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A LUDICIDADE E SUA IMPORTÂNCIA NO DESENVOLVIMENTO E NA APRENDIZAGEM

Vanessa Cristina Saran de Souza 1

Rosa Cristina Marinelli

Sirlene Bento da Silva

Renata Correia Ramos Antunes

Rosana Aparecida da Silva

 

RESUMO

Esse artigo é resultado de uma pesquisa que procurou investigar como o lúdico pode favorecer a aprendizagem e o desenvolvimento. A ludicidade é sugerida em muitas propostas pedagógicas como um instrumento para o ensino de conteúdos. Mas quando os jogos e as brincadeiras são compreendidos apenas como recursos pedagógicos, assumem um caráter instrumental porque perdem o sentido da brincadeira e servem somente para sistematização de conhecimentos. Entretanto, a ludicidade pode ser vista como uma atitude essencial que possibilita a conquista da liberdade de expressão, a imaginação. O presente estudo tem como objetivo analisar de que forma a ludicidade está inserida no processo de ensino-aprendizagem. Por meio de uma pesquisa bibliográfica e qualitativa, o artigo descreve o desenvolvimento do lúdico ao longo da história, o conceito de ludicidade e o papel do professor na mediação do lúdico. Pois a ludicidade é muito importante para o desenvolvimento integral da criança, e merece atenção dos pais e dos educadores, pois é através das brincadeiras que a criança descobre a si mesmo e o outro. Se faz necessário refletir sobre como o lúdico favorece uma série de aprimoramentos em diversos âmbitos dos desenvolvimentos, cognitivo, motor, social e afetivo. Compreender que através do brincar a criança inventa, descobre, experimenta, adquire habilidades, desenvolve a criatividade, auto-confiança, autonomia e expande o desenvolvimento da linguagem, pensamento e atenção.

Palavras chave: Ludicidade. Brincar. Desenvolvimento.

 

ABSTRACT

This article is the result of a research that investigated how the playful can favor learning and development. Ludicity is suggested in many pedagogical proposals as an instrument for teaching content. But when games and games are understood only as pedagogical resources, they assume an instrumental character because they lose the sense of play and serve only for the systematization of knowledge. However, playfulness can be seen as an essential attitude that enables the achievement of freedom of expression, imagination. The present study aims to analyze how positivity is embedded in the teaching-learning process. Through a bibliographical and qualitative research, the article describes the development of the ludic throughout history, the concept of playfulness and the role of play in the development of children. For playfulness is very important for the integral development of the child, and deserves attention of parents and educators, because it is through the games that the child discovers himself and the other. It is necessary to reflect on how the ludic favors a series of improvements in various spheres of development, cognitive, motor, social and affective. Understand that through play the child invents, discovers, experiences, acquires skills, develops creativity, self-confidence, autonomy and expands the development of language, thought and attention.

Keywords: Playfulness. Play. Development.

 

INTRODUÇÃO

 

 

O lúdico é uma ferramenta pedagógica que professores podem utilizar em sala de aula como técnicas metodológicas na aprendizagem. Através da ludicidade os alunos podem aprender de divertida, concreta e, consequentemente, mais significativa, promovendo uma educação de qualidade. Por isso o presente trabalho tem como objetivo mostrar a importância do lúdico na educação infantil, bem como a construção do processo de imaginação, criatividade, desenvolvimento motor, interação social e no aprendizado de regras.

Assim, entende-se que a vivência lúdica no contexto escolar abre caminhos para a integração de vários aspectos do ser humano, bem como na esfera emocional, corporal, cognitiva, espiritual. Também possibilita cada sujeito participativo (aluno e professor) a se perceber enquanto um ser único e relacionar-se melhor consigo mesmo e com o mundo, o que implica um enfrentamento mais autêntico frente ás suas dificuldades. É fundamental que a família, a escola e a criança estejam unidos para que se sustente essa etapa essencial na vida da criança. O desenvolvimento da imaginação é fundamental para a criatividade, é resultado da observação, de vivências e experiências. Freire (1997, p. 46) explica que:

 

A criança faz uso da imaginação, vive e encarna um sem número de relações. Saltar um rio largo, atravessar uma ponte estreita, repartir a comida feita, são atividades que materializam, na prática, a fantasia imaginada, e que retornarão depois da prática em forma de ação interiorizada, produzindo e modificando conceitos, incorporando-se às estruturas de pensamento. Ou seja, no brinquedo simbólico a ação vai e vem incessantemente, da ação ao pensamento, modificando-se em cada trajeto, até que as representações do indivíduo possam se expressar de forma cada vez mais compreensível no universo social. A prática social não interrompe, contudo, esse jogo de idas e vindas da ação e da representação, pelo contrário, sofistica cada vez mais as representações que o sujeito faz do mundo.

 

A Educação infantil pode se tornar um lugar agradável, onde se brinca. Deve ser um espaço estimulante, educativo, seguro, afetivo, com professores realmente preparados para acompanhar a criança nesse processo intenso e cotidiano de descobertas e de crescimento. A aprendizagem com ludicidade pode propiciar a possibilidade de uma base sólida que influenciará o desenvolvimento futuro da criança. Se as atividades realizadas enriquecem as experiências infantis e possuem um significado para a vida das crianças, elas podem favorecer o processo de desenvolvimento e aprendizagem, quer no nível do reconhecimento e da representação dos objetos e das suas vivências, quer no nível da expressão de seus pensamentos e afetos.

Por tudo isso O presente trabalho acadêmico tem como temática a importância do lúdico na Educação Infantil, no desenvolvimento e na aprendizagem. Este estudo se justifica pela necessidade de mostrar que o lúdico é um método que contribui para que a criança se desenvolva, pois, é através do brincar que a criança descobre, inventa, ensina regras, experimenta, relaxa e desenvolve habilidades. Com esta pesquisa pode-se reafirmar a importância do lúdico no processo de ensino-aprendizagem tornando-o mais significativo, levando a uma educação de qualidade.

O trabalho está estruturado da seguinte forma: no primeiro capítulo constitui-se se a introdução, trazendo informações, sequência e toda a estrutura desta pesquisa. O segundo aborda o contexto histórico da brincadeira no universo infantil e seu uso no processo de aprendizagem ao longo da história. Em seguida, o terceiro destaca a concepção de educação, bem como, a importância da inclusão do lúdico no ato educativo, relacionando às práticas lúdicas utilizadas atualmente nos estabelecimentos de ensino.

No quarto capítulo, expõe-se o papel do professor como mediador do lúdico na educação infantil. O desenvolvimento de todo o artigo traz conceitos do processo de ensino-aprendizagem na visão de autores que abordam a temática em estudo, em especial, Vygotsky, que vê a criança como um sujeito sempre em formação, capaz de aprender e socializar-se como os demais por meio de situações lúdicas. Também fazem parte do referencial teórico: Paulo Freire, Macedo, Piaget, Vygotsky, Dohme, Kishimoto entre outros.

Nas considerações finais se apresenta uma análise dos resultados do estudo. Espera-se possibilitar o reconhecimento da importância do brincar na Educação Infantil, buscando compreender o trabalho com as atividades lúdicas como fator importante no processo de ensino e aprendizagem dos alunos.

 

O LÚDICO AO LONGO DA HISTÓRIA

 

Na história antiga se relata que o ato de brincar era desenvolvido por toda a família, até quando os pais ensinavam os ofícios para seus filhos. Para cada época e sociedade a concepção sobre educação sempre teve um entendimento diferenciado, logo o uso do lúdico seguiu também essa concepção. Os povos primitivos davam à educação física uma importância muito grande e davam total liberdade para as crianças aproveitarem o exercício dos jogos naturais, possibilitando assim que esses pudessem influenciar positivamente a educação de suas crianças.

O brincar esteve presente em todas as épocas da humanidade (antiguidade, idade média, idade moderna), permanecendo até os dias de hoje, pois “em cada época, conforme o contexto histórico vivido pelos povos e conforme o pensamento estabelecido para tal, sempre foi algo natural, vivido por todos e também utilizado como um instrumento com um caráter educativo para o desenvolvimento do indivíduo” (SANTANA; NASCIMENTO (2011). As brincadeiras são transmitidas historicamente. Desde os tempos mais primitivos até a sociedade atual o brincar representa uma construção simbólica do mundo em que a criança vive.

O contato das crianças com a brincadeira era tido como uma ação facilitadora da aprendizagem formal, produtora das obrigações sociais. Para cada época e sociedade, a definição de educação continha um entendimento diferenciado e a utilização da ludicidade seguiu esta concepção. Os povos primitivos tinham a educação física como uma atividade muito importante e davam essa liberdade para as crianças, o que era positivo na educação delas. Já idade média, as crianças reproduziam as tarefas dos adultos, os princípios morais disciplinavam a educação e os jogos eram relacionados à educação de cavaleiros. Nesta época existia a ideia de que brinquedos poderiam desviar as crianças dos estudos e a criança era vista como um adulto em miniatura.

A partir do renascimento, no século XVI os jogos voltaram a ter valor para a educação uma vez que é considerado o recurso do instinto biológico mais importante. Na idade moderna e contemporânea, com os estudos de Vygotsky, o brincar, as brincadeiras e os jogos conquistaram seus espaços propiciando ampliação do conhecimento através das atividades lúdicas.

Pensadores como Piaget, Wallon, Dewey, Leif, Vygotsky, defendem que o uso do lúdico é essencial para a prática educacional, no sentido da busca do desenvolvimento cognitivo, intelectual e social dos alunos. Isto torna a ludicidade um instrumento que pode ser utilizado para o desenvolvimento de qualquer pessoa e, portanto, deve ser levado em consideração pelos educadores em qualquer nível de ensino. Qualquer atividade lúdica provoca estímulos nas pessoas, explorando seus sentidos vitais, operatórios e psicomotores, propiciando o desenvolvimento completo das suas funções cognitivas.

Vygotsky é em nossa contemporaneidade um dos principais educadores que defendem o uso do lúdico no processo de ensino-aprendizagem. Com o lúdico, a criança se relaciona com o mundo real, testando comportamentos que poderão ser colocados em prática na vida adulta. Segundo este teórico é enorme a influência do brinquedo no desenvolvimento de uma criança[...] A essência do brinquedo é a criação de uma nova relação entre o campo do significado e o campo da percepção visual – ou seja, entre situações no pensamento e situações reais (1998).

 

...ainda que se possa comparar a relação brinquedo-desenvolvimento à relação instrução-desenvolvimento, o brinquedo proporciona um campo muito mais amplo para as mudanças quanto a necessidades e consciência. A ação na esfera imaginativa, numa situação imaginária, a criação de propósitos voluntários e a formação de planos de vida reais e impulsos volitivos aparecem ao longo do brinquedo, fazendo do mesmo o ponto mais elevado do desenvolvimento pré-escolar. A criança avança essencialmente através da atividade lúdica. Somente neste sentido pode-se considerar o brinquedo como uma atividade condutora que determina a evolução da criança. VYGOTSKY (1991).

 

 O exercício da ludicidade é muito importante para a criança na educação infantil. Porque na brincadeira são feitas ações dirigidas favorecendo o desenvolvimento intelectual .Observa-se assim que jogos e brinquedos pertencem à vida infantil, uma vez que a vivência decorre na fantasia pelo encantamento, de alegria onde sonhos, ilusões e realidade se misturam. O prazer de viver surge através das brincadeiras e dos jogos possibilitando o enfrentamento dos obstáculos e desafios. Favorece o desenvolvimento físico, cognitivo, afetivo e moral (PIAGET, 1972).

 

CONCEITO DE LUDICIDADE

 

A palavra lúdico se origina do latim ludus que significa brincar. Segundo Dohme, 2003, ludicidade refere-se "aos jogos pedagógicos; brincadeiras; dinâmicas de grupo; recorte e colagem; dramatizações; exercícios físicos; cantigas de roda; atividades rítmicas e atividades nos computadores". A capacidade lúdica está relacionada à sua pré-história de vida. Acredita ser, antes de tudo, um estado de espírito e um saber que progressivamente vai se instalando na conduta do ser devido ao seu modo de vida.

No dicionário online da Língua Portuguesa Michaelis (2015), a palavra “brinquedo” refere-se aos objetos com que as crianças brincam; passatempo, distração, brincadeira ou jogo; objeto feito para o divertimento de crianças. É a essência da infância que permite um trabalho pedagógico que oportuniza a construção do saber, a produção da aprendizagem e o desenvolvimento do ser como humano. Entenda que o brinquedo supõe uma relação íntima com a criança e uma indeterminação quanto ao uso, ou seja, a ausência de um sistema de regras que organizem sua utilização (KISHIMOTO, 1994).

No brinquedo, a criança experimenta, descobre, inventa, aprende, confronta habilidades, estimula a curiosidade, a autoconfiança e a autonomia, desenvolve a linguagem, o pensamento, a concentração e a atenção.

É no lúdico que a criança aprende a agir no seu lado cognitivo. Segundo o autor a criança comporta-se de forma mais avançada do que nas atividades da vida real. A ludicidade é uma necessidade do ser humano em qualquer idade e não pode ser vista apenas como diversão.

O lúdico facilita a aprendizagem, o desenvolvimento pessoal, social e cultural, além de facilitar os processos de socialização, expressão e construção do conhecimento. Consiste basicamente em satisfazer a criança, trabalhando com o real, o concreto, tocando, deslocando, montando e desmontando. Sua finalidade é ajudar no desenvolvimento cognitivo e facilitar a aprendizagem e a interação entre os colegas. De acordo com Dohme: As atividades lúdicas podem colocar o aluno em diversas situações, onde ele pesquisa e experimenta, fazendo com ele conheça suas habilidades e limitações, que exercite o diálogo, liderança seja solicitada ao exercício de valores ético e muitos outros desafios que permitirão vivências capazes de construir conhecimentos e atitudes. (DOHME, 2.003, p, 113)

O Lúdico na Educação é importante na medida em que tomamos consciência de que “jogar – e viver – é uma oportunidade criativa para encontrar com a gente mesmo, com os outros e com o todo” (Brotto, 2001), ou seja, através da ludicidade o aluno, além de aprender um determinado conteúdo, tem uma oportunidade de conhecer o outro e a si mesmo. Kischimoto (1993) afirma:

 

Brincando as crianças aprendem a cooperar com os companheiros, a obedecer às regras do jogo, a respeitar os direitos dos outros, a acatar a autoridade, a assumir responsabilidades, a aceitar penalidades que lhe são impostas, a dar oportunidades aos demais, enfim, a viver em sociedade.

 

A atividade lúdica surgiu como nova forma de abordar os conhecimentos de diferentes formas e também uma atividade que favorece a interdisciplinaridade. O lúdico é reconhecido como elemento essencial para o desenvolvimento das várias habilidades em especial a percepção da criança. É um recurso da criança para se comunicar, para se relacionar com o outro, para compreender a si mesma e as coisas que ocorrem a sua volta de modo a contribuir com o seu processo de desenvolvimento. Os Referenciais Curriculares Nacionais para a Educação Infantil - RCNEI conceituam o brincar:

 

Brincar é, assim, um espaço no qual se pode observar a coordenação das experiências prévias das crianças e aquilo que os objetos manipulados sugerem ou provocam no momento presente. Pela repetição daquilo que já conhecem, utilizando a ativação da memória, atualizam seus conhecimentos prévios, ampliando-os e transformando-os por meio da criação de uma situação imaginária nova. Brincar constitui-se, dessa forma, em uma atividade interna das crianças, baseada no desenvolvimento da imaginação e na interpretação da realidade, sem ser ilusão ou mentira. BRASIL,(1998)

 

A criança constrói conhecimento ao viver a fantasia quando cria através da imaginação Associando, muitas vezes, até mesmo a própria realidade. Ao brincar, as crianças criam trabalhos originais através das diversas linguagens. O lúdico se inicia na infância no ambiente escolar. No seio da cultura infantil, festeja com o brincar e suas nuances ao delinear atividades que buscam conduzir a criança para descoberta de outros mundos, para se projetar num universo inexistente, mas conveniente a ela. Na brincadeira a criança mistura realidade e fantasia.

 

O PAPEL DO PROFESSOR NA MEDIAÇÃO DO LÚDICO

Na sala de aula o professor tem um papel muito importante na relação da criança com o conhecimento, assim como na constituição da identidade e da autonomia da criança. A prática do professor está ligada a competência, e, assim, dentre as competências a serem trabalhadas por um profissional da educação infantil, está a capacidade de um bom relacionamento entre o professor e o aluno.

Vai depender desse relacionamento uma situação propícia para o processo ensino aprendizagem. Portanto, a função real do professor é exercer o papel mediador da construção do conhecimento, tanto como orientador do planejamento pedagógico, quanto da seleção e tratamento dos conteúdos curriculares. Para formar seres criativos, críticos e aptos para tomar decisões, um dos requisitos é o enriquecimento do cotidiano infantil com a inserção de jogos, brinquedos e brincadeiras. O trabalho com os jogos e brincadeiras possibilita ao professor, observar a atuação de cada indivíduo por si só e ao mesmo tempo interagindo consigo e com os outros à sua volta.

Nestas atividades, ambos, professor e aluno, estão livres para explorar, brincar, jogar com seus próprios ritmos, para controlar suas atividades e estão abertos a receber e obedecer a regras que lhe são impostas. O docente da Educação Infantil é um parceiro no processo de desenvolvimento da criança. Parceiro este, que deve ajudar a criança a construir a sua identidade e ética. Pois, conforme com o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil:

 

O adulto, na figura do professor que na instituição infantil ajuda a estruturar o campo das brincadeiras na vida das crianças. Consequentemente é ele que organiza sua base estrutural, por meio da oferta de determinados objetos, fantasias, brinquedos ou jogos, da delimitação e arranjo dos espaços e do tempo para brincar. Por meio das brincadeiras os professores podem observar e constituir uma visão dos processos de desenvolvimento das crianças em conjunto e de cada uma em particular, registrando suas capacidades de uso das linguagens, assim como de suas capacidades sociais e dos recursos afetivos e emocionais que dispõem. (RCNEI, 1998)

 

O professor é a peça fundamental nesse processo, ele é um elemento essencial. Quanto maior e mais rica for a sua história de vida profissional, maiores serão as possibilidades de ele desempenhar uma prática educacional significativa. Educar não se limita em repassar informações ou mostrar apenas um caminho, aquele caminho em que o professor considera o mais correto, mas é ajudar a pessoa a tomar consciência de si mesmo, do outro e da sociedade. E oferecer várias ferramentas para que a criança possa escolher caminhos.

A afetividade é estimulada por meio da vivência, a qual o educador estabelece um vínculo com o aluno. A criança necessita de estabilidade emocional para se envolver com a aprendizagem. O afeto pode ser uma maneira eficaz de aproximar o sujeito e a ludicidade em parceria, ajuda a enriquecer o processo de ensino-aprendizagem.

O professor deve escolher uma metodologia de trabalho que permita a exploração do potencial da atividade lúdica no desenvolvimento das habilidades. Se o material não for significativo, os alunos, mesmo com grande disposição para incorporar o conteúdo proposto, à sua estrutura cognitiva, terão aprendizagem mecanizada, sem significado efetivo para seu conhecimento.

E quando o professor trabalha com as atividades lúdicas, percebe-se um maior encantamento do aluno. Pois se aprende brincando, se aprende com prazer, com alegria. Assim a ludicidade tem conquistado um espaço na educação infantil. Brincar é uma experiência fundamental para qualquer idade, principalmente para as crianças da Educação Infantil. Dessa forma a brincadeira já não devem ser mais atividades utilizadas pelo professor apenas para recrear as crianças, mas como atividade em si mesma, que faça parte do plano de aula da escola.

É no brinquedo que a criança aprende a agir numa esfera cognitiva. Porque ela transfere para o mesmo sua imaginação e, além disso, cria seu imaginário do mundo de faz de conta. Cabe ao educador criar um ambiente que reúna os elementos de motivação para as crianças. Criar atividades que proporcionam conceitos que preparam para a leitura, para os números, conceitos de lógica que envolve classificação, ordenação, dentre outros. Motivar os alunos a trabalhar em equipe na resolução de problemas, aprendendo assim expressar seus próprios pontos de vista em relação ao outro.

Portanto, a dimensão lúdica na formação do professor permite a ele se questionar quanto a sua postura e conduta em relação a proporcionar aos alunos um desenvolvimento integral.

 

CONCLUSÃO

 

Durante este trabalho pode-se perceber que a ludicidade faz parte da vida de todo ser humano. E através dela, o conhecimento, a aprendizagem, a socialização e a interação ocorrem de maneira bem singular e satisfatória. Sendo assim, ao trabalhar a ludicidade na sala de aula, o professor está dando à criança uma chance maior de desenvolvimento integral, desenvolvimento este que envolve o social, o emocional, o físico, o moral entre outros.

A ludicidade não é algo que se faz, mas sim algo que se pratica. Não pode ser usada apenas quando está “sobrando” tempo. Nas atividades que envolvem elementos lúdicos, o professor precisa ter objetivos claros e precisos do que ele pretende com tal atividade. Essa ação será intencional, onde deverá conter os elementos da ludicidade mais adequados, sabendo que é subjetiva, prazerosa, espontânea e principalmente, individual. Toda a comunidade escolar precisa estar envolvida para que a aprendizagem ocorra de forma significativa e alcance o saber da criança. Este estudo possibilitou uma maior clareza de como a ludicidade influencia na vida de crianças da educação infantil. Elas tem possibilidades de desenvolvimento global, desenvolvendo o social, a interação com todos, a socialização e a aprendizagem.

O profissional que estará atuando com a criança, precisa saber que a ludicidade é um meio, um apoio para que a aprendizagem ocorra de forma integral. Quando o professor interage com a criança através de jogos, brincadeiras e brinquedos estão enriquecendo a sua prática. As crianças percebem que o professor se interessa pelo que ela gosta, e fica com muito mais estímulo para buscar o conhecimento. Por meio desse brincar, a criança fica livre para criar o seu mundo simbólico e a imaginação é constantemente estimulada. Portanto, o papel do professor é mediar às diversas ações, atividades, conhecimentos, e precisa valorizar as atividades onde a criança esteja realizando individualmente, mas é preciso que o trabalho em equipe e em grupo seja notado de forma especial, pois é em grupo que a socialização ocorrerá. No decorrer deste trabalho pretendeu-se apresentar alguns conceitos de ludicidade, também como o seu histórico, teorias de alguns autores e o papel do professor no processo. Pode-se salientar que a aprendizagem ocorrerá de forma satisfatória quando o professor incorporar a ludicidade no dia a dia escolar.

 

REFERÊNCIAS

 

BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Brasília: MEC/SEF, 1998

BROTTO, Fábio Otuzi. Jogos Cooperativos. 6ª edição. Edição Re-Novada: São Paulo, 2001.

DOHME, Vânia. Atividades Lúdicas na educação: o caminho de tijolos amarelo. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 2003.

FREIRE, J. B. Educação de corpo inteiro: teoria e prática da Educação Física. São Paulo: Scipione, 1997.

KISHIMOTO, Tizuko M. Jogos infantis: o jogo, a criança e a educação. Petrópolis, RJ: Vozes, 1993.

 

__________, Tizuko M. Jogo, Brinquedo, Brincadeira e a Educação. 6.ed. São Paulo: Cortez, 1994.

MACEDO, Lino de; PETTY, Ana Lúcia Sicoli; PASSOS, Norimar Christie. Os jogos e o lúdico na aprendizagem. Porto Alegre: Artmed, 2005.

MICHAELIS Dicionário Online Disponível em www.educacao.uol.com.br/dicionários

PIAGET,Jean. A formação do símbolo na criança. Rio de Janeiro: Zahar,1975.

______, Jean. Psicologia e Pedagogia. 2.ed. Rio de Janeiro: Forense, 1972.

SANT’ANNA, A.; NASCIMENTO, P. R. A história do Lúdico na educação. V.6. Florianópolis: Reupmat, 2011.

VYGOTSKY, L. S. Aprendizagem, desenvolvimento e linguagem. 2. ed. São Paulo: Ícone, 1998.

1Graduada em Pedagogia UNOPAR – Paraná. Pós graduanda em Alfabetização e Letramento - Instituto Souza.