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A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO E DO MOVIMENTO PARA O DESENVOLVIMENTO DA APRENDIZAGEM

Adriana Teixeira Cardoso1

Camila de Assis Monteiro2

Karina Fabiana de Moraes Viana3

Francisca Pereira da Silva4

Franciscarla Silva dos Santos Nazario5

 

RESUMO

 

A criança para aprender mobiliza as dimensões relativas ao corpo, organismo, inteligência e desejo que são impulsionadas pela prática do movimento na perspectiva da motricidade e da ludicidade. O objetivo desse estudo consiste em compreender a importância da ludicidade e do movimento no processo de aprendizagem da criança. Metodologicamente, a abordagem utilizada na pesquisa foi qualitativa bibliográfica. O artigo em tela evidencia que é de fundamental importância o uso da ludicidade e do movimento na educação da criança. Na perspectiva de servidoras da Rede Municipal de Ensino de Cuiabá-MT, por compreendermos que a educação consiste na possibilidade de formação educacional que articula diferentes dimensões, dentre as quais a social e cognitiva de forma embasar o desenvolvimento e a aprendizagem do indivíduo, o uso da ludicidade e do movimento no processo educativo proporciona a ele o estimulo necessário ao ensino e aprendizagem das crianças, com o desenvolvimento físico, emocional, cognitivo e social.

 

Palavras-chaves: Ludicidade. Movimento. Educação. Aprendizagem.

 

ABSTRACT

The child to learn mobilizes dimensions related to the body, organism, intelligence and desire that are driven by the practice of movement from the perspective of motricity and playfulness. The aim of this study is to understand the importance of playfulness and movement in the child's learning process. Methodologically, the approach used in the research was bibliographical qualitative. The article on screen shows that the use of playfulness and movement in the education of children is of fundamental importance. From the perspective of servants of the Municipal Education Network of Cuiabá-MT, we understand that education consists of the possibility of educational training that articulates different dimensions, among which the social and cognitive in order to support the development and learning of the individual, the use of playfulness and movement in the educational process provides him with the necessary stimulus for the teaching and learning of children, with physical, emotional, cognitive and social development.

 

Keywords: Playfulness. Movement. Education. Learning.

 

INTRODUÇÃO

 

O ser humano utiliza dos mais variados meios para a promoção do conhecimento e da criatividade. O uso da ludicidade, por meio de brincadeiras, jogos, música e dança, é uma característica inerente do ser humano, e que facilita o processo de desenvolvimento e aprendizagem. Na educação infantil, o uso de metodologias, processos e ferramentas lúdicas são fundamentais, visto que, são atividades significantes e participativas às crianças e promove uma forma eficiente de educar e aprender (BANDEIRA e SOUZA, 2015).

Lomba (2013) destaca que um dos principais objetivos da educação e que tem início na educação infantil consiste em desenvolver as capacidades provocadas a partir da exploração, do descobrimento e da experimentação. Para tanto, inicia-se o processo de interação e vinculo com pessoas externas ao ambiente familiar e comunitário, utilizando-se jogos e atividades que proporcionam a ludicidade.

Ao longo do processo educativo, o lúdico se torna positivo por proporcionar um meio favorável para a prática educativa e que envolve as necessidades das crianças, fornecendo também as bases para os anos iniciais no processo de ensino-aprendizagem. Por isso, é importante a utilização de jogos, imaginação, brincadeiras, interações, fantasias, conversas que possuem objetivos concretos e significantes, muitas vezes, sem a percepção das crianças.

Nessa etapa, há a significação de valores, descobrimento da identidade, interação social, criação de vínculos, conhecimento da cultura e costumes. Com isso, há a formação de um cidadão como o resultado das ações educativas refletindo em diversas dimensões, sejam elas internas ou externas, como na sociedade. Um exemplo disso, é a importância de aprender a compartilhar os espaços e brinquedos, criando assim, experiencias próprias de valores que irão se perpetuar para o resto da vida.

Em conformidade com o pensamento de Campos e Lima (2010),

 

Para que o trabalho pedagógico com as crianças pequenas possa ocorrer de acordo com os princípios da ludicidade e do movimento, faz necessário que o profissional atue com elas atentando para a expressão de seu próprio corpo e ao modo como seus movimentos respondem às necessidades e às manifestações afetivas dessas crianças. [...] O corpo é percebido como um local de inscrições culturais, tendo em vista que códigos epistêmicos podem aprisionar os corpos em normas sociais. Todavia, o conhecimento do próprio corpo só é possível para um profissional que tenha vivenciado, com qualidade, a prática psicomotora. [...] As história de vida que os professores [...] trazem consigo constituem-se em uma ferramenta dinâmica para o desenvolvimento de um profissional reflexivo, capaz de pensar sobre suas ações, durante e após realizá-las. (CAMPOS e LIMA 2010, p.119)

 

Partindo do pressuposto que a educação fornece as bases para o desenvolvimento de um indivíduo e abertura da aprendizagem para os anos iniciais, e ainda, a ludicidade é capaz de proporcionar o estimulo ao ensino e aprendizagem das crianças, esse estudo se justifica por possibilitar que os professores reflitam sobre a possibilidade de romper com a educação bancária, e desenvolva uma educação mediante processo de construção do conhecimento via prática lúdica perpassada pelo movimento que fomentam o processo de ensino-aprendizagem.

Pereira (2009) menciona que nas escolas, existem uma diversidade de vozes, assim como de corpos e movimentos que se apresentam de maneira igualmente diferente. Existem os corpos que ensinam, aqui compreendido pelo professores e os corpos que aprendem, relativo aos corpos de crianças, que ocupam diferentes posições no contexto educativo. Tal diferenciação é marcada pela identidade e pela fala de cada um desses corpos.

 

[...] Portanto, se a escola pretende trabalhar na perspectiva da aprendizagem significativa, deve considerar o conhecimento prévio desta criança, sua linguagem corporal. Esta linguagem deve ser contemplada, acolhida e desenvolvida no dia a dia da instituição. Deve, então, proporcionar às crianças o autoconhecimento, a busca do novo (novos conceitos). (PEREIRA, 2009, p.68-71).

 

Os autores do artigo em tela, pertencentes à Rede Municipal de Ensino de Cuiabá, desenvolvem a política educativa orientada pela Escola Cuiabana, que:

[...] nasce no âmago da sociedade contemporânea e coloca no centro das suas discussões a formação do ser humano constituído e integrado nesta sociedade, assinalada pelo contexto social global e, ao mesmo tempo, pelo local no espaço do território cuiabano. É uma Política Educacional profundamente marcada pelo movimento teórico prático instaurado na história social, na cultura, na reflexão e no diálogo, assim como, no enfrentamento às adversidades que ainda persistem no campo da Educação Básica da capital mato-grossense no limiar dos seus trezentos anos, evidenciadas nas avaliações internas e externas e nos indicadores apresentados no Plano Municipal de Educação (CUIABÁ/PME, 2015-2024).

 

Em conformidade com a política educativa desenvolvida pela Secretaria Municipal de educação de Cuiabá-SME-MT, partindo do pressuposto de que aprender significa construir conhecimento e que o lúdico, materializado na brincadeira, consiste na possibilidade de geração de movimento, o artigo em tela busca refletir quanto à importância destes dois elementos no processo de desenvolvimento da aprendizagem da criança.

 

Metodologia

 

O estudo a que nos propomos a realizar consiste em compreender a importância da ludicidade e do movimento no processo de aprendizagem da criança. Para sua realização, traçaremos um caminho investigativo a partir da metodologia de natureza qualitativa.

A metodologia qualitativa surge com o advento da fenomenologia, que enfatiza o componente subjetivo do comportamento das pessoas. Bogdan (1994), afirma que o pesquisador, ao utilizar a abordagem qualitativa, faz uso de um conjunto de asserções que diferem das que são utilizadas quando se estuda o comportamento humano com o objetivo de descobrir fatos e causas.

Diante do exposto, a opção pela metodologia qualitativa corrobora com a definição de Bogdan e Biklen (1994: p. 16) para os quais pesquisa qualitativa é compreendida como:

 

[...] um termo genérico que agrupa estratégias de investigação que partilham de determinadas características. Os dados recolhidos são [...] ricos em pormenores descritos relativos a pessoas, locais e conversas e de complexo tratamento estatístico.

 

Tal fundamentação encontra respaldo nas características básicas para a pesquisa qualitativa bibliográfica propostas por Bogdan e Biklen (1994). Conforme esses autores, para realização de pesquisa com uma abordagem qualitativa os dados são coletados em seu ambiente natural, sem nenhum tipo de manipulação intencional; todos os dados são considerados importantes e apresentados de forma descritiva; o pesquisador tem sua atenção mais voltada ao processo do que ao resultado; o pesquisador se preocupa com o significado que o participante dá às coisas e à sua própria vida e, a análise dos dados coletados parte de uma visão mais ampla para uma mais focada.

A pesquisa bibliográfica se configura como sendo o exame de materiais de natureza diversa, que ainda não receberam um tratamento analítico, ou que podem ser reexaminado, criando novas ou interpretações complementares, atividade localização de fontes, para coletar dados gerais ou específicos a respeito de determinado tema. É um componente obrigatório para qualquer pesquisa.

Na visão de Lakatos,

 

A pesquisa bibliográfica permite compreender que, se de um lado a resolução de um problema pode ser obtida através dela, por outro lado, tanto a pesquisa de laboratório quanto a de campo (documentação direta) exigem, como premissa, o levantamento do estudo da questão que se propõe a analisar e solucionar. A pesquisa bibliográfica pode, portanto, ser considerada também como o primeiro passo de toda pesquisa científica. (1992, p. 44).

 

Partindo da ideia de que a característica principal da pesquisa bibliográfica, é a de possibilitar ao pesquisador uma bagagem teórica variada, contribuindo para ampliar o conhecimento, de forma a fazer da pesquisa um material rico sobre o assunto, fundamentando do ponto de vista teórico o material a ser analisado, diante do exposto, a pesquisa qualitativa bibliográfica atende as especificidades deste o artigo.

 

Compreendendo os Conceitos

 

A palavra lúdico e jogo referem-se a termos polissêmicos, uma vez que dizem respeito um diversificado leque de possibilidades, o que faz com que suas percepções sejam várias. Huizinga (2000) desenvolveu uma análise referente à noção de jogo e sua relação com a linguagem e declara a heterogeneidade e instabilidade das denominações da ação lúdica:

 

O latim cobre todo o terreno do jogo com uma única palavra: ludus, de ludere, de onde deriva diretamente lusus [...]. Ludus abrange os jogos infantis, a recreação, as competições, as representações litúrgicas e teatrais e os jogos de azar [...]. É interessante notar que ludus, como termo equivalente a jogo em geral, não apenas deixa de aparecer nas línguas românicas mas igualmente, tanto quanto sei, quase não deixou nela qualquer vestígio. Em todas essas línguas, desde muito cedo, ludus foi suplantado por um derivado de jocus, de jogo em geral (HUIZINGA, 2000, p. 41-42).

 

O lúdico tem a ver necessariamente com prazer, ausência de tensão e de conflito; refere-se na mesma medida à arte, à poesia, à construção e desconstrução da realidade; diz respeito a um espaço-tempo regulado pela imaginação, inventividade, fantasia, desejo e faz elo com a ideia de jogo.

Brougère (1998), explica que a palavra jogo é empregada e abrange a uma “atividade lúdica”. O autor afirma que “a noção de jogo como o conjunto de linguagem funciona em um contexto social; a utilização do termo jogo deve, pois, ser considerada como um fato social: tal designação remete à imagem do jogo encontrada no seio da sociedade em que ele é utilizado” (p. 16).

Ortiz (2005, p. 15-16), por sua vez compreende que:

 

A palavra jugar (do latim iocari) significa fazer algo com espírito de alegria e com a intenção de se divertir ou de se entreter. A palavra jogo provém etmologicamente do vocábulo latino iocus, que significa brincadeira, graça, diversão, frivolidade, rapidez, passatempo. Para o estudo etimológico, deve-se considerar também o significado do vocábulo ludus-i: o ato de jogar, o prazer da dificuldade gratuita. Esse vocábulo latino dá mais um sentido ao jogo: ludus-ludere, ludus-us e ludicrus [jogo, diversão, entretenimento] [...]. É quase impossível compreender os traços de uma pesquisa para o significado etimológico, já que aparece a transposição de significados na história da transnominação. Nesse sentido, ao referirmo-nos ao jogo, buscamos abarcar as diversas manifestações do lúdico.

 

A percepção de Huizinga (2000), é a de que o jogo

 

[...] ultrapassa os limites da atividade física ou biológica. É uma função significante, isto é, encerra um determinado sentido. No jogo existe alguma coisa em jogo que transcende as necessidades imediatas da vida e confere um sentido à ação. (HUZINGA, 2000, p.3-4).

 

Percebe-se, portanto, que para Huizinga (2000) a palavra lúdico e jogo respectivamente, se apresentam como sinônimos. Bujes (2000, p. 205-206) compreende que:

 

O tema do jogo, do brinquedo, do brincar tem atravessado épocas e culturas. Os brinquedos estão presentes na iconografia do século XV, magistralmente representados nas cenas flamengas de Brüeghel, nos contos recolhidos pelos irmãos Grimm da tradição oral alemã, nas reflexões de Walter Benjamin, na poesia de Vinicius de Moraes, nas canções de Chico Buarque, nas manifestações da arte popular e, sobretudo, na fantasia das crianças. (BUJES, 2000, p.205-206).

 

É possível afirmar que jogo, brincadeiras e movimento se apresentam como ações indissociáveis e que auxiliam no processo de construção do conhecimento e da aprendizagem. O movimento pode ser compreendido como consequência do desenvolvimento da motricidade, ou seja:

 

Forma concreta de relação do ser humano com o mundo e com seus semelhantes, relação esta caracterizada por intencionalidade e significado, fruto de um processo evolutivo, cuja especificidade encontra-se nos processos semióticos da consciência, os quais, por sua vez, decorrem das relações recíprocas entre natureza e cultura – portanto, entre as heranças biológica e sócio-histórica. (KOLYNIAK FILHO, 2002, p. 31-2.).

 

A concepção de que o movimento auxilia na aprendizagem da criança foi defendida por Henry Wallon (1879-1962), que compreende que o movimento do corpo tem caráter pedagógico, tanto pelo gesto em si quanto pelo que a ação representa. A percepção do autor é a de que os movimentos são saberes que adquirimos naturalmente, mas que também ficam à nossa disposição para serem colocados em uso, ou seja, cada pessoa elabora ao seu modo a imagem de seu próprio corpo, acentuando ou modificando as diferentes partes em função dos mecanismos de sua personalidade e de todas as suas vivências passadas e presentes.

Podemos inferir que o movimento diz respeito também a sensações conscientes do ser humano em movimento intencional e significativo no espaço-tempo objetivo e representado, com capacidade para envolver além da percepção, a memória, a projeção, a afetividade, a emoção e o raciocínio. Na mesma perspectiva, é evidenciado de diferentes formas de expressão, dentre as quais, gestual, verbal, cênica, plástica, etc.. (KOLYNIAK FILHO, 2002).

Nesta direção,

 

[...] configura-se como processo, cuja constituição envolve a construção do movimento intencional a partir do reflexo, da reação mediada por representações a partir da reação imediata, das ações planejadas a partir das simples respostas a estímulos externos, da criação de novas formas de interação a partir da reprodução de padrões aprendidos, da ação contextualizada na história – portanto, relacionada ao passado vivido e ao futuro projetado – a partir da ação limitada às contingências presentes. Esse processo ocorre, de forma dialética, nos planos filogenético e ontogenético, expressando e compondo a totalidade das múltiplas e complexas determinações da contínua construção do homem. (KOLYNIAK FILHO, 2002, p. 31-2.).

 

Assim entendida, a motricidade é constitutiva do ser humano. Sua construção, no desenvolvimento da espécie e das culturas e nos processos individuais, insere-se na totalidade da construção do humano, nos planos filogenético (construção da espécie) e ontogenético (construção do indivíduo).

 

As Contribuições do Lúdico e do Movimento Para a Aprendizagem

 

A fim de que a aprendizagem se concretize, se faz importante que o conteúdo desenvolvido tenha sentido para a criança, uma vez que a aprendizagem consiste em um processo do desenvolvimento humano que está articulado ao cognitivo e ao raciocínio. Vygotsky (1984) afirma que:

 

O brincar gera um espaço para pensar, sendo que a criança avança no raciocínio, desenvolve o pensamento, estabelece contatos sociais, compreende o meio, desenvolve habilidades, conhecimentos e criatividade. Compreendendo assim que o ato de brincar permite que aconteça a aprendizagem, o brincar é essencial para o desenvolvimento do corpo e da mente. (VYGOTSKY 1984, p. 21).

 

Também expoente da compreensão quanto às formas de desenvolvimento Piaget (1998), entende que a criança carece interagir com o meio a fim de que a aprendizagem aconteça. Com base nas fases de desenvolvimento defendidas pelo autor, se faz necessário que a criança passe por dois processos, a saber: o de assimilação e o de adaptação.

A assimilação consiste no processo interno que submerge as informações e as vincula com as experiências vivenciadas, mediante comparações que ocasiona certa desestabilização no pensamento, em função da entrada de novos conhecimentos. A adaptação consiste na acomodação de tais informações processadas. Ou seja, refere-se ao processo da efetivação da aprendizagem que causa o equilíbrio das informações assimiladas.

Pode-se afirmar que, a gradual construção do movimento possibilitado pelos jogos e brincadeiras abre para a criança novas possibilidades de interação com o mundo, das quais se originam novas oportunidades de aprendizagem. Ou seja, o movimento produz novas possibilidades de aprendizagem.

Compreendida na perspectiva de um produto e produtora de processos e experiências de aprendizagem, o movimento representa um aspecto da construção do humano que deve interessar à escola, lócus responsável pela promoção sistematizada de processos e experiências de aprendizagem.

Brandão (1981) chama a atenção para o fato de que aprender não é uma questão de opção. O estudioso compreende que o ser humano está de certa forma destinado a aprender. Em uma de suas obras denominada “O que é educação”, o autor declara:

 

Ninguém escapa da educação. Em casa, na rua, na igreja ou na escola, de um modo ou de muitos, todos nós envolvemos pedaços da vida com ela: para aprender, para ensinar, para aprender-e-ensinar. Para saber, para fazer, para ser ou para conviver, todos os dias misturamos a vida com a educação. Com uma ou com várias: educação? Educações. (BRANDÃO, 1981: 7).

 

  • possível contatar que aprender é algo inerente ao ser humano. Nesta direção, as práticas de educação são compreendidas como práticas de troca, práticas interacionais. Ou seja, onde há agrupamentos humanos, há encontros. Onde há encontros, há interação, com ou sem palavras. Onde há interação, há aprendizagem. Interagir e aprender são, pois, ações inalienáveis e traduzidas pelo movimento.

Fica evidente que as atividades pedagógicas devem ser desenvolvidas mediante percepção de que por meio da vivência da criança, suas relações afetivas, experiências de interação com o mundo, movimento e, de maneira natural via brincadeiras envolvem as crianças nos mais diversos aspectos. O brincar diz respeito a um recurso que ensina. Desenvolve e educa de forma prazerosa, além de ter um papel de significativa importância, razão pela qual auxilia na aprendizagem.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Com base na reflexão proporcionada pela revisão bibliográfica pode-se concluir que é de fundamental importância o uso da ludicidade ao longo do processo educativo da criança. A utilização dos recursos que promovem o movimento pode interferir de forma positiva na aprendizagem caso seja cuidadosamente utilizado na prática pedagógica do educador.

Partindo da ideia de que a aprendizagem consiste em um processo dinâmico e interativo da criança com o mundo no qual está inserida, que garante à criança a assimilação de conhecimentos e estratégias adaptativas mediante suas iniciativas e interesses e dos estímulos que recebe de seu meio social, ao fazer uso dos jogos e brincadeiras como atividade educacional, faz necessário que os educadores tomem consciência de que levar o jogo para a sala de aula e usá-lo como ferramenta curricular é indispensável para o desenvolvimento integral da criança, pois permite o desenvolvimento de seus aspectos cognitivos, motores, afetivos e sociais.

A fim de que a criança possa realizar a integração entre o corpo, organismo, inteligência e desejo, no sentido de desenvolver a aprendizagem, é de fundamental importância que o lúdico não seja visto apenas como um momento de diversão e recreação, mas como algo sério, pois as crianças muitas vezes aprendem mais e facilmente através dos jogos e brincadeiras.

Uma vez que a criança carece de alguém para mediar seu processo de construção do conhecimento, espera-se que o professor possua o conhecimento adequado a respeito das fases de desenvolvimento da criança, bem como da importância e uso da ludicidade, para poder desenvolver uma ação planejada utilizando as dimensões do lúdico e do brinquedo em todas as ocasiões necessárias com motivação e objetivos específicos que proporcionam o aprendizado.

  • possível afirmar que o educador tem o grande desafio de entender a individualidade dos seus alunos, seu meio social e o modelo de sociedade existente. Ensinar por meio do uso da ludicidade consiste levar para o aluno o seu modo de viver por meio do brincar, de modo que proporcione prazer.

A criança ao vivenciar durante o seu processo formativo experiências mediatizada pelos jogos e brincadeiras, que se traduzem na ludicidade, certamente irá movimentar-se e aprender com o corpo e o desenvolvimento de todos os sentidos.

Podemos afirmar, portanto que o lúdico mediante sua dimensão do brincar promove o movimento do corpo da criança que auxilia de forma significativa no processo de construção do conhecimento, uma vez que permite a articulação entre o aspecto cognitivo, social de forma a promover a interação e nesta perspectiva, permite a aprendizagem da criança.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

BANDEIRA, Priscilla Oliveira; SOUZA, Prisilla Kézia Tavares de. O lúdico e suas contribuições na educação infantil. 2015.

 

BOGDAN, Robert; BIKLEN, Sari. Investigação Qualitativa em educação: uma introdução a teoria e aos métodos. Porto, Portugal: Porto Ed., Coleção Ciências da Educação, 1994. BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é educação. São Paulo: Brasiliense, 1996. BROUGÈRE, Gilles. Jogo e educação. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.

 

BUJES. Maria Isabel. Criança e brinquedo: feitos um para o outro? In: COSTA, Marisa Vorraber (Org.). Estudos culturais em educação: mídia, arquitetura, brinquedo, biologia, literatura e cinema. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2000.

 

CAMPOS, Gleisy; LIMA, Lilian. (orgs.). Por dentro da Educação Infantil: a criança em foco. RJ: Wak, 2010.

 

CUIABÁ. Secretaria Municipal de. Escola Cuiabana: cultura, tempos de vida, direitos de aprendizagem e inclusão. Edilene de Souza Machado e Mabel Strobel Moreira da Silva (organizadoras). 1ª edição. Cuiabá-MT: Print Gráfica e Editora, 2019.

 

KOLYNIAK FILHO, Carol. Contribuições para o ensino em motricidade humana. In: Discorpo, revista do Departamento de Educação Física e Esportes da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo: São Paulo, 2002, n°13, p. 27-39.

 

LAKATOS, Maria Eva. MARCONI, Maria de Andrade. Metodologia do Trabalho Científico. 4 ed/. São PAulo. Revista e Ampliada. Atlas, 1992.

 

LOMBA, Marisa Filipa Pimenta. Conhecimento do mundo: explorar e descobrir o mundo físico na creche e no jardim de infância. 2013. Tese de Doutorado.

 

PEREIRA, Ana Cristina Carvalho. Linguagem Corporal. In: SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO. Desafios na Formação: Proposições Curriculares para a Educação Infantil – Texto Preliminar – Rede Municipal de Belo Horizonte, 2009.

HUIZINGA, J. “Homo Ludens”: o jogo como elemento da cultura. São Paulo: Perspectiva, 1990.

 

ORTIZ, Jesús Paredes. Aproximação teórica à realidade do jogo. In: MURCIA, Juan Antonio Moreno (Org.). Aprendizagem através do jogo. Porto Alegre: Artmed, 2005.

 

PIAGET, J. A Psicologia da criança. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1998.

 

VYGOTSKI, L.S. A Formação Social da Mente. São Paulo: Martins Fontes, 1984.

1Licencianda em Pedagogia. Especialista em Educação Infantil com ênfase nas iniciais. Servidora da CMEI Aline Fátima Rodrigues Monteiro, pertencente à Secretaria Municipal de Cuiabá-MT. O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.

2Licencianda em Educação Física Licenciatura e Bacharel pela Universidade de Cuiabá UNIC. Especialista em Natação e Atividade Aquáticas pela Faculdade Integradas de Cuiabá FIC. Servidora da CMEI Aline Fátima Rodrigues Monteiro, pertencente à Secretaria Municipal de Cuiabá-MT. O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.

3Licencianda em pedagogia. Especialista em Educação Infantil. Servidora da CMEI Aline Fátima Rodrigues Monteiro, pertencente à Secretaria Municipal de Cuiabá-MT. O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.

4Licencianda em Pedagogia. Especialista em Educação Especial. Servidora da EMEB “Ana Tereza Arcos Krause“ pertencente à Secretaria Municipal de Cuiabá-MT. O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.

5Licencianda em Pedagogia. Especialista em Educação Infantil com ênfase em alfabetização. Servidora da CMEI Aliane Fátima Rodrigues Monteiro pertencente à Secretaria Municipal de Cuiabá-MT e E.E. Faustino Dias de Amorim. O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.