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UTILIZAÇÃO DE JOGOS NO ENSINO DA MATEMÁTICA

Nelton Rodrigues Neves[1]

 

RESUMO

O presente artigo traz como foco a observação dos benefícios angariados pela utilização de jogos no ensino da matemática. Observa-se, assim, que tais atividades lúdicas fazem com que o aluno aprenda de forma divertida e descontraída.   Realizou-se uma pesquisa bibliográfica considerando as contribuições de autores como Borin (1995), Grando (2005), Groenwald (2002), Kamii (2001), Moura (1997), Nunes (1990), Piaget (1991) e Smole (2004). Pode-se concluir que o emprego de jogos no ensino de Matemática torna o aprendizado mais fácil e eficiente, no entanto ressaltou-se a importância de se escolher com atenção e cautela os jogos a serem utilizados em sala de aula, bem como a necessidade de o professor buscar um profundo conhecimento do jogo antes de leva-lo aos alunos.

Palavras-chave: Ensino. Jogos. Lúdico. Matemática.

 

ABSTRACT

This article focuses on the observation of the benefits of using games in mathematics teaching. It is observed, therefore, that such ludic activities cause the student to learn in a fun and relaxed way. A bibliographical research was carried out considering the contributions of Borin (1995), Grando (2005), Groenwald (2002), Kamii (2001), Moura (1997), Nunes (1990), Piaget ). It can be concluded that the use of games in teaching mathematics makes learning easier and more efficient, however, it was emphasized the importance of carefully and carefully choosing the games to be used in the classroom, as well as the need to The teacher seeks a thorough knowledge of the game before taking it to the students.

Keywords: Teaching. Games. Playful. Mathematics.

 

Introdução

 

O presente trabalho de pesquisa tem como foco a utilização de jogos no ensino da Matemática em sala de aula. Deste modo, investiga também os benefícios trazidos pelo emprego de atividades lúdicas na educação fazendo com que o processo de ensino/aprendizagem se torne mais fácil e agradável tanto para o aluno quanto para o professor.

Observou-se ao longo do trabalho que a utilização dos jogos no ensino da matemática desperta nos estudantes a vontade de aprender. Tendo em vista que o conhecimento da disciplina o levará a obter melhores resultados no jogo.

Outro fator importante observado está no fato dos jogos matemáticos estimularem o raciocínio lógico, o trabalho em grupo e a socialização.

Para Moura (1997) os jogos que envolvem matemática constituem um amplo campo para pesquisa e investigação, tendo em vista que sua utilização como meio pedagógico em sala de aula ainda é bastante restrito. O autor salienta a importância dos jogos no ensino da matemática afirmando que a análise desta nova tendência mostra-se cada vez mais importante para que se assuma de maneira consciente o papel de educador.

Contudo, foi possível perceber que a escolha do jogo a ser utilizado é fator fundamental para que se alcance os objetivos esperados com sua prática. Além disso é de fundamental importância que o professor entenda profundamente o jogo antes de leva-lo à sala de aula.

O presente texto foi elaborado a partir do método de revisão bibliográfica à luz de autores como Borin (1995), Grando (2005), Groenwald (2002), Kamii (2001), Moura (1997), Nunes (1990), Piaget (1991) e Smole (2004).

 

Desenvolvimento

 

O convívio com escolas e com a educação de um modo geral evidencia o importante papel da utilização de jogos no ensino/aprendizagem de matemática. Esta prática é capaz de derrubar a antipatia que a maioria dos alunos possui por essa disciplina e transmitir conceitos de maneira prática e palpável.  Deste modo, a aula de matemática fica mais envolvente, além de estimular o convívio social, desenvolver o raciocínio lógico e o trabalho em grupo.

Grando (2005) afirma que a utilização de jogos no ensino da matemática ajudam na fixação dos conceitos aprendidos, facilitam a introdução e o desenvolvimento dos conteúdos e estimulam a criatividade.

Kamii (2001) também destaca está prática:

 

O uso de jogos para ensinar aritmética não é uma prática nova. Muitos professores já o utilizavam há longo tempo. No entanto, ele tem sido usado apenas como um complemento para reforço de aprendizagem, parte de lições (...) também usado como prêmio em atividades extras para crianças que já acabaram o trabalho. (KAMII, 2001, p.16)

 

É importante destacar que o emprego da ludicidade mostra-se como uma importante ferramenta de ensino em qualquer faixa etária. Ao promover uma situação de descontração e aparente brincadeira, as atividades lúdicas descontraem os alunos, fazendo com que eles aprendam sem se darem conta de que estão estudando. Deste modo há uma assimilação mais eficaz e duradoura dos conteúdos e conceitos.

Neste sentido, pode-se afirmar que no caso específico da matemática, os jogos e brincadeiras exercem ao menos dois grandes papeis no processo de ensino. O primeiro deles seria o de fazer o discente esquecer que está executando a dura e cansativa tarefa de estudar matemática, entregando-se de maneira completa ao entendimento do jogo. O outro papel em destaque é o fato dos jogos facilitarem a criação de vínculos entre a matemática teórica e a prática. Se o estudante entende pra que serve, na prática, um determinado fundamento, ele terá muito mais facilidade para aprender e reter este conhecimento a longo prazo.

Corroborando, Vigostsky (1984) destaca que por meio do brinquedo aprende-se a agir em uma esfera cognitivista, tornando-se livre na determinação das próprias ações. Para o autor o brinquedo tem o papel de estimular a curiosidade, a autoconfiança, estimula o desenvolvimento da linguagem, do raciocínio, da concentração, bem como da atenção.

Neste trabalho voltado para o lúdico de buscar refletir em primeiro lugar sobre o sentido dos jogos a serem utilizados em sua prática pedagógica. É preciso conhecer a metodologia dos jogos e estabelecer objetivos a serem alcançados com a prática dos mesmos, bem como valer-se da maneira mais assertiva possível para a orientação dos alunos quanto aos conceitos e regras envolvidos nas atividades.

Quanto à utilização de jogos no trabalho docente, Nunes (1990) afirma o seguinte:

 

Para um trabalho pedagógico com jogos, além de buscar resgatar o gosto dos alunos pela descoberta pelo novo, o trabalho com o lúdico proporciona também o desenvolvimento das habilidades operatórias característica desta faixa etária. (Nunes, 1990, p.41)

 

Para Borin (1995) as atividades relativas aos jogos, quando devidamente coordenadas, assumem um importante papel no desenvolvimento em atividades como organização, atenção e concentração. A autora destaca a importância dessas atividades no aprendizado da Matemática, sendo as mesmas, de importância crucial na resolução de problemas. Outro fator positivo, segundo a autora, é o fato da utilização dos jogos de maneira didática estimular a capacidade de o aluno ver algo através de um determinado ponto de vista divergente do seu, bem como na organização dessas opiniões divergentes na busca por uma conclusão. A autora ainda destaca que mesmo tratando-se de jogos que envolvam matemática ainda observa-se um significativo desenvolvimento da linguagem, tendo em vista a argumentação e interação necessárias à troca de informações durante o jogo.

Smole (2004) corrobora afirmando que os jogos conduzem o aluno à busca de soluções originais, fato que facilita a resolução de todos os tipos de problemas. Contudo essa busca de soluções leva o estudante ao desenvolvimento e assimilação de conhecimentos relativos à matemática.

Deste modo entende-se que os jogos podem ser utilizados tanto na introdução de conteúdos, quanto para amadurecer seus conceitos e preparar o estudante para aprofundamento da matéria estudada. Contudo é importante ressaltar que os jogos a serem utilizados de maneira didática devem ser selecionados com muita cautela para que se escolham jogos capazes de transmitir os conceitos que se pretende trabalhar.

Nunes (1990) completa que o jogo configura-se como uma espécie de ponto de partida para que o aluno se familiarize com questões abstratas inteligência e reflexão visando a elaboração de estratégias para a dissolução do problema. O autor afirma também que o jogo estimula a abstração, a negociação e a autonomia.

Burin (1995) destaca que uma das possíveis utilizações de jogos no meio educacional é valendo-se dele com instrumento de diagnóstico das dificuldades apresentadas por alguns alunos. Haja vista que estes não sentem-se pressionados pelo jogo como ocorre com a avaliação tradicional.

Para Moura (1997) o jogo se aproxima do ensino da Matemática por intermédio do desenvolvimento de resolução de problemas.

Borin (1995) corrobora ao afirmar que a metodologia mais assertiva no desenvolvimento de uma postura crítica frente a qualquer tipo de situação que exija uma resposta é justamente a capacidade de resolução de problemas. A autora ainda destaca que cada jogada pode levar á reflexões como as expostas abaixo:

 

- Essa é a única jogada possível?

- Se houver outras alternativas, qual escolher e por que escolher esta ou aquela?

- Terminado o jogo, quais os erros e por que foram cometidos?

- Ainda é possível resolver o problema ou vencer o jogo, se forem mudados os dados ou as regras? (Borin, 1995, p. 10)

 

Assim para realizar suas jogadas com eficiência o aluno passa a organizar-se e buscar conhecimento.

Piaget (1991) ressalta que o jogo caracteriza-se como uma atividade lúdica do indivíduo socializado e atua contribuindo e influenciando na formação da criança para que haja um desenvolvimento sadio e democrático, promovendo aprendizado e interação social.

Smole (2004) salienta que os jogos utilizados não devem conter complexidade exagerado, como expõem abaixo:

 

As regras dos jogos devem ser simples e o jogo se torna mais interessante à medida que os estudantes começam a criar estratégias elaboradas e se aprimoram na antecipação das jogadas. (Smole, 2004, p.59)

 

Entende-se assim a atmosfera dos jogos como parte das atividades pedagógicas, criando estímulos para o aprendizado.

Groenwald (2002) classifica os jogos como:

1-    Jogos Estratégicos: nestes jogos são trabalhadas as habilidades compositoras do raciocínio lógico. Neste caso, o aluno lê as regras e monta estratégias no intuito de atingir os objetivos propostos.  O fator sorte não interfere nos resultados desse tipo de jogo.

2-    Jogos de treinamento: são jogos de fixação de conceitos que podem ser usados como uma espécie de reforço em determinados momentos do processo de ensino. Neles geralmente o fator sorte impõem grande influencia no resultado final.

3-    Jogos Geométricos: buscam desenvolver habilidades como observação e pensamento lógico através de figuras geométricas, polígonos e ângulos. Alguns autores consideram os jogos geométricos como jogos de construção.

Groenwald (2002) ainda enumera uma série de benefícios da utilização dos jogos matemáticos como apoio didático em sala de aula:

 

O aluno demonstra para seus colegas e professores se o assunto foi bem assimilado;

Detectar os alunos que estão com dificuldades reais;

Competição entre as crianças, pois almejam vencer e para isso aperfeiçoam-se e ultrapassam seus limites;

No desenrolar de um jogo observa-se que o aluno se torna mais crítico, alerta e confiante, expressando o que pensa, elaborando perguntas e tirando conclusões sem necessidade da interferência ou aprovação do professor;

Permite que o aluno não tenha medo de errar, pois o erro é considerado um degrau necessário para se chegar a uma resposta correta;

A criança se empolga com o clima de uma aula diferente, o que faz com que aprenda sem perceber. (Groenwald, 2002, p.2)

 

O autor destaca também a importância de se tomar alguns cuidados no momento da escolha dos jogos. Para ele é importante não fazer do jogo uma atividade obrigatória, escolher jogos em que o fator sorte não interfira nos resultados, escolher atividades que envolvam dois ou mais alunos para estimular o trabalho em grupo, buscar ferramentas para minimizar o sentimento de derrota e estudar o jogo antes de levar para os alunos.

 

Conclusão

 

Diante do exposto, concluiu-se que a utilização de jogos e brincadeiras no ensino da Matemática auxilia da obtenção de resultados positivos no processo de ensino/aprendizagem.

Nota-se que as atividades lúdicas fazem com que os alunos deixem de lado o paradigma de que o estudo é uma atividade penosa e cansativa e se dediquem às atividades propostas de maneira mais espontânea e efetiva.

Ao passo em que o estudante aprende e se diverte ao mesmo tempo, a fixação dos conceitos se prazerosa e duradoura tendo em vista que o estudo está associado a momentos de prazer e alegria. O aluno se vê estimulado a buscar o conhecimento como ferramenta para obter melhor resultado no jogo.

Outro importante fator observado na utilização do jogo em sala de aula é a socialização. Trabalhando em conjunto os estudantes tem oportunidade de estreitar relações sociais e interagir de maneira mais dinâmica uns com os outros.

Conclui-se por fim que os jogos, quando bem escolhidos e bem trabalhados, tendem a se mostrar como importantes ferramentas didáticas, bem como trazer grandes benefícios ao processo de ensino/aprendizagem.

 

REFERÊNCIAS

 

BORIN, J. Jogos e Resolução de Problemas: Uma estratégia para as aulas de Matemática. São Paulo: IME-USP, 1995.

 

GRANDO, R. C. O conhecimento matemático e uso de jogos na sala de aula. Campinas 2000 ( tese de doutorado ), 217p

 

GROENWALD, C.L.O.; TIMM, U.T. Utilizando curiosidades e jogos matemáticos em sala de aula, disponível em http://WWW.somatematica.com.br/artigos/AL/. Acesso em: novembro 2016.

 

KAMII, C; DECLARCK, G. Reinventando a Aritmética, aplicações da teoria de Piaget. Porto Alegre, R.S, 2001, 308p

 

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÂO, Secretaria da educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais. 2ª ed. Brasília, 2000. 142 p.

 

MOURA, M. O. A séria busca no jogo: do lúdico na matemática. A educação matemática em revista: SBEM,v3,1994.

 

PIAGET, J, A. Formação do Símbolo na Criança. Rio de Janeiro: Zahar, 1971, 370p. REVISTA DE PROFESSOR, Nova Escola, 2003, 2007

 

VIGOSTSKY, L. S. A formação Social da Mente. SP: Martins Fontes, 1984.

 



[1] Licenciado em Matemática. Especialista em Educação Matemática. Atua na Rede Pública de Ensino. O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.

CONSEQUÊNCIAS DA DEFICIÊNCIA DO ESTUDO DE CÁLCULO DIFERENCIAL NO ENSINO MÉDIO

Nelton Rodrigues Neves[1]

 

RESUMO

A presente pesquisa tem por objetivo principal analisar as consequências da deficiência do ensino de Cálculo no Ensino Médio. Nota-se que tal conteúdo tem sido negligenciado por professores e escolas para enfatizar o estudo dos conteúdos que são cobrados em exames vestibulares e ENEM. Outra causa dessa negligência tem sido as dificuldades encontradas para se trabalhar o Cálculo Diferencial em sala de aula, tendo em vista que, na maior parte das vezes os alunos não assimilaram os conceitos necessários trabalhados nos anos escolares anteriores.  Para o cumprimento dos objetivos deste trabalho, utilizou-se o método de pesquisa bibliográfica embasando-se nas teorias de autores como Ávila (1991), Duclos (1992), Freire (1987). Meyer (2002), Miorim (1998), Rezende (2003), entre outros. Contudo, é nas instituições de ensino superior que se observam os reflexos desta defasagem educacional que vem ocorrendo no Ensino Médio. Os alunos chegam à universidade sem o conhecimento básico que deveriam ter sobre o assunto. Deste modo, enfrentam severas dificuldades. Como consequência, observa-se elevado índice de reprovação na disciplina.

Palavras-chave: Cálculo Diferencial. Ensino Médio. Matemática.

 

ABSTRACT

The present research has as main objective to analyze the consequences of the deficiency of the teaching of Calculation in High School. It is noted that such content has been neglected by teachers and schools to emphasize the study of contents that are charged in vestibular exams and ENEM. Another cause of this neglect has been the difficulties encountered in working with Differential Calculus in the classroom, since most of the time students did not assimilate the necessary concepts worked on in previous school years. For the accomplishment of the objectives of this work, the method of bibliographical research was used based on the theories of authors like Ávila (1991), Duclos (1992), Freire (1987). Meyer (2002), Miorim (1998), Rezende (2003), among others. However, it is in higher education institutions that we observe the reflexes of this educational gap that has been taking place in High School. Students come to university without the basic knowledge they should have on the subject. In this way, they face severe difficulties. As a consequence, there is a high rate of disapproval in the discipline.

Keywords: Differential Calculus. High school. Mathematics.

 

Introdução

 

O objetivo principal desta pesquisa é analisar as consequências da deficiência do ensino de Cálculo no Ensino Médio.

O Cálculo mostra-se como importante ramo da Matemática sendo desenvolvido a partir da Álgebra e Geometria. Está disciplina está presente em diversas áreas do conhecimento e integra a matriz curricular de grande parte dos cursos de nível superior.

Observa-se se o Cálculo Diferencial integra a grade curricular do Ensino Médio, mas apesar disso, na prática tal conteúdo vem sendo excluído de boa parte das escolas.

Tal exclusão deve-se a vários fatores que serão discutidos ao longo deste trabalho. No entanto, o principal deles está ligado ao fato das escolas e professores privilegiarem os conteúdos cobrados nos exames vestibulares e no ENEM, deixando de lado o Cálculo Diferencial.

As consequências desta negligência são notadas nos cursos de nível superior. Os alunos chegam à faculdade sem a bagagem necessária para cursarem a disciplina de Cálculo que compõe a matriz de significativo número de cursos. Deste modo, enfrentam severas dificuldades que muitas vezes culminam e reprovação e posterior abandono do curso.

Para o cumprimento dos objetivos da pesquisa, utilizou-se o método de revisão bibliográfica fundamentando-se nos trabalhos e teorias de autores como Ávila (1991), Duclos (1992), Freire (1987). Meyer (2002), Miorim (1998), Rezende (2003), entre outros.

 

Desenvolvimento

Observa-se que grande parte dos alunos de cursos de graduação com alguma ligação com a área de exatas enfrentam severas dificuldades em disciplinas que envolvam cálculo no tocante ao entendimento dos conceitos, bem como de suas aplicações. Entende-se que esta dificuldade esteja sendo causada por deficiências oriundas do ensino médio.

Neste sentido, observa-se um grande índice de reprovação na disciplina de Cálculo Diferencial na maioria das universidades brasileiras, tornando-se um grande desafio tanto para às instituições quanto para os professores trabalharem está disciplina.

Até as décadas de 50 e 60 a matemática foi trabalhada nas escolas através do método popularmente chamado de convencional. Na tentativa de tornar mais agradável o ensino da matemática, iniciou-se nesse período o movimento conhecido como Matemática Moderna. A ideia era modernizar os métodos e práticas pedagógicas envolvidas no ensino da Matemática. Deste modo, muitas transformações ocorreram de lá pra cá. Excluíram-se do currículo importantes programas como o Cálculo Diferencial.  

Ávila (1991) questiona sobre a exclusão do ensino de Cálculo Diferencial e Integral do currículo do Ensino Médio:

 

Por que não ensinamos cálculo na escola de segundo grau? Será que é um assunto muito difícil? Foi sempre assim no passado, ou já houve época em que o cálculo era ensinado na escola secundária? E nos outros países, como é a situação? É ou não conveniente introduzir o cálculo no ensino? Por que? Como fazer isso? (ÁVILA, 1991, p.1)

 

Nas últimas décadas o processo de ensino/aprendizagem vem passando por intenso processo de debates, alterações e desenvolvimento na busca por melhoria na qualidade do ensino brasileiro como um todo. Seguindo esta tendência, os PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais) mostram que o papel da escola vai além de simplesmente transmitir conhecimentos de acordo com o currículo estipulado. Com isso enfatiza-se:

 

Um ensino de qualidade que busca formar cidadãos capazes de interferir criticamente na realidade para transformá-la deve também contemplar o desenvolvimento de capacidades que possibilitem adaptações às complexas condições e alternativas de trabalho que temos hoje e a lidar com a rapidez na produção e na circulação de novos conhecimentos e informações, que têm sido avassaladores e crescentes. A formação escolar deve possibilitar aos alunos condições para desenvolver competências e consciência profissional, mas não se restringir ao ensino de habilidades imediatamente demandadas pelo mercado de trabalho. (BRASIL, 2002)

 

Deste modo, entende-se que a cidadania, bem como o pensamento crítico devem ser considerados como habilidades direcionadoras dos trabalhos a serem realizados pela equipe escolar.

Na atualidade uma introdução ao Cálculo integra a grade curricular do Ensino Médio. No entanto observa-se que na prática tal estudo vem sendo negligenciado por boa parte dos professores de matemática como se este conhecimento, ou a falta dele, não fosse influenciar futuro de seus alunos.

Duclos (1992) critica os atuais programas de ensino de matemática afirmando que estão mal estruturados. O autor ainda salienta o equívoco em se apontar a extensão exagerada dos programas de ensino como desculpas para não trabalhar adequadamente os conteúdos de Cálculo no Ensino Médio.

A necessidade, do ponto de vista das escolas e professores, de preparar os alunos para o vestibular e o ENEM, mostra-se como outro fator que também se constitui como pretexto para não dispensar a atenção necessária ao estudo de cálculo no Ensino Médio. Preocupados primeiramente em “despejar” o conteúdo programático sobre seus alunos enfatizando o pontos que parecem garantir maior pontuação nesses exames, os professores acabam não separando tempo para o ensino adequado de Cálculo.

Deste modo, o processo de ensino/aprendizagem acaba, muitas vezes, resumindo-se à mera transmissão de conteúdo com o único objetivo de se angariar pontos em uma avalição. Sobre este problema, Freire (1987) corrobora afirmando:

 

A educação se torna um ato de depositar em que todos os educandos são depositários e o educador o depositante. Em lugar de comunicar-se, o educador faz “comunicados” e depósitos que os educandos, meras incidências, recebem pacientemente, memorizam e repete. Eis a concepção bancária da educação, em que a única margem de ação que se oferece aos educandos é a de receberem depósitos, guarda-los e arquivá-los. (Freire, 1987, p. 58)

 

Como consequência deste cenário vemos um déficit de qualidade de qualidade ao se considerar a realidade curricular trabalhada no Ensino Médio e o que as faculdades e universidades esperam que seus ingressantes tenham angariado de bagagem em nível de conhecimento neste período.

Entende-se o Cálculo como sendo uma das disciplinas de maior importância entre as trabalhados no Ensino Superior, tendo em vista o fato de tal disciplina estar presente em cursos de diversas áreas do conhecimento.

Assim, Meyer (2002) afirma o seguinte:

 

O ensino do Cálculo tem sido responsabilizado por um grande número de reprovações e de evasões de estudantes universitário. É comum em nossas universidades a reclamação, por parte dos alunos ou por parte dos professores de outras áreas, da existência de esforços para tornar o Cálculo interessante e útil. (Meyer, 2002, p.121).

 

Outro problema enfrentado em se trabalhar Cálculo no Ensino Médio é justamente a metodologia empregada nas aulas. Em geral o ensino de tal conteúdo está baseado em aula expositiva, onde o professor apresenta definições, propriedades e alguns exemplos para que posteriormente os alunos resolvam listas intermináveis de exercícios. Esta metodologia de ensino não atrai a atenção do aluno e fortalece o paradigma de que matemática é uma matéria “chata”, difícil de entender e da qual ninguém gosta.

A quantidade de conceitos pré-assimilados, necessário ao bom entendimento dos conteúdos trabalhados em Cálculo Diferencial também mostra-se como outro entrave. Tal problemática ocorre pela deficiência da sequência lógica adotada pelo sistema educacional do ensino da Matemática, bem como pela má assimilação ou o esquecimento destes conceitos básicos estudados em anos escolares anteriores.

Ávila (1991) destaca mais uma vez a importância do estudo de Cálculo no Ensino Médio:

 

O cálculo vem desempenhando um papel de grande relevância em todo desenvolvimento científico-tecnológico. Portanto, descarta-lo do ensino é grave porque deixa de lado uma componente significativa e certamente a mais relevante da Matemática para a formação do aluno num contexto de ensino moderno e atual (Ávila, 1991, p.42)

 

Contudo, observe-se que o professor ao se dedicar ao ensino de Cálculo no Ensino Médio acaba por ver-se obrigado a trabalhar conceitos que já deveriam fazer parte do conhecimento dos alunos. Este problema, além de tornar o ensino da disciplina ainda mais penoso, ainda dispensa um tempo muito maior que o inicialmente programado para assimilação dos conceitos por parte dos estudantes. Este fator acaba por desestimular o docente e também os alunos.

Ávila (1991) afirma que os professores de matemática insistem na ideia de cumprir programas demasiado extensos e mal estruturados que apresentam conteúdos fragmentados. O autor salienta que seria de muito mais utilidade reduzir o tempo destinado ao estudo de nomenclaturas de pouca utilidade prática e utilizar este tempo para o ensino das noções básicas do Cálculo, bem como de suas aplicações.

Sadovsky (2007) afirma que para existir um aprendizado real no tocante à Matemática faz-se necessário que o ensino tenha como ponto de partida o concreto e a partir de uma sequência lógica conduza aos conceitos abstratos. Visto que ao iniciar-se do abstrato o entendimento dos conceitos por parte dos alunos, torna-se muito mais difícil já que impede a mente do aluno de percorrer o caminho lógico dos fatos e redescobrir, conduzido pelo professor, o conhecimento. O autor destaca ainda que não existe um momento específico no desenvolvimento intelectual do ser que não haja, em maior ou menor grau, estruturas lógicas se formando por meio de suas experiências. Destete modo o estudante pensa e redescobre relações para, por fim, chegar a conclusões lógicas.

Rezende (2003) complementa:

 

O sucesso do ensino da matemática está condicionado a uma preparação da s ideias básicas do Cálculo no ensino básico de Matemática. Ao permitir o Cálculo participar efetivamente da tecedura do conhecimento matemático do ensino básico, acreditamos que as dificuldades de aprendizagem do ensino superior de Cálculo será em grande parte superadas, tanto quanto as do próprio ensino da Matemática (Rezende, 2003)

 

Muitos autores acreditam que uma maior interdisciplinaridade poderia ser uma solução, ou parte da solução, para os problemas encontrados no ensino da Matemática. Deste modo, poderia haver uma maior interligação de conceitos permitindo aos estudantes entender, até certo ponto, a parte prática da matemática em suas vidas.

 

Conclusão

Ficou evidente ao longo da presente pesquisa que o ensino de Cálculo no Ensino Médio, na maioria das vezes, tem sido negligenciado ou trabalhado de maneira insuficiente em detrimento de professores e escolas estarem privilegiando os conteúdos que são cobrados em exames vestibulares e no ENEM.

Entende-se que tal prática vem deixando uma grave lacuna na formação dos estudantes a nível médio. Está falha tem refletido diretamente nas instituições de ensino superior. Nota-se que o Cálculo Diferencial é uma disciplina que integra a grade de uma significativa quantidade de cursos universitários de todas as áreas de conhecimento.

Constatou-se, dessa maneira, que boa parte dos alunos ingressantes nas universidades enfrentam grandes dificuldades na disciplina de Cálculo, sendo essas dificuldades o principal motivo do grande índice de reprovação na disciplina, bem como de abandone de curso.

Conclui-se, assim, que uma reestruturação do sistema de ensino da matemática, sobretudo no Ensino Médio, seria de grande importância para a estruturação de um sistema educacional mais eficiente e integrado onde o objetivo principal seja a utilidade prática dos conhecimentos adquiridos e não apenas angariar nota para aprovação.

 

 

REFERÊNCIAS

 

ÁVILA, G. O Ensino do Cálculo no Segundo Grau. In: Revista do Professor de Matemática, n.18, Rio de Janeiro, Sociedade Brasileira de Matemática (SBM), 1991, p.1-9.

 

Duclos, R. C. Cálculo no Segundo Grau. In: Revista do Professor de Matemática, n. 20, Rio de Janeiro, Sociedade Brasileira de Matemática (SBM), 1992, p.26-30.

 

Freire, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro. Paz e Terra, 1987.

 

Meyer, João Frederico da Costa. Souza Júnior, Arlindo José de.  A utilização do computador nos processos de ensinar-aprender Cálculo: a construção de 9 grupos de ensino com pesquisa no interior da Universidade. Zetetiké, Cmpem, Campinas: UNICAMP, v.10, n. 17-18, janeiro, 2002.

 

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (PCN-EM). Brasil.MEC/SEMTEC – Secretaria de Educação Média e Tecnológica, Brasília, 2002.

 

Miorim, Maria A. Introdução à história da educação matemática. São Paulo: Atual, 1998.

 

Rezende, Wanderley Moura. O ensino de Cálculo: Dificuldades de Natureza Epistemológica.  Anais do II SIPEM _ Seminário Internacional de Pesquisa em Educação Matemática _ 29 do outubro a 1o de novembro de 2003. Santos, Sp. (CD-Rom)

 



[1] Licenciado em Matemática. Especialista em Educação Matemática. Atua na Rede Pública de Ensino. O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.

ANÁLISE DA POSSIBILIDADE DE IMPETRAÇÃO DE HABEAS CORPUS PARA ANIMAIS NÃO HUMANOS

Léo Ricardo Mussi[1]

 

RESUMO

O presente artigo científico tem por objetivo analisar a possibilidade de se impetrar Habeas Corpus em favor de animais não humanos. Tal remédio Constitucional, que visa a manutenção do direito à liberdade, tem sido usado, por vezes, na tentativa de manutenção de direitos dos animais, mas esta seria a peça processual adequada? Através da análise doutrinária e jurisprudencial, será discutido se animais são sujeitos de direito, ou objetos de direito, e se pode ser atribuído a estes o status de “pessoa”. Com base no exposto por diversos doutrinadores, como José Afonso da Silva e Manoel Gonçalves na área processual, Caio Mario da Silva Pereira e Orlando Gomes, no ramo civil, Damásio

de Jesus e Fernando Capez no processo penal, além de diversos outros, buscamos conceituar os pontos de principal divergência, com base no tema, expondo ao fim uma opinião concisa e clara. Através da observação de jurisprudência nacional e internacional, este projeto busca também situar de forma ampla a compreensão jurídica atual do tema, além de expor para qual opinião o judiciário atualmente pende. Pode-se observar uma transformação do Direito, que se mostra em transição, ampliando sua abrangência lentamente para que se possa favorecer, de forma adequada, os direitos dos animais.

Palavras-chave: Direito Constitucional. Direito dos Animais.   Habeas Corpus. Sujeito de Direito.

 

ABSTRACT

The present scientific article aims to analyze the possibility of applying Habeas Corpus in favor of nonhuman animals. Such a constitutional remedy, which aims at maintaining the right to freedom, has sometimes been used in the attempt to maintain animal rights, but would this be the appropriate procedural element? Through doctrinal and jurisprudential analysis, it will be discussed whether animals are subjects of law, or objects of law, and whether they can be attributed to the status of "person." Based on what was exposed by several professors, such as José Afonso da Silva and Manoel Gonçalves in the process area, Caio Mario da Silva Pereira and Orlando Gomes, in the civil branch, Damásio Of Jesus and Fernando Capez in the criminal process, besides several others, we tried to conceptualize the points of main divergence, based on the subject, exposing to the end a concise and clear opinion. Through the observation of national and international jurisprudence, this project also seeks to situate broadly the current legal understanding of the topic, as well as to explain to which opinion the judiciary currently hangs. One can observe a transformation of the law, which shows itself in transition, slowly expanding its range so that animal rights can be properly favored.

Keywords: Constitutional Law. Animal Rights. Habeas Corpus. Subject of Law.

 

1 – INTRODUÇÃO

 

O Habeas Corpus, consagrado desde o século XIII como garantia que visa proteger o direito à liberdade humana, vem ganhando, aos poucos, no século XXI, espaço na luta pela liberdade de animais não humanos, em uma tentativa de revolucionar tanto o tratamento quanto o entendimento que atualmente o direito destina a tais seres. Dessa forma nos indagamos até onde vai o direito dos animais não humanos.

Poderiam estes serem pacientes em ações de Habeas Corpus? São considerados sujeitos ou objetos de direito? O Direito, com sua evolução, chegará algum dia a atribuir para animais não humanos o status de “pessoa”? Estas são algumas das perguntas que norteiam a criação deste projeto científico, que busca esclarecer de forma coesa e racional todas estas questões, até chegar à conclusão principal, que trata da possibilidade – ou não – da impetração de Habeas Corpus para animais.

Podemos observar, atualmente, uma série de julgados que se referem ao tema, bem como uma discussão doutrinária acerca do assunto. O presente artigo analisará a fundo todos os dados referentes ao seu tema principal, tanto jurisprudenciais quanto doutrinários, objetivando uma resposta clara para a problemática dúvida.

Buscou-se através de extensa base doutrinária, esgotar aquilo que se refere o assunto, analisando doutrinas constitucionais de José Afonso da Silva, Manoel Gonçalves Ferreira Filho e Gilmar Mendes, civis de Caio Mario da Silva Pereira, Sílvio de Salvo Venosa e Maria Helena Dinis, e processuais penais de Guilherme de Souza Nucci, Fernando da Costa Tourinho Filho e Fernando Capez.

Foram pesquisados e analisados exaustivamente os julgados existentes sobre o tema, buscando um entendimento detalhado das decisões que formam a atual jurisprudência, bem como suas devidas motivações. Foram analisadas não apenas decisões nacionais, como também diversos julgados internacionais, buscando uma compreensão melhor com relação ao tema, e observando amplamente o espaço que este ocupa no cenário jurídico atual.

Este projeto se divide, sistematicamente, em seis partes. Tratamos inicialmente, neste capítulo, de introduzir o tema que será abordado, bem como sua relevância social, e o método de pesquisa utilizado.

No capítulo dois, iremos analisar de forma breve, o Instituto do Habeas Corpus. Trazendo uma sucinta apresentação da evolução histórica Deste remédio Constitucional, bem como sua breve conceituação.

Entrando no terceiro capítulo, analisaremos de forma profunda a jurisprudência internacional existente, citando diversos julgados e observando, de forma ampla, a opinião internacional acerca do tema.

Será no quarto capítulo que abordaremos os julgados nacionais, que formam nossa jurisprudência e nos demonstram o posicionamento – não unanime – que o judiciário brasileiro tem adotado.

O quinto capítulo traz a compreensão da diferenciação de sujeito de direito para objeto de direito, uma análise conceitual de tais termos, e a discussão que trata da classificação de animais não humanos para o Direito, explicitando se estes são considerados sujeitos ou objetos de direito.

Por fim retomaremos os pontos principais, e exporemos a conclusão sobre a possibilidade de impetração de Habeas Corpus para animais não humanos.

 

2 – SÍNTESE CONCEITUAL DE HABEAS CORPUS

 

 

Temos o Instituto do Habeas Corpus – do latim, “tome seu corpo” – como remédio Constitucional que visa proteger a liberdade do indivíduo humano, na forma do seu direito Constitucional de ir e vir. Surgiu como uma ferramenta que pudesse estar ao alcance de todos (detentores ou não de saber jurídico). Nesse sentido, Fernando Capez define Habeas Corpus como:

 

Ação penal popular com assento constitucional, voltada à tutela da liberdade ambulatória, sempre que ocorrer qualquer dos casos elencados no art. 648 do Código de Processo Penal. Nas hipóteses previstas nos incisos II, III, IV e V, assume a função de verdadeira ação penal cautelar. Nos incisos VI e VII, funciona como ação rescisória (constitutiva negativa), se a sentença já tiver transitado em julgado, ou como ação declaratória, se o processo estiver em andamento. No inciso I, poderemos ter ação cautelar, declaratória ou constitutiva, dependendo do caso. (CAPEZ, 2012, p. 828)

 

Ante o exposto, visando a melhor compreensão do tema, bem como essencial intenção e funcionalidade do Habeas Corpus, passa-se a uma apresentação sistemática do desenvolvimento histórico desta peça Processual.

 

1.1 – Desenvolvimento histórico do Habeas Corpus:

 

A origem do instituto do habeas corpus se dá remotamente ao antigo direito romano em seu período clássico (27 a.C. a 284 d.C.), onde qualquer cidadão podia reclamar a exibição de um homem livre detido ilegalmente, forçando seu detentor a exibir materialmente a pessoa detida diante do Pretor, de maneira que esta pudesse ser “vista e tocada”.

Em outro momento histórico, por volta de 1215, na Inglaterra, surge a Carta Magma, com o intuito de, ao menos temporariamente, apaziguar as crescentes tensões entre o rei e os barões, que reclamavam de prisões arbitrárias, impostos excessivos, e outros abusos da coroa. Com o reequilíbrio dos poderes, e as garantias trazidas pela Magma Charta, foi estabelecida também a necessidade do devido processo legal para a efetivação das prisões. No entanto, apenas durante o reinado de Carlos II, em 1679, o Habeas Corpus firma-se de forma funcional através do Habeas Corpus Act, tendo posteriormente suas imperfeições sanadas pelo Habeas Corpus Act de 1816, que também estendeu sua abrangência para proteger pessoas detidas por motivos diversos da acusação criminal.

Posteriormente, nos Estados Unidos da América, foi instituído pela Constituição Federal de 1789 o Writ of Habeas Corpus, reafirmando a “descendência” inglesa no que tange a importância da liberdade do corpo, e do devido processo legal no rol de garantias fundamentais resguardadas ao cidadão.

Foi apenas em 1832, através do Código de Processo Criminal, que o Habeas Corpus foi expressamente introduzido no ordenamento jurídico brasileiro, funcionando como um instrumento de proteção do cidadão contra prisão ou constrangimento ilegal em sua liberdade. A eficácia desse instituto foi ampliada pela lei 2.033 de 1871, que em seu artigo 18, parágrafo primeiro, instituiu o Habeas Corpus preventivo, como instituto que busca proteger o cidadão de uma futura agressão ao seu direito de liberdade, antes mesmo desta acontecer. A mesma lei, em seu artigo 18, parágrafo 8º, estende o alcance do Habeas Corpus a estrangeiros.

A primeira constituição brasileira a incorporar o Habeas Corpus foi a de 1891, o que tornou o instituto uma garantia constitucional. Contudo, nessa Constituição, existiu uma pequena falha no artigo em que se tratava do instituto, onde a redação da norma deixou de aludir expressamente o direito à “liberdade de locomoção”, e garantiu ao indivíduo a proteção contra “Iminente perigo de sofrer violência ou coação por ilegalidade ou abuso de poder”. A partir desta falha se inicia entre juristas um embate sobre a abrangência do Habeas Corpus, entre aqueles que defendiam sua estreiteza, se apegando a suas origens históricas, e pregando sua utilização apenas como garantidor do direito de locomoção de um indivíduo, e aqueles que utilizando-se da redação irrestrita da norma constitucional, defendiam uma aplicação mais generalizada, para garantia de outros direitos além do de locomoção. Foi este último posicionamento que, na época, prevaleceu no Supremo Tribunal Federal. Vale lembrar que a reforma constitucional de 1926 pôs fim a discussão, explicitando a relação direta do Habeas Corpus com a liberdade, e reestabelecendo sua construção histórica.

Posteriormente, as constituições de 1946, 1967 e 1988 mantiveram o Habeas Corpus em seu texto. Esta última – nossa constituição atual – dita em seu artigo 5º, inciso LXVIII “Conceder-se-á Habeas Corpus sempre que alguém sofrer, ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção por ilegalidade ou abuso de poder”.

No mesmo sentido, nosso atual Código de Processo Penal explicita em seu artigo647 que “Dar-se-á Habeas Corpus sempre que alguém sofrer ou se achar na iminência de sofrer violência ou coação ilegal na sua liberdade de ir e vir, salvo nos casos de punição disciplinar”.

Pode-se notar, através desse breve histórico, que o Habeas Corpus nasceu e se desenvolveu para proteger o direito de liberdade de ir, vir e permanecer do cidadão, contra abusos e arbitrariedades do Estado.

 

1.1 – Natureza Jurídica e legitimidade:

 

Fica claro que o Habeas Corpus é uma ação constitucional, de caráter penal e de procedimento especial, isenta de custas, e que tem por objetivo fazer cessar ou evitar violência ou ameaça ao direito constitucional de livre locomoção por ilegalidade ou abuso de poder. Ou seja, apesar de estar regulamentado no capítulo destinado aos recursos do Código de Processo Penal, o Habeas Corpus não se trata de um.

Conceituado como “Remédio Jurídico”, trata-se de um direito fundamental que objetiva proteger a garantia de liberdade individual. Doutrina majoritária aceita a tese de que seu caráter jurídico é de ação independente – ou sui generis – uma vez que ele não precisa estar vinculado a um processo pré-existente para ser impetrado (requisito este, fundamental e inerente a qualquer recurso).

Vale ressaltar que ainda antes de ser um instrumento do Processo Penal, o Habeas Corpus está contido na Constituição Federal, como um remédio constitucional, sendo assim considerado uma ação penal constitucional, de rito especial, uma vez que suas características o diferem de qualquer meio recursal penal. O Supremo Tribunal federal deixa claro a prioridade que recebe o Habeas Corpus sobre qualquer outro instrumento uma vez que este é um instrumento que tutela especificamente a liberdade de locomoção, o bem jurídico mais intensamente protegido por uma ação constitucional.

Qualquer pessoa física tem legitimidade ativa para impetrar o Habeas Corpus, seja esta nacional ou estrangeira, menor, ou incapaz, sem se fazer necessário um representante com poderes especiais para estar em juízo. Vale ainda constatar que o Ministério Público também possuí legitimidade para impetrar o dito instituto, de acordo com o Código Processual Penal. Dessa forma, toda e qualquer pessoa, independentemente de seu gênero, idade, profissão, nacionalidade ou posição social está habilitada para impetrar, em seu próprio nome, ou de terceiro, este remédio constitucional.

 

1.2 – Espécies de Habeas Corpus:

 

No tocante as espécies de Habeas Corpus, segundo doutrina majoritária, são duas as garantidas pela Constituição federal. O Habeas Corpus liberatório ou repressivo, e o Habeas Corpus preventivo ou suspensivo.

O Habeas Corpus preventivo cabe sempre que uma pessoa vislumbre a ameaça de sofre violência ou coação em seu direito ambulatório por ilegalidade ou abuso de poder. Dessa forma, apenas a ameaça de coação à liberdade de locomoção já bastará para se obter um salvo conduto ao paciente, impedindo sua prisão ou detenção pelo motivo que ensejou o Habeas Corpus, e garantindo-lhe livre trânsito.

O Habeas Corpus liberatório visa proteger o cidadão que já está sofrendo – por ilegalidade ou abuso de poder – a violência ou coação em seu direito de ir e vir. Este instituto objetiva o cessar do desrespeito à liberdade ambulatória, restituindo ao indivíduo seu direito à livre locomoção.

Haverá a possibilidade – jurisprudencial – de se conceder medida liminar em ambas as espécies, em casos específicos, para que se evite um possível (e irreparável) constrangimento à liberdade de locomoção.

Vale lembrar que o Habeas Corpus, em regra, deverá ser dirigido a autoridade imediatamente superior à que pratica ou está em vias de praticar o ato ilegal, e cabe a esta reconhecer ou não seu cabimento.

 

3 – JURISPRUDÊNCIA INTERNACIONAL

 

Durante o século XXI, o Habeas Corpus ganha, pouco a pouco, espaço na luta pela liberdade de animais não humanos, buscando revolucionar o tratamento que estes recebem, e mudar a forma pela qual tais seres são enxergados pelo Direito. No que tange nosso tema principal, muito já se discute sobre o cabimento de Habeas Corpus aos animais, e diversos julgados nos norteiam na evolução dessa discussão.

Em fevereiro de 2014, na argentina, impetrou-se um Habeas Corpus em favor de um urso polar, há 23 anos preso no Jardim Zoológico da província de Mendoza. O Habeas Corpus em favor do urso Arturo requeria a transferência deste para um Centro de Conservação Internacional, no Canada. O Tribunal de Garantias rejeitou o pedido, sob a justificativa de que aos animais falta personalidade jurídica, e devido a isso, o Habeas Corpus seria cabível apenas para humanos.

Ainda em fevereiro de 2014, apresentou-se perante a Justiça de Corrientes, também na Argentina, outro Habeas Corpus em favor de um animal. Este tinha como paciente o chimpanzé Toti, que vivia em cativeiro, solicitando sua transferência para um santuário em Sorocaba, São Paulo. O juiz que julgou o caso aceitou que este seguisse a um tribunal colegiado, para intenso debate.

Devemos ressaltar o rumoroso caso do chimpanzé Tommy, que teve início em dezembro de 2013. Nessa data, em Nova York, foi impetrado o pedido de Habeas Corpus em favor do chimpanzé, que estaria a anos “preso ilegalmente” em um cubículo minúsculo, próximo de Gloversville.

O mais chamativo nesse caso foi a estratégia utilizada pela ONG autora da ação, Nonhuman Rights Project, que argumentou em seu pedido que Tommy possuía todos os requisitos para ser classificado como uma “pessoa legal”, e dessa forma, teria direito a liberdade – nessa hipótese através do Habeas Corpus.

Em suma, o pedido da ONG tinha como foco fazer com que o chimpanzé deixasse de ser considerado um objeto de direito, para ser considerado sujeito de direito. Para a organização que impetrou o pedido, “Um ser como Tommy, que possui autonomia, autodeterminação, autoconsciência e capacidade de escolher como quer viver, deve ser reconhecido pela lei comum como ‘pessoa’, com o direito legal à liberdade física”.

A questão trazida não era se Tommy é ou não um ser humano – pois ele não é – mas se, bem como um ser humano, ele não poderia ser classificado como uma “pessoa legal” perante a lei.

Os advogados da ONG juntaram ao pedido diversas declarações de conceituados primatologistas, que atestavam as complexas capacidades cognitivas que os chimpanzés possuem, bem como a autonomia – que se trataria do mais importante elemento para se determinar a condição de pessoa – e autodeterminação, conhecimento do passado, consciência de si próprio, percepção do futuro e capacidade de fazer escolhas, além de possuírem emoções complexas, como alegria, sofrimento e empatia.

Animais da espécie de Tommy podem solucionar operações simples de matemática, de modo mais eficiente que muitos considerados “homo sapiens”. No pedido de Habeas Corpus o fundador da Nonhuman Rights Project, Steven Wise, faz uma comparação entre a situação em que se encontram certos animais (como os grandes primatas) e os escravos do passado, lembrando que estes, a não muito tempo atrás, também eram considerados coisas.

A ideia de impetrar Habeas Corpus em favor de Tommy foi inspirada em um caso da Inglaterra, de 1772, onde um juiz reconheceu um pedido de Habeas Corpus em favor de um escravo foragido, que estava preso, acorrentado, e seria enviado à Jamaica para ser revendido.

No caso citado, Lord Mansfield, o juiz, aceitou a tese de que o escravo James Somerset não era apenas uma “coisa”, mas sim uma pessoa, decidindo então pela libertação de James – muitas décadas antes do fim da escravatura na Inglaterra e nos Estados Unidos.

Em 20 de abril de 1015, a ministra Barbara Jaffe, do tribunal superior de Nova York, conferiu uma liminar em Habeas Corpus em favor de dois chimpanzés, Hércules e Leo, a pedido de seus advogados humanos. A liminar lhes garantiu o direito de lutar na justiça contra sua “prisão ilegal”, além de lhes conceder a libertação do laboratório da Universidade Stony Brook, onde viviam confinados.

Tendo em foco que, segundo a lei em vigor, Habeas Corpus só podem ser concedidos para pessoas, a decisão da ministra de conceder este instituto, implicava no reconhecimento do status de pessoa dos chimpanzés.

Entretanto, o reconhecimento do status de pessoa, the personhood, não poderia ser legalmente obtido através de uma decisão preliminar, e devido a isso, a ministra precisou, no dia seguinte, emendar sua decisão mantendo a liminar, mas suspendendo o Habeas Corpus.

Uma das grandes implicações trazidas pela concessão da liminar é que, embora não tenha sido reconhecido o status de pessoa dos chimpanzés, ao permitir que o processo siga para ser julgado, a ministra indiretamente admite que existe a possibilidade desse status ser reconhecido.

Os advogados que representam os chimpanzés Hércules e Leo, alegaram em seu pedido que os chimpanzés são seres inteligentes, complexos sob o aspecto emocional e cognitivo, autônomos, autoconscientes e possuem autodeterminação. Para eles, isso deveria ser mérito suficiente para estender a estender a estes animais alguns direitos humanos básicos, bem como o direito contra detenção ilegal e tratamento cruel.

Em dezembro de 2014, na Argentina, surge uma decisão inédita. A orangotango Sandra foi o primeiro grande primata a ser reconhecida pela justiça argentina como detentora de personalidade jurídica. Os juízes Alejandro Slokar, Ángela Ledesma e Pedro David decidiram que Sandra teria esse direito, e reconheceram a ela o caráter de sujeito de direitos. Para eles, mesmo os sujeitos “não humanos” (animais) são titulares de direitos – e não objetos de direito.

 

4 – JURISPRUDÊNCIA NACIONAL

 

Também no Brasil, encontramos diversos registros de impetração de Habeas Corpus em favor de animais. Desta maneira, pode-se analisar de forma coesa o posicionamento do judiciário nacional sobre o assunto.

Surge o primeiro caso na Bahia, onde em 2005, com o auxílio de advogados e biólogos, o Ministério Público ingressou com o pedido de Habeas Corpus em favor de libertar a chimpanzé “Suíça”, que era mantida “presa” há dez anos no Jardim Zoobotânico de salvador, e ficou extremamente doente após a morte de seu companheiro. A remoção do animal para uma reserva particular seria a única forma para salvá-lo.

O julgado foi favorável, e cravou-se o marco de que a chimpanzé “Suíça” foi o primeiro animal do mundo a ser reconhecido como sujeito jurídico em uma ação de Habeas Corpus. Infelizmente, apesar de concedida, a sentença favorável nunca foi executada, pois foi obtida um dia após a chimpanzé ter sido encontrada morta em sua jaula.

Mais um caso nacional, foi o Habeas Corpus ingresso no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, em novembro de 2010, que buscava a soltura do chimpanzé Jimmy,

 

“preso” no zoológico de Niterói.

Unanimemente, a 2ª Câmara Criminal, sem julgamento de mérito, não reconheceu o pedido, sendo taxativa em alegar que tal remédio constitucional é cabível apenas para seres humanos.

No julgamento, um dos desembargadores narrou ter feito diversas pesquisas sobre o assunto e que, embora cientificamente o chimpanzé seja o parente mais próximo dos seres humanos, tendo 99,4% do DNA igual, não existe a possibilidade de ele ser tratado como pessoa, ou seja, sujeito de direito.

Em outro caso, o advogado do empresário Rubens Forte impetrou Habeas Corpus em prol de duas chimpanzés, Lili e Megh. Tal Remédio Constitucional foi utilizado objetivando que os animais permanecem com o empresário, que os havia recebido “legalmente” por doação.

A defesa do proprietário – e fiel depositário – das chimpanzés recorreu da decisão proferida pelo tribunal regional da 3ª região que havia decretado a retirada dos animais do cativeiro, e sua introdução na natureza. Tal decisão suspendia a condição de fiel depositário que o empresário mantinha.

O IBAMA havia declarado que sem autorização do órgão fiscalizador, os animais foram trazidos do Zoológico de Fortaleza para os cuidados do empresário. Declarou ainda que a nota fiscal apresentada não era o suficiente para analisar de forma absoluta a origem dos animais, e que nem mesmo demonstrava que os animais eram de fato do suposto doador.

Segundo o IBAMA, esses fatos eram o suficiente para trazer à tona dúvidas com relação a manutenção de Lili e Megh com o fiel depositário. Adicionou ainda que o auto de infração que havia sido lavrado devido a discussão relacionada a posse do filhote, foi considerada procedente pela desembargadora do Tribunal Regional da 3ª Região, Alda Basto.

A defesa do empresário, ao impetrar Habeas Corpus frente ao Superior Tribunal de Justiça, defende que a vida destes animais, levando em conta que o DNA de um chimpanzé possuí 99% de semelhança com o de um ser humano, estaria “acima das leis”, e solicitou que fosse utilizada a equidade. A defesa afirmou também que os animais não seriam capazes de sobreviver caso sejam introduzidos a natureza, e pediu que estes fossem mantidos sob a guarda e responsabilidade do empresário.

O relator que julgou o caso, ministro Castro Meira, foi inflexível ao afirmar que a impetração de Habeas Corpus para animais seria absolutamente incabível. De acordo com o ministro, este remédio constitucional pode ser utilizado apenas em prol de seres humanos.

Fica claro que, cada vez mais, a utilização do Habeas Corpus se expande a animais não humanos. O “Remédio Heroico” vem sendo usado, reiteradamente, como forma de tentar garantir a animais – como grandes primatas – alguns dos direitos fundamentais cabíveis apenas aos seres humanos, como o direito à vida, ou o direito de não serem mantidos em cativeiro.

Na maioria dos países, bem como no Brasil, o direito ambiental pode ser considerado antropocêntrico, o que significa que tem o ser humano como ponto central. Para Celso Antônio Pacheco Fiorillo:

 

Na verdade, o direito ambiental possui uma necessária visão antropocêntrica, porquanto o único animal racional é o homem, cabendo a este a preservação das espécies, incluindo a sua própria. Do contrário, qual será o grau de valoração, senão for a humana, que determina, v.g, que animais podem ser caçados, em que época pode fazê-lo, onde etc.? (FIORILLO, 2013, p. 54)

 

Nota-se que Celso Antônio Pacheco considera, então, caber ao ser humano, em sua racionalidade, manter e preservar as espécies, bem como nossa própria espécie humana, resguardando, por assim dizer, os Direitos que se referem aos animais através da centralização humana.

 

5 – ANIMAIS NÃO HUMANOS COMO SUJEITO OU OBJETO DE DIREITO

 

Pode-se considerar personalidade jurídica como a genérica aptidão para se adquirir direitos e contrair deveres. Trata-se de um conceito ligado ao de pessoa, sendo reconhecido atualmente a todo e qualquer ser humano, independendo de sua vontade ou consciência. Loucos, doentes, recém-nascidos e inconsistentes, todos possuem personalidade jurídica. Deve-se considera-la um atributo plenamente inseparável da pessoa, de forma a lhe conceder a possibilidade de ser titular de direitos e obrigações.

O Código Civil Brasileiro dispõe, em seu artigo segundo que “A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro”. Dessa forma, para o direito moderno, todo ser humano é pessoa, dotado de personalidade jurídica.

Devido ao fato de se atribuir uma personalidade jurídica a todo ser humano, temos como resultado duas consequências principais. A primeira, seria que toda e qualquer pessoa possui direitos inerentes a sua condição humana, tidos como direitos de personalidade. A segunda consequência reside na discussão temporal sobre em que momento se inicia e se finda a existência da vida humana. Esta discussão traz diversas implicações de ordem patrimonial, principalmente no que tange às obrigações civis e aos direitos hereditários.

Observando a legislação podemos perceber que esta indica que a personalidade jurídica só existirá a partir do nascimento com vida do ser humano. No entanto, reconhece-se juridicamente a necessidade e importância da proteção da vida humana intrauterina. Tal necessidade resulta no asseguramento dos direitos ou interesses do nascituro caracterizando-o, dessa forma, como uma pessoa virtual, ou seja, uma pessoa em potencial.

Vale ressaltar que entendemos sujeito de direito como todo ente a quem o ordenamento jurídico pode atribuir direitos e obrigações.

Oposto ao sujeito de direito, o objeto de direito se trata da “coisa” sobre a qual recai o direito de um dos sujeitos, e o dever do outro. O objeto da relação jurídica seja sempre um “bem” podendo ou não ser patrimonial.

Uma boa parte dos doutrinadores de todo o mundo já consegue observar os animais como sujeito de direito. Se vê como principal argumento para defesa desta tese que, bem como as pessoas jurídicas ou morais tem seus direitos de personalidade reconhecidos, e podem comparecer em juízo para pleitear esses direitos, também os animais se tornam sujeitos de direito subjetivos, pela força das leis que o protegem. Embora os animais não possuam capacidade de comparecer em juízo para pleitear seus direitos, a incumbência constitucional de sua proteção foi passada ao poder público. Dessa forma, o Ministério Público se tornou legal e expressamente competente para representa-los em juízo sempre que suas leis protetivas forem desrespeitadas. Segundo essa teoria, os animais seriam claramente sujeitos de direito, no entanto seus direitos deveriam ser pleiteados através de representantes, bem como acontece com as pessoas relativamente ou plenamente incapazes.

Por outro lado, aqueles que se mostram contrários em ter os animais como sujeitos de direito argumentam convictamente que os direitos só podem ser aplicados a pessoas, e não aos animais. De tal forma, apenas pessoas físicas ou jurídicas poderiam ser sujeitos de direito.

 

Muito embora já se reconheça direitos morais a animais não humanos, esses continuam a ser tratados pelos sistemas legais como propriedade dos humanos e, por isso mesmo, os animais não humanos não detêm direitos legais, não são sujeitos de direitos, apenas objetos de direitos. São defendidos somente como propriedade de alguém que seja um sujeito de direitos. (SOUZA, 2004, p. 275-276)

 

Nossa legislação classifica os animais silvestres como sendo bem de uso comum do povo, um bem difuso, indivisível e indisponível. Enquanto os animais domésticos, para o Código Civil, são considerados semoventes. Nota-se então, que a conceituação dos animais em nossa legislação constitui um grande obstáculo para que se tenha um raciocínio diverso daquele que já está enraizado na consciência popular de que o animal é um bem, sendo este da coletividade, ou sendo propriedade particular.

No entanto, ao abrangermos nossa reflexão aos ditos “Direitos de Personalidade”, constata-se que se tratam de direitos emanados da pessoa como indivíduo. São, dessa forma, direitos provenientes da natureza da pessoa como um ente vivo, desde o seu nascimento. Ao menos do ponto de vista científico e humano, um bebê, mesmo antes de ser registrado, já é uma pessoa. Para a psiquiatria, um indivíduo torna-se pessoa a contar do momento em que adquire noção de sua individualidade. Ao pesarmos a pessoa como um ser vivo, podemos reconhecer que a vida não é um atributo contido apenas no ser humano, se tratando na realidade de um bem genérico, inato e pertencente a tudo aquilo que vive. Sob tal ótica, nota-se que a pessoa possui seus direitos interligados a sua condição de indivíduo, e não apenas pessoa física com identidade civil.

Além das teorias que consideram os animais como sujeitos de direito, e daquelas que os colocam como objetos de direito, ainda podemos encontrar uma terceira teoria, que os classifica como sujeito-objeto, mesclando sua conceituação de forma a torna-lo ao mesmo tempo sujeito possuidor de direitos, e objeto de uma relação jurídica.

Embora esta última teoria tenha causado certo desconforto, não é a primeira vez que encontramos a figura de um sujeito-objeto no direito. Historicamente falando, embora fossem considerados coisas, alguns escravos ainda poderiam se casar, bem como tinham a possibilidade de reunir dinheiro para comprar sua própria liberdade.

No que tange a considerarmos animais como sujeito ou objeto de direito, nossos doutrinadores permanecem divididos. Além de não encontrarmos um posicionamento doutrinário que se aproxime de unanime, jurisprudencialmente também não existe solides nas decisões, visto que é fácil observar julgados que defendam uma ou outra das teorias apresentadas. Dessa forma, não é possível se concluir, de maneira absoluta, se animais não humanos são, juridicamente, objetos ou sujeitos de direito.


 

6 – CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Como pudemos observar, a jurisprudência favorável à impetração de Habeas Corpus para animais – até agora apenas para grandes primatas – utilizou como fundamentação os resultados científicos que demonstraram a complexidade emocional e cognitiva dos animais tidos como pacientes.

O avanço científico nos permitiu chegar à conclusão de que grandes primatas não constituem um gênero esparso da espécie humana, quando na verdade, eles integram o mesmo gênero da humanidade. Tal constatação não se trata de uma interpretação jurídica, mas sim de um fato cientificamente comprovado.

Mesmo observando a partir de um paradigma antropocêntrico, somos forçados a admitir que nada poderia justificar a exclusão dos animais “não humanos” do nosso círculo de consideração ética e moral, bem como da esfera jurídica estatal.

A extensão dos direitos aos animais não humanos em momento algum significa descaso em relação aos humanos. Esta extensão demonstra apenas uma não omissão com relação as demais espécies, podendo claramente se tornar o estopim inicial para uma transformação jurídica que nos levaria diretamente a abolição da exploração institucionalizada dos animais.

Em uma democracia o Direito se trata de um instrumento essencial de transformação social, como nos foi demonstrado pelo caso da chimpanzé “Suíça”, responsável por mostrar que além de teorias, a judicialização de debates que tangem a área de direitos dos animais pode contribuir com a mudança social.

Atualmente, mais de dez anos após o caso Suíça – que se consagrou como a primeira vez no mundo em que um Habeas Corpus foi reconhecido em prol de um animal não humano – já podemos perceber diversas mudanças com relação ao tema tratado. O campo acadêmico já discute com maior frequência a temática, pesquisando e elaborando diversos trabalhos jurídicos. Podemos notar que mesmo os operadores de direito já se demonstram mais familiarizados com o problema jurídico.

Os recorrentes casos de impetração de Habeas Corpus para animais têm gerado consequências positivas em prol dos direitos que tutelam estes seres. O significativo aumento do debate público da questão, a alavancagem de diversos movimentos sociais em prol dos direitos dos animais e o aumento do debate no cenário jurídico brasileiro são apenas algumas dessas consequências.

Em seus aspectos de semelhança, o direito à vida, ou mesmo o direito à liberdade, não devem ser considerados como uma prerrogativa apenas do ser humano, afinal, ainda que no momento a opinião doutrinária penda a consideração dos animais não humanos como objetos de direito, tal visão não é inalterável.

Atualmente já podemos observar mudanças de paradigma que sustentam a jurídica efetivação dos animais, não apenas como parte de recursos ambientais, mas como seres vivos dotados de direitos.

Emerge daí a absoluta importância dos precedentes que podem ser criados a partir das ações de Habeas Corpus impetrados no Tribunal Argentino, Tribunal Norte

 

Americano, bem como o caso da chimpanzé “Suíça” no Brasil – todos expostos nos capítulos três e quatro deste artigo – para a abertura de uma nova frente, potencialmente revolucionária, no reconhecimento dos direitos dos animais e na tentativa de quebrar velhos paradigmas, a inserir tais direitos no mundo jurídico.

 

REFERÊNCIAS

 

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FILHO, Fernando da Costa Tourinho. Manual de Processo Penal. 10ª ed. São Paulo: Saraiva, 2008. p. 872-891.

 

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[1] Graduando em Direito na Faculdade FASIP.

GESTÃO DE PESSOAS: O AMBIENTE DE TRABALHO CONTRIBUI PARA O SUCESSO DAS EMPRESAS NA ATUALIDADE

 

Enio Roque Potulski [1]

 

RESUMO

Passamos boa parte de nossas vidas no ambiente de trabalho. Os colaboradores vendem sua mão de obra e tem o dever de produzir, de cumprir metas e alcançar os objetivos propostos pelas empresas. Em contra partida, buscam a satisfação no estar em um ambiente de trabalho saudável e motivador. Na atualidade muitos gestores acreditam que o ambiente de trabalho está diretamente ligado ao resultado final do desempenho dos colaboradores. Pretendemos fazer uma análise do quanto os diversos fatores existentes no ambiente de trabalho influenciam para o sucesso ou fracasso das empresas. Analisando a influência da psicologia no ambiente de trabalho e as questões subjetivas dos colaboradores em relação ao ambiente de trabalho; a importância da comunicação nas organizações; capacitação profissional, percepção e integração social no ambiente de trabalho; e os cuidados que as empresas devem ter com a segurança e higiene do colaborador. Indicaremos itens primordiais para que as empresas coloquem em prática no dia-a-dia, medidas para que os trabalhadores tenham seus principais anseios ligados à filosofia da empresa.

Palavras-Chave: Gestão de pessoa. Ambiente de Trabalho. Recrutamento. Capital Humano.

 

ABSTRACT

We spend a good part of our lives in the workplace. Employees sell their labor and have the duty to produce, meet targets and achieve the goals proposed by companies. In contrast, they seek satisfaction in being in a healthy and motivating work environment. At present many managers believe that the work environment is directly linked to the end result of employee performance. We intend to make an analysis of how many factors exist in the work environment influence the success or failure of companies. Analyzing the influence of psychology on the work environment and the subjective issues of employees in relation to the work environment; The importance of communication in organizations; Professional qualification, social perception and integration in the work environment; And the care that companies must have with the safety and hygiene of the employee. We will present key items for companies to put into practice on a day-to-day basis, so that workers have their main aspirations linked to the company's philosophy.

Keywords: Person management. Desktop. Recruitment. Human capital.

 

1. INTRODUÇÃO                       

 

Muito se fala a respeito de como as empresas devem tratar seus funcionários. Nos dias atuais, o cumprimento dos direitos trabalhistas e benefícios como a participação nos lucros, são importantes e podem proporcionar uma maior qualidade de vida para os colaboradores. Em um passado recente, o bem-estar e a alegria dos funcionários eram assuntos polêmicos, não sendo prioridade dos empregadores. Na atualidade, cada vez mais percebe-se que um bom ambiente de trabalho é fundamental para as empresas consigam alcançar seus objetivos.

Segundo Chiavenato (2010), muitas empresas têm investido na qualidade do ambiente de trabalho de seus colaboradores nos últimos anos, fazendo contratações de psicólogos organizacionais, mas nem sempre foi assim.  Investimentos em mudanças nas instalações, flexibilidade nos horários, atividades interativas entre outras coisas, vem sendo utilizadas cada vez mais para que os funcionários sintam-se estimulados em desenvolver com eficiência suas tarefas nas empresas.  Este tipo de prática só contribui para a melhoria do ambiente de trabalho, o que na maioria das vezes resulta no maior rendimento dos profissionais e consequentemente em sucesso para as companhias.

Chiavenato (2010) relata que em alguns processos seletivos, muitas empresas adotam atividades que vão além das tradicionais entrevistas e redações. Divididos em pequenos grupos, os candidatos participam de tarefas que promovem interação e servem para analisar seu comportamento diante do trabalho em equipe. Este tipo de atividade pode ser um indício de que seu próximo emprego seja em uma empresa que zela pelo bem-estar de seus funcionários. Ou seja, as empresas estão preocupadas em causar uma boa impressão antes mesmo de o colaborador fazer parte do seu quadro de funcionários.

 

 

1.1 Psicologia como forma de entender o Ser Humano

 

A psicologia se apresenta como uma forma de entender o ser humano no enfrentamento do próprio eu no cotidiano, os sujeitos destacam-se e se  diferenciam dos demais seres, devido a relação com os objetos do qual atua constantemente. Kahhale (2011), coloca que o ser humano estabelece uma relação direta com a natureza com o intuito de suprir as necessidades imediatas, uma vez que, o mesmo possui um dote natural de consciência qualificada para superar os obstáculos e atitudes frente as ações e reações que ocorrem no dia a dia, devido a carga genética que possui, bem como, pelo conhecimento adquirido e a cultura na qual está inserido. 

De acordo com a psicologia fica difícil afirmar qual é o objeto de estudo ou então o método de pesquisa, para avaliar o que torna os trabalhadores mais felizes e motivados no ambiente de trabalho. O comportamento e a subjetividade que compreende o fenômeno psicológico do ser humano, principalmente no ambiente de trabalho.  Segundo a Kahhale e Andriani (2011) para o sujeito ter uma experiência da subjetividade privada é fácil, envolve a liberdade de escolha, conjunto de ideias próprias. De certa forma todos sentem que parte de suas experiências são íntimas e que ninguém tem acesso a elas, temos a sensação de que aquilo que estávamos vivendo nunca foi vivido antes por ninguém, ou seja, que a nossa vida é única, a forma como sentimos e pensamos é totalmente original e quase incomunicável. Sendo assim, são comuns os conflitos no ambiente de trabalho.

 

1.2 A Psicologia Organizacional

 

            Quando o assunto é qualificação profissional dos trabalhadores, estamos falando de climaorganizacional, de treinamento, de motivação. Ou seja, a importância da psicologia organizacional no ambiente de trabalho que deve ser atuante, para que todos os envolvidos possam interagir com o outro de forma satisfatória. Todos tem condições de lidar de maneira saudável com os aspectos emocionais dentro de uma organização empresarial.

            No entanto, é imoportantante que seja definido o ciclo do processo motivacional: desejo “valor”, tradução do desejo em intenções “metas”, ação para concretizar intenções “desempenho”, satisfação alcançada com os resultados do desempenho, reorientação de valores, metas e desempenho por meio de feedbacks.

Nas organizações é necessário e importante o trabalho do psicólogo, para recrutar, selecionar, aplicar testes, dentre outras atividades. Sendo importante identificar o perfil profissional de cada colaborador, para que seja possível auxilia-los, para tenham um bom desempenho nas funções para as quais foram contratados. 

Segundo Zanelli, Andrade e Bastos (2004) a gestão de pessoas tem sido um grande desafio para as organizações. Por isso o psicólogo tem sido muito requisitado para atuar nessa área no decorrer dos anos, afinal quando falamos em gerir pessoas, estamos falando também de lidar com aspectos emocionais e mentais dos indivíduos (ser humano) inseridos nas organizações empresariais. O objetivo da gestão de pessoas, segundo Zanelli, Andrade e Bastos (Org. 2004), é de ajudar a organização a cumprir sua a filosofia e missão; proporcionar competitividade à organização; proporcionar à organização pessoas treinadas e motivadas; aumentar a auto realização e satisfação no trabalho; desenvolver e manter qualidade de vida no trabalho; administrar e impulsionar a mudança; manter políticas éticas e comportamento socialmente responsável; construir a melhor organização e equipe, conceitos estes, importantes nos dias atuais.

O psicólogo precisa estar atento às constantes mudanças que ocorrem dentro e fora das organizações. Procurar identificar novos talentos, independente da orientação sexual, adequando-se e, ao mesmo tempo, conciliar diferentes conhecimentos teóricos. Poder se antecipar às necessidades da empresa, bem como, dos funcionários. Algumas das atribuições do psicólogo organizacional são: fazer o recrutamento e seleção de novos colaboradores, fazer auditorias, treinamentos, atividades motivacionais, acompanhar o desempenho dos colaboradores, sugerir melhorias na qualidade de vida no ambiente de trabalho, motivação, relações interpessoais, valorização, respeito e ética de todos os envolvidos.

 Para que a psicologia organizacional possa desempenhar a sua função nas empresas, principalmente referente à orientação profissional, para Álvaro Tamoyo et al. (2008), o psicólogo necessitará de lgumas habilidades. Podemos citar: comunicar-se, saber ouvir, ter conhecimentos teóricos, conhecer pessoas, relações humanas, ser flexível. Procurar conhecer as necessidades e expectativas tanto de homens, como de mulheres, para que ambos se sintam valorizados em seus respectivos cargos, porque uma empresa é composta essencialmente por pessoas, e estas devem ser valorizadas por sua cultura que por sua vez consiste em crenças, valores, regras de conduta, morais e éticas, e ainda pelos princípios e políticas de gestão implantadas pela organização.

Toda empresa, seja qual for seu tamanho, tem sua política organizacional, e ainda que ela não seja tão transparente, é a partir desta cultura que os colaboradores são orientados para a realização de suas tarefas.

Para Matias Siqueira (Org.), Álvaro Tamoyo [et al.] (2008):

 

Satisfação no trabalho é um tema bastante estudado e mobiliza a atenção de pesquisadores do comportamento organizacional deste de que a psicologia passou a ser considerada uma ciência. Sendo que os estudos foram intensificados a partir das primeiras décadas do século XX. Os psicólogos buscavam identificar o que motivava os trabalhadores, qual é o nível satisfação, de comprometimento, de realização dos trabalhadores? Estes questionamentos fizeram com que surgissem várias teorias tais como: teoria de motivação-higiene (Herzzberg, Mausner e Snyderman, 1959), teoria de satisfação de necessidades (Vrrom, 1964) e teoria de expectativas e instrumentalidade Hackman e Potter, 1971.

 

 Estes estudiosos postulavam que a satisfação no trabalho seria um dos principais fatores que levam ao aumento da produtividade, permanência na empresa, e redução de faltas ao trabalho independente da orientação sexual. Para Siqueira et. al (2008), Maslow criou a teoria da Hierarquia das Necessidades, na qual, aponta-se cinco estagio que devem ser alcançados pelos indivíduos.  (1) Fisiológicas; (2) Segurança; (3) Sociais; (4) Estima; (5) Auto realização.  São várias as teorias, sobre este tema, são classificadas de conteúdo e de processo e tentam explicar o comportamento dos indivíduos no ambiente de trabalho conforme abaixo:                    Para Siqueira et. al (2008),  no primeiro Modelo E.R.C. (Alderfer),  há três tipos de necessidades que apresentam em níveis variados nas pessoas, conforme seus perfis psicológicos e os processos de socialização a que se submeteram: Existência: necessidades fundamentais à sobrevivência. Relacionamento: necessidades sociais relacionamento interpessoal. Crescimento: necessidades de desenvolvimento e adaptação ao meio. 2ª-Teoria de Mcclelland: Necessidades de realização; Necessidades de poder; Necessidades de afiliação. 3ª-Teoria do Estabelecimento de Metas (Locke e Latham). O comportamento das pessoas é motivado por suas intenções e seus objetivos.

Para Siqueira et. al (2008), as pessoas empenham esforços na execução de seus objetivos, o desempenho no trabalho é uma função dos objetivos claramente definidos um ciclo do processo motivacional: desejo “valor”, tradução do desejo em intenções “metas”, ação para concretizar intenções “desempenho”, satisfação alcançada com os resultados do desempenho, reorientação de valores, metas e desempenho por meio de Feedbacks. O trabalho foi originalmente definido como grau em que o desempenho de uma pessoa no trabalho afeta sua auto- estima, desta forma, o envolvimento foi apontado como um dos principais vínculos afetivos, bem como, de poder ou repressão entre indivíduos em suas atividades profissionais.

 

1.3 Psicologia e a comunicação organizacional

 

A Psicologia da Comunicação é estudo da mente que participa da ação de tornar comum conteúdo da Comunicação (informação, aprendizado, transmissão da cultura e promoção da integração social e outros). Essa ciência esclarece mecanismos e processos mentais e comportamentais envolvidos na ação de tornar comum informações, significados e interações na vida humana.

Segundo Chiavenato (2010), os seres humanos são obrigados a cooperar uns com os outros, formando organizações para alcançar certos objetivos que a ação individual isolada não conseguiria alcançar. Pode-se dizer que organizações são sistemas de atividades coordenadas por mais de duas pessoas que cooperam entre si.

As organizações só poderão existir quando duas ou mais pessoas forem capazes de se comunicarem e que estejam dispostas a contribuir com uma ação conjunta. A fim de alcançarem um objetivo em comum. A comunicação organizacional é de extrema importância para as organizações, pois, visa passar informações, tomadas de decisões corretas e desenvolver relacionamentos que integram e coordenam todas as partes. O comportamento humano nas organizações sofre influências pessoais (personalidade, motivação, expectativas, objetivos pessoais) e ambientais (cultura, ambiente de trabalho).

Os fatores internos e externos são condicionantes da Psicologia da Comunicação tratam de como as pessoas irão ter seu desempenho dentro de uma organização e o modelo de gestão adotado pela mesma no intuito de produzir conhecimento e melhorar a comunicação do próprio grupo.

A comunicação feita pelas lideranças é vista como um processo em que se estabelecem relações de influência entre as pessoas. Segundo Chiavenato (2010), para que um líder consiga motivar seus colaboradores é preciso se comunicar e estar atento se os colaboradores são diferentes e essas diferenças precisam ser levadas em consideração e os objetivos devem ser estabelecidos de forma clara e objetiva.

A motivação é uma “força” sem que se especifique de que natureza. Podemos dizer que a motivação é uma ­­­­­­­­­­­­­­­­­­experiência interna, algo que sentimos e ninguém podem observar e nem expressar através de palavras. Segundo Chiavenato 2010, as organizações são as grandes responsáveis por criar um ambiente onde os profissionais que nela atuam possam se comunicar adequadamente entre seus setores, desempenhar com efetividade e motivação seu trabalho. Este cuidado possibilita que os colaboradores sintam-se confiantes para desenvolver suas funções com concentração, foco, dinamismo e eficiência.

Segundo Robbins (2012), os psicólogos organizacionais, juntamente com os gestores das empresas não devem focar somente nas deficiências e dificuldades dos trabalhadores, mas sim, nos processos e sistemas das organizações. Ou seja, muitas vezes a troca de mão de obra não é a solução mais viável para as organizações. Os gestores organizacionais devem desenvolver técnicas de investigação e atuar na resolução dos problemas psicossociais dos trabalhadores, que são inevitáveis no ambiente de trabalho e que interferem diretamente no desempenho de suas funções diárias.

Sendo assim, é necessário ter uma qualificação profissional, ter compreensão dos problemas humanos e sociais no âmbito das organizações. Desenvolverem competências e habilidades dos trabalhadores, bem como, maneiras e estratégias para tornar efetivas as legislações (leis), colocando em prática o conhecimento das teorias. Numa tentativa de encontrar pontos de consenso entre trabalhadores e empresários, que representam duas forças sociais naturalmente antagônicas no modelo sócio econômico capitalista.

Segundo Chiavenato (2010), o psicólogo organizacional deve ser um mediador, uma vez que, as empresas necessitam de produtividade e lucratividade e os trabalhadores por sua vez, reivindicam salários mais justos, boas condições de trabalho, benefícios sociais e melhor qualidade de vida.

No que se refere à qualificação profissional dos trabalhados, dúvidas sobre qual faculdade cursar? Qual profissão seguir? São inevitáveis e poderão se tornar fonte de stress, ansiedade, angústia, frustração e demais sintomas psicossomáticos para os trabalhadores (Segundo dados da Organização Mundial de Saúde, 2000).

Melgosa(2009) afirma que:

[...] os que se sentem devidamente valorizados alcançam melhores resultados no trabalho, no relacionamento familiar, nas amizades e na comunidade. Ao contrário, os que têm baixa autoestima sentem-se incapazes para enfrentar problemas e estão destinados ao fracasso. Seguramente, a falta de autoestima afeta negativamente a pessoa de diversas formas: - Pode causar depressão. –Diminui o rendimento escolar e do trabalho. - Deteriora as relações interpessoais.

Portanto, as empresas devem e podem proporcionar um ambiente de trabalho receptivo que proporcione as condições necessárias para que os trabalhadores consigam obter maior qualidade de vida.

 

2. Capital humano a importância das pessoas nas organizações

 

O contexto da gestão de pessoas é formado por pessoas e organizações, as pessoas passam boa parte de suas vidas trabalhando dentro das empresas e estas necessitam dos trabalhadores para alcançarem seus objetivos que geralmente são: o lucro, a produtividade, a eficácia, a redução e custos, entre outros. Desta forma, o Capital humano é indispensável para que as empresas obtenham o sucesso. 

Na atualidade o capital humano é de suma importância para as empresas, pois, se trata de um conjunto de pessoas, que detém conhecimentos, competências e atributos de personalidade que favorecem a realização das tarefas exigidas pelo trabalho. Ou seja, são as pessoas que executam as tarefas, que fazem com que a produção aconteça, de modo a produzir valores econômicos desejados. As habilidades e competências são os atributos adquiridos por um trabalhador por meio da educação, perícia, experiência, treinamentos.

Os empresários detêm o capital e devem fornecer a estrutura necessária para que os trabalhadores possam desempenhar as suas habilidades. Os trabalhadores vedem a mão de obra para sobreviverem. Sendo assim, é por meio do trabalho que a maioria das pessoas obtém os recursos necessários para poderem comprar  uma diversidade de coisas e proutos,  dos quais podemos citar como prioridade os alimentos.

Para Chiavenato (2010), o método ganha-ganha ocorre quanto todos saem ganhando, empresários e colaboradores. Neste método os  trabalhadores atuam em  parceria com os empresários para que alcassem seus objetivos ou obetenham os lucros almejados. Em contra partida os empregadores deveriam ter um comportamento cooperativo, através da disponibilização de ensentivos. Ou seja, participação nos lucros, ambiente de trabalho satisfatório, salários justo, valorização profissional, entre outros benefícios. Geralmnete quando ambas as partes saiam ganhando o ambiente de trabalho torna-se naturalmente saudável.

As organizações são verdadeiros seres vivos. Quando elas são bem-sucedidas, tendem a crescer, ou sobreviver por um bom tempo no mercado e para que isso aconteça são necessários investimentos em novas tecnologias, máquinas e equipamentos modernos. Porém, na atualidade o que faz toda a diferença é o capital humano. São as pessoas que operam as máquinas, que resolvem problemas, que vendem e compram produtos e serviços.

Sendo assim, quando falamos em gestão de pessoas entendemos que trata-se de um conjunto integrado de atividade, que envolvem especialistas, gestores das empresas e trabalhadores. Busca-se métodos e estratégias para agregar, aplicar, recompensar, desenvolver manter e monitorar pessoas, no sentido de proporcionar competências e competitividade às empresas (CHIAVENATO, 2010).

 

2.1 A desconstrução da subjetividade nas empresas

 

Para Barbara (1999) os “princípios do toyotismo na fábrica”, que envolvem técnicas de gestão e administração de trabalhadores, considerado como um modelo moderno foi implantado em vários países entre eles no Brasil na década de 90. No “toyotismo”, as exigências em relação ao desempenho e produtividade eram grandes, porém, voltadas para o grupo e não para o indivíduo.  Controle de qualidade, polivalência, multe especialidades, estabelecimento de metas praticamente inatingíveis. Baseia-se em núcleos de produção nos quais os trabalhadores eram totalmente intercambiáveis, tendo que desempenhar várias funções se necessário.

            De acordo com Barbara (1999) desconsiderando, desta forma, o desempenho individual, a produção individual, as necessidades e expectativas de cada trabalhador. Não ocorria à humanização no ambiente de trabalho. Os trabalhadores eram induzidos a fiscalizarem uns aos outros, a produzir a qualquer custo, para poderem alcançar as metas estabelecidas. As necessidades individuais dos trabalhadores: de valorização, de realização, de crescimento profissional eram desconsideradas.

            Segundo Barbara (1999), quando as metas não eram atingidas todo o grupo era prejudicado, com a redução da remuneração. Sendo que, na prática muitas vezes um trabalhador produz mais que outro por possuírem qualidades e habilidades específicas. Quando um trabalhador adoecia não percebiam a sua falta.

Enfim, neste modelo as questões subjetivas de cada trabalhador eram desconsideradas. Não era o operário que produzia, mas sim seu time. As cobranças se estendiam para vida particular dos trabalhadores que deveriam seguir regras e buscar sempre a eficiência, não deviam perder tempo e estarem sempre bem para o trabalho. A produtividade era o principal objetivo, como nos dias atuais, porém, os  trabalhadores eram tratados como se não tivessem direito ao lazer, a diversão e a descontração.

Sendo assim, ocorria uma alienação e uma exploração da mão de obra. Ou seja, os trabalhadores deveriam seguir as orientações dos gestores nas fábricas e em suas próprias casas. Fato este que possilvelmente  levou muitos colaboradores ao adoecimento psicológico e físico.

A partir do século XX, muitas mudanças ocorreram nas indústrias, nas fábricas e no comércio em geral, no que se refere a gestão de pessoas.  As cobranças por parte dos empregadores continuam existindo, no entanto, percebe-se uma maior humanização na relação entre o empregador e o trabalhador.

 

2.2 Atração de novos talentos e implantação de programas

 

Na atualidade, tem se falado muito a respeito do desempenho dos trabalhadores nas empresas e é dentro deste contexto que vamos abordar sobre o tema de novas contratações, e a retenção dos trabalhadores talentosos, como sendo um processo de grande “relevância” para as organizações e muito importante para o departamento de recursos humanos.

Os empregados talentosos são em muitos casos, o principal diferencial nas organizações, por possuírem competências e habilidades específicas fazem a diferença em determinadas empresas, e em alguns casos, são responsáveis pela sobrevivência da mesma no mercado. Podemos citar, por exemplo, bons e habilidosos vendedores que tem a responsabilidade de conquistar novos clientes e alavancar as vendas. No entanto, as empresas devem se preocupar em oferecer um ambiente de trabalho no qual os colaboradores se sintam acolhidos, valorizados e motivos a trabalhar.

Para Chiavenato 2010, talento pode ser definido como conjunto de habilidades de uma pessoa. Os dons, conhecimento, experiência, inteligência, discernimento, atitude, caráter e impulsos inatos, e que inclui a capacidade de aprender. Segundo Silva (2006), a retenção dos bons funcionários é indiscutivelmente um componente essencial para o sucesso das organizações nos últimos anos. São as pessoas que constroem, e utilizam o conhecimento adquirido.

As empresas dependem das pessoas para sobreviverem em tempos de mudanças tão rápidas.  No entanto, as pessoas preverem trabalhar em empresas que oferecem um ambiente de trabalho saudável, livre de preconceitos de qualquer tipo de descriminação, humilhações e desvalorização dos trabalhadores.

Parodi (2009), aborda que uma das condições para que as  organizações consigam reter os talentos é a forma como as mesmas definem um colaborador talentoso. As competências específicas que se pretende buscar em um novo talento, sendo importante, entenderem o que os possíveis colaboradores talentosos buscam nas organizações. Tendo como base estes conceitos, percebe-se a importância do recrutamento e seleção de novos colaboradores. Sendo assim, tanto os “empregadores” como toda a equipe responsável pela gestão de pessoas nas empresas, devem buscar qualificação constante nestas áreas. 

 Desta forma, o departamento gestão de pessoas deve ser responsável pelo pensamento estratégico em todo o processo de recrutamento, seleção e contratação de novos trabalhadores. Bem como, os gestores devem implantar ações para evitar a evasão de talentos ou rotatividade de colaboradores, porque esta pratica pode representar prejuízos para as empresas. 

 

2.3  A participação dos gestores no processo recrutamento e seleção

 

Existem várias formas de fazer recrutamento, conforme Chiavenato (2010), uma das modalidades é o recrutamento por e-mail. Trata-se de uma forma ágil e prática de receber os currículos. Torna-se interessante tanto para os candidatos como para as empresas.

A internet oferece a vantagem de ser uma ferramenta de comunicação de fácil acesso e de grande abrangência. Ótima oportunidade para as empresas buscarem novos talentos e mão de obra qualificada. No entanto as técnicas convencionais deverão ser usadas para analisar as qualidades, habilidades e competências dos candidatos, por exemplo: trabalho em equipe, liderança, autocontrole, relacionamentos interpessoais, ética, entre outras.

Segundo Antônio Vieira de carvalho (2007), recrutar bem só se torna viável se a organização puder dispor de uma estrutura de cargos e de salários atualizada, enxuta e dinâmica. Desta forma a função de recrutamento pode ser identifica como um processo que visa a pesquisar e atrair, dentro e fora da empresa, candidatos potencialmente capacitados e disponíveis para o preenchimento das vagas oferecidas pela organização.

O recrutamento deficiente traz dificuldades para empresa como exemplo podemos citar: a rotatividade que compromete a empresa em termos de disponibilidade de uma força de trabalho eficiente. Ou seja, fazer as coisas bem (eficiência) e fazer as coisas certas (eficácia). Aumento dos custos com direitos trabalhistas, seleção e treinamento de novos candidatos. Sem contar que o ambiente de trabalho fica comprometido com pessoal pouco qualificado para o pleno exercício de suas funções.

O recrutamento pode ser interno e externo, cada um deles tem suas vantagens e desvantagens cabe aos gestores optar por um dos dois métodos.  No recrutamento interno os custos são menores, a empresa está em melhores condições de dispor do seu quadro de funcionários. Sendo assim, é mais funcional, eficiente e os candidatos se identificam mais com a cultura organizacional. No recrutamento interno ocorre uma movimentação dos cargos exercidos pelos funcionários, nas promoções, transferência, programas de desenvolvimento e reciclagem de pessoal.

No recrutamento externo os custos são maiores, bem como, existem dificuldades em encontrar mão de obra qualifica. No entanto, são os novos funcionários, ou melhor, os novos talentos que podem fazer toda a diferença nas empresas, trazem novas ideias, novos métodos e estratégias de trabalho. O recrutamento externo pode ser feito através de anúncios na imprensa, anúncios em revistas para candidatos executivos, pela internet, nas universidades, nas escolas, alunos de ensino médio, estagiários. Os gestores podem optar pela terceirizado através das agências de emprego. 

As agências de emprego procuram atender as empresas solicitantes o mais rápido possível, geralmente possuem vários candidatos cadastrados e em busca de novas oportunidades de trabalho. As agências de emprego são intermediárias entre os candidatos e as empresas solicitantes. Ou seja, podem oferecer mão de obra qualificada para as empresas que buscam novas contratações com maior agilidade e eficiência. Uma vez que, se dedicam a tarefa de recrutar e recolar os trabalhadores no mercado de trabalho.

O autor Antônio Vieira de Carvalho (2007), nos fala que o custo de recrutamento terceirizado não é o mais barato, contudo apresenta as seguintes vantagens: todo o atendimento e a triagem dos candidatos são de responsabilidade da agência, evitando que estas tarefas sejam realizadas pela empresa interessada, conservando o sigilo profissional exigido. A rapidez no atendimento, quando a agência já dispõe de um bom cadastro de candidatos em potencial.  Há muitos candidatos que, em vez de pesquisar diretamente uma série de empresas para uma escolha mais segura, preferem recorrer a uma agência eficiente e de tradição no mercado de trabalho, entre outas.

As agências de emprego devem proporcionar rapidez no atendimento, qualidade do trabalho apresentado, relação custo-benefício, conduta ética. Além de possuir as instalações equipamentos adequados aos trabalhos realizados. Deve possuir no mínimo: sala de entrevistas, sala de testes, sala de treinamento, sala de recepção. As salas devem proporcionar privacidade para que os candilados possam se sentir à vontade no momento da entrevista e demais atividades disponibilizadas.

Quando aos funcionários devem ser qualificados e treinados, devem conhecer a fundo os problemas de mão de obra das empresas, ter critérios para selecionar os candidatos. Fazer uso de técnicas cientificamente comprovadas, que devem ser aplicadas de maneira correta, que possibilitem registros dos dados coletados dos candidatos (entrevistas, testes, dinâmicas), para que possam ser analisados tanto pelos psicólogos (as) responsáveis, como pela a empresa solicitante quando esta necessitar. Bem como, para o próprio candidato se o mesmo solicitar.

O tempo de atuação da agência de emprego é um dos fatores que influenciam no momento em que as empresas optam por fazer o recrutamento externo, que tendem fazer o seguinte questionamento: a quanto tempo a agência de emprego atua no mercado? Os clientes em geral permanecem ou trocam de agência? Poderia ser citado nome de empresas que durante mais de um ano têm usado a agência de emprego? Comparada com outras, a agência de emprego apresenta um pessoal estável, experiente? Possui um diferencial em relação as demais agencias?

 

2.4 Percepção e interação social no ambiente de trabalho

 

Grande parte das dificuldades das pessoas no ambiente de trabalho estão nos relacionamentos interpessoais e na sociabilidade. Quando um indivíduo encontra-se desempregado e tem a necessidade de sair em busca de uma nova oportunidade de trabalho, tem como desafio ser hábil socialmente. Além é claro, de possuir as habilidades e competências exigidas pelo cargo que pretende desempenhar. Desta forma, quando o assunto é relacionamentos interpessoais o ponto central reside de como as pessoas percebem umas às outras.

            Geralmente percebemos as pessoas como entidades unitárias que possuem algumas características físicas e de personalidade, bem como, alguns pensamentos e sentimentos. Os atributos de uma pessoa variam de muitas formas. As características físicas e de personalidade são propriedades relativamente duradouras nas pessoas, já os pensamentos e sentimentos são mais mutáveis. É comum supomos que a aparência de uma pessoa reflete o seu estado emocional interior (CECÍLIA WHITAKER BERGAMIN, 2008).

Sendo assim, os cuidados com a aparência devem ser observados pelos candidatos quando os mesmos são chamados para fazer uma entrevista de trabalho. As percepções das pessoas estão sujeitas a uma série de distorções e ilusões. Isso pode fazer com que, um entrevistador veja um canditado de maneira superficial. Essas percepções distorcidas são classificadas como:

            Estereótipos: ocorre quando se usa uma impressão padronizada. Exemplo, todo tatuado e marginal.

            Efeito do Halo: Ocorre quando uma característica positiva ou negativa de um sujeito encobre todas as demais. Exemplo tem boa aparência, fala bastante vai ser um bom vendedor. 

            Percepção seletiva: Ocorre quando uma característica se sobressai e aumenta a sua probabilidade de ser percebido.  Homens com corpo musculoso, mulheres bonitas, não poderão passar despercebidos. 

            Efeito Contraste: Não avalia a pessoa de forma isolada, a percepção pode ser influenciada por outras pessoas. Exemplo, na seleção de candidatos, contamina-se a apreciação feita sobre o candidato anterior com as características da pessoa seguinte.

            Projeção: Ocorre quando se  percebe e  atribui à pessoa percebida suas próprias características. Exemplo: como eu, ele é tímido.

 

2.5 Capacitação profissional

 

No mundo dos negócios está claro que cada vez mais é difícil encontrar profissionais capacitados. As dificuldades começam no momento em que os gestores disponibilizam uma nova vaga e iniciam o processo de recrutamento e seleção de um novo colaborador.  As empresas tendem a contratar as pessoas mais adequadas ao perfil da empresa, porém, é necessário que o trabalhador seja qualificado através de treinamentos e orientações direcionadas (CHIAVENATO, 2010).

É importante ressaltar que, o relacionamento entre gestores e colaboradores sempre foi tema de discussão, mas pouco se fala sobre essa relação no contexto pequena e média empresa. No entanto, devido à pequena quantidade de pessoas, o contato tem a tendência a ser muito informal, sem uma dedicação mais direcionada. Desta forma, cabe aos empresários e gestores estarem abertos e receptivos para ouvirem os colaboradores e ficarem atentos. Para não perderem oporternidades de negócios é preciso identificar quais são as maneiras de fortalecer e melhorar os relacionamentos interpessoais no ambiente corporativo (CHIAVENATO 2010).  

O desempenho de uma empresa pode ser maior quando há o respeito mútuo entre as pessoas no ambiente de trabalho. A falta de interesse ou até o desrespeito leva as pessoas a desperdiçarem tempo e energia. Nas empresas de pequeno e médio porte, a falta de reuniões formais para debate de ações mais concretas sobre questões relacionadas ao desempenho dos colaboradores, faz que muitas empresas tenham prejuízos e dificuldades para se manter no mercado.  Sendo assim, uma alternativa é fazer reuniões periodicamente para entender melhor os seus colaboradores e anotar sugestões e críticas, fazer os ajustes necessários (CHIAVENATO, 2010).

Para saber como está a equipe de colaboradores e a qualidade do ambiente de trabalho deve haver uma escuta inicial dos trabalhadores, com seriedade e respeito. Nas reuniões, não se deve interromper aquele que está com a palavra sem que o raciocínio tenha sido concluído. Os gestores devem interagir com os colaboradores e evitar que ocorram conversas paralelas. Ou seja, é importante manter uma postura de profissionalismo e evitar as fofocas e demais comentários que prejudiquem a qualidade das relações no ambiente de trabalho.

Grande parte dos profissionais passa de 08 (oito) a 10 (dez) horas dentro das empresas. Nada mais adequado do que prezar por um bom relacionamento, não só entre os colaboradores, como também com o gestor e o dono da empresa. Uma boa qualidade das relações é pré-requisito para que as empresas obtenham o sucesso. Respeitar a diversidade na forma de pensar e de agir são modos de se valorizar as pessoas, fundamento de excelência que torna as empresas mais competitivas e sustentáveis

Os treinamentos abertos abrangem cursos, demonstrações e palestras, com conteúdo fechados ministrados por empresas especializadas que visa oferecer capacitação profissional. Já os Treinamentos nas empresas são elaborados de acordo com a necessidade específica das empresas com o acompanhamento e execução de um consultor. Em muitos casos, as empresas possuem funcionários capacitados que treinam os novos colaboradores.

 

2.6 O que as pessoas buscam no ambiente de trabalho

 

As pessoas buscam no trabalho muito mais que dinheiro, mas sim, ocupar o tempo com algo produtivo, desempenhar tarefas interessantes, ter recursos e autoridade para poder fazer bem o trabalho, obter reconhecimento e valorização profissional, ganhar dinheiro para sobreviver, acumular riquezas.  Em muitos casos valorizam muito mais as recompensas psicológicas do que as financeiras. Os principais aspectos psicológicos do trabalho são: criatividade, variedade, liberdade, flexibilidade, aspectos estes, que são atraentes a maioria dos trabalhadores. No entanto a verdadeira satisfação no trabalho depende do tipo de trabalho desempenhado e da época da vida do sujeito (CHIAVENATO, 2010).

Pessoas mais jovens, recém-formadas buscam desafios, oportunidades para desenvolver suas ideias, implantar novos projetos, possuem um perfil inovador e ousado. Na meia idade buscam maior estabilidade, horários mais flexíveis, segurança e rendimentos financeiros satisfatórios. Na idade avançada: dinheiro, conquistas e status são fatores importantes e almejados pelos trabalhadores. No entanto, muitas pessoas que fizeram uma escolha acertada da profissão, que fazem o que realmente gostam, mesmo enfrentando dificuldades financeiras, vivenciam um grau maior de satisfação. 

         A satisfação no trabalho está positivamente relacionada com o grau em que o trabalho desempenhado reflete os interesses pessoais e permitem o uso das aptidões do sujeito. Ou seja, quando a pessoa não se identifica com a profissão escolhida terá maiores dificuldades para obter o sucesso e a satisfação profissional.

 

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Um ambiente de trabalho considerado bom e saudável pelos trabalhadores certamente contribuirá para que as empresas consigam alcançar os seus objetivos. Ou seja, bons lucros. Sendo que, um ambiente de trabalho considerado ruim pelos trabalhadores, onde os mesmos estejam insatisfeitos e desmotivados, possivelmente ocorrerá baixa produtividade e os lucros dos empresários poderão ser menores.

Sendo assim, os novos papéis das equipes de gestão de pessoas, juntamente com os psicólogos organizacionais, podem ser resumidos em alguns aspectos fundamentais, dos quais podemos citar: investir pesadamente em pessoas, transformar pessoas em talentos dotados de competências, transformarem talentos em capital humano, transformar o capital humano em capital intelectual, transformar o capital intelectual em resultados positivos e buscar a humanização no ambiente de trabalho.  

É importante ressaltar que os investimentos em educação corporativa tem se tornado uma necessidade e não mais uma tendência de mercado que só as grandes empresas praticavam. Investir em capacitação profissional se tornou estratégico. Bem como, investir na equipe de gestão de pessoas, pode contribuir para que as empresas sejam bem sucessidas.

Os profissionais do departamento de recursos humanos devem ser capacitados para diagnosticar as reais necessidades de desenvolvimento dos colaboradores no ambiente de trabalho. Planejar as ações segundo as necessidades levantadas. Contratar os parceiros para execução dos trabalhos, e por fim, conseguir avaliar se os resultados das melhorias feitas no ambiente de trabalho, realmente contribuíram para que a empresa alcançasse os seus objetivos na prática.

Com certa frequência as empresas necessitam fazer mudanças no ambiente de trabalho devido a globalização e as novas tecnologias inseridas no mercado. Os gestores devem atuar como agentes transformadores nas empresas. Evitarem a rotatividade de funcionários e na medida do possível, buscarem contratar novos talentos. Sendo assim, as equipes de gestão de pessoas exercem um papel de extrema importância para as empresas, contribuem para moldar e profissionalizar os colaboradores, através da impossisação novas exigências, dos treinamentos.  Podendo ainda ser disponibilizado outros benefícios previstos em lei ou não, dos quais podemos citar: plano de saúde, redução da carga horária, auxilio maternidade, auxilio parternidade, auxilio transporte, refeitório nas empresas, creche nas empresas, ambiente para descanço após o almoço nas empresas, prêmio assiduidade, pagamaneto dos estudos (faculdade), divisão dos lucros, entre outros.  

A comunicação interna nas organizações é uma das ferramentas fundamentais para as empresas que desejam ser bem-sucedidas. Através dos mais variados métodos e estratégias as informações são repassadas aos colaboradores. A missão e valores da empresa e as decisões tomadas pelos diretores, devem chegar até os trabalhadores de forma clara e objetiva.

Sendo que, uma das principais dificuldades a serem superadas pelas empresas para que ocorra uma comunicação satisfatória, são as questões subjetivas dos colaboradores. Cada pessoa possuiu uma maneira de ser, pensar e agir. No entanto é possível estar mais próximo da comunicação eficiente e eficaz, quando os gestores e colaboradores trabalham em conjunto.

Os relacionamentos interpessoais e a integração social no ambiente de trabalho, estão diretamente relacionados com a qualidade da comunicação, uma vez que, é através da comunicação que os colaboradores irão demosntrar as suas insatisfações, críticas e sugestões.  É o estado de espírito colaborativo que pode facilitar a integração social no ambiente de trabalho.  Sendo importante, que a equipe de gestores trabalhe estas questões através de capaci­tações direcionadas, cujo os temas estejam ligados aos acontecimentos do dia-a-dia, para ajudar a manter o ambiente organizacional próspero e hamoniozo.

Os gestores com perfil de liderança são os mais aceitos e bem sucessidos na atualudade. Uma das suas responsabilidades é cuidar da segurança e higiene no ambiente de trabalho evitando que os trabalhadores adoençam.

As empresas bem sucessidas geralmente são aquelas que valorizam o seu  capital humano. Os colaboradores são inseridos nestas organizações como parte importante. Para que isso ocorra os novos colaboradores devem ser acolhidos, integrados e valorizados pelos gestores e trabalhadores que fazem parte do quadro de funcionário a mais tempo.

Percebemos que um dos caminhos mais seguro para que as empresas sejam bem sucedidas na atualidade, está em qualificar e moldar os colaboradores conforme as particularidades de cada empresa. A atuação da equipe de gestão de pessoas é muito importante nos dias atuais, uma vez que, o sucesso de muitas empresários está diretamente vínculado ao “capital humano”.

 

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

BARBARA, Maristela Miranda. Reestruturação produtiva, qualificação, requalificação e desemprego: percepção e sofrimento do trabalhador. Psicol. Cienc. prof. v.19 n.1 Brasília 1999 – Psicologia Ciência e Profissão.

 

BERGAMINNI, Cecília Whitaker. Psicologia aplicada à administração de empresas : psicologia do comportamento organizacional. Cecília Whitaker Bergamini. 4. ed. 3 reimpr.  São Paulo: Atlas, 2008.

 

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CARVALHO, Antônio Vieirade, 1932-2006. Funções básicas do sistema de RH atrair, escolher e preparar. Antônio Vieira Carvalho – Rio de Janeiro: Qualitymark, 2007.

 

CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações. Idalberto Chiavenato. 3. ed. Rio de Janeiro : Elsevier, 2010.

 

DAVIDOFF, Linda L. Introdução à Psicologia: Terceira Edição. Tradução lenke Peres; revisão técnica José Fernando Bittencourt Lômaco . São Paulo: Pearson Makron Books, 2014.

 

MELGOSA, Julián. Mente Positiva Como desenvolver um estilo de vida saudável. Tatuí/SP: Casa Publicadora Brasileira, 2009.

 

MORAIS, Gilberto. Psicólogo organizacional e Pós-Graduado - MBA - em Gestão Estratégica de Recursos Humanos. Consultor sênior de Recursos Humanos e "Executive Coaching", Treinamento, Desenvolvimento e Avaliação de executivos e profissionais. Diretor-responsável pelas áreas de Outplacement/Recolocação Profissional e Aconselhamento de Carreiras. Coaching, da Facioli Consultoria www.facioliconsultoria.com.br . Acesso 13.05.2016.

 

OLIVEIRA, Ricardo Daher; OLIVEIRA, Guilherme dos Reis. A liderança e sua relação com a gestão do conhecimento: Um de campo. Espírito Santo: CONACSIS, 2009. PARODI, Karin. Retenção de talentos ganha importância. HSM Online, 2009.

 

ROBBIS, Stephen. Comportamento organizacional; Steplen P. Robbins; tradução técnica Reynaldo Marcondes. 11. Ed – São Paulo: Pearseon Prentice Hall 2012.

 

SILVA, Elson Magno da. Os efeitos da liderança na retenção de talentos um estudo sobre comprometimento e rotatividade numa indústria petroquímica. Dissertação de Mestrado, IBMEC. Rio de Janeiro, 2006.

 

SIQUEIRA, Matias (Org.), TAMOYO, Álvaro [et al.]. Medidas do Comportamento Organizacional: Ferramentas de Diagnóstico e de Gestão. Porto Alegre/RS: Artemed, 2008.

 

APOSTILA. Temas contemporâneos em psicologia organizacional e do trabalho. Grupo de Estudos em Psicologia Organizacional e do Trabalho. CNPq, LabPOT - Laboratório de Psicologia Organizacional e do Trabalho. - - São Paulo: Expressão & Arte, 2009.

 

ZANELLI, José Carlos; ANDRADE, Jairo E B; BASTOS, Antonio V.B (Org.). Psicologia, organizações e trabalho no Brasil. Porto Alegre/RS: Artemed, 2004.

 



[1]Enio Roque Potulski CRP 18/02867 graduado em psicologia com ênfase na teoria Terapia Cognitiva Comportamental (TCC) pela faculdade de Sinop – FASIPE, pós-graduando em Gestão de Pessoas pela mesma instituição e em Psicologia Jurídica pela Universidade Cãndido Mendes. O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.

A IMPORTÂNCIA DOS JOGOS na educação infantiL NA ESCOLA MUNICIPAL LAURA VICUNA EM ALTA FLORESTA-MT

Sonia Fatima Lorenzetti[1]

Sueli Martins Lorenzetti[2]

 

RESUMO:

A utilização de jogos como métodos de aprendizagem na Educação Infantil deve estreitar relações interpessoais, a fim de compreender ações transformadoras na vida cotidiana do educando. O objetivo geral da pesquisa foi de analisar a utilização dos jogos como ferramenta de desenvolvimento das crianças para processo cognitivo na Educação Infantil. A metodologia utilizada na pesquisa foi a pesquisa bibliográfica e pesquisa de campo na Escola Municipal Laura Vicuna, a técnica utilizada para a coleta de dados, foi a aplicação de um questionário a 10 (dez) professores que atuam na escola. Os teóricos estudados e pesquisados foram Kishimoto (1999), Santos (2005), Silva (2004). Os resultados da pesquisa mostraram que com a utilização dos jogos em sala de atividades o educador estará envolvendo a criança em atividades que os levem a refletir e descobrir o mundo, pois o lúdico na Instituição de Educação Infantil representa um meio de intervir no desenvolvimento infantil e na construção do conhecimento.

PALAVRAS CHAVES: Educação Infantil. Jogos. Criança.

 

ABSTRACT

The use of games as learning methods in Early Childhood Education should strengthen interpersonal relationships in order to understand transformative actions in the everyday life of the learner. The general objective of the research was to analyze the use of games as a child development tool for cognitive process in Early Childhood Education. The methodology used in the research was the bibliographical research and field research at the Laura Vicuna Municipal School, the technique used to collect data was the application of a questionnaire to 10 (ten) teachers who work in the school. The studied and researched theorists were Kishimoto (1999), Santos (2005), Silva (2004). The research results showed that with the use of games in the activity room the educator will be involving the child in activities that lead them to reflect and discover the world, since the playfulness in the Institution of Early Childhood Education represents a means of intervening in the development of children and In the construction of knowledge.

Keywords: Infantile Education. Games. Child.

 

INTRODUÇÃO

Na busca de conhecer melhor o mundo infantil, o trabalho sobre a importância dos Jogos na Educação Infantil na Escola Municipal Laura Vicuna tem por objetivo investigar por meio de pesquisa bibliográfica, como é realizada as atividades que envolvem brincadeira, em  sala de aula  s e se a mesma auxilia o processo de aprendizagem

A escola é o principal acesso aos elementos da cultura por ser uma das fases essenciais da aprendizagem. É nela que o indivíduo apresenta suas competências, capacidades e habilidades para a interação social. É possível e necessário estar aberto à transformação do mundo, buscando forma eficaz e prazerosa no processo de aprendizagem.

Sabe-se que o lúdico proporciona um desenvolvimento sadio e harmonioso, sendo uma tendência instintiva da criança. Ao brincar, a criança aumenta a independência, estimula sua sensibilidade visual e auditiva, valoriza a cultura popular e desenvolve habilidades motoras, diminuindo a agressividade e assim exercita a imaginação e a criatividade, aprimorando a inteligência emocional, aumentando a integração, promovendo, assim, o desenvolvimento sadio, o crescimento mental e a adaptação social.

A problemática da pesquisa é de que através do jogo haverá na Educação Infantil uma aprendizagem significativa?

O objetivo da pesquisa é de analisar a utilização dos jogos como forma de desenvolvimento processo cognitivo na Educação Infantil.

Os objetivos específicos são de  estudar quais são as melhorias que jogos trazem no desenvolvimento cognitivo e afetivo dos alunos, conhecer a evolução histórica dos jogos e brincadeiras, compreender o valor dos jogos e atividades lúdicas na educação infantil como subsídios eficazes para a construção do conhecimento realizado pela própria criança.

A Hipótese de que a utilização os jogos na Educação Infantil despertará o interesse e aguçar a criatividade, mas alguns professores ainda fazem pouco uso desse recurso em suas aulas, por não acreditarem que o mesmo auxiliam o processo e na  facilitação da aprendizagem  de  maneira significativa.

O contato com os jogos na aprendizagem permite-lhes o mundo mágico no caminho das descobertas, as atividades lúdicas permitem também as crianças desenvolver a negociação, fazendo regras e resolvendo conflitos, pois brincar a é forma de a criança compreender o mundo adulto a sua volta, trazendo para seu mundo imaginário.

Acredita-se que a utilização do lúdico ira permitir que a criança desenvolva uma nova visão mundo através das descobertas e da criatividade, as crianças irão se expressar, analisar, criticar melhorando assim  a aprendizagem  a  qualificação e a  formação crítica do educando Diante deste contexto os educadores precisam refletir mais sobre a sua importância do lúdico no processo  ensino e aprendizagem.

O estudo em questão poderá servir de base para outras instituições que atuem em ramos semelhantes, ou que possuam processos similares aos desta, desde que se estejam atentos às diferenças que talvez venham a existir de uma escola à outra, identificando as mudanças que provavelmente se mostrem necessárias no momento de sua aplicação.

A elaboração deste trabalho busca descrever a importância dos jogos na Educação Infantil, analisando também as contribuições e problematizações para o processo de construção da aprendizagem das crianças nesta etapa de educação.

A importância do estudo está em acreditar que por meio do brincar em sala de atividades poderemos estudar os processos de desenvolvimento da criança nos jogos e brincadeiras, bem como a sua importância na educação, para por fim, fazer uma proposta da utilização dos jogos, como uma ferramenta fundamental para o desenvolvimento da criança.

A escolha deste tema deu-se para investigar o que está acontecendo nas escolas, diante da realidade em que vivenciamos a desvalorização, a autoconfiança que não existe por parte de algumas crianças e o conhecimento que tem suas falhas, neste sentido é preciso criar jogos em que a criança sinta-se confiante no que está acontecendo e que ela participe de forma produtiva no processo de ensino de ensino aprendizagem.

 

II.  REFERENCIAL TEÓRICO

2.1  Histórico da Educação Infantil

 

A Educação Infantil teve sua origem devido a questionamentos em relação ao papel da criança na sociedade e como esse papel seria desenvolvido. Oliveira (2002) essa mudança veio sobre o pensamento de uma educação para as crianças que  valorizasse a própria criança  associando seu aprendizado ao jogo. Para assegurar que as crianças tivessem um lugar adequado para ficar construíram-se muitas estruturas, como por exemplo: “charity schools”, “infants schools” e “nursery schools” em Londres; “knitting schools” (criadas por um pastor francês). Esses locais tinham objetivo cuidar dos filhos de trabalhadores e ensinar a ser obediente, ter moralidade, devoção e valorizar o trabalho.

Comênio, bispo protestante e educador, defendia que a educação das crianças menores de 6 anos deveria começar com a família. De acordo com Oliveira  (2002, p. 64) “Ele elaborou, em 1637, um plano material de escola maternal em que recomendava a utilização de materiais audiovisuais para auxiliar na educação das crianças. Em 1657 foi utilizado a palavra jardim-de-infância, para nomear o local de aprendizado das crianças”.

Rousseau também influenciou a área da educação infantil opondo-se aos modos utilizados. Seguido Oliveira (2002, p. 64) “Rousseau defendia uma educação em que a aprendizagem deveria ocorrer por meio de experiência, e atividades práticas, da observação, da livre movimentação, de formas diferentes de contato com a liberdade”.

Pestalozzi também contribuiu para a Educação Infantil teve como base as ideias de Comênio e Rousseau. Seguido Oliveira (2002, p. 64) “Pestalozzi afirmava  que é no desenvolvimento das crianças no momento da construção,  que pode e deve ser  ensinado”.

 Acompanhando essas mudanças, Froebel, na Alemanha cria o jardim de infância utilizando como base as ideias de Pestalozzi. A diferença entre creches e  jardim de infância era a sua proposta educacional em que se envolvia atividades de cooperação e o jogo na educação das crianças.

A Educação Infantil defendida pelos Decroly e Montessori  tinha como princípio a utilização de materiais confeccionados especialmente para as crianças. Decroly era a favor de um ensino voltado para o intelecto, com ênfase no conteúdo que seria ensinado e defendia também a formação de classes homogêneas. Foi ele que desenvolveu a noção de jogos educativos Montessori, tinha como proposta trabalhar o psicológico das crianças e seus interesses. Focava a utilização de material pedagógico na educação e a criação de um local que ajudaria no desenvolvimento da criança, o professor teria como papel arrumar o ambiente e observar a criança. (KISHIMOTO, 1998, p. 23).

 

Após a primeira guerra mundial apareceu o Movimento das Escolas Novas e tinha como objetivo uma aprendizagem feita através das experiências da criança ao invés de decorar conteúdos. esse movimento era contra à escola como  uma preparação para a vida; o movimento queria que os interesses da criança fossem levados em conta e que a escola estivesse compromissada com a aprendizagem das crianças.

Os psicólogos Vygotsky, Piaget e Wallon. Vygotsky,  também influenciaram a história da Educação Infantil eles afirmava que as crianças eram introduzidas na cultura pelos pais ou pelos adultos que as rodeavam, o meio onde elas estavam inseridas contribuía para sua formação. Acreditavam que as representações mentais, juntamente com a utilização de símbolos, auxiliavam na relação do indivíduo com o mundo. Para Wallon a afetividade era importante na diferenciação da criança e desenvolveu uma teoria tendo como premissa que a “emoção é a primeira forma de adaptação do sujeito ao meio que o circunda” (REIS, 2010, p. 41).

 

Piaget e Wallon também contribuíram  com a Educação Infantil, acreditavam  que o ambiente onde o indivíduo estava inserido auxiliava no desenvolvimento e construção de conhecimento. Seguido Oliveira (2002) O desenvolvimento cognitivo da criança apresenta o mecanismo da assimilação e da acomodação e está dividido em quatro etapas: sensório-motor (0 a 2 anos), pré-operatório (2 a 7 anos); operações concretas (7 a 11 anos) e operações formais (11 anos em diante). É na etapa do pré-operatório que Piaget traz a importância do jogo simbólico e do desenho porque é nessa fase que a criança está envolvida com conceituações e representações das coisas, e a partir daí consegue fazer representações do que aprendeu, do que foi compreendido.

A pedagogia froebeliana, foi  a mais aceita entre os educadores e se espalhou pelo mundo, principalmente nos Estados Unidos, devido à ênfase que essa pedagogia dava às atividades em grupo. A pedagogia de Froebel chegou ao Brasil.

O Brasil, até a primeira metade do século XIX, não apresentava um local onde as crianças podiam ficar, uma vez que cabia a família a incumbência da sua educação. Com o passar do tempo e com a ida da mulher para o mercado de trabalho ficou a cargo das creches o papel de educar as crianças. A pedagogia froebeliana apareceu aqui no Brasil por volta do final do século XIX e foi rodeada de muitas críticas, como sendo uma pedagogia que criava locais para guardar as crianças, e muitos elogios. Foi apresentada juntamente com o Movimento das Escolas Novas devido à influência dos Estados Unidos e da Europa (OLIVEIRA, 2002, p.85).

 

Foram criados os primeiros jardins de infância em 1875 e 1877 no Rio de Janeiro e em São Paulo. Os jardins de infância públicos tiveram como base a pedagogia froebeliana.

O cunho assistencialista dado às creches e jardins de infância foi relacionado com o papel da escola ficar como educadora enquanto a família estava trabalhando. Alguns educadores preocupados com a qualidade do trabalho pedagógico que era realizado nessas instituições começaram a apoiar o “escolanovismo”, movimento que pretendia fazer e trazer uma renovação pedagógica na educação. Em 1924, é fundada a Associação Brasileira de Educação, tendo como base as idéias do Movimento das Escolas Novas. Em 1929, as novas idéias e concepções que surgiram com esse movimento foram apresentadas para a sociedade por meio de um livro intitulado Introdução ao estudo da Escola Nova, lançado por Lourenço Filho (OLIVEIRA, 2002, p.98).

 

Em São Paulo, Mário de Andrade propôs a divulgação das Praças de Jogos que seriam semelhantes aos jardins de infância propostos por Froebel e influenciadas pelo Movimento da Escola Nova.

Em 1961, foi aprovada a Lei Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº4.026/61) que aprofundou a perspectiva apontada desde a criação dos jardins-de-infância: sua inclusão no sistema de ensino. Segundo a lei, a educação pré- primária seria oferecida para crianças de até 7 anos e ocorreria em escolas maternais e jardins-de-infância. Em 1967, houve influência do tecnicismo sobre as entidades orientadoras refletindo em maior preocupação com os aspectos da educação formal. Essa ação teve como objetivo ser uma compensação cultural, devido à desigualdade entre as creches e os jardins particulares. Durante o período militar, houve uma diminuição das discussões sobre a educação infantil e seus locais de apresentação; após esse período, houve a retomada das discussões e elaboração de programas para romper com a visão assistencialista e compensatória, e propor uma pedagogia que desenvolvesse a criança. (OLIVEIRA, 2002, p 102).

 

Nas décadas de 1980 e 1990 houve muitos avanços na área da Educação Infantil: promulgação da Constituição Federal de 1988, que determinou que 50% da aplicação obrigatória de recursos em educação fosse destinado a programa de alfabetização. Com a promulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA, 1990) e aprovação da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB, Lei nº 9.394/96).

 

2.2 A utilização de jogos na Educação Infantil

 

A ideia de unir o lúdico à educação difundiu-se, principalmente a partir do movimento da Escola Nova e da adoção dos chamados "métodos ativos". No entanto, esta ideia não é tão nova nem tão recente quanto possa parecer.

A situação-problema é o ponto de partida da atividade matemática e não a definição. No processo de ensino e aprendizagem, conceitos, ideias e métodos matemáticos devem ser abordados mediante a exploração de problemas, ou seja, de situações em que os alunos precisem desenvolver algum tipo de estratégia para resolvê-las. (BRASIL, 1998, p.65)

 

A ideia de unir o lúdico à educação difundiu-se, principalmente a partir do movimento da Escola Nova e da adoção dos chamados "métodos ativos". No entanto, esta ideia não é tão nova nem tão recente quanto possa parecer.

Em 1632, Comenius terminou de escrever sua obra Didática Magna, através da qual apresentou sua concepção de educação. Ele pregava a utilização de um método de acordo com a natureza e recomendava a prática de jogos, devido ao seu valor formativo.

Os jogos fazem parte do lúdico, constituindo assim um fator importantíssimo para o desenvolvimento intelectual e afetivo do aluno, pois permite que o mesmo entenda o mundo, expressando suas ações, sentimentos e  ideias.

O jogo pode se tornar uma estratégia didática quando as situações são planejadas e orientadas pelo adulto visando a uma finalidade de aprendizagem, isto é, proporcionar à criança algum tipo de conhecimento; alguma relação ou atitude. Para que isso ocorra, é necessário haver uma intencionalidade educativa, o que implica planejamento e previsão de etapas pelo professor, para alcançar objetivos predeterminados e extrair do jogo atividades que lhe são decorrentes. (PEREIRA , 2001, p.21)

 

Caminhos, que embora nem sempre tão objetivos como é pensada a investigação dentro das concepções do paradigma positivista, não significa que devemos abandonar seu estudo  Para a atividade lúdica pode ser realizada qualquer lugar, mas a mesma , não deve ser considerada  como uma  atividade descomprometida e si , como elemento que promove o desenvolvimento e faz parte da vida da criança.

Muitos professores são resistentes às inovações educacionais, e em relação a utilização do lúdico em determinados conteúdos, a adoção de uma proposta diferenciada através do lúdico proporcionará uma educação e inovadora e com resultado satisfatório.

Para Santos (2005), a maioria dos professores tem uma visão funcional do ensino e tudo o que ameaça romper o esquema de trabalho prático que aprenderam a aplicar em suas salas de aula é rejeitado. Também reconhecemos que as inovações educacionais abalam a identidade profissional, e o lugar conquistado pelos professores em uma dada estrutura ou sistema de ensino, atentando contra a experiência, os conhecimentos e o esforço que fizeram para adquiri-los.

O brincar na Educação Infantil por meio de jogos e brincadeiras possibilita a criança descobertas e aprendizado. A observação da atividade de brincar dá ao professor caminhos para entender o aluno, e a criança oportunidade de ampliar conhecimentos e habilidades, sejam elas motoras cognitivas ou linguísticas.

Vygotsk (1994) vê o brinquedo como o meio principal do desenvolvimento da criança. Considera que o desenvolvimento ocorre ao longo da vida e que as funções psicológicas superiores são construídas ao longo dela. Ele não estabelece fases para explicar o desenvolvimento. Segundo ele, a criança usa as interações sociais como formas privilegiadas de acesso a informações: aprendem à regra do jogo, por exemplo, através dos outros e não como o resultado de um engajamento individual na solução de problemas. 

O brincar na Educação Infantil, além de estimular a curiosidade, a autoconfiança e autonomia, proporciona o desenvolvimento da linguagem, do pensamento, concentração e atenção.

Para Vygotsk (1994), é no brinquedo que a criança aprende a agir numa esfera que depende de motivações internas.  É no brinquedo que a criança consegue ir além do seu comportamento habitual, atuando num nível superior ao que ela realmente se encontra.

Através de materiais adequados, que trabalhem a realidade dos educandos os professores podem tornar o trabalho atrativo e realizar uma aula diferente, além de auxiliar as crianças a perderem sua timidez e se relacionem com os colegas.

Para Kishimoto (1999), “o brincar tem a prioridade das crianças que possuem flexibilidade para ensaiar novas combinações de ideias e de comportamentos”.

O brinquedo ajuda a criança no desenvolvimento da linguagem, o pensamento estimulando a curiosidade. Qualquer coisa pode ser utilizada como brinquedo para estimular a imaginação infantil: como caixas, pontinhos, fitas, folhas de árvores, pedaços de tecido, etc, pois no faz-de-conta a criança realiza a sua maneira a imaginação para conhecer a si e o outro.

Segundo Piaget (1971, p.68) "O desenvolvimento da criança acontece através do lúdico. Ela precisa brincar para crescer, precisa do jogo como forma de equilíbrio"

Brincar como prática pedagógica não é simplesmente divertimento, mas deve favorece o desenvolvimento físico afetivo e moral e conhecimento. As crianças quando interagem sobre os objetos constroem resultado de forma lógica. .

Segundo Kishimoto (1994), o brinquedo supõe uma relação íntima com a criança e uma indeterminação quanto ao uso, ou seja, a ausência de um sistema de regras que organizam uma utilização. O brinquedo preenche necessidades, entendendo-se estas necessidades como motivos que impelem a criança à ação, são estas necessidades que levam a criança a avançar em seu desenvolvimento.

Afirma Vygotsky (1994), que a brincadeira possui três características: a imaginação, a imitação e a regra. Elas estão presentes em todos os tipos de brincadeiras infantis, tanto nas tradicionais, naquelas de faz de conta, como naquelas que exigem regras.

Os jogos hoje constituem uma proposta educativa que se baseia na atividade e na interação delas. Através das atividades lúdicas desenvolvem-se várias habilidades em que vive, ao mesmo tempo, questionando regras e papéis sociais, e transformando-a através da imaginação.

 

III. METODOLOGIA

Os dados apresentados em forma de análise de acordo com o resultado dos questionários, argumentados a partir dos estudos de fundamentação teórica.

A metodologia utilizada na realização da pesquisa em primeiro momento através da revisão de Literaturas, releitura de textos e matérias já estudadas e aprofundamento dos conhecimentos teóricos.

Utilizou-se também a pesquisa bibliográfica: e a revisão da literatura  através de pesquisas realizadas via internet, revistas e livros.

Solicitou-se a permissão para a realização da pesquisa na Escola Municipal Laura Vicuna. Houve também a distribuição do questionário para pesquisa, esclarecendo os objetivos da presente pesquisa, para as pessoas que se dispuseram a participar espontaneamente do estudo, garantindo a ética no sigilo das informações coletadas.

A técnica utilizada para a coleta de dados, através de uma entrevista feita com 10 (dez) professores da Escola Municipal Laura Vicuna

 

IV. ANÁLISE DOS RESULTADOS

 

O gráfico 1, descreve  a importância dos  jogos para a construção do conhecimento

 

Pode-se observar nas respostas que todos os entrevistados veem os jogos como um importante  instrumento educativo que contribui para a construção do conhecimento

A leitura que fazemos sobre as respostas dos entrevistados a respeito do jogo, permite afirmar que os educadores têm consciência auxilio do jogo  na construção do saber. A utilização dos jogos em sala de aula é uma forma prazerosa de aprender, pois através dos mesmos podemos estimular o raciocínio além de  ensinar a criança a obedecer as regras existentes nos mesmos.

Piaget (1975) diz que o jogo não pode ser visto apenas como divertimento ou brincadeira. Ele favorece o desenvolvimento físico, cognitivo, afetivo, social e moral. As crianças ficam mais motivadas para superar obstáculos, tanto cognitivos quanto emocionais. O jogo está estritamente relacionado com o processo evolutivo de o pensamento jogar é pensar.

A função do jogo em sala de aula deve ser vista como um meio para ensinar ou revisar determinados conteúdos. Porém, o mais importante no jogo está no fato da criança poder experimentar, construir  função destes objetos através das atividades.

O grafico 2  Se não há envolvimento da criança com os jogos, haverá construção de conhecimento? Por quê? 70% responderam que não, pois conhecimento se constrói partindo das experiências e 30% não, pois conhecimento é a bagagem dos conteúdos adquiridos.

 

Buscando conhecer o que os docentes pensam se a falta envolvimento da criança com os jogos, haverá construção de conhecimento, observou-se que os mesmos acreditam que o conhecimento se constrói partindo das experiências.

As crianças aprendem com seu meio, a experiência com o outro de alguma influência diretamente vida da criança. Desse modo ao proporcionar as crianças situações onde a aprendizagem se torne significativa e prazerosa, estaremos estimulando as  mais diversas áreas do conhecimento seja aliada aos interesses da criança.  Na escola é muito importante a utilização dos jogos em sala de aula como estimulo a aprendizagem, pois geralmente, essas crianças  apresentam desmotivação com as tarefas escolares, gerando um sentimento de incapacidade, que leva, para a frustração, o desinteresse e à falta de atenção e concentração.

Os constantes fracassos nas aprendizagens escolares seriam as causas das alterações nas relações sociais das crianças com dificuldades na aprendizagem, já que provocam nelas atitudes de rejeição em relação à escola e tudo o que a mesma significa, bem como o convencimento de que sua própria incapacidade é a causa de suas dificuldades de aprendizagem. (COLL,1995, p. 77).

Através da utilização dos jogos em sala de aula o professor poderá tornar o conteúdo fácil para a criança assimilar. O jogo por si só já produz novos conhecimentos, mas a ação docente com a intencionalidade educativa com a atividade proposta irá estimular o conhecimento de modo integrado.

O grafico 3. Utiliza jogos como atividade em sala de aula

 

   Pode-se observar que todos os entrevistados utilizam jogos em sala de aula.  A utilização do jogo em sala de aula deve ajudar o aluno resolver situações problemas e desenvolver habilidades de raciocínio lógico, concentração, e interpretação.

A utilização do jogo em sala de aula de ter como objetivo criar um ambiente descontraído viabilizando a aprendizagem significativa por meio da manipulação com diferentes materiais.

O jogo em si acaba por adquirir um caráter de fruição que encanta e motiva aqueles que dele participam. O desenvolvimento do aprendizado com a utilização de jogos é interdisciplinar, uma vez que todas essas capacidades desenvolvidas são necessárias para um bom desempenho em outras atividades e em diferentes disciplinas, sejam elas escolares ou não. (ZASLAVSKY, 2000,p.85)

 

Para que se consiga despertar o interesse do aluno por meio da utilização de jogos, o professor deve planejar sua ação em relação aos objetivo de o jogo para que o mesmo não torne um mero lazer. As regras devem serem claras para se garantir o sucesso da atividade como meio de aprendizagem; assim sendo a utilização de diferentes tipos de jogos devem proporcionar a aprendizagem.

 

O grafico 4. Tempo disponível para as crianças brincarem

 

Percebe-se que os professores realizam com os  alunos diariamente o momento de brincadeiras e jogos. Na escola esse momento deve ser oferecido de forma prazerosa e de aprendizagens diferenciadas. A  necessidade de introduzir os jogos no cotidiano das crianças deve servir como meio para que as mesmas brinquem e aprendam  ao mesmo tempo.

Segundo Kishimoto (1994) a função lúdica, propicia diversão, prazer e até mesmo. A segunda é a função educativa, pois o jogo ensina o indivíduo. Para a autora, deve necessariamente existir um equilíbrio entre as duas funções.

O jogo na aprendizagem pode ser visto como um recurso mediador no processo de ensino aprendizagem, tornando-o mais fácil, pois o jogo um fortalece a relação entre o projetor e aluno. Através das atividades lúdicas o alumio irá trocar informações e adquirir experiências. O jogo em sala de aula deve servir como apoio pra se trabalhar valores, para explicar o conteúdo.

O grafico 5. A disponibilidade de espaço que a escola oferece para as crianças, 70%  responderam ter pouco brincarem e 30% que a escola necessita açiar os espaços.

 

 

Em relação à disponibilidade de espaço que a escola oferece para as crianças, pode-se observar  a falta de espaço para as crianças brincarem. Na educação infantil,  a utilização do  lúdico é importante, pois é através dele que a criança irá construir significados e  compreendendo o mundo a partir de suas representações o mundo que a rodeia.

Winnicott (1982) descreve  que é no brincar que o indivíduo criança ou adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral, ou seja, qualquer que seja a atividade lúdica conduz ao encontro com criatividade.

A falta de espaço nas escolas destinados à atividade lúdica, compromete o desenvolvimento da criatividade da criança, bem como limita as possibilidades de os professores acompanharem o desenvolvimento das crianças, conhecerem melhor o universo sócio cultural ao qual elas estão inserida. Outro problema relacionado a falta de espaço está na limitação  das atividades propostas pelos professores, pois acabam produzindo  suas práticas educativas pautadas somente na aprendizagem dos conteúdos escolares, deixando de lado o trabalho das representações das crianças sobre o mundo.

O grafico 6. Os jogos preferidos pelas crianças, 80% jogo da memoria, 20% quebra –cabeça, 10% domino, 10%pega varetas e 105 dama.

 

De acordo com as respostas observou-se que o jogo  da memoria é um dos jogos que as crianças gostam mais. Na educação Infantil a utilização do jogo da memoria tem por objetivo auxiliar as crianças desenvolvem estratégias de memorização.

O  jogo  da memoria também ajuda a criança no desenvolvimento da linguagem, o pensamento estimulando a curiosidade. Qualquer coisa pode ser utilizada como brinquedo para estimular a imaginação infantil: como caixas, pontinhos, fitas, folhas de árvores, pedaços de tecido, etc, pois no faz-de-conta a criança realiza a sua maneira a imaginação para conhecer a si e o outro.

Segundo Piaget (1971, p.68) "O desenvolvimento da criança acontece através do lúdico. Ela precisa brincar para crescer, precisa do jogo como forma de equilíbrio"

Através de materiais adequados, que trabalhem a realidade dos educandos os professores podem tornar o trabalho atrativo e realizar uma aula diferente, além de auxiliar as crianças a perderem sua timidez e se relacionem com os colegas.

O jogo  da memoria como prática pedagógica não é simplesmente divertimento, mas deve favorece o desenvolvimento físico afetivo e moral e conhecimento. As crianças quando interagem sobre os objetos constroem resultado de forma lógica. .

O grafico 7. Os jogos ou brincadeiras ajudam ou facilitam no processo de desenvolvimento da criança?

 

As respostas mostram que todos os entrevistados responderam que sim. Para Kishimoto (1999), “o brincar tem a prioridade das crianças que possuem flexibilidade para ensaiar novas combinações de ideias e de comportamentos”.

O brinquedo na Educação Infantil ajuda a criança no desenvolvimento da linguagem, o pensamento estimulando a curiosidade.  O jogo não deve ser utilizado para distrair os alunos, ele deve ocupar  um lugar importante  na educação escolar. Através do jogo a criança poderá  brincar e explorar toda a sua espontaneidade criativa.

A criança necessita brincar, jogar, para manter seu equilíbrio com o mundo. Ao se inserir jogos na prática pedagógica, em sala de aula devemos ter como objetivo os elementos enriquecedores para promover a aprendizagem. Através dos jogos, o educando poderá encontrar apoio para superar as dificuldades de aprendizagem. A escola e, principalmente, a educação infantil deveria considerar o lúdico como parceiro para atuar no desenvolvimento e na aprendizagem da criança.

 

 

 

 

V. CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Ao longo do referencial teórico pude perceber que os jogos é um dos meios pelos quais os alunos podem construir o conhecimento, necessário e interação. A sua utilização esta crescendo devido ao olhar  diferenciado que os educadores estão construindo em relação à forma de utilização dessas atividades em sala de aula.

Os objetivos foram alcançados, pois foi observado  que  a utilização dos jogos como ferramenta de desenvolvimento dos jogos para processo cognitivo na Educação Infantil, os tipos de jogos utilizados pelas professoras em sala de aula no desenvolvimento cognitivo e afetivo dos alunos, como subsídios eficazes para a construção do conhecimento realizado pela própria criança.

Em relação a problemática da pesquisa de que através do jogo haverá uma aprendizagem há  melhora  significativa no aprendizado, pode-se observar que a maioria dos entrevistados concordaram  que a utilização de jogos em sala de aula proporciona maior aprendizado.

No decorrer da pesquisa observou-se que a com a utilização das atividades lúdicas em sala de aula há uma participação mais intensa e maior envolvimento da criança com a atividade. Esse fato ocorre porque as  atividades lúdicas estão presentes no cotidiano da Educação Infantil, e é utilizada pelos professores como uma estratégia para se apresentar um novo tema, auxiliando  para que se alcance dos  resultados dentro das ações traçadas no planejamento escolar.

Ao termino da pesquisa sugere-se que os educadores utilizem mais atividades que envolvam jogos em sala de aula, pois além de servir como auxilio no desenvolvimento das atividades, também é um meio de registro para o professor e para os alunos na aprendizagem da criança de uma forma fácil.

Conclui-se que os jogos em sala de aula além de possibilitar o processo de aprendizagem, a criança estabelece significados, compreendo e construindo o conhecimento. Através do jogo criança poderá se apropriar de conhecimentos das mais diversas ordens.

 

REFERÊNCIAS

 

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WINNICOTT, D.W. A criança e o seu mundo. 6.ed. Rio de Janeiro: LTC, 1982.

 



[1] Graduada em Língua Portuguesa.

[2] Graduada em Letras.