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EDUCAÇÃO INCLUSIVA: PERCURSOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Ivana Marcia Pedon

RESUMO

Este artigo tem como objetivo apresentar a educação inclusiva no Brasil que está regida por lei, e consiste em uma proposta na qual as escolas devem disponibilizar o acesso de alunos e alunas com deficiências ou altas habilidades no ensino regular. A inclusão objetiva eliminar obstáculos que limitam a aprendizagem e participação discente no processo educativo. O objetivo desde estudo foi analisar a visão dos professores de educação infantil sobre a inclusão de crianças com deficiência na escola de educação infantil e se esta visão interfere na prática docente. Os diversos autores estudados propõem algumas modificações no sistema de ensino para inclusão efetiva destas crianças. Diante disso, verifica-se a importância da implementação de mudanças na forma de ensinar para atender a diversidade escolar, com a concretização da inclusão de todos com deficiência.

 

PALAVRAS-CHAVE: Inclusão. Educação infantil. Práticas docentes.

 

INTRODUÇÃO

Este trabalho aborda o tema a Inclusão na Educação Infantil, as pessoas com deficiência durante muito tempo foram deixadas à margem da sociedade, só a partir dos avanços nas discussões sobre o tema e do processo de legalização da inclusão esta realidade vem se modificando.

A educação inclusiva resume-se na adaptação de escolas de ensino básico para atender a todas as crianças, não apenas as deficientes, mas também as que possuem dificuldades de aprendizagem ou altas habilidades.

O acesso deve ser garantido a todos, logo, o ambiente escolar precisa oferecer espaço adequado ao trabalho inclusivo, para que possa atender as necessidades de cada criança.

Observa-se que a educação inclusiva é uma inovação educacional, propõe a abertura das escolas às diferenças e admite todos os alunos, desenvolve currículos baseados em saberes abertos e com base sociocultural.

O interesse em estudá-lo deve-se a preocupação de verificar como acontece o processo de inclusão nas escolas de educação infantil, ou seja, se vem promovendo os alunos com deficiência, bem como de todos os alunos da turma em que estão inseridos.

A educação inclusiva desde que bem estruturada em todos os níveis da escola, é um processo viável, pois favorece a aprendizagem e promoção dos alunos com deficiência e demais alunos, contribuindo para a formação de todos, ambos aprendem a conviver com as diferenças e a superar os obstáculos por elas impostos.

As crianças, contudo, são sujeitos marcados pelos contextos sociais e, em um quadro de desigualdade como o que vivemos, mesmo que os estudos teóricos na área da pequena infância, que as lutas políticas em defesa das crianças e que a própria legislação apontem para seu reconhecimento como sujeitos sociais de plenos direitos, na realidade são poucas as crianças que exercem seu direito à educação desde o nascimento.

 

  1. EDUCAÇÃO INCLUSIVA PERCURSOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL

O tema da educação inclusiva tem produzido vários debates, publicações de relatos de experiência, pesquisas e ensaios teóricos de forma crescente.

A recente história da educação brasileira, mais precisamente a partir de 1990, tem a narrativa da educação inclusiva como marca.

Dispositivos legais, de âmbito federal, estadual e municipal, cada um a seu tempo, passaram a incorporar os princípios de valorização, respeito e atendimento à diversidade humana.

A ideia de inclusão subjacente me tais ações, seja na educação, seja na sociedade deve ser examinada com muita cautela. É necessário cuidar para que a educação inclusiva não seja apenas um novo modismo sustentado por práticas escolares e sociais cristalizadas, que ativamente contribuem para que nada seja modificado de fato.

A ideia de educação inclusiva só passou a ser defendida e apoiada após a publicação da Declaração de Salamanca, trata de princípios, políticas e práticas na área das necessidades educativas especiais.

A inclusão de crianças, jovens e adultos com necessidades educacionais especiais dentro do sistema regular de ensino é a questão central, sobre a qual a Declaração de Salamanca discorre.

Na introdução, a Declaração aborda os Direitos humanos e a Declaração Mundial sobre a Educação para Todos e aponta os princípios de uma educação especial e de uma pedagogia centrada na criança.

Em seguida apresenta propostas, direções e recomendações da Estrutura de Ação em Educação Especial, um novo pensar em educação especial, com orientações para ações em nível nacional e em níveis regionais e internacionais.

A Conferência Mundial sobre Necessidades Educacionais Especiais foi promovida pelo governo espanhol em colaboração com a Unesco.

A Declaração de Salamanca repercutiu de forma significativa, sendo incorporada as políticas educacionais brasileiras.

Pode-se dizer que o conjunto de recomendações e propostas da Declaração de Salamanca, é guiado pelos seguintes princípios:

  • Independente das diferenças individuais, a educação é direito de todos;

  • Toda criança que possui dificuldade de aprendizagem pode ser considerada com necessidades educativas especiais;

  • A escola deve adaptar–se às especificidades dos alunos, e não os alunos as especificidades da escola; O ensino deve ser diversificado e realizado num espaço comum a todas as crianças.

    1. ESCOLA INCLUSIVA

A escola inclusiva garante a permanência de todos os alunos dentro do sistema educativo e possibilita maiores e melhores educação, inclusão e contenção social. Se privilegiamos a escola como a instituição social por excelência, onde transcorre a vida infantil, é indispensável construir uma escola inclusiva, pluralista, em que a diversidade seja concebida como um valor humano e reconhecida como um valor educativo que preencha as aulas e se manifeste através das diferenças étnicas, religiosas, linguísticas, cognitivas, sociais, culturais, subjetivas, existentes em todo grupo escolar.

Os processos de inclusão educacional se compreendem dentro de um projeto transcendente, que é a construção de uma cultura inclusiva.

A escola tradicional se guia por um projeto monocultural, homogeneizante, que contempla um determinado perfil de alunos que, supõe-se, aprendem da mesma maneira, em um mesmo tempo e espaço, e com os mesmos métodos e recursos, mantendo fora de sua proposta quem não responde a esse modelo.

A escola inclusiva se projeta para o futuro, convocada por uma visão ampla, democrática e plural, que supõe o reconhecimento da diversidade como traço primordial do cenário escolar e a considera um valor educativo.

Esse projeto abre suas portas a todos e todas, sem distinção alguma, sob o abrigo de um currículo comum adaptável e passível de revisão segundo as circunstâncias, priorizando que existem tantas formas de aprender como alunos.

A inclusão de alunos com deficiência na escola regular é um aspecto a mais a se levar em conta dentro do projeto de atenção à diversidade.

O compromisso paulatino de instituições educativas convocadas para o desafio da Inclusão Educacional permite que muitos alunos com dificuldades motoras, perceptivas, de linguagem ou de estruturação subjetiva e/ou cognitiva, incluídos na ampla categoria da deficiência, hoje possam cursar sua educação em aulas regulares, o que representa um enriquecimento para toda a comunidade educativa.

Para poder capturar a inclusão educacional de um aluno com necessidade de atendimento educacional especializado no seio de uma escola regular, faz-se indispensável a reflexão institucional acerca dos pressupostos básicos sobre os quais se estabelece o projeto educativo institucional e, consequentemente, a proposta curricular, já que o tema da diferença tem sido um eterno ausente da escola tradicional, assim como de outros âmbitos socioculturais. Nesse cenário, a diferença é considerada um déficit e o diagnóstico responde ao paradigma médico, que deixa o aluno fora da proposta homogeneizante.

 

  1. INOVANDO AS ADEQUAÇÕES CURRICULARES À DIVERSIFICAÇÃO CURRICULAR

A adequação curricular privilegia as potencialidades do sujeito, acima de suas dificuldades, e lhe permite sustentar-se como aluno regular dentro do sistema educativo.

Adaptar uma proposta curricular não é desprestigiá-la, empobrecê-la, nem a tornar fácil, mas, totalmente ao contrário, supõe uma clara ideia de articular o currículo ao estudante, para favorecer a construção do conhecimento.

Diversificar a proposta educativa é avançar para uma proposta melhor, direcionada para a escola inclusiva.

A diversificação curricular pretende trabalhar tanto a partir do heterogêneo, como a partir do comum e compartilhado que se encontra em todo território didático, privilegiando sempre o valor educativo do diverso.

Diversificar é singularizar, dentro do contextual e plural. Uma maior diversificação curricular, que contempla as variações do alunado, vincula-se diretamente a uma menor necessidade de adequações curriculares.

É arriscado enumerar adaptações possíveis que se possam fazer numa sala regular onde está matriculado um estudante com necessidades educacionais, com ou sem deficiência, já que elas variam segundo as necessidades de cada caso em particular.

Muitas das estratégias são simples, econômicas, práticas, engenhosas e surgiram ao se refletir sobre o que necessita e deseja cada sujeito da aprendizagem para poder pertencer ao mundo escolar.

As adequações pretendem articular a estrutura montada e configurada de antemão a partir do sistema educativo tradicional para a população escolar em geral com as necessidades pontuais de um sujeito em particular. Impõem-se, então, formas não tradicionais de produção pedagógica.

 

3.1- ADEQUAÇÕES DE ACESSO AO CURRÍCULO

Mapear a acessibilidade do espaço escolar: suavizar as barreiras urbanas e de transporte, transformar a escola em um lugar acessível para pessoas com alguma deficiência motora, às crianças pequenas, bebês em carrinhos, grávidas, pessoas idosas, fornecedores dentre outros.

Nem todas as escolas contam com o equipamento necessário para o desafio colocado, mas se pode ir arrumando artesanalmente. Por exemplo: suportes, latas simples, coladas às carteiras, ou hastes de madeira fincadas nos contornos das mesas para evitar a queda dos materiais, rampas de madeira, incorporar às carteiras suportes para escrever no lado esquerdo, destinados às pessoas canhotas, elevar ou rebaixar mesas, cadeiras, quadros negros.

Adaptar os materiais escolares: diversificar os instrumentos de escrita: lápis, canetas, giz, marcadores, letras móveis, processadores de texto etc. Se o uso do lápis ou lapiseira for difícil, pode-se embuti-lo em um cilindro de madeira para facilitar sua preensão ou recobri-lo com borracha ou toalha para que não escorregue.

Diversificar os portadores de texto: o caderno comum pode ser substituído por um de tamanho ofício ou por folhas soltas, maiores e mais grossas, por quadros negros individuais, cartilhas, monitores.

Material impresso onde o aluno marca ou assinala a resposta. E se não se pode escrever, trabalha-se de forma oral ou no monitor de um computador.

Oferecer diversas formas de expressão: quando a proposta do trabalho em escrita se tornar excessiva, pode-se privilegiar outro sistema de representação comunicacional: o que não se pode escrever, se pode dizer, desenhar ou expressar através de um esquema.

Ampliar as fotocópias e material impresso: tornando-o mais acessível.

Modificar os grupos: trabalhar em roda, semicírculo, em pequenos grupos, na sala, no pátio, na cozinha, na oficina, na praça, na rua etc.

 

3.2- ADEQUAÇÕES CURRICULARES ESPECÍFICAS

As adequações específicas pretendem articular a proposta curricular com o sujeito que for aprender, incluindo recursos, métodos, estratégias e intervenções às quais se recorre tanto para ensinar como para avaliar.

Não é, então, a criança que se adapta ou se submete ao currículo, mas se trata de buscar um planejamento a serviço do aprendiz. Essa proposta só é possível se considerar a heterogeneidade da população educativa. Selecionar conteúdos pontuais que se considerem apropriados para o aprendiz: trabalhar temas delimitados, um de cada vez, favorecendo as vinculações e generalizações que se podem estabelecer posteriormente.

Oferecer enlaces evocativos: se as dificuldades linguísticas ou evocativas são relevantes, apresenta-se a necessidade de contextualizar cada atividade pedagógica, para que o aluno possa estabelecer os enlaces associativos adequados. Apoiar a produção do pensamento matemático: apresentar as situações problemáticas em textos simples que organizam sequencialmente a ação, preferencialmente com uma das operações combinadas.

Construir gráficos para a situação problemática como forma de representar concretamente os momentos sucessivos do enunciado e poder estabelecer a operação adequada. Sequenciar os passos lógicos do problema matemático, a representação icônica permite lembrar aquilo que se esvai pela precariedade da memória.

Oferecer ajuda na compreensão da leitura e em estabelecer adequadamente os enlaces intertextuais: adequar os textos às possibilidades de leitura do estudante. Facilitar o emprego de sinais ou esquemas para avançar na leitura.

Considerar a leitura antecipada: entregar antecipadamente ao aluno com Necessidades Educativas Especiais o texto (conto, notícia etc.) sobre o qual trabalharão no próximo dia. Propor uma leitura prévia, apoiada, sem apressamentos.

Considerar apoio compreensivo nas matérias de estudo: dar suporte à interpretação de textos e à abordagem da bibliografia de pesquisa. Ajudar a estabelecer relações, consequências e vinculações conceituais que requeiram maior abstração.

Hierarquizar a modalidade de trabalho mais conveniente a cada estudante: oral sobre a forma escrita ou limitar a produção grafo motora, se esse é um sintoma importante.

Adequar às avaliações: fracionar o tempo, tomá-las de forma parcial, solicitando diferentes conteúdos em duas ou três vezes sucessivas e alternando a expressão escrita com a oral e gráfica.

 

3.2.1- UM NOVO OLHAR PARA A FLEXIBILIZAÇÃO

O tema das adequações curriculares incumbe a todas as atividades que transcorrem no âmbito educativo e se torna extensivo à todas as matérias, tecnologias, música, desenho, artes, educação física etc.

Só se pode pensar em uma escola inclusiva, que possa trabalhar e desenvolver-se na diversidade de seu alunado, se considerar a diversidade como valor humano e educativo e se nos comprometermos em articular cada sujeito com o mundo do saber.

Na maioria das vezes, não são as barreiras arquitetônicas ou de comunicação as que condicionam a inclusão educativa de um estudante com necessidades educativas especiais na escola regular, mas as barreiras ideológicas e pedagógicas que se encontram na comunidade.

 

3.2.2- NA SALA DE AULA: RESPEITO AOS DIFERENTES RITMOS DE APRENDIZAGEM

O professor, como organizador da sala de aula, guia e orienta as atividades dos alunos durante o processo de aprendizagem para aquisição dos saberes e competências. O projeto pedagógico da escola direciona as ações do professor, que deve assumir o compromisso com a diversidade e com a equalização de oportunidades, privilegiando a colaboração e a cooperação.

Na sala de aula inclusiva, os conteúdos escolares são considerados objetos da aprendizagem, aos alunos cabe atribuir significados e construir conhecimentos e o professor assume a função de mediar esse processo.

O papel do educador é intervir nas atividades que o aluno ainda não tem autonomia para desenvolver sozinho, ajudando o estudante a se sentir capaz de realizá-las. É com essa dinâmica que o professor seleciona procedimentos de ensino e de apoio para compartilhar, confrontar e resolver conflitos cognitivos.

Quando os procedimentos de ensino privilegiam a construção coletiva e são organizados com base nas necessidades dos alunos, levam-se em conta os diferentes estilos, ritmos e interesses de aprendizagem de cada um.

Ou seja, todos os estudantes são diferentes e suas necessidades educacionais poderão requerer apoio e recursos diferenciados.

A avaliação da aprendizagem, por sua vez, deverá ser coerente com os objetivos, as atividades e os recursos selecionados. Se o processo de aprendizagem for redimensionado, o procedimento de avaliação também deverá ser.

A avaliação processual, que é realizada durante todas as atividades, poderá ser mais esclarecedora, pois fornece dados sobre o desempenho do aluno em diversas situações. Essa forma de avaliação facilita o reconhecimento das necessidades dos alunos e permite que o professor redimensione os indicadores de aprendizagem.

As observações sobre o desempenho dos alunos constituem ferramentas importantes na adaptação do planejamento. Por fim, os resultados obtidos serão consistentes desde que sejam considerados indicadores de aprendizagens condizentes com a intencionalidade do ensino.

O planejamento e a organização das estratégias para aprendizagem podem variar de acordo com o estilo do professor. Contudo, é preciso que o planejamento tenha flexibilidade na abordagem do conteúdo, na promoção de múltiplas formas de participação nas atividades educacionais e na recepção dos diversos modos de expressão dos alunos.

O educador deverá considerar no planejamento tempo e estratégias para conhecer seus alunos - em especial aqueles que poderão requerer apoios específicos. Para fornecer boa compreensão sobre os alunos e suas condições de aprendizagem, a observação precisa utilizar diferentes estratégias e ser feita em diversos momentos da aula.

Os critérios de observação devem ser selecionados com base no currículo e nas habilidades que o professor considerou no planejamento. O educador deverá considerar no planejamento tempo e estratégias para conhecer seus alunos - em especial aqueles que poderão requerer apoios específicos.

Para fornecer boa compreensão sobre os alunos e suas condições de aprendizagem, a observação precisa utilizar diferentes estratégias e ser feita em diversos momentos da aula.

Os critérios de observação devem ser selecionados com base no currículo e nas habilidades que o professor considerou no planejamento.

O professor consciente da importância de adequar seu planejamento de acordo com as necessidades dos alunos, pode se sentir despreparado para identificar suas necessidades e avaliá-los.

Quando o educador possui instrumentos para identificar a potencialidade e os saberes de seus alunos, sente-se capaz de ajustar sua prática para aqueles com Necessidades Educacionais Especiais.

Porém, o professor precisa estar ciente de sua capacidade para tornar possível o processo inclusivo. Para isso, deverá buscar novos conhecimentos e melhorar sua formação, aprendendo novas formas de pensar e agir para atender as demandadas exigidas em sua atuação profissional.

Para conhecer seus alunos, suas competências, suas necessidades educacionais específicas e possíveis formas de aprendizagem, o professor precisa de tempo. Reconhecer que cada aluno pertencente ao grupo dependerá da comunicação e da interação eficaz entre professor-aluno, aluno-aluno, assim como da observação constante durante todo o processo de aprendizagem.

Os sistemas de apoio colaboram com o professor nessa tarefa, mas somente o educador, que está em sala de aula e conhece o processo de ensino e aprendizagem, a convivência com o grupo e a dinâmica de sua docência, poderá eleger os procedimentos de ensino.

As diretrizes serão planejadas e atualizadas de acordo com a evolução do aluno. O período de referência desse planejamento é variável. Planejamentos de curto prazo mostram-se mais úteis. Há possibilidade de adequar o planejamento para períodos de um mês, por exemplo, ou considerar apenas uma unidade didática.

A análise das necessidades professor-aluno é que vai ditar os ajustes necessários e a previsão de tempo. Durante muito tempo aprendeu-se que era preciso identificar o que os alunos não sabiam e quais eram as limitações.

Quando se conhecem as características de determinadas deficiências, reconhecem-se suas restrições. Sabe-se, por exemplo, que o aluno com deficiência visual não acessará as aulas pela visão, pois sua condição restritiva é sensorial. Muitas vezes, identificar as limitações pode ter um efeito paralisante.

Por outro lado, se identificar as competências, encontrará alternativas de ensino e condições favoráveis à participação nas aulas e à aprendizagem. A inclusão não prevê a utilização de práticas de ensino escolar específicas para esta ou aquela deficiência e/ou dificuldade de aprender.

Os alunos aprendem nos seus limites e se o ensino for, de fato, de boa qualidade, o professor levará em conta esses limites e explorará convenientemente as possibilidades de cada um.

A disposição do professor diante da classe influencia diretamente a motivação e o comportamento dos alunos.

Para que o projeto inclusivo seja colocado em ação, é necessário que o professor demonstre que está disponível e tenha atitude positiva para criar uma atmosfera acolhedora na classe.

Porém, é preciso lembrar que esse desafio não deve ser encarado somente pelo professor. Ele deve pertencer a uma rede de apoio e sentir-se ajudado por toda a equipe de gestores e profissionais da educação especial.

Nesse processo, a função do gestor e o apoio da equipe são fundamentais, legitimando o educador em suas atribuições, valorizando suas competências pedagógicas para garantir o ensino de todos os alunos.

A partir do século XXI, a produção de conhecimento ocorre em um ritmo muito acelerado. O acesso à informação e ao conhecimento acontece também com muita rapidez. Com isso, há necessidade de estudo constante e atualização por parte dos profissionais.

Some-se a isso o fato de a educação inclusiva ser uma prática em construção. O saber está sendo construído à medida que as experiências se acumulam, aprimoram as práticas anteriores e concretizam a inclusão.

A formação e a aquisição de conhecimentos sobre a educação inclusiva são imprescindíveis para fundamentar a prática pedagógica dos professores.

A formação continuada possibilita ao professor a atualização e a transformação de sua prática profissional. O acesso ao conhecimento e o exercício da reflexão permitem a ressignificação dos princípios e a possibilidade de mudar os paradigmas já construídos.

Quando as escolas disponibilizam espaços de integração dos professores - para que possam manifestar suas necessidades, elas cumprem sua função na Educação inclusiva. A equipe gestora, que respeita as necessidades dos docentes, poderá organizar reuniões com temas para estudo e pesquisa para a formação continuada dos educadores.

A equipe estará disposta a compartilhar questões trazidas pelos professores, como relatos das condições de aprendizagens dos alunos, situações da sala de aula e discussão de estratégias para enfrentar os desafios.

A educação para a diversidade pressupõe a preparação do professor e do sistema educacional com: a valorização profissional do educador, por meio de apoio e estímulo; o aperfeiçoamento das escolas, para a oferta do ensino; o apoio e parceria da Educação especial e a promoção do trabalho em equipe.

 

CONCLUSÃO

A inclusão resulta de um complexo processo de mudanças qualitativas e quantitativas necessárias para definir e aplicar soluções adequadas e viáveis. Falar de inclusão dos alunos nos remete ao direito à cidadania de todas as crianças.

Discutir a inclusão dos alunos com deficiência na educação infantil envolve questões, tais como, as diferentes concepções de deficiência e com elas todo o problema de avaliação, currículo, recursos, reações de professores, as limitações da escola em sua estrutura e organização e o amparo legal, tão necessário para inclusão.

Para os educadores, os educandos com deficiência têm um grande potencial e podem ser promovidas as outras séries, mas levando em conta as suas limitações.

A pesquisa teve o foco na inclusão da educação infantil no âmbito escolar, conhecer a estrutura física, a organização para receber os alunos com deficiência, a capacitação dos educadores e gestores melhorando seus conhecimentos em relação à Educação Inclusiva, ou seja, buscando o verdadeiro sentido de uma educação para todos.

Portanto, a educação inclusiva deve deixar de ser apenas um sonho distante e tornar-se uma realidade precisa, que se enfrente a luta e se criem mecanismos para assegurar aos portadores de necessidades especiais os seus direitos a cidadania, contribuindo para a aceitação destes no âmbito escolar, com planejamento consciente e responsável de sua inclusão.

Então, a luta deve seguir com o foco, pela concretização dos direitos de cidadania tanto para os deficientes, quanto para a população em geral.

 

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