UTILIZAÇÃO DE JOGOS NO ENSINO DA MATEMÁTICA
Nelton Rodrigues Neves[1]
RESUMO
O presente artigo traz como foco a observação dos benefícios angariados pela utilização de jogos no ensino da matemática. Observa-se, assim, que tais atividades lúdicas fazem com que o aluno aprenda de forma divertida e descontraída. Realizou-se uma pesquisa bibliográfica considerando as contribuições de autores como Borin (1995), Grando (2005), Groenwald (2002), Kamii (2001), Moura (1997), Nunes (1990), Piaget (1991) e Smole (2004). Pode-se concluir que o emprego de jogos no ensino de Matemática torna o aprendizado mais fácil e eficiente, no entanto ressaltou-se a importância de se escolher com atenção e cautela os jogos a serem utilizados em sala de aula, bem como a necessidade de o professor buscar um profundo conhecimento do jogo antes de leva-lo aos alunos.
Palavras-chave: Ensino. Jogos. Lúdico. Matemática.
ABSTRACT
This article focuses on the observation of the benefits of using games in mathematics teaching. It is observed, therefore, that such ludic activities cause the student to learn in a fun and relaxed way. A bibliographical research was carried out considering the contributions of Borin (1995), Grando (2005), Groenwald (2002), Kamii (2001), Moura (1997), Nunes (1990), Piaget ). It can be concluded that the use of games in teaching mathematics makes learning easier and more efficient, however, it was emphasized the importance of carefully and carefully choosing the games to be used in the classroom, as well as the need to The teacher seeks a thorough knowledge of the game before taking it to the students.
Keywords: Teaching. Games. Playful. Mathematics.
Introdução
O presente trabalho de pesquisa tem como foco a utilização de jogos no ensino da Matemática em sala de aula. Deste modo, investiga também os benefícios trazidos pelo emprego de atividades lúdicas na educação fazendo com que o processo de ensino/aprendizagem se torne mais fácil e agradável tanto para o aluno quanto para o professor.
Observou-se ao longo do trabalho que a utilização dos jogos no ensino da matemática desperta nos estudantes a vontade de aprender. Tendo em vista que o conhecimento da disciplina o levará a obter melhores resultados no jogo.
Outro fator importante observado está no fato dos jogos matemáticos estimularem o raciocínio lógico, o trabalho em grupo e a socialização.
Para Moura (1997) os jogos que envolvem matemática constituem um amplo campo para pesquisa e investigação, tendo em vista que sua utilização como meio pedagógico em sala de aula ainda é bastante restrito. O autor salienta a importância dos jogos no ensino da matemática afirmando que a análise desta nova tendência mostra-se cada vez mais importante para que se assuma de maneira consciente o papel de educador.
Contudo, foi possível perceber que a escolha do jogo a ser utilizado é fator fundamental para que se alcance os objetivos esperados com sua prática. Além disso é de fundamental importância que o professor entenda profundamente o jogo antes de leva-lo à sala de aula.
O presente texto foi elaborado a partir do método de revisão bibliográfica à luz de autores como Borin (1995), Grando (2005), Groenwald (2002), Kamii (2001), Moura (1997), Nunes (1990), Piaget (1991) e Smole (2004).
Desenvolvimento
O convívio com escolas e com a educação de um modo geral evidencia o importante papel da utilização de jogos no ensino/aprendizagem de matemática. Esta prática é capaz de derrubar a antipatia que a maioria dos alunos possui por essa disciplina e transmitir conceitos de maneira prática e palpável. Deste modo, a aula de matemática fica mais envolvente, além de estimular o convívio social, desenvolver o raciocínio lógico e o trabalho em grupo.
Grando (2005) afirma que a utilização de jogos no ensino da matemática ajudam na fixação dos conceitos aprendidos, facilitam a introdução e o desenvolvimento dos conteúdos e estimulam a criatividade.
Kamii (2001) também destaca está prática:
O uso de jogos para ensinar aritmética não é uma prática nova. Muitos professores já o utilizavam há longo tempo. No entanto, ele tem sido usado apenas como um complemento para reforço de aprendizagem, parte de lições (...) também usado como prêmio em atividades extras para crianças que já acabaram o trabalho. (KAMII, 2001, p.16)
É importante destacar que o emprego da ludicidade mostra-se como uma importante ferramenta de ensino em qualquer faixa etária. Ao promover uma situação de descontração e aparente brincadeira, as atividades lúdicas descontraem os alunos, fazendo com que eles aprendam sem se darem conta de que estão estudando. Deste modo há uma assimilação mais eficaz e duradoura dos conteúdos e conceitos.
Neste sentido, pode-se afirmar que no caso específico da matemática, os jogos e brincadeiras exercem ao menos dois grandes papeis no processo de ensino. O primeiro deles seria o de fazer o discente esquecer que está executando a dura e cansativa tarefa de estudar matemática, entregando-se de maneira completa ao entendimento do jogo. O outro papel em destaque é o fato dos jogos facilitarem a criação de vínculos entre a matemática teórica e a prática. Se o estudante entende pra que serve, na prática, um determinado fundamento, ele terá muito mais facilidade para aprender e reter este conhecimento a longo prazo.
Corroborando, Vigostsky (1984) destaca que por meio do brinquedo aprende-se a agir em uma esfera cognitivista, tornando-se livre na determinação das próprias ações. Para o autor o brinquedo tem o papel de estimular a curiosidade, a autoconfiança, estimula o desenvolvimento da linguagem, do raciocínio, da concentração, bem como da atenção.
Neste trabalho voltado para o lúdico de buscar refletir em primeiro lugar sobre o sentido dos jogos a serem utilizados em sua prática pedagógica. É preciso conhecer a metodologia dos jogos e estabelecer objetivos a serem alcançados com a prática dos mesmos, bem como valer-se da maneira mais assertiva possível para a orientação dos alunos quanto aos conceitos e regras envolvidos nas atividades.
Quanto à utilização de jogos no trabalho docente, Nunes (1990) afirma o seguinte:
Para um trabalho pedagógico com jogos, além de buscar resgatar o gosto dos alunos pela descoberta pelo novo, o trabalho com o lúdico proporciona também o desenvolvimento das habilidades operatórias característica desta faixa etária. (Nunes, 1990, p.41)
Para Borin (1995) as atividades relativas aos jogos, quando devidamente coordenadas, assumem um importante papel no desenvolvimento em atividades como organização, atenção e concentração. A autora destaca a importância dessas atividades no aprendizado da Matemática, sendo as mesmas, de importância crucial na resolução de problemas. Outro fator positivo, segundo a autora, é o fato da utilização dos jogos de maneira didática estimular a capacidade de o aluno ver algo através de um determinado ponto de vista divergente do seu, bem como na organização dessas opiniões divergentes na busca por uma conclusão. A autora ainda destaca que mesmo tratando-se de jogos que envolvam matemática ainda observa-se um significativo desenvolvimento da linguagem, tendo em vista a argumentação e interação necessárias à troca de informações durante o jogo.
Smole (2004) corrobora afirmando que os jogos conduzem o aluno à busca de soluções originais, fato que facilita a resolução de todos os tipos de problemas. Contudo essa busca de soluções leva o estudante ao desenvolvimento e assimilação de conhecimentos relativos à matemática.
Deste modo entende-se que os jogos podem ser utilizados tanto na introdução de conteúdos, quanto para amadurecer seus conceitos e preparar o estudante para aprofundamento da matéria estudada. Contudo é importante ressaltar que os jogos a serem utilizados de maneira didática devem ser selecionados com muita cautela para que se escolham jogos capazes de transmitir os conceitos que se pretende trabalhar.
Nunes (1990) completa que o jogo configura-se como uma espécie de ponto de partida para que o aluno se familiarize com questões abstratas inteligência e reflexão visando a elaboração de estratégias para a dissolução do problema. O autor afirma também que o jogo estimula a abstração, a negociação e a autonomia.
Burin (1995) destaca que uma das possíveis utilizações de jogos no meio educacional é valendo-se dele com instrumento de diagnóstico das dificuldades apresentadas por alguns alunos. Haja vista que estes não sentem-se pressionados pelo jogo como ocorre com a avaliação tradicional.
Para Moura (1997) o jogo se aproxima do ensino da Matemática por intermédio do desenvolvimento de resolução de problemas.
Borin (1995) corrobora ao afirmar que a metodologia mais assertiva no desenvolvimento de uma postura crítica frente a qualquer tipo de situação que exija uma resposta é justamente a capacidade de resolução de problemas. A autora ainda destaca que cada jogada pode levar á reflexões como as expostas abaixo:
- Essa é a única jogada possível?
- Se houver outras alternativas, qual escolher e por que escolher esta ou aquela?
- Terminado o jogo, quais os erros e por que foram cometidos?
- Ainda é possível resolver o problema ou vencer o jogo, se forem mudados os dados ou as regras? (Borin, 1995, p. 10)
Assim para realizar suas jogadas com eficiência o aluno passa a organizar-se e buscar conhecimento.
Piaget (1991) ressalta que o jogo caracteriza-se como uma atividade lúdica do indivíduo socializado e atua contribuindo e influenciando na formação da criança para que haja um desenvolvimento sadio e democrático, promovendo aprendizado e interação social.
Smole (2004) salienta que os jogos utilizados não devem conter complexidade exagerado, como expõem abaixo:
As regras dos jogos devem ser simples e o jogo se torna mais interessante à medida que os estudantes começam a criar estratégias elaboradas e se aprimoram na antecipação das jogadas. (Smole, 2004, p.59)
Entende-se assim a atmosfera dos jogos como parte das atividades pedagógicas, criando estímulos para o aprendizado.
Groenwald (2002) classifica os jogos como:
1- Jogos Estratégicos: nestes jogos são trabalhadas as habilidades compositoras do raciocínio lógico. Neste caso, o aluno lê as regras e monta estratégias no intuito de atingir os objetivos propostos. O fator sorte não interfere nos resultados desse tipo de jogo.
2- Jogos de treinamento: são jogos de fixação de conceitos que podem ser usados como uma espécie de reforço em determinados momentos do processo de ensino. Neles geralmente o fator sorte impõem grande influencia no resultado final.
3- Jogos Geométricos: buscam desenvolver habilidades como observação e pensamento lógico através de figuras geométricas, polígonos e ângulos. Alguns autores consideram os jogos geométricos como jogos de construção.
Groenwald (2002) ainda enumera uma série de benefícios da utilização dos jogos matemáticos como apoio didático em sala de aula:
O aluno demonstra para seus colegas e professores se o assunto foi bem assimilado;
Detectar os alunos que estão com dificuldades reais;
Competição entre as crianças, pois almejam vencer e para isso aperfeiçoam-se e ultrapassam seus limites;
No desenrolar de um jogo observa-se que o aluno se torna mais crítico, alerta e confiante, expressando o que pensa, elaborando perguntas e tirando conclusões sem necessidade da interferência ou aprovação do professor;
Permite que o aluno não tenha medo de errar, pois o erro é considerado um degrau necessário para se chegar a uma resposta correta;
A criança se empolga com o clima de uma aula diferente, o que faz com que aprenda sem perceber. (Groenwald, 2002, p.2)
O autor destaca também a importância de se tomar alguns cuidados no momento da escolha dos jogos. Para ele é importante não fazer do jogo uma atividade obrigatória, escolher jogos em que o fator sorte não interfira nos resultados, escolher atividades que envolvam dois ou mais alunos para estimular o trabalho em grupo, buscar ferramentas para minimizar o sentimento de derrota e estudar o jogo antes de levar para os alunos.
Conclusão
Diante do exposto, concluiu-se que a utilização de jogos e brincadeiras no ensino da Matemática auxilia da obtenção de resultados positivos no processo de ensino/aprendizagem.
Nota-se que as atividades lúdicas fazem com que os alunos deixem de lado o paradigma de que o estudo é uma atividade penosa e cansativa e se dediquem às atividades propostas de maneira mais espontânea e efetiva.
Ao passo em que o estudante aprende e se diverte ao mesmo tempo, a fixação dos conceitos se prazerosa e duradoura tendo em vista que o estudo está associado a momentos de prazer e alegria. O aluno se vê estimulado a buscar o conhecimento como ferramenta para obter melhor resultado no jogo.
Outro importante fator observado na utilização do jogo em sala de aula é a socialização. Trabalhando em conjunto os estudantes tem oportunidade de estreitar relações sociais e interagir de maneira mais dinâmica uns com os outros.
Conclui-se por fim que os jogos, quando bem escolhidos e bem trabalhados, tendem a se mostrar como importantes ferramentas didáticas, bem como trazer grandes benefícios ao processo de ensino/aprendizagem.
REFERÊNCIAS
BORIN, J. Jogos e Resolução de Problemas: Uma estratégia para as aulas de Matemática. São Paulo: IME-USP, 1995.
GRANDO, R. C. O conhecimento matemático e uso de jogos na sala de aula. Campinas 2000 ( tese de doutorado ), 217p
GROENWALD, C.L.O.; TIMM, U.T. Utilizando curiosidades e jogos matemáticos em sala de aula, disponível em http://WWW.somatematica.com.br/artigos/AL/. Acesso em: novembro 2016.
KAMII, C; DECLARCK, G. Reinventando a Aritmética, aplicações da teoria de Piaget. Porto Alegre, R.S, 2001, 308p
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÂO, Secretaria da educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais. 2ª ed. Brasília, 2000. 142 p.
MOURA, M. O. A séria busca no jogo: do lúdico na matemática. A educação matemática em revista: SBEM,v3,1994.
PIAGET, J, A. Formação do Símbolo na Criança. Rio de Janeiro: Zahar, 1971, 370p. REVISTA DE PROFESSOR, Nova Escola, 2003, 2007
VIGOSTSKY, L. S. A formação Social da Mente. SP: Martins Fontes, 1984.
[1] Licenciado em Matemática. Especialista em Educação Matemática. Atua na Rede Pública de Ensino. O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.