ENSINO DE MÚSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Maria Marta Marconato 1
Joice Diane Guisoni 2
Ana Paula de Assunção da Silva³
Marcia Scheidt
RESUMO
Procura-se num primeiro momento apresentar neste artigo, uma pesquisa voltada a importância da introdução à musicalidade na primeira etapa da educação básica no Brasil, a Educação Infantil; adentrando brevemente na história da música, nas leis que garantem a introdução a música nas escolas, na importância que a música tem em nossas vidas, benefícios que a música traz para a aprendizagem; o objetivo principal é colaborar com a pesquisa sobre musicalidade na Educação Infantil, contribuindo com esse material que poderá servir de pesquisa para professores e outros profissionais que desejarem aprofundar-se em projetos de musicalização na Educação Infantil.
Palavras chave: Música. Educação Infantil. Crianças.
Introdução
Bem sabemos que a música está presente em toda a nossa história. As pessoas ouvem música ou fazem música desde os primórdios; as primeiras músicas – sons produzidos – datam da pré-história. Estudos recentes mostram que a partir do 3º mês de gestação os bebês já conseguem ouvir sons de dentro da barriga da mãe, podendo essa o deixar calmo ou agitado conforme a melodia. A música nos leva a refletir sobre a vida; algumas músicas nos levam a um passado ressente, ou distante, depende do que ela lhe faz lembrar.
Sabemos da importância que a música tem em nossas vidas; tudo ao nosso redor produz som , seja o vento batendo nas folhas de uma arvore, sejam as ondas no mar, a música/som está ao nosso redor, está em nós; como exemplo de música que está em nós, o grupo Barbatuques3, que produz som/música apenas com o corpo.
A música eleva os sentimentos, amplia as percepções, estimulam as sensações e marcam momentos como nas trilhas sonoras de filmes, por exemplo. Outro exemplo de como a música potencializa as percepções e sensações são os rituais indígenas em que durante os rituais o índio ouve, dança, canta as músicas, tocam os instrumentos buscando a força de um animal para um índio guerreiro, ou a perspicácia para um índio caçador, por exemplo. A música faz parte das nossas vidas em variados momentos.
No filme “E seu Nome é Jonas”4 do ano 1979 um grupo de surdos (deficientes auditivos) costumam se encontrar em um salão; a personagem ouvinte do filme, no caso a mãe de Jonas, vai até o salão para encontrar com amigos surdos; durante o caminho ela dialoga com uma amiga e no diálogo esperam encontrar um ambiente silencioso. É visto que a cena que se segue depois do diálogo causa espanto nas duas personagens ouvintes que adentram em um salão repleto de pessoas surdas, onde o som estava altíssimo, as personagens olham-se perplexas, e um surdo justifica o volume: em linguagem de sinais, com a ajuda de uma interprete, de que os surdos gostam de sentir as vibrações da música. Percebe-se neste trecho do filme a importância da música na vida das pessoas, o simples fato de não poder ouvir não impede que os surdos sintam as sensações, mesmo que de forma diferente dos ouvintes, a música pode lhes proporcionar sensações e percepções únicas.
Atualmente a música está presente em nossas vidas de maneira muito fácil; ouvir música a cerca de 100 anos atrás era um privilégio de poucos, hoje qual quer pessoa pode ter acesso a músicas com apenas um toque dos dedos em uma tela de celular, por exemplo.
Essa acessibilidade que hoje em dia remos no que se refere a música, nos leva a uma vasta possibilidade de melodias, as vezes, de ótima qualidade, as vezes, nem tanto assim, cabe a nós fazermos a “curadoria”5 do que queremos ouvir. A verdade é que nem sempre temos a opção de não ouvir algo que nos agrade ou desagrade; com frequência as Leis6 que garantem nosso “sossego” são descumpridas por pessoas com carros cuja frequência do som é altíssima, ou aparelhos de som com alto-falantes potentes cujo o som perpassam as paredes de nossa casa e nos “obrigam” a ouvir o que o “vizinho gosta”.
A música trás benefícios a saúde, ao bem-estar, nos eleva, trás sensações e percepções, altera nosso estado de espirito. Quem faz música se descobre; a música nos conecta com o mundo, conta uma história, marca fases na vida, a música está em nós e faz parte de nós. Entre outros benefícios, nas crianças, eleva a atenção e a concentração, auxilia na percepção visomanual e auditiva, socializa, colabora com a construção de sentimentos, amplia as percepções do mundo a sua volta, ajuda na construção da criança com relação à linguagem oral e escrita, auxilia na coordenação motora ampla e fina, estimula a imaginação e a criação.
Diante da importância que a música tem em nossas vidas e como ela faz parte da nossa história, como ela trás benefícios para quem a produz, para quem as ouve, para quem as dança, é que se justifica o ensino de música na Educação Infantil, que é primeira fase do ensino básico no Brasil para que desde a primeira infância a criança tenha contato e noções de música, da sua história.
1 - Desenvolvimento - Referencial Teórico
1.1 – Breve História da Música
Não se tem registro da primeira música no mundo, mais cada cultura possui sua história. O que sabemos é que na pré-história os desenhos rupestres já mostravam indícios de música em suas representações através dos desenhos nas paredes das cavernas; na cultura Grega o que se tem da história da música é a partir das 9 musas filhas de Zeus7, criadas para cantar a vitória dos deuses no Olimpo; no Egito imagens também mostram instrumentos e movimentos que indicam música, os egípcios acreditavam que a música tivera sido inventada por Tot8 ou Osíris9, já os hindus acreditavam que a criação da música era de Brahma10; para os judeus a criação da música é do Jubal11. O conceito de música tem milhares de anos, podemos dividi-la superficialmente entre:
Pré-história: as primeiras imitações sonoras do homem da pré-história, foram unicamente através do som dos movimentos corporais acompanhados de sons vocais, durante os rituais eles pretendiam completar a possessão do animal na sua essência, a sua alma. Durante as descobertas na pré-história os sons produzidos também foram evoluindo passando por batidas de bastões, de objetos entrechocados, ruídos corporais, gritos, imitações do som da natureza, desenvolvimento do timbre, altura, sons vocálicos; a evolução pra homo sapiens12 fez surgir à criação dos primeiros instrumentos musicais para imitar os sons da natureza, o desenvolvimento da linguagem falada e do canto; Depois veio a criação de instrumentos feitos de pedra, madeiras, ossos, tronco de árvores.
Música na antiguidade: Predomínio da música religiosa; desenvolvimento de instrumentos e formas musicais como o cravo e o órgão; por volta do ano de 1700, Barroco: desenvolvimento da música instrumental profana, especialmente as danças e suítes de danças. Religiosidade ainda forte, em especial nas obras para órgão e religiosas. As formas musicais ainda são influenciadas pelo período anterior: oratórios, a recém-criada ópera, Concertos para diversos instrumentos. Os compositores são assalariados de príncipes ou da Igreja; de 1740 a 1800 música clássica: os excessos do barroco são cortados em prol de uma volta ao estilo refinado e, porque não dizer, frívolo. São criadas as formas musicais modernas - sonata, sinfonia e concerto solo. Surgem os primeiros compositores livres, dos quais o primeiro representante é Mozart; O Romantismo de 1800 a 1912 vem influenciado pela Revolução Francesa e pelas formas de estado dela decorrente, o Romantismo caracteriza-se pela individualidade e expressão das emoções, sem maiores preocupações com a forma musical. Surge o nacionalismo musical: os compositores tentam expressar a música de sua pátria, mas adaptando-a ao gosto europeu.
Música Contemporânea: que a partir do ano 2000. Embora literalmente música contemporânea seja qualquer música contemporânea àquele que fala, tecnicamente é a música erudita dos séculos XX e XXI, feita após os movimentos impressionista e regionalista. Pode-se dizer ainda que músicas contemporâneas são aquelas cujo compositor encontra-se ainda vivo na época do locutor.
1.2 – Lei que garantem o Ensino de Música nas Escolas
Para iniciamos essa conversa sobre as Leis que garantem o ensino de música nas escolas, temos que entender que o ensino de música até pouco tempo atrás não era obrigatório, a Lei que regulamentou e tornou obrigatório o ensino de música na educação básica é de 2008. Segue a Lei nº 11.769 de 18 de agosto de 2008 que altera a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, LDB de 1996.
LEI Nº 11.769, DE 18 DE AGOSTO DE 2008.
Art. 1o O art. 26 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, passa a vigorar acrescido do seguinte § 6o:
“Art. 26.... § 6o A música deverá ser conteúdo obrigatório, mas não exclusivo, do componente curricular de que trata o § 2o deste artigo. ”
Essa Lei que garante a obrigatoriedade do ensino de música nas escolas foi de certa forma uma grande conquista para todos os envolvidos com música e educação em nosso país. No entanto, ainda temos desafios a ser enfrentados com relação ao ensino de música em nossas escolas, como: qual o profissional que irá ministrar essas aulas? Ele tem que ter a formação em música ou não? A música será uma disciplina separada da arte e da educação física? Diante de tantos questionamentos levantam-se argumentos contra e a favor desta questão. No site da ABEM – Associação Brasileira de Educação Musical, encontram-se depoimentos publicados no Boletim Arte na Escola n. 57, em que especialistas fazem colocações contra e a favor acerca da aprovação da Lei 11.769 e dos possíveis desdobramentos a partir de sua implementação.
PRÓ
O Brasil possui uma riqueza cultural e artística que precisa ser incorporada, de fato, no seu projeto educacional. Isso só acontecerá se escola e espaços que trabalham com educação começarem a valorizar e incorporar, também, conteúdos e formas culturais presentes na diversidade da textura social. Portanto, sou a favor da Lei e, obviamente de seu cumprimento, mesmo reconhecendo que levará tempo para que se possa, de fato, termos o ensino de Música nos Projetos Pedagógicos das Escolas. Não há professores suficientes para essa implementação. O MEC vem investindo em capacitação para professores da Educação Básica, para reverter o quadro geral e sofrível das estatísticas baixas em termo de desempenho, em todas as áreas. Trata-se de um momento importante para se pensar em projetos educacionais inovadores e condizentes com nosso tempo. O ensino das Artes incorporado em projetos dessa natureza vem ao encontro de propostas inovadoras, em que a expressão cultural e artísticas são reconhecidas como dimensões insubstituíveis e, portanto, únicas nos sentidos de promover o desenvolvimento humano. A proposta que preconizamos não fecha em conteúdos pré-estabelecidos, mas antes, reconhece que a diversidade cultural deve ser considerada ao se elaborar os projetos. Isso significa que os valores simbólicos das culturas locais devem estar presentes juntamente com aqueles conhecimentos que fazem parte do patrimônio musical que é um legado da humanidade. Dessa forma, a Lei favorece que se abra esse espaço tanto para uma discussão sobre o que se pode fazer para melhorar a educação brasileira como, também, possibilita que se planeje essa inserção no sistema educacional brasileiro. Isso está ligado ao exercício da cidadania cultural, um direito de todo brasileiro e, a escola é, ainda, o único espaço garantido constitucionalmente de acesso a toda a população. Nesse sentido é que as práticas musicais se mostram como um fator potencialmente favorável para a transformação social dos grupos e indivíduos. Poder contar com seus valores musicais no processo pedagógico-musical pode se tornar um ponto significativo para um trabalho de ampliação do status de “ser músico” ou de participar de um grupo musical.
Prof. Dra. Magali Oliveira Kleber: Doutora em Educação Musical, Professora Adjunta da Universidade Estadual de Londrina e Presidente da Associação Brasileira de Educação Musical- ABEM.
CONTRA
Com a reforma educacional empreendida pelo regime militar nos 1970 (Lei 5.692/71), o ensino de música de 1º e 2º graus, gradativamente deixa de existir. O ensino de arte, sob a denominação de educação artística, passa a ser componente curricular obrigatório e, no caso de São Paulo, será considerada como atividade e não como área de estudo ou disciplina. Com a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação, a denominação de educação artística muda para ensino de arte e continua sendo um componente curricular obrigatório em toda a educação básica. Na sequência, o MEC divulga os Parâmetros Curriculares para o Ensino de Arte, contemplando as linguagens de Artes Visuais, Teatro, Música e Dança. Paralelamente inicia-se um processo de encerramento dos cursos de educação artística, criados para formar professores multidisciplinares; e a criação de cursos especializados em uma das linguagens, uma delas educação musical. Como a maior parte dos professores é habilitada em Educação Artística com especialização em Artes Plásticas ou Visuais, na prática as outras linguagens não aparecem no currículo escolar. O quadro começa a mudar a partir de 2008, quando a Lei Federal nº 11.769 inclui um parágrafo 6º que torna conteúdo obrigatório, mas não exclusivo, o ensino de música no componente curricular ensino de arte, previsto no § 2º do artigo 26 da LDB de 1996. A questão a ser enfrentada, a partir desse momento é a da formação de professores especializados para o ensino de Música. Tarefa que levará algum tempo, muito mais que os três anos estabelecidos pela legislação, tendo em vista serem poucos os cursos de licenciatura em Música no Brasil. Para que se tenha clareza sobre a dimensão do problema, basta mencionar que só na rede pública estadual paulista existem mais de 5.000 escolas, acrescente-se a esse universo as redes municipais e as escolas particulares e a questão da formação de professores especializados em Música torna-se mais complexa ainda. O vice-presidente da República, ao vetar o parágrafo único do art. 62 da LDB, criou uma lacuna, que a meu ver, precisa ser suprida pelos Conselhos Estaduais de Educação. O papel do poder público não é apenas normativo, mas deve criar programas para habilitar professores para o ensino de música na educação básica, como, aliás, está previsto pela legislação educacional.
Prof. Dr. João Cardoso Palma Filho: Doutor em Educação e membro do Conselho Estadual de Educação. Professor Titular no Instituto de Artes da Universidade Estadual Paulista – UNESP.
Sabemos que a música deve estar presente em nossas escolas, mais muitas ainda são as dúvidas dos professores, uma vez que a música está ligada a arte, a dança. O professor de arte deve ministrar as aulas de música, contudo, é o professor de educação física que ministra as aulas de dança, é certo afirmar que a multidisciplinariedade deve estar presente nas escolas, no entanto, a dificuldade em se seguir uma metodologia quanto ao ensino de música ainda permanece vago.
Na educação infantil a música entra como um dos eixos curriculares; nós enquanto professores, devemos em nossas aulas de música ensinar: som, silêncio, ritmo, pausa, agudo, grave, batidas, devemos ainda construir a memoria musical, introduzir a música popular brasileira, as cantigas, sons dos instrumentos, entre outros. E para tal, não é obrigatória que essas aulas sejam ministradas por professores especialistas ou com formação em música, deixando por muitas vezes, o ensino de música pouco agradável às crianças, que por vezes, têm aulas com professores pouco preparados, tornando baixa a qualidade das aulas e consequentemente a aprendizagem e estimulação a cultura a arte.
1.3 – A importância da música na aprendizagem de crianças
Como já mencionado na introdução de nosso artigo a música contribui para o desenvolvimento de vários eixos de nossa aprendizagem como, benefícios a saúde, ao bem-estar, nos eleva, trás sensações e percepções, altera nosso estado de espirito. Quem faz música se descobre; a música nos conecta com o mundo, conta uma história, marca fases na vida, a música está em nós e faz parte de nós. Entre outros benefícios, nas crianças, eleva a atenção e a concentração, auxilia na percepção visomanual e auditiva, socializa, colabora com a construção de sentimentos, amplia as percepções do mundo a sua volta, ajuda na construção da criança com relação à linguagem oral e escrita, auxilia na coordenação motora ampla e fina, estimula a imaginação e a criação.
Daqui a conclusão pedagógica da necessidade de alargamos a experiência da criança se quisermos proporcionar à sua atividade criadora uma base suficiente solida. Quanto mais veja, escute e experimente, quanto mais aprenda e assimile, quanto mais abundantes forem os elementos reais de que disponha na sua experiência, tanto mais importante e produtiva será, mantendo-se idênticas as restantes circunstancias, a atividade da suma imaginação. (VYGOTSKY. 2009.p 18).
Ao realizamos música com as crianças acabamos por melhorar sua sensibilidade, sua atenção trazendo por consequência benefícios no processo de alfabetização e ao raciocínio matemático. O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil deixa claro a importância da música para Educação Infantil e trás o seguinte:
A música é a linguagem que se traduz em formas sonoras capazes de expressar e comunicar sensações, sentimentos e pensamentos, por meio da organização e relacionamento expressivo entre o som e o silêncio. A música está presente em todas as culturas, nas mais diversas situações: festas e comemorações, rituais religiosos, manifestações cívicas, políticas etc. Faz parte da educação desde há muito tempo, sendo que, já na Grécia antiga, era considerada como fundamental para a formação dos futuros cidadãos, ao lado da matemática e da filosofia. A integração entre os aspectos sensíveis, afetivos, estéticos e cognitivos, assim como a promoção de interação e comunicação social, conferem caráter significativo à linguagem musical. É uma das formas importantes de expressão humana, o que por si só justifica sua presença no contexto da educação, de um modo geral, e na educação infantil, particularmente (Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil p.45).
A música estimula áreas do cérebro que as vezes, não são desenvolvidas por outras partes do cérebro; além disso contribui para a socialização comunicação e expressão humana.
O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil atenta para esse problema na página 46 em que diz o seguinte:
A música no contexto da educação infantil vem, ao longo de sua história, atendendo a vários objetivos, alguns dos quais alheios às questões próprias dessa linguagem. Tem sido, em muitos casos, suporte para atender a vários propósitos, como a formação de hábitos, atitudes e comportamentos: lavar as mãos antes do lanche, escovar os dentes, respeitar o farol etc.; a realização de comemorações relativas ao calendário de eventos do ano letivo simbolizados no dia da árvore, dia do soldado, dia das mães etc.; a memorização de conteúdos relativos a números, letras do alfabeto, cores etc., traduzidos em canções. Essas canções costumam ser acompanhadas por gestos corporais, imitados pelas crianças de forma mecânica e estereotipada. Outra prática corrente tem sido o uso das bandinhas rítmicas para o desenvolvimento motor, da audição, e do domínio rítmico. Essas bandinhas utilizam instrumentos — pandeirinhos, tamborzinhos, pauzinhos etc. — muitas vezes confeccionados com material inadequado e consequentemente com qualidade sonora deficiente. Isso reforça o aspecto mecânico e a imitação, deixando pouco ou nenhum espaço às atividades de criação ou às questões ligadas a percepção e conhecimento das possibilidades e qualidades expressivas dos sons. (Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. p.46).
A música é uma linguagem que se constrói; sendo assim é necessário que a criança seja estimulada, é necessário que a criança queira aprender como dizia Rubens Alves:
Se fosse ensinar a uma criança a beleza da música não começaria com partituras, notas e pautas. Ouviríamos juntas as melodias mais gostosas e lhe contaria sobre os instrumentos que fazem a música. Aí, encantada com a beleza da música, ela mesma me pediria que lhe ensinasse o mistério daquelas bolinhas pretas escritas sobre cinco linhas. Porque as bolinhas pretas e as cinco linhas são apenas ferramentas para a produção da beleza musical. A experiência da beleza tem de vir antes. (Rubem Alves. In. Educação Pública. Web).
Criar condições para que a criança possa refletir e entender a música como fonte de prazer e conhecimento. Estimular a criatividade, o movimento, a percepção, a coordenação e o convívio social da criança de forma prazerosa que a música oferece, são fundamentais para o desenvolvimento da criança.
OBJETIVO ESPECÍFICO:
Os objetivos da música são diferentes para cada etapa do desenvolvimento infantil, mas complementam-se ao logo do ensino.
De 0 a 3 anos de idade:
• ouvir, perceber e discriminar eventos sonoros diversos, fontes sonoras e produções musicais;
• brincar com a música, imitar, inventar e reproduzir criações musicais;
• Exploração, expressão e produção do silêncio e de sons com a voz, o corpo, o entorno e materiais sonoros diversos.
• Interpretação de músicas e canções diversas.
• Participação em brincadeiras e jogos cantados e rítmicos.
• Escuta de obras musicais variadas.
• Participação em situações que integrem músicas, canções e movimentos corporais.
De 4 a 5 anos completos de idade:
• explorar e identificar elementos da música para se expressar, interagir com os outros e ampliar seu conhecimento do mundo;
• perceber e expressar sensações, sentimentos e pensamentos, por meio de improvisações, composições e interpretações musicais.
• Reconhecimento e utilização expressiva, em contextos musicais das diferentes características geradas pelo silêncio e pelos sons: altura (graves ou agudos), duração (curtos ou longos), intensidade (fracos ou fortes) e timbre (característica que distingue e “personaliza” cada som).
• Reconhecimento e utilização das variações de velocidade e densidade 16 na organização e realização de algumas produções musicais.
• Participação em jogos e brincadeiras que envolvam a dança e/ ou a improvisação musical.
• Repertório de canções para desenvolver memória musical.
• Escuta de obras musicais de diversos gêneros, estilos, épocas e culturas, da produção musical brasileira e de outros povos e países.
• Reconhecimento de elementos musicais básicos: frases, partes, elementos que se repetem etc. (a forma).
• Informações sobre as obras ouvidas e sobre seus compositores para iniciar seus conhecimentos sobre a produção musical.
Sensibilizar a criança em questões inerentes à música, respeitando seu tempo e seu espaço, respectivos a idade e aos seus limites próprios, faz parte do desenvolvimento da criança.
O professor ao apresentar uma proposta, deve ter um objetivo, uma razão para que aquilo que ele apresentou faça sentido para si e para as crianças; levar instrumentos diferentes, proporcionar momentos lúdicos dentro das aulas de música causam espancamento, inquietação por parte das crianças é necessário que o professor não se acomode, dá trabalho, causa tumultuo, mais nada que não valha a pena ao ver a criança questionando, ao ver a criança interessada, por isso, não se acomode, planeje, execute.
O Referencial Curricular nacional para a Educação Infantil trás o seguinte sobre a conduta do professor de Educação Infantil que em sua maioria não possui formação ou especialização na área de música:
• sensibilizar-se em relação às questões inerentes à música;
• reconhecer a música como linguagem cujo conhecimento se constrói;
• entender e respeitar como as crianças se expressam musicalmente em cada fase, para, a partir daí, fornecer os meios necessários (vivências, informações, materiais) ao desenvolvimento de sua capacidade expressiva. . (Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. p.66).
Dentre esses comportamentos que o professor de Educação Infantil que dá aulas de música sem formação deve ter, é importante também, esse que esse profissional busque através de pesquisas, estudos e trocando informações com quem já faz esse trabalho, ou tem a formação, metodologias que incentivem as crianças, que façam com que elas tomem o gosto por música.
Dentre as constatações que pude perceber ao longo dessa pesquisa destaco:
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A maioria dos profissionais, professores de Educação Infantil, não tem formação ou especialização para dar aulas de música.
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A música como conteúdo obrigatório na educação básica ainda é novidade, não estando totalmente definida a formação do profissional que dará aulas de música nas escolas.
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A maiorias dos professores que não são formados em música, na educação infantil, dá aulas de música como rotina para formar hábitos sadios como: música para lavar as mãos, ou escovar os dentes, por exemplo; acabando por não dar significado a aula.
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A maioria das crianças se mostra interessada em saber sobre música e instrumentos musicais quando a aula tem um significado para elas, quando a aula desperta curiosidade e sai da rotina.
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A maioria das professoras não se sentem à vontade em ter de dar aulas de música.
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As crianças vivenciam música em suas brincadeiras cotidianas e no seu dia a dia.
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Algumas professoras só trabalham música em ocasiões especiais, como datas comemorativas.
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O professor deve se planejar e buscar métodos que enriqueçam as aulas de música.
4 – Conclusão
Sabemos que a obrigatoriedade das aulas de música é recente na educação básica; sabemos ainda que está indefinido o seu conteúdo e qual exatamente é o perfil do profissional que deve atender essa demanda, no entanto, não podemos continuar a entender as aulas de música na Educação Infantil como simples rotina, ou seja, aulas de música para ensinar o alfabeto, para entrar na fila, lavar as mãos e etc.; devemos enquanto professores ser profissionais que buscam o conhecimento e a melhoria em nossa metodologia.
É um erro acreditar que simplesmente confeccionando bandinhas musicais de sucata uma vez por ano estamos trabalhando música; é errado pensar que ao colocar um CD com músicas infantis para criança dormir, estamos dando aula de música; é um erro acreditar que trabalhar a letra de uma música estamos dando aula de música; não que isso que citei adora seja ruim, é ruim quando não tem um propósito, são aulas de má qualidade, quando são mal mediadas e com pouco interesse das crianças, sendo dadas só por dar.
Diante do exposto acima, defendo a aula de música na Educação Infantil, e em outras modalidades do ensino, sendo ministradas por um professor com especialização em música ou professor com formação em música, acredito que as aulas devem ser planejadas, mediadas, que o professor deve ser ativo com relação a ser sujeito que pratica música, estuda música.
Referências
ALVES, Rubens in: NUNES, Plamyra Baroni. Educação pública. Música na escola: Bia Bedran. 2012. Disponível em:<http://www.educacaopublica.rj.govacao>. Acesso em: agosto de 2016.
Associação Brasileira de Educação Musical. Música nas escolas: informações acerca da aprovação da Lei nº 11.769, de 18 de agosto de 2008. Disponível em:< abemeducacaomusical.com.br20>Acesso em: outubro de 2020.
Brasil. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial curricular nacional para a educação infantil. 1998. Disponível em: <portal.mec.gov.br>. f Acesso em: setembro de 2020.
ECHEVERRIA, Malu. Revista Crescer. O bebê já ouve desde a barriga? 2015. Disponível em: <http://revistacrescer.globo.coml>. Acesso em: agosto de 2020.
Presidência da República. Casa Civil. LEI 11.769. 2008. Disponível em:<http://www.planalto.gov.br>. Acesso em: agosto de 2020.
VYGOTSKY, Lev. A imaginação e a Arte na Infância. Tradução de Miguel Serras Pereira - Relógio D’Água Editores, janeiro de 2009.
1 Possui Licenciatura em Pedagogia pela Faculdade de Alta Floresta/MT e-mail: O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.
2 Possui Licenciatura em Biologia pela Universidade Estado de Mato Grosso de Alta Floresta/MT e-mail: O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.
3 Fundado em 1995, o grupo musical paulistano desenvolveu ao longo de sua trajetória uma abordagem única da música corporal através de suas composições, técnicas, exploração de timbres e procedimentos criativos.
A partir de pesquisas e criações de Fernando Barba e também de seu contato com o musico Stênio Mendes, o Barbatuques deu origem a diferentes técnicas de percussão corporal, percussão vocal, sapateado e improvisação musical, desenvolvidas em suas experiências coletivas e somadas à bagagem individual de seus integrantes.
4 Filme: E seu Nome é Jonas, foi lançado em 1979 nos EUA. Ele retrata várias situações de rejeição, entre elas a da sociedade - o preconceito - a falta de informação da família e a da sociedade daquela época, dos médicos que erram no diagnóstico e o principal de tudo, ausência de informação e conhecimento sobre a criança surda e sua adaptação ao meio social.
5 O termo curador pode ter vários significados, queremos ressaltar o curador neste caso, alguém que escolhe, separa, diferencia aquilo, que é de sua preferência ou agrado.
6 Lei de Crimes Ambientais, a Lei nº 9.605/98, como também na Lei das Contravenções Penais, o Decreto Lei 3.681/1941 e infrações administrativas, trazidas pela nº 9.503/1997, que Institui o Código de Trânsito Brasileiro.
7 Zeus: é uma figura que segundo a mitologia grega é o deus dos deuses, soberano do monte Olimpo e pai de todos os homens e deuses. É também o deus do céu e do trovão, e tem como símbolos o raio, o carvalho, a águia e o touro. Na mitologia romana, seu equivalente é Júpiter.
8 Tot. Tot (também Toth, ou Thoth, cujo nome em egípcio é Djehuty) é um deus egípcio, representado com cabeça de íbis; é o deus do conhecimento, da sabedoria, da escrita, da música e da magia. Estatueta de babuíno representando Tot na cidade Hermópolis Magna. O babuíno é o animal que o acompanha ou representa.
9 Osíris era um dos mais importantes deuses egípcios, pois era associado à vida além da morte e também à vegetação.
10 O que é Brahma: Brahma ou Brama é um Deus da religião hindu, considerado o criador do universo, dos deuses e do conhecimento. Brahma é representado com quatro cabeças e quatro braços e aparece sentado em um cisne. Na religião hindu,Brahma é o primeiro Deus da Trimúrti, uma trindade do hinduísmo.
11 Jubal é conhecido como o primeiro músico da Bíblia. A Bíblia cita esse nome como sendo o primeiro a usar um instrumento.
12 Humano (conhecido taxonomicamente como Homo sapiens, do latim "homem sábio", e também chamado de ser humano, pessoa, gente ou homem) é a única espécie animal de primata bípede do gênero Homo ainda viva.