UMA ANÁLISE PEDAGÓGICA DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR INCLUSIVA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
QUEILA FRANCELINA PUGER
RESUMO:
O presente estudo enfatiza uma pesquisa bibliográfica a cerca da educação física escolar inclusiva na educação infantil, bem como pesquisar em relação as dificuldades encontradas por professores de Educação primária em incluir os alunos, analisar os conteúdos a partir dessas dificuldades com a intenção de promover a formação dos professores. A pesquisa será apenas com base bibliográfica a partir das informações apresentadas pelos teóricos pesquisados. Apresenta se uma análise de conteúdo do tipo categorial, resultando em decorrências. Conclui-se com infelicidade sobre a defasagem de pesquisas, na qual incluir não seja apenas por assistir aulas. Com isso fica claro que, para que haja a inclusão educacional, é preciso identificar e assumir as dificuldades encontradas, uma vez que os professores relatam que a dificuldade não era, somente, saber o que fazer para incluir, ou qual recurso selecionar, mas que havia outras questões, como, as administrativas, as familiares e as decorrentes da estrutura escolar. Sem dúvida a inclusão é consequência de uma escola de qualidade, isto é uma escola capaz de perceber cada aluno e percebe é que a criança com ou sem deficiência seja ela especial ou educativa especial, na escola inclusiva também depende do sistema escolar e da gestão escolar, onde todos trabalham em prol dos mesmos objetivos desenvolvendo um bom relacionamento da escola com a família, a escola deve estar sempre aberta à comunidade para discussão da perspectiva inclusiva e equitativa.
Palavras chave: Educação Inclusiva. Educação Física. Educação Infantil.
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INTRODUÇÃO
Ao falar do processo inclusivo no Brasil, deve-se compreender o estágio que a mesma se encontra, para tanto precisa-se retroceder alguns marcos na história, no contexto em que as ações educacionais foram geradas. A Inclusão no Brasil teve seu marco inicial no período imperial. Em meados de 1854, na qual foi criado o Imperial Instituto dos Meninos Cegos, mais só em 1891 o nome foi alterado e passou a se chamar Instituto Benjamin Constat-IBC. Mas, em 1957, D. Pedro II também criou o Instituto Imperial dos Surdos Mudos, que veio da França para o Brasil com o intuito de fundar uma escola para alunos com estas necessidades diferentes dos alunos do IBC, no mesmo ano a escola passou a ter o nome de Instituto Nacional de Educação de Surdos - INES (ZANFELICI, 2008).
Mais para frente a Declaração de Salamanca em 1994, sendo um dos maiores marcos da incorporação da inclusão do país, pois foi oriundo de um grupo de pessoas que viviam e compreendiam as necessidades de aumentar a discussão sobre o tratamento digno destinado aos deficientes com necessidades especiais entre outras ânsias sociais, com o objetivo de literalmente “regaçar as mangas” ou seja repensar as práticas sócias excludentes.
Dois anos mais tarde, com a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBN – Lei n. 9394/96), em seu capítulo V, a nova LDBN proporciona uma padronização para o amparo de pessoas com deficiências em escolas regulares e para sua integração na sociedade (BRASIL, 1996). A legislação ocasionou a inclusão de inúmeras crianças com deficiências em diversas escolas no Brasil, isto posto, todos começaram a discutir, debater sobre o grandioso processo inclusivo. Além disso, ficou muito explanado que se existe Políticas Públicas, ela aconteceu naquele ano. Por outro lado, tem muito há se fazer com relação a inclusão. Mas, ainda há muito a se pensar sobre a qualidade, eficácia, eficiência e efetividade, ou seja, aprimorar, organizar as Políticas Públicas de Educação dessa inclusão.
Em consequência disso, nosso pensamento é esse, poderíamos então concluir por aqui, mas, não! Ao falarmos em sala de aula estudos realizados em (2012) qualificam a extrema essência dos recursos humanos e da magnifica importância da habilitação dos profissionais para encarar os inúmeros desafios no âmbito escolar, quando a palavrinha inclusão entra em cena. Fica claro que, a formação continuada dos profissionais da área da Educação e de outras não menos importante é primordial para que não fique mais complexo, já que uma vez estando preparado já é algo desnorteador, pode-se imaginar sem precaver-se (BRINT; OLIVER, 2012).
Com isso, pode ser interessante pensar no professor como um grande protagonista na vida de um aluno, de modo especial o professor de Educação Física, seu contato é muito direcionado, é ele que acompanha todo o processo de desenvolvimento e nada mais justo que ele colher bons produtos deste desenvolvimento, por isso, sair da zona de conforto é extremamente importante.
Em virtude dos argumentos apresentados, constata-se que a pesquisa será de cunho qualitativo, com objetivo de verificar na literatura como pode ser a Educação Física Escolar inclusiva que temos e a Educação Física Escolar Inclusiva que queremos. Vale ressaltar, que a inspiração para o título desta pesquisa surgiu de uma pesquisa na área da Psicologia do Esporte com o seguinte título, da Psicologia do Esporte que temos á Psicologia do Esporte que queremos da Psicóloga Kátia Rúbio.
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EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR INCLUSIVA QUE TEMOS
A Educação Inclusiva no geral faz parte dos direitos humanos, contudo, Sanchez (2005), relata para a Comissão Internacional sobre a educação e ainda acrescentou quatro pilares básicos para centrar a educação ao longo da vida de uma pessoa, dentre eles temos: Aprender a conhecer, o fator aprender é corriqueiro, é fácil, difícil mesmo é compreender, isto está bem nítido quando temos um pilar, na qual diz que devemos ser os instrumentos para a vida daquela pessoa e fazer com que a mesma compreenda o mundo que a cerca e sim aprender a aprender. Outro pilar é o Aprender a fazer, que está completamente ligado ao fato de estar preparado para o que possa vir futuramente, disposto para as inúmeras situações do mundo, do dia a dia e disseminar o que o professor ensina na teoria e enfim levar até a prática.
O fator Aprender Juntos trata-se da cooperação, do trabalho em grupo, todo este envolvimento traz uma sócio afetividade com relação ao próximo em que se trabalha ou estuda, traz também uma maior compreensão com relação as lutas contra a exclusão por meio de traçado que favorecem o contato e a comunicação. Por fim, temos o Aprender a Ser que pode ser mútuo, sereno, mas na verdade é saber ser, na qual o mundo deste individuo seja repleto de qualidades, que o mesmo consiga se desenvolver, por meio de suas desestabilizações, pois não há desenvolvimento sem erros.
A filosofia da inclusão defende uma educação eficaz para todos, sustentada em que as escolas, enquanto comunidades educativas devem satisfazer as necessidades de todos os alunos, sejam quais forem as suas características pessoais, psicológicas ou sociais (com independência de ter ou não deficiência) (SANCHEZ, 2005, p. 11).
Considerando a colocação do autor, a escola solida de todos, deve propor a diversidade dos educandos fazendo com que a instituição de ensino consiga atender esta demanda completamente diferenciada, excluindo apenas a desigualdade e a injustiça social. Sem contar que isso deveria acontecer sempre na Inclusão escolar, trabalhar com a diversidade e com as dificuldades, mas, para isso o corpo docente deve estar extremamente preparado, pois em uma aula todos tem o mesmo direito seja ele de aprender a ler ou de participar de quaisquer atividades recreativas e esportivas.
A Declaração de Salamanca (1994) defendem que o princípio norteador da escola deve ser o de propiciador a mesma educação para todas as crianças, atendendo às demandas delas. Pois é preciso permitir ao aluno que tenha acesso a tudo, por outras vias, que eliminem as barreiras existentes. Isso pode ocorrer por meios de jogos, brincadeiras e experimentações de diferentes estratégias (BRASIL, 2012 p. 10).
O Plano Nacional de Educação – PNE 2015, ao estabelecer objetivos e metas para os sistemas de ensino referente à oferta de matrículas para alunos que necessitam da inclusão na rede regular de ensino, ao atendimento educacional especializado. Ainda na perspectiva da educação inclusiva, a Resolução CNE/CP nº 1/2002, que estabelece as Diretrizes Curriculares para a Formação de Professores da Educação Básica, define que as instituições de ensino superior devem prever, no seu currículo, formação docente voltada para a atenção à diversidade e que contemple conhecimentos sobre as especificidades dos alunos com necessidades educacionais especiais (MEC, SEESP, 2007 p. 4).
A resolução CEE nº 449/2002, coloca que as crianças com necessidades especiais serão preferencialmente atendidas na rede regular de ensino, respeitando o direito ao atendimento adequado em seus diferentes aspectos. E ainda, os espaços físicos deverão ser projetados de acordo com a proposta pedagógica. No entanto otimizando o processo de desenvolvimento e aprendizagem no que se refere à inclusão social é certo de que:
“Em todas as etapas e modalidades da educação básica, o atendimento educacional especializado é organizado para apoiar o desenvolvimento dos alunos, constituindo oferta obrigatória dos sistemas de ensino. Deve ser realizado no turno inverso ao da classe comum, na própria escola ou centro especializado que realize esse serviço educacional” (BRASIL, 2007, p.10).
Sabemos que muitas das vezes há algumas dificuldades por parte do profissional de Educação Física em fazer acontecer à inclusão, durante suas aulas, será que contribuir é um empecilho.
Pode ser apontado como pontos positivos: flexibilidade dos conteúdos; atitudes positivas dos professores ao permitirem a participação de alunos que evidenciam dificuldades; vantagem em relação às outras disciplinas porque procura compreender as deficiências e como adaptá-las; área que lida o tempo todo com a diferença das pessoas (CRUZ, 2008).
Como também pode ser um ponto negativo: o contexto e conteúdo da Educação Física que a caracterizam como a mais difícil de incluir dentre as outras disciplinas; muitas aparências, por exemplo, o professor ser visto como o mais favorável à inclusão e a área mais inclusiva.
Mas, vale ressaltar que tais dificuldades não são apenas da área de conhecimento e da formação acadêmica por parte dos profissionais dessa área. Assim as escolas devem possuir um ambiente favorável e adaptado à inclusão.
Alguns autores relataram que as dificuldades para incluir poderiam estar além das condições de trabalho, mais exatamente na indisponibilidade de parte dos docentes em aceitar mudanças, refletir e modificar sua conduta, assim como, o desinteresse em estudar e dialogar com os pares acerca de possibilidades e novas ideias (FALKENBACH; LOPES, 2010). A insegurança dos professores de Educação Física também pode ser um fator que dificulta a inclusão do aluno com deficiência (FIORINI, 2011).
Destaca ainda o professor de Educação Física é um dos participantes envolvidos na inclusão educacional, no entanto os alunos com e sem deficiência também fazem parte do processo e, na visão dos professores, podem apresentar atitudes e características que dificultam a inclusão. As dificuldades atribuídas ao aluno com deficiência foram: 1) o sentimento de inferioridade (FIORINI, 2011); 2) faltava constantemente das aulas (RODRIGUES, 2006); 3) o desinteresse em participar das aulas (BRITO; LIMA, 2012; FALKENBACH; LOPES, 2010); 4) a dificuldade para entender e executar as atividades (CRUZ, 2008).
Os teóricos mencionaram que atitudes dos alunos sem deficiência dificultaram a inclusão dos alunos com deficiência, por que eles: 1) excluíram o aluno com deficiência por atrapalhar o jogo (FIORINI, 2011); 2) eram resistentes em participar de atividades para incluir o aluno com deficiência (FALKENBACH; LOPES, 2010).
A inclusão da pessoa com deficiência no âmbito escolar é um debate atual que demanda a organização de várias propostas de trabalho, pelas diversas barreiras existentes no contexto escolar. Ao se pensar nessa inclusão é importante refletir a cerca do que é incluir de fato, já que se trata de um tema polêmico do ponto de vista da prática educacional (BRASIL, 2012 p. 08).
Desta forma a pesquisa destaca ainda outros participantes envolvidos com a inclusão: os pais (FALKENBACH; LOPES, 2010), família às vezes acaba por dificultar a inclusão de alunos com deficiência, segundo os resultados das pesquisas, à medida que superprotegeu ou negou a deficiência do filho (BRITO; LIMA, 2012).
No entanto fica evidente que a partir das pesquisas apresentadas, fica claro que existem inúmeras dificuldades dos professores de Educação Física em incluir alunos com deficiência e sem é necessário buscar caminhos para sanar tais dificuldades, uma vez que elas continuam a ser relatadas pelos professores.
Cabe à instituição, elaborar, executar e avaliar um plano de atendimento educacional especializado para o aluno, e também definir cronograma e atividades aos alunos, respeitando seus interesses, bem como organizar as estratégias pedagógicas e elaborar e utilizar recursos acessíveis (BRASIL, 2012 p. 36).
Sendo assim, devem se identificar as principais dificuldades, vivenciadas pelos Professores de Física para atender a demanda da inclusão educacional de alunos com deficiência, sugerir ações e conteúdos, a partir dessas dificuldades, que possam promover a formação do professor, atendendo a realidade cultural e o contexto que configura o ambiente escolar, bem como as ações como e quem pode agir para auxiliar na minimização dessas dificuldades, partindo das Secretarias Municipais e Estaduais, projeto, opiniões da comunidade escolar, políticas com formação continuada em nível teórico e prático.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais de Educação Física Escolar indicam como objetivos do ensino para os alunos sejam capazes de:
Compreender a cidadania como participação social e política, assim como exercício de direitos e deveres políticos, civis e sociais, adotando, no dia a dia, atitudes de solidariedade, cooperação e repúdio às injustiças, respeitando o outro e exigindo para si o mesmo respeito; posicionar-se de maneira crítica, responsável e construtiva nas diferentes situações sociais, utilizando o diálogo como forma de mediar conflitos e de tomar decisões coletivas e conhecer características fundamentais do Brasil nas dimensões sociais, materiais e culturais como meio para construir progressivamente a noção de identidade nacional e pessoal e o sentimento de pertinência ao País; conhecer e valorizar a pluralidade do patrimônio sociocultural brasileiro, bem como aspectos socioculturais de outros povos e nações, posicionando-se contra qualquer discriminação baseada em diferenças culturais, de classe social, de crenças, de sexo, de etnia ou outras características individuais e sociais; perceber-se integrante, dependente e agente transformador do ambiente, identificando seus elementos e as interações entre eles, contribuindo ativamente para a melhoria do meio ambiente; desenvolver o conhecimento ajustado de si mesmo e o sentimento de confiança em suas capacidades afetiva, física, cognitiva, ética, estética, de inter-relação pessoal e de inserção social, para agir com perseverança na busca de conhecimento e no exercício da cidadania; conhecer e cuidar do próprio corpo, valorizando e adotando hábitos saudáveis como um dos aspectos básicos da qualidade de vida e agindo com responsabilidade em relação à sua saúde e à saúde coletiva; utilizar as diferentes linguagens — verbal, matemática, gráfica, plástica e corporal — como meio para produzir, expressar e comunicar suas ideias, interpretar e usufruir das produções culturais, em contextos públicos e privados, atendendo a diferentes intenções e situações de comunicação; saber utilizar diferentes fontes de informação e recursos tecnológicos para adquirir e construir conhecimentos; questionar a realidade formulando-se problemas e tratando de resolvê-los, utilizando para isso o pensamento lógico, a criatividade, a intuição, a capacidade de análise crítica, selecionando procedimentos e verificando sua adequação (BRASIL, 1997 p. 05).
Sem dúvida as aulas de Educação Física escola na inclusão social são importantes, pois possibilita aos alunos, desde cedo, a desenvolverem a socialização por meio das habilidades corporais, brincadeiras e através das participações em atividades culturais, como jogos, esportes, lutas, ginásticas e danças, com finalidades de lazer, expressão de sentimentos, afetos e emoções.
No entanto a participação dos alunos na Educação Física pode trazer muitos benefícios a essas crianças, particularmente no que diz respeito ao desenvolvimento das capacidades afetivas, de integração e inserção social:
É fundamental, entretanto, que alguns cuidados sejam tomados. Em primeiro lugar, deve-se analisar o tipo de necessidade que o aluno tem, pois existem diferentes tipos e graus de limitações, que requerem procedimentos específicos. Para que esses alunos possam frequentar as aulas de Educação Física é necessário que haja orientação médica e, em alguns casos, a supervisão de um especialista em fisioterapia, um neurologista, psicomotricista ou psicólogo, pois as restrições de movimentos, posturas e esforço podem implicar riscos graves (BRASIL, 1997, p. 26).
A maneira de brincar e jogar sofre uma profunda modificação no que diz respeito à questão da sociabilidade, através de uma ampliação da capacidade de brincar: além dos jogos de caráter simbólico, nos quais as fantasias e os interesses pessoais prevalecem, as crianças começam a praticar jogos coletivos com regras, nos quais têm de se ajustar às restrições de movimentos e interesses pessoais.
As atividades e os jogos de socialização devem ter lugar de destaque nos conteúdos, pois permitem que se ampliem as possibilidades de se posicionar melhor e de compreender os próprios deslocamentos, construindo representações mentais mais acuradas do espaço. Também nesse aspecto, a referência é o próprio corpo da criança e os desafios devem levar em conta essa característica, apresentando situações que possam ser resolvidas individualmente, mesmo em atividades em grupo.
Assim, nas aulas de Educação Física o professor deverá sempre contextualizar a prática, considerando as suas várias dimensões de aprendizagem, priorizando uma ou mais delas e possibilitando que todos seus alunos possam aprender e se desenvolver.
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EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR INCLUSIVA QUE QUEREMOS
Como foi muito bem explicada no item acima a formação de professores é essencial, pois é um dos focos centrais das Políticas Públicas. Mas, existe uma indagação de definição que ainda não foi exatamente sanada, por diversos autores, na verdade o autor Camargo, (2017, p. 01) foi excepcional ao se arriscar dizendo que:
Inclusão, portanto, é uma prática social que se aplica no trabalho, na arquitetura, no lazer, na educação, na cultura, mas, principalmente, na atitude e no perceber das coisas, de si e do outrem. Na área educacional, o trabalho com identidade, diferença e diversidade é central para a construção de metodologias, materiais e processo de comunicação que dêem conta de atender o que é comum e o que é específico entre os estudantes.
De modo consequente, a Inclusão, vai além das perspectivas das escolas para alunos com necessidades especiais, dos docentes leigos com relação de fato da Inclusão, pois a inclusão, inclui todos sem exceções, sem restrições, sem choramingo. Já que a mesma envolve os alunos com necessidades especiais, com doenças crônicas e depressivas, com preconceitos com relação ao outro e /ou a si mesmo, envolve também alunos vítimas de bullying, vítimas de assédio seja ele qual for, entre inúmeras diferenças étnicas, culturais e sociais que temos dentro de uma sala de aula. Com isso, esta prática social que deve ser aplicada ao nosso redor, deve ser ainda mais pesquisada, para que possam dar valor em quem realmente deve ser valorizado, não estamos falando de uma política que “diz” incluir sendo que na verdade, a própria trata a Inclusão escolar como Inclusão de Alunos com Necessidades Especiais sinônimos uma da outra, já que não é bem assim que as coisas funcionam, a Inclusão não pode ser para alguns, ela é para todos e de todos, não pode haver diferença e nem preferência (CAMARGO, 2017).
Para tanto, se pararmos e pensarmos, até onde essa “inclusão” está indo? Digo, até onde os Alunos com Necessidades Especiais podem ir? E é a própria Política Pública que nos permite a “resposta”. A lei nº 12.796, de 4 de abril de 2013, que altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, (LDB) as diretrizes e bases da educação nacional, constitui para dispor sobre a formação dos profissionais da educação e dar outras providências (BRASIL, 2013a), determina em seu Art. 4, Incisos I e III:
Art. 4º O dever do Estado com educação escolar pública será efetivado mediante a garantia de: I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, organizada da seguinte forma a) pré-escola; b) ensino fundamental; c) ensino médio; [...] III - atendimento educacional especializado gratuito aos educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, transversal a todos os níveis, etapas e modalidades, preferencialmente na rede regular de ensino (BRASIL, 2013a).
Está evidente que a grande maioria dos portadores de necessidades especiais só participa integralmente da Educação básica. Imagine só você [...] “Cego e a disciplina que mais lhe chamava atenção quando participava das aulas na Educação regular era Educação Física, então você termina o Ensino Médio. Você é despertado a querer cursar o Ensino Superior em Educação Física. O que você fará? Desistir? Geralmente pessoas com qualquer tipo de deficiência seja ela qual for congênita ou adquirida, costuma não desistir. Agora, imagine se você fosse o professor de Educação Física deste (a) aluno (a), o incentivaria? Ou diria para o mesmo desistir, pois como isso acontecerá? Tirando os Esportes adaptados para portadores de deficiência visual, é impossível ser um professor cego? ”
Mas como construir um esquema de aula que atenda à diversidade e respeite os ritmos e possibilidades individuais de cada rapaz e de cada rapariga? O que normalmente acontece é que as situações propostas não fazem senão acentuar carências, provocando frustrações e desinteresse. A mensagem que recebem alguns alunos ou alunas é a de não terem valor para tal atividade, e, com o passar do tempo, o que fica da disciplina de Educação Física é a convicção de que não se vale pelo seu próprio corpo. É preciso refletir e equacionar uma solução que passe pelo equilíbrio entre docentes, discentes e estruturas curriculares (GOMES, et al. 2000, p.28).
Entretanto, este é o ponto que tínhamos que chegar, qualquer um pensaria desta forma, é impossível! Não, não é impossível, prova disso é o filme Vermelho como o Céu baseado em uma história real na qual o personagem Mirco adorava brincar, andar de bicicleta e de repente encontra-se cego, mas ao ir para o colégio para cegos não desiste do seu sonho de fazer cinema. Em uma das cenas Mirco descreve ao seu amigo que nunca havia enxergado fazendo associações com a natureza as cores, “ o azul é como sentir o vento bater no rosto, ” isso tudo se refere a sua percepção corporal, ele não enxergar, mais o fato de já ter enxergado foi mínimo pois as sessões corporais que a natureza nos permite é mágica (BORTONE, 2004). Esse filme traz uma realidade muito difícil na época, portanto com o despertar de um professor tudo muda. Será que não é isso que precisamos, de uma motivação maior para que possamos ter a Educação Inclusiva que queremos, pois talvez esteja assim, por não queremos tanto.
Uma pesquisa realizada por Fiorini e Manzini (2016), que teve por objetivo identificar as situações de dificuldade e as situações de sucesso de professores de Educação Física, em turmas regulares em que há alunos com deficiência e alunos com autismo matriculados, como instrumento eles realizaram filmagem de algumas aulas. Contudo, a conclusão do trabalho foi que ambos os professores tiveram dificuldades para incluir os alunos com deficiência e alunos com deficiência educativa especial, claro os professores pesquisados também vivenciaram situações de sucesso, mas o que querei-a dizer com isso é o simples fato desta pesquisa, que diz estudar inclusão de modo geral, não está sendo equitativa.
Outra pesquisa realizada por Machado (2017), a autora analisa as políticas de inclusão na Educação Física Escolar em uma perspectiva, o artigo objetivou discutir diversas formas de olhar as políticas de inclusão e a Educação Física Escolar. Para tanto sua conclusão que a Educação Física Escola e as políticas inclusivas se enrolam em uma busca pela inclusão como gestão de riscos dos indivíduos. Mais uma vez texto nos leva para um lado desconsiderando o todo.
Portanto, fica claro que é sim muito importe incluir deficientes físicos, com necessidades especiais, necessidades educativas especiais nas aulas de Educação Física e em todas as outras disciplinas, mas não é justo, não pensar nos outros, por isso repetir, enfatizar na equidade.
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CONCLUSÃO
Diante do exposto seria possível afirmar que a Educação Física inclusiva que temos hoje está inteiramente pautada nas deficiências com necessidades educativas especiais, excluindo da sua prática a teoria. Mas, qual teoria? Sendo que na maior parte das pesquisas os autores estão sempre preocupados com a inclusão dos portadores com necessidades educativas especiais, não que não seja importe e que também é uma dificuldade, porém ninguém está olhando para o negro, o índio, homossexual, para obesidade, gostaríamos muito que os autores se importassem com o preconceito que existe dentro das salas de aula, do machismo familiar que meninos e meninas carregam, ou com o feminismo exacerbado, não que apenas tapassem os olhos para não ver estas crianças que muitas entram em depressão por serem excluídas pela nossa falta de cuidado e atenção.
Contudo, vale ressaltar que foi bem descomplicado escrevermos a Educação Física Escolar Inclusiva que temos, já que a que queremos tivemos que soar com um tom de crítica muitos autores que novamente, repetidamente e de novo, falavam apenas da inclusão pela inclusão, um inclusão exclusiva, pois ainda está apenas pensando em um único problema sendo que na classe existem muitos, claro, não vamos conseguir salvar todos, porém, pensa-se que não deveríamos falar em Educação Inclusiva e sim em Educação Equitativa, onde tudo e todos seriam justos.
Em analise aos PCNs, que é um documento que traz referencias para os profissionais da área de Educação Física, bem como as propostas curriculares de incluírem os temas transversais, dentro das temáticas que podem ser abordadas em relação a Ética, Saúde, Meio Ambiente, Orientação Sexual, Pluralidade Cultural entre outros, podendo assim contribuir para uma visão crítica da disciplina dentro do meio social, assim sendo a Educação Física reflete uma mudança no seu objetivo onde um deles é formar cidadãos e não formar atletas, tendo visto que um de seus principais objetivos no ensino fundamental é que os alunos sejam capazes de: Participar de atividades corporais, estabelecendo relações equilibradas e construtivas com os outros, reconhecendo e respeitando características, físicas e de desempenho de si próprio e dos outros, sem discriminar por características, pessoais, físicas, sexuais ou sociais.
O professor de Educação Física deve desenvolver as potencialidades de seus alunos a longo prazo, propondo uma educação inclusiva de qualidade e equidade, para todos e não os exclui-los das aulas, muitas vezes, sob o pretexto de preservá-los.
Sem dúvida a inclusão é consequência de uma escola de qualidade, isto é uma escola capaz de perceber cada aluno e percebe que toda criança seja ela com deficiência ou não, na escola inclusiva também depende do sistema escolar e da gestão escolar, onde todos trabalham em prol dos mesmos objetivos desenvolvendo um bom relacionamento da escola com a família, a escola deve estar sempre aberta à comunidade para discussão da perspectiva inclusiva e equitativa. Fazendo com que a teoria e a prática andem juntas, sendo comprida a verdadeira práxis.
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REFERÊNCIAS
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