógicas. (A formação contínua dos docentes é uma das aplicações mais evidentes dos métodos do aprendizado aberto a distância). A função mor do docente não pode mais ser uma ‘difusão dos conhecimentos’, executada doravante com uma eficácia maior por outros meios. Sua competência deve deslocar-se para o lado do incentivo para aprender e pensar. O docente torna-se um animador da inteligência coletiva dos grupos dos quais se encarregou. Sua atividade terá como centro o acompanhamento e o gerenciamento dos aprendizados: incitação ao intercâmbio dos saberes, mediação relacional e simbólica, pilotagem personalizada dos percursos de aprendizado, etc” (LÉVY, 1999, p.12).

Então, observou-se que uma das características inerentes e principais do ensino a distância é o constante processo de aprendizagem, de qualificação e formação do professor que será o tutor das turmas e, principalmente, estará em constante contato com o aluno. Assim, devido à evolução e o crescente avanço da tecnologia da informação o docente necessita estar atento às novidades e às formas de ensino que a faculdade oferece ao discente, nesse sentido a autora Maria Luiza Belloni utilizou uma tabela para demonstrar a diferença no processo de ensinar e aprender, (Belloni, 2001 p: 83).

Dessa forma, a partir do quadro apresentado, foi possível perceber que existe uma nova “roupagem” para o professor, que antes, era visto como detentor do saber e o estudante apenas recebia o aprendizado. No entanto, essa realidade mudou e o docente foi convidado a ser um professor pesquisador, um parceiro do seu aluno e passa a colaborar como mediador na aquisição do conhecimento. Assim, o professor do EAD, segundo Belloni, tem um exercício complexo devido o fato de que ele não poderá perder o que compete a ele as dimensões pedagógicas, tecnológicas e didáticas, pois essas premissas são essenciais para um docente pesquisar, haja vista que o avanço da tecnologia e a constante atualização dos programas utilizados nos EAD pede a constante formação do tutor a fim de que esse tenha condições de auxiliar o discente em suas dificuldades, além colaborar em seu processo de aprendizagem.

 

1.1 Compreendendo o sujeito do EAD

 

Quando pensamos em escrever um trabalho ou pensamos em realizar um a pesquisa, perguntamos a quem esta temática está dirigida? Quais são as características e motivações que este sujeito tem e que irá contribuir no processo de construção de um trabalho, seja ele em forma de pesquisa de campo, seja ele em forma bibliográfica. Nesse sentido o autor Morin (2007) a respeito do indivíduo nos diz que,

 

Nenhum outro indivíduo pode dizer Eu em meu lugar, mas todos os outros podem dizer Eu individualmente. Como cada indivíduo vive e experimenta-se como sujeito, essa unicidade singular é a coisa humana mais universalmente partilhada. Ser sujeito faz de nós seres únicos, mas essa unicidade é o aspecto mais em comum. (Morin 2007, p. 75)

 

Seguindo a lógica de pensamento de Morin, o sujeito do ensino a distância escolhe e é motivado por algo ou por alguém a procurar essa modalidade de ensino e ninguém pode decidir por ele enquanto querer ou não realizar algum curso. Entretanto, as faculdades podem oferecer as melhores condições, os melhores cursos, as melhores tecnologias da informação, os melhores tutores, mas a decisão de frequentar, estudar e terminar o curso é somente do indivíduo em questão. Some-se ao pensar de Morin, a ponderação que a autora Belloni faz a respeito da motivação do alunado à distância dizendo que para este aprender necessita mudar a sua mente, pois antes pensava no estudo de forma tradicional e agora precisa criar uma mentalidade, um esforço e altas doses de motivação para “mover-se” nesse processo de aprendizagem que exige autonomia, prática e disciplina para um bom rendimento nessa modalidade de ensino.

A aprendizagem do cidadão acontece em vários tempos e espaços diversos vitais. O EAD nos provaram que as experiências educativas ocorrem dentro e fora dos ambientes escolares e nos demonstrou ainda mais, que esse modo de ensino em ambientes não-formais é bem maior na vida adulta. Porém, é importante considerar e ressaltar que, mesmo no EAD as relações e os sentidos entre professor e aluno se estabelecem, pois o uso da tecnologia da informação e da comunicação ajuda para que essa relação aconteça e para que não se sinta desamparado e sozinho no processo de aprendizado.

Ainda, no que tange a educação vale destacar que a sensibilidade na percepção do ensino e na relação entre discente e docente, faz-se necessário uma constante atualização e a construção de ambientes afetivos e de momentos especiais e dinâmicos formativos, mesmo que esses momentos aconteçam de forma remota. Ademais, para que o sujeito sinta-se engajado e parte de uma instituição de ensino, é primordial que este não tenha o sentimento de solidão, haja vista que ele está estudando em sua casa e no seu espaço. Assim, o professor é aquele que fará a ponte entre discente e instituição por meio das tecnologias da informação e comunicação que a faculdade utiliza. É importante também, que o professor atente-se para os indivíduos que ficam distantes e pouco “aparecem” na realização das atividades a distância. Dessa forma, é necessário recriar sentidos de vida e realização pessoal para vida do aluno, na tentativa de trazer de volta às atividades acadêmicas esse aluno e criando na instituição de ensino um diferencial, pois a educação da atualidade deve ter como característica a formação integral do ser humano. E esta premissa faz a diferença na vida do ser humano. Portanto, segundo o autor Delors (2003), a “educação ao longo de toda vida é uma construção contínua da pessoa humana, do seu saber e das suas aptidões, mas também de sua capacidade de discernir e agir”. Considerando a fala da autora, por meio das leituras, das disciplinas estudas ao longo da pós graduação e da experiência em sala de aula, vale destacar nesse artigo que o aluno que chega à faculdade em busca de um curso, carrega dentro de si um sonho a ser alcançado, um objetivo de vida que desenha em uma possibilidade de melhoria de vida profissional que vai se concretizando a cada disciplina realizada. Esse ser humano, além de crescer profissionalmente almeja dar uma boa qualidade de vida para a sua família e vê no estudo o caminho para este propósito. Assim,o EAD têm muito a contribuir, pois a forma como adentra os lares, por meio da tecnologia da informação, faz com que a intenção do aluno em finalizar o curso seja também apoiada pelo núcleo familiar ou pelo meio em que ele vive.

 

2. O perfil do aluno virtual

 

Quando se pensa em um aluno virtual, a primeiro momento parece que ele está muito distante, pois não o vemos ou não temos contato diário com esta pessoa. Entretanto, o estudante e virtual está mais perto do que costumamos imaginar, o que precisamos fazer, é treinar a nossa mente, pois nem sempre que se imagina é real. E o estudante virtual é real! A diferença é que o aluno que está presente diariamente em uma escola, na maioria das vezes, tem uma atitude passiva e o docente, também na maioria das vezes, é visto como alguém que transmite o conhecimento, enquanto que o discente não tem uma atitude autônoma em seu processo de aprendizagem.

Nesse sentido, é possível refletir sobre o perfil do aluno virtual e para traçar algumas características desse indivíduo se fez necessário lembrar o que o acadêmico deve ter algumas características peculiares de autonomia, iniciativa e disciplina a fim de que ele seja o protagonista do seu estudo. Lembra-se aqui o autor Morin (1996), descreve sobre a educação dizendo o problema está na divisão do conhecimento em disciplinas que não se relacionam entre si, método segundo o qual o conhecimento é repassado ao aluno de forma fragmentada e essa fragmentação causa o analfabetismo funcional tão presente na realidade escolar. Contudo, o EAD tem muito a colaborar para que esta realidade mude, por meio de cursos, aulas e professores capacitados e acima de tudo utilizando tecnologias da informação e comunicação que cheguem ao discente mais distante e que este consiga, com facilidade, entender e realizar as atividades propostas pelo curso. Todavia, a educação deve promover a cidadania e ajudar formar sujeitos críticos com capacidade de gerir quaisquer dificuldades que possam aparecer na vida e na sociedade.

Logo, para descrever o perfil do aluno foi preciso olhar para alguns aspectos e um deles foi à autonomia já citada anteriormente. No entanto, a autora Belloni(2003) descreve o ser autônomo como,

 

[...] um ser autônomo, gestor de seu processo de aprendizagem, capaz de autodirigir e auto-regular este processo. Este modelo de aprendizagem é apropriado a adultos com maturidade e motivação necessárias à autoaprendizagem e possuindo um mínimo de habilidade de estudo (BELLONI, 2003, p. 39-49).

 

Portanto, a pessoa que quer estudar em uma faculdade que ofereça EAD, precisa compreender que o ser autônomo vem com a capacidade que este tem de lidar com o tempo que irá dedicar para o estudo e precisa estar motivado para que a autoaprendizagem aconteça, no entanto cada um busca diferentes meio para que a motivação aconteça. O próprio curso, a disciplina finalizada poderá ser uma motivação que conduz o estudante a chegar em seu objetivo. Nessa perspectiva, a internet nos ajuda a pensar, pois o autor Moran nos lembra que a internet facilita a motivação dos estudantes pelas inúmeras possibilidades que esse instrumento oferece para a realização de pesquisas. Em uma outra reflexão é possível dizer que o professor também se sente motivado e cria um clima de confiança, de abertura e cordialidade com os alunos. Ainda, sobre as características do acadêmico virtual, os autores Pallof e Pratt (2004) relatam que alguns aspectos são primordiais, sendo eles,

 

1 – o aluno virtual precisa ter acesso a um computador e a um modem ou conexão de alta velocidade e saber usá-los;

 

2 – os alunos virtuais de sucesso têm a mente aberta e compartilham detalhes sobre sua vida, trabalho e outras experiências educacionais. Com isto colaboram para a interatividade do grupo;

 

3 – o aluno virtual não se sente prejudicado pela ausência de sinais auditivos ou visuais no processo de comunicação;

 

4 - o aluno virtual tem automotivação e autodisciplina. “Com a liberdade e a flexibilidade do ambiente on-line vem à responsabilidade. Para acompanhar o processo on-line exige-se um compromisso real e disciplina”;

 

5 – os alunos virtuais desejam dedicar quantidade significativa de seu tempo semanal a seus estudos e não veem o curso como ‘a maneira mais leve e fácil’ de obter créditos ou um diploma.

 

Ao elencar as características desse aluno virtual, foi possível identificar que a educação a distância propicia ao aluno a construção do conhecimento a partir do ser autônomo. Ademais, se o aluno é autônomo e disciplinado ele consegue traçar um projeto de vida a curto, médio e longo prazo para si e para sua família. E, falando em projeto de vida, esta é um diferencial que a educação é convidada a pensar, haja vista que o aluno é um todo e não dividido em partes, o qual frequenta o ambiente acadêmico seja ele real ou virtual somente com a mente, esse aluno é um todo e precisa ser pensado em sua totalidade. Nessa lógica, mais uma vez a autora Belloni (2003) nos ajuda pensar relatando que,

 

Esta demanda de novas necessidades educativas relaciona-se diretamente com os três grandes processos da sociedade (aceleração da mudança, planetarização dos problemas sociais e alteração dos sistemas de poder) e exige ‘políticas de adaptação ao choque cultural e de condução do processo de mudança’ e estratégias voltadas para a promoção do desenvolvimento e da solidariedade (para fazer face ao agravamento das desigualdades sociais e regionais devidas à globalização), bem como para a promoção da autonomia e da democracia. Estas novas necessidades dizem respeito ao conjunto da população (e não são os jovens), o que aumenta a pressão sobre os sistemas educativos que não estão preparados para responder a este aumento qualitativo e quantitativo da demanda educacional (CARMO apud BELLONI, 2003, p. 44).

 

Portanto, a autora nos auxilia na reflexão, que acima foi citada, e faz recordar um dos pilares da educação qu é aprender ser, independente do ensino ser presencial ou a distância, o importante é aprender a ser, pois as tecnologias da informação e da comunicação estão dispostas ao uso do ser humano, mas este deve usá-la com seriedade e cuidando para o uso da tecnologia, da internet venha a favorecer, contribuir e ajudar no crescimento da intelectualidade da pessoa e da sociedade e ao mesmo tempo deve ser evitado, denunciado todo tipo de mal que possa acontecer nesse meio.

No que tange ao ensino a distância, cabe destacar os quatro pilares da educação, e o autor Antunes (2002) auxilia a lembrar e diz que esses pilares foram firmados a partir de uma conferência realizada na Tailândia e patrocinada pela UNESCO. Ao final desta conferência foi elaborado um documento de grande valor chamado de “ A Declaração Mundial sobre a Educação para Todos”. Nesse documentos estão os seguintes pilares da educação, Aprender a conhecer: Aprender a conhecer é adquirir as competências para a compreensão, incluindo o domínio dos próprios instrumentos de conhecimento. Quem aprende a conhecer aprende a aprender e essa aprendizagem é absolutamente essencial para as relações interpessoais, as capacidades profissionais e os fundamentos da vida digna.

Na aprendizagem deve imperar habilidades para se construir conhecimentos, exercitando os pensamentos, a atenção e a memória, selecionando as informações que efetivamente possam ser contextualizadas com a realidade que se vive e capazes de serem expressas através de linguagens diferentes.

Aprender a fazer: Aprender a fazer enfatiza a questão da formação profissional e o preparo para o mundo do trabalho. A escola, desde a Educação Infantil, deve ressaltar a importância de se pôr em prática os conhecimentos significativos ao trabalho futuro .Aprender a fazer não é preparar alguém para uma tarefa determinada, mas sim para:

 

despertar e estimular a criatividade para que se descubra o valor construtivo do trabalho;

sua importância como forma de comunicação entre o homem e a sociedade;

seus meios como ferramentas de cooperação;

transformar o progresso do conhecimento em novos empreendimentos e em novos empregos.

 

Aprender a viver juntos, a viver com os outros:para que aprender a viver juntos, a viver com os outros possa verdadeiramente acontecer é essencial que a escola se transforme em um verdadeiro centro de descoberta do outro. Deve ser também um espaço estimulador de projetos solidários e cooperativos, identificados pela busca de objetivos comuns. Os caminhos do autoconhecimento e da autoestima são os mesmos da solidariedade e da compreensão. É essencial descobrir o outro a partir da descoberta de si mesmo.

Aprender a ser: aprender a ser retoma a ideia de que todo ser humano deve ser preparado inteiramente:

 

Espírito e corpo; •Inteligência e sensibilidade;

Sentido estético e responsabilidade pessoal;

Ética e espiritualidade.

 

O ser humano deve ser preparado inteiramente para elaborar pensamentos autônomos e críticos e também para formular os próprios juízos de valores, de modo a poder decidir, por si mesmo, como agir em diferentes circunstâncias da vida.

Outrossim, vale destacar que o Ensino a distância com ajuda da tecnologia da informação e da comunicação contribui para que esses pilares aconteçam, pois mesmo que o aluno estude em um ambiente virtual e em um espaço que não seja a escola tradicional, ele é convidado, instigado a relacionar-se com outras pessoas e assim desenvolve o pilares da educação de forma qualitativa para o seu aprendizado, pois é nesses momentos em que ele tem a oportunidade de relacionar-se com os outros alunos virtuais que existirão as possibilidades de trocas de experiências e entreajuda, mesmo que essa ajuda aconteça de forma virtual. Nesse sentido, os chats, os fóruns, tão comuns nas plataformas de ensino aprendizagem nas modalidades remotas colaboram para que a relação aluno, professor e aluno-aluno aconteça.

 

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Ao escrever este artigo, pensar nos acadêmicos que procuram as instituições para realizarem um curso a distância, considerando as distâncias geográficas, as condições financeiras que as pessoas tem e o quanto gastam para locomover-se e principalmente ao pensar no perfil do aluno virtual, foi possível concluir que o EAD tem muito a colaborar com a educação do País, haja vista que as pessoas, a cada dia que passa, vão em busca de um curso para profissionalizar-se a fim de que tenham um emprego que garanta uma uma qualidade de vida para família, pois percebem que o estudo é primordial para aquelas pessoas que procuram uma profissão melhor. Enfim, por meio de leituras e estudo foi observado que o aluno do ensino a distância tem características próprias no que fiz respeito ao aprendizado, pois este deve ser autônomo, deve ter iniciativa e sobre tudo ter disciplina para estudar e usar as tecnologias da informação e da comunicação como ferramentas a colaborarem em seu estudo, assim como o professor é aquele que media o aprendizado e ajuda o aluno a chegar em seu objetivo que é a conclusão do curso. Oxalá, que as faculdades a distância ou o ensino a distância chegue nos lugares mais longínquos e alcance os lugares onde a presença física não pode chegar, mas a tecnologia pode alcançar e a aprendizagem poderá acontecer. Que a educação a distância cresça, permaneça e aconteça cada vez mais, minimizando a precariedade do ensino de alguns lugares. Que a educação seja e aconteça!

 

REFERÊNCIAS

 

ANTUNES, Celso. Como desenvolver as competências em sala de aula. 4.ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002, disponível em https://inovareducacaodeexcelencia.com/blog/os-quatro-pilares-da-educacao , pesquisa realizada em 03/12/2020

 

AZEVEDO, D.R. de O aluno virtual: Perfil e Motivação. Dissertação de Mestrado, Universidade do Sul de Santa Catarina, Florianópolis, 2007.

 

BELLONI, Maria. Ensino a Distância - 3. ed. Campinas: Autores Associados, 2003. (Coleção Educação Contemporânea).

 

DELORS, Jacques (org). Educação: um tesouro a descobrir. São Paulo: Cortez, Brasília: MEC - UNESCO, 2003.

 

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA. Lei 9394/96. Disponível em: Acesso em: 01/12/2020.

 

MORAN, José Manuel. Ensino e Aprendizagem inovadores com tecnologias audiovisuais e telemáticas. In: MORAN, José Manuel; MASETTO, Marcos T.; BEHRENS, Marilda Aparecida. Novas Tecnologias e mediação pedagógica. 3. ed. Campinas: Papirus, 2001.

 

MORIN, Edgar. O Método 5: a humanidade da humanidade. Porto Alegre: Sulina, 2007.

 

PALLOF, Rena M. O aluno virtual: um guia para trabalhar com estudantes on-line. Tradução de Vinícius Figueira. Porto Alegre: Artmed, 2004.

1Flávia Santos Klein, professora graduada em letras pela universidade Estadual de Mato Grosso/UNEMAT – Campus de Sinop/MT, pós graduada em Ensino a distância e suas tecnologias pela Faculdade Educacional da Lapa (FAEL).