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dança como prática pedagógica na educação infantil: UMA REVISÃO DE LITERATURA

Leuda Guia de Souza[1]

Odemar Mendes de Souza[2]

Eucilene Gusmão de Lara[3]

 

RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo: observar de que forma a dança como prática educativa pode contribuir com o processo ensino aprendizagem. Sendo assim, esse trabalho foi resultado das inúmeras leituras, reflexões sempre considerando a escola como o ponto principal das transformações e evoluções dos indivíduos, vendo a dança como um conteúdo da Educação Física, expressão da corporeidade, e considerando o movimento um meio pra visualizar a corporeidade de nossos alunos. Como resultado foi constatado que a dança na escola, deve proporcionar oportunidades para que o aluno possa desenvolver todos os seus domínios do comportamento humano e, através de atividades diversificadas, o professor possa contribuir para a formação de estruturas corporais mais complexas. Com isso percebemos a importância do professor estar sempre atualizado com a realidade de nossos alunos, buscando sempre uma metodologia nova nas aulas, quebrando alguns preconceitos como a questão de gêneros entre outros.

Palavras-chave: Dança. Educação Infantil. Educação Física.

 

ABSTRACT

This study aims: to observe how the dance as an educational practice can contribute to the learning process. Thus, this work was a result of the numerous readings, reflections always considering the school as the main point of the changes and developments of individuals, seeing dance as a content of physical education, expression of corporeality, and considering the movement a way to view the corporeality of our students. As a result it was found that dance at school, should provide opportunities for the student to develop all areas of human behavior and, through diversified activities, the teacher can contribute to the formation of more complex body structures. Thus we see the importance of the teacher to be always updated with the reality of our students, always looking for a new methodology in class, breaking some prejudices as the question of genres among others.

Keywords: Dance. Early Childhood Education. Physical Education.

 

 

INTRODUÇÃO

 

Partindo das reflexões realizadas sobre Dança como Prática Pedagógica na Educação Infantil: uma revisão de literatura; percebe-se que, mesmo sendo um assunto muito debatido, mas, que ao mesmo tempo, ainda existem muitas dúvidas e preocupações sobre essa prática pedagógica como atividade que contribui na aprendizagem.

Partindo dessas ideias, esse trabalho foi desenvolvido baseado principalmente nas abordagens propostas pelo Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil e nas obras de Tavares, Faro, Tavares, Verderi, Wallon, entre outros, também foram utilizados alguns sites para pesquisa. Esta pesquisa bibliográfica sobre a dança como prática pedagógica na educação infantil poderá servir de apoio para uma proposta metodológica diferenciada, de forma que contribua para a aprendizagem, e desenvolva algumas habilidades.

No primeiro capítulo, será abordada a dança no espaço escolar: seu histórico e sua participação pedagógica, e será feita um breve reflexão sobre a história da dança, mostrando que os primeiros indícios da dança eram executados pelos homens das cavernas; já no Brasil, os primeiros registros foram dos Índios, porém com a chegada dos primeiros negros africanos, a dança começou a tomar maior relevância; também serão apresentadas algumas danças folclóricas originarias de outras culturas e/ou encontro ou fusão de culturas.

Neste capítulo, também buscamos entender um pouco sobre a dança e suas relações com a escola, busca entender a dança como um trabalho que deve ser pensado como uma atividade educacional, que permite à criança desenvolver não apenas as capacidades motoras, mas também suas capacidades imaginativas e criativas.

No segundo capítulo, as reflexões foram direcionadas, segundo algumas teorias, para a dança será tratada como sendo um papel importante na prática educativa e tem como objetivo resgatar, de forma natural e espontânea, as manifestações expressivas da nossa cultura.

No terceiro e último capítulo, será tratado sobre a educação física na educação infantil voltada para dança, com intuito de entender a importância de essa atividade ser voltada para propostas que possam despertar as potencialidades criativas das crianças, isto é, que por meio dessas aulas o aluno consiga desenvolver-se como um todo. Também será feito um breve relato dos efeitos dos movimentos da dança, partindo do entendimento que a educação física, como ação dos movimentos, auxilia no desenvolvimento da criança.

 

CAPITULO I: A DANÇA NO ESPAÇO ESCOLAR: SEU HISTÓRICO E SUA PARTICIPAÇÃO PEDAGÓGICA

 

1.1.História da dança

 

Para conhecer mais sobre a dança, precisamos fazer resgate da sua história para entendermos de que forma surgiram esses movimentos do corpo com movimentos e ritmos, criando uma harmonia própria e que, ao mesmo tempo, diverte, faz bem para a saúde. O ritmo é o primeiro movimento na vida do ser humano, isso fica claro quando TAVARES (2005, p.93) comenta em sua obra:

 

Existem indícios de que o homem dança desde os tempos mais remotos. Todos os povos, em todas as épocas e lugares dançaram.

Dançaram para expressar revolta ou amor, reverenciar ou afastar deuses, mostrar força ou arrependimento, rezar, conquistar, distrair, enfim, viver!

 

Percebemos que realmente a dança vem de muito tempo.

 

O surgimento da dança, se deu ainda na Pré-História, quando os homens batiam os pés no chão. Com o passar do tempo, foram dando mais intensidade aos sons, descobrindo que seriam capazes de criar outros ritmos, conciliando os passos com as mãos, através das palmas.

NANNI, (2003, p.7)

 

Existem algumas danças que ainda retratam movimentos antigos. Tavares (2005) comenta que, nas pesquisas já realizadas, encontramos os primeiros registros de dança, nas danças primitivas, onde elas eram executadas pelos homens das cavernas e seus movimen­tos ficaram registrados na arte rupestre, isto é, em desenhos gravados em rochas e nas paredes das cavernas. O mesmo autor ainda fala que as danças em grupos começaram em eventos religiosos, aconteciam nos momentos em que as pessoas começavam a agradecer ou pedir aos Deuses.

Segundo Ellmerich:

 

No Egito havia Danças sacras em homenagem a ÁPIS, o “touro sagrado”, diante de HAT HOR a deusa da dança e da música. Percebemos aqui a linguagem gestual da Dança diretamente ligada às marcações rítmicas da música, passando a ser denominada essa junção de ritual. (1964, p. 95)

 

A dança é considerada uma das artes mais antigas, segundo Ellmerich (1964), é também a única que despensa materiais e ferramentas para poder realizar, dependendo somente da vontade e do corpo.

Mais tarde, Tavares (2005) comenta que a dança começa a perder os costumes religiosos e começa a aparecer em comemorações aos jogos olímpicos. 

No século XIX, segundo Ellmerich (1964), começaram a surgir as danças realizadas em duplas como a valsa, a polca, o tango, dentre outras. Rejeitadas por alguns conservadores. Porém, no século XX, houve uma grande revolução no estilo musical com o surgimento do rock’n roll, isso consequentemente, atingiu os ritmos das danças.

Sabemos que cada povo, cada região tem sua cultura na dança, porém percebemos que conforme a mistura dos povos foram acontecendo, os aspectos culturais foram se difundindo. Ou seja, a dança é originária da cultura de todos os povos, segundo Tavares (2005), ela se manifesta em outras atividades corporais, entre as quais incluem-se os esportes e a Educação Física, quer visando-se ao lazer, à saúde, à formação educacional, ou a todos estes em conjunto.

No Brasil, a dança se origina a arte do movimento, e como já vimos, é a manifestação artística que acompanha a vida humana na Terra desde seus primórdios.

No Brasil, os primeiros registros encontrados, segundo Ellmerich:

 

[...] em solo europeu, realizou-se em 1550 na cidade de Ruão, capital da Normandia, por ocasião da visita do rei Henrique II de Valois e sua mulher, Catarina de Medicis. Num ambiente que devia representar a terra selvagem, há pouco descoberta, 50 índios brasileiros, em companhia de mais de 200 indivíduos, todos nus, pintados e enfeitados à moda dos primitivos habitantes do Brasil, simularam uma luta entre tupinambás e tabajaras. (1964, p. 108)

 

Porém, temos registros da primeira apresentação de dança que foi visto em solo europeu, porém a dança no Brasil e Ellmerich (1964, p. 135) diz em sua obra que é possível afirmar que, no Brasil:

 

As primeiras manifestações da expressão artística se deram com os índios nativos. Há registros de diversas tribos indígenas que praticavam rituais xamanísticos por meio de dança. Um dos mais conhecidos é o toré, típico das tribos que habitavam a região do Nordeste brasileiro.

 

Além desses registros do surgimento da dança no Brasil, temos também indícios, conforme Ellmerich (1964), de que com a chegada dos primeiros negros africanos, a dança começou a tomar maior relevância, ou seja, a contribuição do africano foi fundamental para difusão da dança.

Por esse motivo é que percebemos que as danças são componentes para divulgação da cultura da humanidade. Segundo Côrtes (2000), o Brasil, é um país tão rico culturalmente, e um dos destaques desta cultura é o folclore brasileiro, que é rico em danças que representam as tradições e a cultura de uma determinada região. 

 

As tradições culturais estão ligadas aos aspectos religiosos, festas, lendas, fatos históricos, acontecimentos do cotidiano e brincadeiras. As danças folclóricas brasileiras caracterizam-se pelas músicas animadas (com letras simples e populares) e figurinos e cenários representativos. Estas danças são realizadas, geralmente, em espaços públicos: praças, ruas e largos. CÔRTES (2000, p.126)

 

Essas danças folclóricas são uma maneira de expressão artística, com base em tradições e costumes de um povo, como sabemos e Côrtes (2000) reafirma, no Brasil, as danças folclóricas sofreram influências das tradições dos estados.

Temos algumas das principais danças folclóricas do Brasil que se originaram da influência de outros povos e união de culturas conforme GIFFONI (1973, p. 129):

 

O Samba

O samba chegou junto com os negros ao Brasil e primeiramente era dançado apenas nas senzalas pelos escravos. Os primeiros estados brasileiros a difundirem esse ritmo foram o Rio de Janeiro, a Bahia e o Maranhão. A dança tinha sons de percussão e batidas com os pés. Já o samba de roda surgiu na África e também veio para o Brasil através dos escravos. O samba de roda é praticado em círculos e as pessoas têm a liberdade nos movimentos. Pode ser visto principalmente em estados como Rio de Janeiro e Bahia. Conheça mais sobre o samba, visitando o site Samba Enredo.

[...]

Maracatu

Trata-se de um ritmo musical com dança, típico da região pernambucana, que reúne a mistura de elementos culturais afro-brasileiros, indígenas, e europeus, e com forte característica religiosa. Os dançarinos representam personagens históricos, como duques, duquesas, embaixadores, o rei e a rainha, e o cortejo é acompanhado por uma banda que vai tocando instrumentos de percussão, como tambores, caixas, taróis, e ganzás.

[...]

Frevo

Este é o estilo pernambucano de carnaval, surgido por volta de 1910, é uma espécie de marchinha muito acelerada, que, ao contrário de outras músicas de carnaval, não possui letra, sendo simplesmente tocada por uma banda que segue os blocos carnavalescos, enquanto os dançarinos se divertem dançando. Os dançarinos de frevo usam, geralmente, um pequeno guarda-chuva colorido como elemento coreográfico, e usam diversos passos de danças com malabarismos, passos elaborados, rodopios e saltos.

[...]

Baião

O baião é um ritmo musical, com dança típica da região nordeste do Brasil, onde os músicos tocam instrumentos como o triângulo, a viola, o acordeom e a flauta doce. A dança é realizada em pares, entre homem e mulher, com movimentos parecidos com o do forró, que é uma dança onde o casal, dança com os corpos colados. O maior representante do baião no Brasil foi Luiz Gonzaga.

[...]

Catira

A catira, é também conhecida como cateretê, é uma dança caracterizada pelos passos, batidas de pés, e palmas dos dançarinos, e está ligada à cultura caipira, ela é comum no interior dos estados de São Paulo, Paraná, Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso. O instrumento usado é a viola, geralmente tocada por um par de músicos.

[...]

Quadrilha

Esta é uma dança típica da época de festa junina, onde um animador vai anunciando frases, e marcando os momentos da dança, e os casais de dançarinos, vestem roupas típicas da cultura caipira, como camisas e vestido xadrez, e chapéu de palha. Os dançarinos realizam uma coreografia especial, e muito animada, com muitos movimentos coreografados, e as músicas de festa junina são parecidas com marchinhas, mas nada semelhante com as marchinhas de carnaval. As mais conhecidas são: Capelinha de Melão, Pula Fogueira e Cai, Cai balão.

[...]

Bumba meu Boi

Um dos símbolos folclóricos do Brasil, o Bumba meu Boi mescla dança, música e teatro. Além disso, é praticado nas mais variadas regiões do país. Os personagens cantam e dançam para contar a história de um boi que morreu e ressuscitou após ter sua língua cortada para satisfazer os desejos de uma mulher grávida.

[...]

Fandango

Essa dança chegou à região sul do Brasil por volta de 1750 e foi trazida por portugueses. Os dançarinos recebiam o nome de folgadores e folgadeiras, dançavam em festas executando diversos passos. Atualmente, permanece preservado na região com passos, música e canto. Os instrumentos mais usados são as violas, a rabeca, o acordeão e o pandeiro. Os dançarinos vestem roupas típicas da região e rodam próximo ao seu par, mas sem se tocar.  Eles se movimentam para atrair a atenção do outro e os homens sapateiam de forma contínua. A dança contém traços de valsas e bailes e forte presença de sensualidade.

[...]

Carimbó

Enquanto os homens vestem camisas e calças lisas, as mulheres utilizam blusas com ombros à mostra e saias rodadas. Os casais ficam em fileiras e o homem se aproxima de seu par batendo palmas. Segue-se passos de volteio e as mulheres também jogam um lenço no chão para que seu parceiro possa pegar como forma de respeito.

[...]

Xaxado

Muito popular no Nordeste brasileiro, o xaxado era inicialmente praticado pelo grupo de Lampião, o Rei do cangaço, como uma forma de afrontar a polícia. Substituindo as parceiras, os cangaceiros dançavam com seus rifles, seguindo em fila e arrastando as alpargatas no chão. Devido aos movimentos da dança, os calçados produziam um som de “xá, xá, xá”, que deu origem ao nome do ritmo. Em meio a um bailado cheio de ritmo e vigor, a música é simples e de fácil aprendizado, sendo acompanhada da sanfona, da zabumba e do triângulo.

 

Essas danças apresentadas são somente algumas nos estilos de danças brasileiras, porém, temos várias, pois o Brasil é muito rico em diversidade cultural.

 

1.2. Dança e suas relações com a escola

 

Quando falamos em dança na escola podemos pensar numa forma divertida de ensinar. 

A criança necessita de experiências que possibilitem o aprimoramento de sua criatividade, atividades que favoreçam a sensação de alegria, que a partir daí, ela possa retratar e canalizar o seu humor, seu temperamento, através da liberdade de movimento. O trabalho da dança educacional, quando preocupado em deixar fluir dos educando suas emoções, seus anseios e desejos, através dos movimentos que não necessariamente envolvam a técnica, permitirá que o sujeito se revele e desperte para o mundo, numa relação consigo e com os outros, de forma consciente.” FERREIRA, (2005, p. 59).

 

A dança na escola favorece muito a aprendizagem no ambiente escolar, pode ser uma forma bastante lúdica de ensinar, pois é algo que todos podem fazer, sendo o principal instrumento para ser executado: o corpo, sabemos que a escola é um dos ambientes essenciais para a educação do ser social, para a construção de caráter, por isso é necessário que, nela, a criança tenha experiências que as ajudem a ampliar a sua criatividade, para isso

 

As atividades devem favoreçam a sensação de alegria, que a partir daí, ela possa retratar e canalizar o seu humor, seu temperamento, através da liberdade de movimento, explorando-o e permitindo que suas fantasias aflorem em seus movimentos, numa corporeidade plena e consciente. OLIVEIRA (2002, p. 79)

 

O trabalho com dançar deve, primeiramente, ser pensado como uma atividade educacional, que permite à criança desenvolver não apenas as capacidades motoras, mas também suas capacidades imaginativas e criativas, se deixarem a criança fluir a partir do corpo, ela começa a expressa suas emoções, suas angústias, porém, é necessário que sintam e estejam conscientes do que realizam.

Oliveira (2002, p. 96) aponta que:

 

É importante que as pessoas se movimentem tendo consciência de todos os gestos. Precisam estar pensando e sentindo o que realizam. É necessário que tenham a “sensação de si mesmos”, proporcionada pelo nosso sentido cenestésico; normalmente desprezado. Caso contrário, estaremos diante da “deseducação física”.

 

Rubens Alves ilustra muito bem ao citar que a “Escola é artificial aos olhos de um observador preocupado com a liberdade e formação de corpos não dóceis”[4]. Desta maneira, concordamos afirmando que as escolas ensinam os alunos utilizando-se apenas as mãos e a mente. Deixando de lado o direito dos aprendizes de se expressarem, questionar e simplesmente executar ou assimilar. O homem seria como um objeto capitalista sem afetividade.  No mundo moderno, o homem começa a explorar o seu corpo como ferramenta de trabalho perdendo suas raízes históricas. 

Nesta perspectiva, Pereira et al (2001, p.61)

 

[...] a dança é um conteúdo fundamental a ser trabalhado na escola: com ela, podem-se levar os alunos a conhecerem a si próprios e/com os outros; a explorarem o mundo da emoção e da imaginação; a criarem; a explorarem novos sentidos, movimentos livres. Verifica-se assim, as infinitas possibilidades de trabalho do/para o aluno com sua corporeidade por meio dessa atividade.

 

Diante destes fatos, faz-se a reflexão sobre corporeidade e as modificações educacionais com intuito de aprofundar ainda mais sobre o sentido da dança no processo de ensino e aprendizagem. Segundo Kunz et al. (1998), a dança tem o poder de promover novas possibilidades, novos caminhos com a necessidade de sentir, ser, estar, e ser sentindo-se confiante diante de suas ações.

E se formos falar do princípio da dança até os dias atuais, passaríamos inúmeras horas discutindo essa relação, pois a complexidade da dança nos surpreende a cada dia pela sua amplitude corporal e sua evolução. A dança foi incluída nos Parâmetros Curriculares Nacionais - PCN (1998) e ganhou reconhecimento nacional como forma de conhecimento a ser trabalhado na escola.

A evolução da dança, segundo Pereira et al (2001), fez com que as escolas seguissem novas metodologias de ensino a se trabalhar nas aulas de educação física, agregando-se os temas transversais  como: Ética, sexualidade, saúde, pluralidade cultural, trabalho e consumo e outros temas que se mostram relevantes, são esses temas que envolvem a realidade da sociedade para dentro das escolas para que haja uma contextualização em todas as  disciplinas através da interdisciplinaridade, entre  etnias, gêneros, idades, classes sociais e religiões pois expressam conceitos de vivências de diferentes épocas e espaço geográficos, ampliando sua prática de reflexão e constituindo-se realmente uma transformação social estabelecida em nossa sociedade,.

Considerando a escola como o ponto principal das transformações e evoluções dos indivíduos, e a dança como um conteúdo de Educação Física, expressão da corporeidade, e considerando o movimento um meio para visualizar a corporeidade de nossos alunos, Marquês (1997) comenta que a dança na escola deve proporcionar oportunidades para que o aluno possa desenvolver todos os seus domínios do comportamento humano e, através de diversificações complexas, o professor possa contribuir para a formação de estruturas corporais mais complexas.

O uso da dança na sala de aula favorece a criatividade, desenvolvendo algumas habilidades motoras que contribui no processo de aprendizagem, é um momento investigativo do professor que se inicia do simples para o complexo, do concreto para o abstrato do espontâneo para o específico das atividades.

 O filósofo Louis Arnaud Reid (1983) nos esclarece melhor qual a especificidade da arte no currículo: para ele, o conhecimento nesse campo, pode ser indireta e diretamente através da maneira específica, de acordo com os conteúdos trabalhados, podemos diferenciar essas duas maneiras como, por exemplo, conteúdos específicos, estética e sociologia que contribui para o nosso conhecimento através das intermediações das palavras dos pensamentos filosóficos entre outros. Por outro lado, a dança seria um conhecimento direto, o nosso corpo conectado com o seu fazer pensar uma relação conosco mesmo e com o mundo. Ou seja, fazer sentir o íntimo da alma envolvendo as emoções, sentimentos e a sensibilidade, através das ações corporais sem intermediação das palavras, o que privilegia a arte de se expressar que, muitas vezes, cria uma percepção diferenciada por ser natural tornando-se um aprendizado mais crítico.

 Marquês (1997) também argumenta que "através da arte o homem encontra sentidos que não podem se dar de outra maneira senão por ela própria" (p. 16), ou seja, o sentido da arte está dentro de nós mesmos, através dos sentidos e emoções, nós incorporamos naturalmente construindo significados importantes para as nossas vidas, nos dando a liberdade de criar, inventar aquilo que estamos vivendo através das expressões, não necessitando da linguagem falada ou das experiências refletidas. Para o autor, a arte não diz, mostra, sendo assim, a arte nos permite exprimir aquilo que sentimos e queremos, tendo uma consideração importante no mundo de hoje pela sua característica própria.

Saraiva e Kunz et al. (1998, p. 19) corroboram o nosso entendimento de que, através da dança, se procede ao resgate/produção da cultura, sendo esse o objeto da Educação,

 

[a dança] possibilita a compreensão/apresentação das práticas culturais de movimento dos povos, tendo em vista uma forma de autoafirmação de quem fomos e do que somos; ela proporciona o encontro do homem com a sua história, seu presente, passado e futuro e através dela o homem resgata o sentido e atribui novos sentidos à sua vida.

KUNZ et al. (1998, p. 19)

 

A dança conquistou o seu espaço no mundo como forma de manifestação das vivências do homem através da expressão popular e, também, sua maneira de divertir, inter-relacionada com a prática pedagógica no ambiente educacional, proporcionando a preservação da identidade brasileira, contribuindo para a formação de nossos alunos.

A dança na escola

 

“Deve proporcionar oportunidades para que o aluno possa desenvolver todos os seus domínios de comportamentos humano e, através de diversificações e complexidades, o professor possa contribuir para a formação de estruturas corporais mais complexas.” VERDERI, (2000, p.32)

 

É na escola que se percebe a mudança de comportamentos dos nossos alunos, isso acontece simultaneamente e de forma organizada nas aulas de educação física. A dança é uma prática corporal muito importante na direção da formação pela arte de se expressar, diferentes de todas as disciplinas, os professores podem compreender melhor as crianças e adolescentes, os benefícios que trazem tanto para o físico quanto para o mental.

 A pesquisadora brasileira Roseli Fischman (1990) defende “a autonomia da escola, e, portanto, sua identidade e qualidade, transformou-se, inevitavelmente, no foco das questões que relacionam a teoria e prática.”[5]

As escolas enfrentam uma realidade no ensino e aprendizagem de nossos alunos, sobre a maneira de ensinar as práticas corporais, pois, o aluno, ao chegar à escola, traz de casa alguns conhecimentos embasados na realidade, e alguns professores devem aproveitar esses conhecimentos e, a partir deles, promover novos conhecimentos que, por muitas vezes, o professor tem essa dificuldades em relacionar essa realidade nas aulas de danças.

Miranda (1994) aprofunda essa discussão, apontando como problemas os preconceitos dos professores de educação física para com a dança, bem como o fato destes professores não terem tido formação suficiente que os capacitassem para o ensino da dança. Miranda (1994) apresenta um estudo que investiga os problemas relacionados à dança em situações de ensino superior, a saber: como conteúdo disciplinar da graduação em Educação Física e como um curso próprio de graduação em dança.  Os resultados da pesquisa apontaram a falta de capacitação de alguns profissionais, a necessidade de um conhecimento da área específica. Essa pesquisa não fugiu da nossa realidade, a maioria dos profissionais das redes públicas e estaduais não tem a preparação adequada de como ensinar a dança e por isso surgem as críticas na educação física.

No que diz respeito à formação profissional, Miranda (1994) questiona a presença e a validade do estudo da dança na graduação de educação física, já que a preparação dos professores de Educação Física não os qualificaria para o ensino desta. De acordo com a autora, assim se explicaria por que a dança não é incluída nos planos de aula escolares, isto é, por falta de capacitação profissional. O professor dever sair da mesmice e se atualizar a cada dia. Buscando meios para se aperfeiçoar através de cursos entre outros.

Entretanto, para que isso se dê, é de fundamental importância o discernimento entre uma abordagem da dança na Educação Física e da dança enquanto objeto específico de formação.

Miranda (1994, p. 11) considerou que a vivência de dança nos cursos de Educação Física é “insuficiente para denominar-se formação em dança”. 

O eixo deveria ser direcionado para verificar se o ensino da dança na Educação Física tem sido satisfatório aos propósitos da educação física e, caso necessário, estabelecer quais medidas seriam possíveis para, assim, fazê-lo.

Verderi (2000, p.58) complementa dizendo que a dança na escola, associada à Educação Física, deverá ter um papel fundamental enquanto atividade pedagógica, propiciando atividades geradoras de ação e compreensão, favorecendo a estimulação para ação e compreensão das mesmas e, também, uma reflexão sobre resultados de suas ações, para assim poder modificá-las frentes algumas dificuldades.

Devemos ter certeza do que vamos ensinar, transmitir uma boa qualidade de ensino para nossas crianças, desenvolvendo e aprimorando de maneira prazerosa as práticas corporais, contribuindo para a evolução do cognitivo fisiológico e, também, contribuir para o seu autocontrole se preparando para o mundo, tornando se um ser crítico e construtivo.

Quando nos referimos à dança na escola, diretamente nos reportamos à Educação Física, pois sabemos que essa disciplina tem papel importante quanto às atividades pedagógicas, que desperta no aluno uma relação concreta com a realidade.

SCARPATO, (2001, p. 56) afirma que:

 

“O uso da dança na sala de aula, contudo, não visa apenas proporcionar a vivência do corpo e diminuir tensões decorrentes de esforços intelectuais excessivos. Na medida em que favorece a criatividade, pode trazer muitas contribuições ao processo de aprendizagem, se integrada com outras disciplinas. O trabalho com o corpo gera a consciência corporal. O aluno questiona-se e começa a compreender o que passa consigo e ao seu redor, torna-se mais espontâneo e expressa seus desejos de modo mais natural.”

 

A dança como atividade em sala de aula, com metodologias que favoreçam o desenvolvimento, segundo Scarpato (2001), possibilita à criança uma formação ampla de suas capacidades de interação social e afetiva, desenvolvendo as capacidades motoras e cognitivas; e de acordo com o mesmo autor, quando realizada de forma lúdica e não competitiva, a dança escolar passa a ser agente de formação e transformação.

 

CAPITULO II DANÇA E O SEU PAPEL NA EDUCAÇÃO INFANTIL

 

2.1 Dança na Educação Infantil

 

Sabemos que a educação infantil constitui a educação básica brasileira, segundo a LDB (Leis de Diretrizes e Bases) (1996, p. 16), é obrigação do Estado fornecer esse nível educacional a todas as crianças com faixa etária de 0 a 5 anos.

Art. 29 – A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade.

 

Se a educação física é uma das disciplinas obrigatórias em todos os níveis educacionais: ou seja, é uma disciplina que faz parte da educação infantil; é um das atividades que devem ser destacadas é a dança, pois, segundo Marquês (1997), a dança tem um papel importante na prática educativa e tem como objetivo resgatar, de forma natural e espontânea, as manifestações expressivas da nossa cultura. A expressão corporal como recurso da aprendizagem escolar, utiliza o corpo em movimento, estimulando a expressão de sentimentos e emoções que auxiliam no desenvolvimento integral da criança.

Isso nos leva a entender que com atividades de dança a criança é capaz de manifestar o que pensa, de manifestar seus desejos, suas vontades enfim a criança é capaz de demonstrar os seus conhecimentos e habilidades, de forma mais lúdica. Verderi (2009) comenta que a dança ao ser inserida ao conteúdo escolar, não pode ser direcionado para a formadores de bailarinos, antes disso, consiste em oferecer ao aluno uma relação mais efetiva e intimista com a possibilidade de aprender e expressar-se criativamente através do movimento.

Verdari (2009), fala que a dança como prática pedagógica busca preparar o corpo como forma de exercitar de acordo com as necessidades, a partir de gestos de precisão.

A dança no contexto escolar infantil é uma atividade sem dúvida, uma das maiores manifestações e expressões do movimento humano. No âmbito educativo, ela é pedagógica e ensina tanto quanto os esportes, jogos e brincadeiras. A dança faz parte deste âmbito educativo. Cunha (1992, p.13) ressalta a importância do processo de escolarização da dança: "Acreditamos que somente a escola, através do emprego de um trabalho consciente de dança, terá condições de fazer emergir e formar um indivíduo com conhecimento de suas verdadeiras possibilidades corporal-expressiva”.

A Dança na escola deverá ter um papel importante, enquanto atividade pedagógica, segundo Barreto, (2004) a partir das atividades de Dança, a criança evolui quanto ao domínio de seu corpo, desenvolvendo e aprimorando suas possibilidades de movimentação, descobrindo novos espaços, novas conhecimentos dos limites, novas formas de superação de suas limitações e condições para enfrentar novos desafios quanto aos aspectos motores, sociais, afetivos e cognitivos; por isso, é necessário que a dança entre como atividade planejada.

                                                  

[...] a dança é um conteúdo fundamental a ser trabalhado na escola: com ela, podem-se levar os alunos a conhecerem a si próprios e/com os outros; a explorarem o mundo da emoção e da imaginação; a criarem; a explorarem novos sentidos, movimentos livres. Verifica-se assim, as infinitas possibilidades de trabalho do/para o aluno com sua corporeidade por meio dessa atividade. PEREIRA ET AL (2001, p.61)

 

Atividades voltadas para a dança ajudam os alunos a explorarem a sua imaginação, além de desenvolver os aspectos cognitivos e motor, por esse motivo precisamos pensar a dança de forma pedagógica e não somente como um momento de diversão.

2.2 Benefícios da Dança para desenvolvimento infantil

 

Dançar ajuda as crianças a se desenvolver, é uma expressão saudável da alma através das linhas do corpo e do movimento, aulas de dança para crianças podem trazer muitos benefícios positivos.

Deste modo, para Giffoni (1973, p.15),

 

A prática da dança completa e equilibra o processo educativo e acrescenta como opção nesta área a dança ‘‘em todas as suas formas de exercício” destacando que a mesma apresenta-se como uma das atividades mais completa, além de concorrer de forma acentuada para o desenvolvimento integral do ser humano.

 

Como vimos, a criança que dança trabalha a musculatura, fortalecendo-a, estimulando a coordenação motora, flexibilidade, postura, tem maior consciência corporal, noções de espaço, além de melhorar sua integração social, pois a dança é uma atividade que exige concentração.

 

CAPITULO III EDUCAÇÃO FÍSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL VOLTADA PARA DANÇA

 

3.1 Educação Física Voltada Ao Público Infantil

 

A educação infantil caracteriza-se por ser o primeiro espaço formal e institucional para educação regular da criança, conforme Oliveira (2002) comenta, daí nosso primeiro enfoque situar-se no sentido de reafirmar que, desde cedo, a escola é um espaço de educação dos direitos humanos e de movimentos na direção de encontros corporais para garantir a vida, seja ela individual ou coletiva.

Como comenta (WALLON,1995, p 76),

 

Efetivamente, as etapas seguidas pelo desenvolvimento da criança são marcadas, uma a uma, pela explosão de atividades que, por algum tempo, parecem absorvê-la quase totalmente e das quais a criança não se cansa de tirar todos os efeitos possíveis. Elas assinalam a sua evolução funcional e alguns dos seus traços poderiam ser consideradas como prova para descobrir e medir a ação correspondente.

 

Considerando essas afirmações, é necessário que os professores de educação física tenham preocupações voltadas para os seguintes temas: corporeidade, ludicidade, jogos e motricidade.

Quando pensamos em educação física voltada para crianças deve ser totalmente relacionado com os aspectos fundamentais do desenvolvimento humano, aplicado como um processo educacional. Hoje, não utilizamos mais a educação física como aulas que correspondiam a algumas práticas de atividades físicas colocadas como ação mecanizada em que modelos de exercícios serviam para que os alunos copiassem até que estivessem adestrados.

Um novo sentido foi dado à Educação Física um novo processo de ensino-aprendizagem, como uma concepção unitária do aluno. Segundo o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (1998, p. 21-22):

 

As crianças constroem o conhecimento a partir das interações que estabelecem com as outras pessoas e com o meio em que vivem. O conhecimento não se constitui em cópia da realidade, mas sim, fruto de um intenso trabalho de criação, significação e ressignificação.

 

Como as crianças constroem seu conhecimento a partir do contato com o meio, o trabalho de Educação Física precisa ser voltado à exploração do movimento e a descoberta do próprio corpo, nessa perspectiva, segundo o Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil (BRASIL, 1998, p. 30):

 

O professor é mediador entre as crianças e os objetos de conhecimento, organizando e propiciando espaços e situações de aprendizagens que articulem os recursos e capacidades afetivas, emocionais, sociais e cognitivas de cada criança aos seus conhecimentos prévios e aos conteúdos referentes aos diferentes campos de conhecimento humano.

 

É importante que as atividades propostas possam despertar as potencialidades criativas das crianças, isto é, que por meio dessas aulas o aluno consiga desenvolver-se como um todo.

Oferecer uma educação corporal como princípio de toda ação educativa traz um papel importante dessa área de conhecimento em todo processo educacional. Isto quer dizer que as aulas de Educação Física na escola devem auxiliar o aluno a se conhecer melhor, a se relacionar com o mundo, a buscar sua autonomia, sendo sempre oferecidas de forma integrada com os outros conhecimentos ou mesmo conteúdos disciplinares.

O Referencial Curricular Nacional (Brasil, 1998, p.6) aponta:

 

Metas de qualidade para que as crianças tenham um desenvolvimento integral de suas identidades, capazes de crescerem como cidadãos cujos direitos a infância são reconhecidos. Visa também contribuir para que possa realizar, nas instituições, o objetivo socializador dessa etapa educacional, em ambientes que propiciem o acesso e a ampliação pelas crianças, dos conhecimentos da realidade social e cultural.

 

Ao nos referirmos às aulas de Educação Física na Educação Infantil, isso não significa um espaço reservado exclusivamente às crianças que possuem bom desempenho, ou de um professor que tem intenção de formar bailarinos precoces, mas sim, de aulas que proporcionam novas experiências de movimentos, em que o aluno possa se integrar socialmente, desenvolver seus domínios cognitivos, motores e afetivos, com possibilidades de criar, de tomar decisões, de avaliar e de conhecer as suas potencialidades.

Yannier e Gallahue (1978) também ressaltam a importância de se ter, em programas de Educação Infantil, atividades que sejam desafiantes à capacidade motora da criança, que proporcionem sensações diferenciadas do seu dia-a-dia e que façam abundante uso de grandes músculos, pois, dessa forma, colaboram com o desenvolvimento da criança na sua totalidade, dando-lhe maior segurança em seus movimentos e propiciando maior controle corporal. Nista-Piccolo (1993, p. 62) completa essa observação ao ressaltar que:

 

Os movimentos exploratórios que contribuem para desenvolvimento da força, da agilidade, da flexibilidade precisam ser usados. As acrobacias que proporcionam um autoconhecimento, os movimentos ritmados e as habilidades de percepção visual, auditiva e corporal são movimentos fundamentais.

 

  Considerando a importância que tem a Educação Física no processo de desenvolvimento do ser humano, é preciso resgatar a verdadeira relação dos movimentos fundamentais com as necessidades básicas da criança. Quando as aulas de Educação Física são aplicadas com objetivos educacionais, sem comparação de desempenhos entre os alunos, elas podem fornecer uma grande bagagem motora, ricas oportunidades de desenvolvimento social e estimulação das diversas manifestações de inteligência.

 

3.2 Os efeitos dos Movimentos da Dança 

 

Tudo que fazemos ou praticamos na vida são movidos através dos movimentos.  Segundo Brasileiro (2008, p. 205):

 

Os movimentos expressivos podem inspirar e enriquecer as possibilidades de movimento e de criação coreográfica. Os conteúdos são ligados uns aos outros e são constantemente relembrados de acordo com as necessidades dos alunos e das alunas, já que esses podem interferir diretamente no planejamento das aulas.

 

Os movimentos estão diretamente ligados à educação física que vem apresentar uma área de intervenção e conhecimento, ou seja, os movimentos expressivos inspiram e enriquecem, facilitando assim uma aprendizagem lúdica para as crianças da educação infantil, Sendo assim, Segundo o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (1998), a dança pode ser vista e abordada dentro do contexto ensino aprendizagem, como uma das formas auxiliares, na obtenção de uma educação integral.

A dança passou por diversas fases da vida e foi se evoluindo com o passar do tempo, como já vimos na pesquisa anterior, o homem começou a compreender que, vivendo e trabalhando em forma conjunta, obtinha resultados mais satisfatórios que os proporcionados por seu esforço isolado. Sendo assim seus sentimentos começaram a adequar-se a esta organização que por um lado lhe impunha restrições e por outro lhe estimulava em sua atividade. Suas necessidades e desejos individuais foram assimilados ao do grupo, e sua dança adaptou as características de movimento corporais, julgados pelas aspirações da comunidade.

Segundo Laban, (1978, p. 98),

 

O movimento humano é sempre constituído dos mesmos elementos: o corpo, o espaço, a força e o tempo. O corpo é o instrumento da dança, compreende as partes internas e externas, os movimentos e os passos. O espaço é um local dentro do qual o movimento se apresenta como um fluxo contínuo. A força é a mudança como o movimento pode ser alterado. O tempo é a duração cronológica de uma ação ou evento e está relacionado ao ritmo.

 

Partindo do entendimento que a educação física, como ação dos movimentos auxilia no desenvolvimento da criança, através das expressões corporais, incentivando a descobrir novos caminhos por meio da utopia no seu processo de ensino e aprendizagem que se dá por meio da integração de novas possibilidades de trocas motoras, atingindo um dos objetivos, que é a cooperação mútua para um resultado eficaz, no que diz respeito à dança especificamente.

SILVEIRA (2009, p.3) diz o seguinte:

 

[...] a dança favorece a exploração do meio, com ludicidade e liberdade, as crianças necessitam deste meio para o exercício da corporeidade, utilizando seu corpo por inteiro, descobrindo-se através da mesma e das possibilidades que dela podem surgir.

 

As experiências vivenciadas pelo aluno com a prática dos movimentos resultam em um momento prazeroso, pois são desenvolvidas algumas habilidades motoras, capacidades físicas que os próprios alunos acabam socializando com os colegas. Educação física ajuda no raciocínio das experiências vivenciadas focado na necessidade da criança, objetivando a incentivar a prática do movimento. Sendo assim, é importante dizer que o professor abre os caminhos, criando condições para que o aluno se movimente favorecendo a ampliação da construção do conhecimento.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Durante essa pesquisa, fizemos uma breve reflexão sobre a dança no espaço escolar, a dança na Educação Infantil, os benefícios da dança no desenvolvimento infantil, também sobre a educação física na educação infantil voltada para dança. Partindo do ponto de vista do presente estudo, é possível afirmar que, a dança praticada na escola partindo do entendimento que a educação física, como ação dos movimentos, auxilia no desenvolvimento da criança, através das expressões corporais, incentivando a descobrir novos caminhos por meio do processo de ensino e aprendizagem que se dá por através da integração de novas possibilidades de trocas motoras, atingindo um dos objetivos, que é a cooperação mútua para um resultado eficaz.

Os resultados deste estudo apontam efeitos positivos da dança no desenvolvimento, pois a dança favorece muito a aprendizagem; o ambiente escolar pode ser uma forma bastante lúdica de ensinar, pois é algo que todos podem fazer, sendo o principal instrumento para ser executado o corpo.

Atividades voltadas para a dança ajudam os alunos a explorarem a sua imaginação, além de desenvolver os aspectos cognitivos e motor, por esse motivo precisamos pensar a dança de forma pedagógica e não somente como um momento de diversão.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

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[1] Licenciada em Pedagogia.

[2] Licenciado em Pedagogia.

[3] Licenciada em Pedagogia.

[4] Disponível em http://revistaeducacao.uol.com.br/

[5] retirado do site http://gestaoescolar.abril.com.br/